ALGUNS COMENTÁRIOS E DICAS SOBRE O TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

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Obrigado por aceitar ser entrevistado neste estudo coordenado por.

ALTERAÇÃO NAS TABELAS DE HABILITAÇÃO E SERVIÇO/CLASSIFICAÇÃO DO SCNES Diário Oficial da União Nº 178 Seção 1, quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Transcrição:

ALGUNS COMENTÁRIOS E DICAS SOBRE O TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Existem vários estágios de envolvimento dos usuários de drogas com suas drogas de escolha, mas é sabido que nem todos aqueles que fazem uso destas substâncias psicoativas, precisem passar por tratamentos médico ou psicológico antes de deixarem seu uso. É o caso de um adolescente que tomou um fogo e, depois disso, não se envolveu mais com bebida. Ou de outro jovem que experimentou um baseado, não gostou e não repetiu o uso. Uma classificação simples de usuários de drogas os divide em quatro categorias diferentes: 1. Experimentador: é aquele que experimenta a droga, tendo um contato simples com ela, porém sem criar qualquer tipo de vínculo. Por exemplo, é alguém que partilha um baseado durante uma festa e nunca mais usa a maconha. O uso da droga foi feito de quase modo seguro e se limitou a um episódio. 2. Usuário: é aquele que faz uso da droga de tempos em tempos, ou em ocasiões especiais com amigos ou colegas. A droga para ele ainda é algo ocasional e recreacional, porém, ao longo do tempo, se continuar usando, pode se tornar um abusador. 3. Abusador: é aquele que faz uso abusivo de drogas, que usa frequentemente drogas, mas ainda acredita conseguir controlar o uso. A droga já não esta mais sendo usada de forma segura. Se este tipo de usuário quiser parar com seu hábito, poderá fazê-lo, se assim o desejar, contando com a ajuda de um profissional habilitado. 4. Dependente Químico: é todo aquele que depende da droga para viver, tendo-a incorporado à sua vida e à sua existência, não podendo passar sem seu uso frequente; a droga passa a ser a coisa mais importante de sua existência. Para ser classificado como 1 / 9

dependente químico deve obedecer aos critérios técnicos abaixo relacionados, (no tópico seguinte, apresentamos os critérios da dependência química, segundo o DSM-IV): - Tem noção de que precisa largar o uso das drogas, sabe que a droga vai cada vez mais prejudicá-lo, mas mesmo assim, continua a ser usuário e defensor delas. - Ter compulsão pelo uso da droga, não vive sem o seu uso, e vive para usá-la. A droga faz parte do seu dia-a-dia, e dentro dele há um conflito de como obter uma nova quantidade droga para o seu amanhã. - Não conseguir controlar o uso, nem a quantidade da droga que usa. Ele sabe que precisa parar de usá-la, mas não consegue. - Apresenta síndrome de abstinência, ou seja, se não usa droga mostra tremores, sudorese, irritação, tristeza, e estes sintomas são rapidamente eliminados por um novo uso de drogas. - Apresenta tolerância às drogas, ou seja, para ter o mesmo efeito com o uso de drogas, precisa, cada vez mais, usar maiores quantidades de droga. Antes se satisfazia com uma dose de cocaína, agora precisa de três doses, e no futuro, quatro, cinco... - Não vive mais a vida, trocando seus prazeres naturais por drogas; perde muito de seu tempo com a busca, preparação e uso de drogas. Necessita de muito tempo para se recuperar dos efeitos da droga que ingeriu no dia anterior. O sexo passa a ser esporádico, mesmo negligenciado, o convívio social, enfadonho. Para que o dependente químico deixe o uso das drogas, deverá obrigatoriamente se submeter a tratamento especializado, pois todos dependentes químicos acreditam ser onipotentes perante as drogas, afirmando que deixam de usá-la quando bem entenderem, que ainda possuem controle do uso. A realidade de suas vidas mostra que parar com as drogas lhes é impossível, adiam sua decisão de parada para o próximo mês, dizem que estão diminuindo o uso, que essa será a última vez que usarão, mas sem que percebam, já estão escravizados pelo uso. Sendo este o quadro mais comum em que se encontram os jovens dependentes químicos, como poderíamos ajudá-los? Como fazê-los pedir ajuda aos pais e familiares? 2 / 9

Existem vários tipos de tratamentos disponíveis, mas para que funcionem, é preciso que o dependente queira, de fato, parar com o uso de drogas, ou, pelo menos estar ambíguo quanto ao parar de suar. Os pais e responsáveis precisam estar cientes que, muitas vezes, quando o dependente pede ajuda, o faz, porque está vivendo momentos difíceis, pois como as drogas são caras, a manutenção do uso requer muito dinheiro. Para satisfazer o uso de drogas o dependente químico se envolve com traficantes, fica devendo dinheiro, e assim, passa a se envolver com o tráfico, por temer sofrer represálias dos traficantes. Muitos dependentes parecem aceitar tratamento somente com a finalidade de apenas dar um tempo para as consequências que o uso de drogas lhes trouxe. É o que é chamado de passar um pano. Todo dependente químico um dia vai defrontar-se com perdas, pois o uso de drogas, conforme já afirmado anteriormente, além de caro, introduz mudanças em seu ritmo de vida, através de dívidas para compra da droga, problemas e ameaças de traficantes, faltas ao trabalho, complicações com a polícia, por envolvimento em tráfico, roubos e assaltos. 3 / 9

Muitas vezes são estas circunstâncias que desencadeiam o processo de recuperação do dependente, quando este se apercebe das dificuldades que a droga está causando à sua vida. A chave para a busca de auxílio vem do fato de que as perdas contabilizadas com o uso das drogas superam os benefícios que o dependente obtém com seu uso. Quatro fundamentos básicos e essenciais são importantes para o dependente aderir a um tratamento de reabilitação: * Determinação para deixar as drogas, sem ambiguidades, do tipo quero deixar, mas somente no próximo mês. Não quero me tratar, pois saio desta situação sem ajuda de ninguém, sem a necessidade de passar por tratamentos, nem por internações. * Apoio da família e dos amigos do dependente químico à sua decisão de deixar o uso de drogas. Todos vão trabalhar e se empenhar no tratamento, e é por isso que os familiares devem ter por lema: quer usar é problema seu, quer sair do uso, é problema nosso. * Mudança completa do modo de vida: o dependente químico precisa não ter mais contatos seus antigos amigos de uso de droga. Precisa deixar de frequentar os locais que antes frequentava para usar drogas, locais do tipo bares, bilhares, festas rave, prostíbulos e favelas. Precisa evitar as situações que vivia quando usava drogas, tais como, churrascos nos quais todos bebem, festas de fim de ano, escolas de samba, despedidas de solteiro, etc. 4 / 9

* Procurar desfrutar de outras situações que vão lhe trazer novas fontes de prazer, novos amigos, e, finalmente, aprender a cuidar de si mesmo, mudando sua aparência física, seu modo de vestir, a qualidade de sua alimentação, passar a praticar exercícios físicos e, principalmente, esportes aquáticos. Dependendo do nível de drogas em seu corpo, do tempo que usa drogas, das drogas que usa, muitas vezes o dependente químico, tem que passar por uma desintoxicação controlada, com administração ou não de medicamentos, pois em muitos casos, a crise de abstinência que se instala no dependente, pode causar-lhe sérios problemas orgânicos (tremores, convulsões, fortes dores) e psicológicos (alucinações, delírios, fobias). Estes casos ocorrem principalmente em dependentes de crack, cocaína, uso pesado de álcool, ou uso combinado de drogas. Existem inúmeras possibilidades de atendimento ao dependente, variando dos tratamentos de curto prazo, com cerca de trinta dias de internação, até aqueles de longo prazo, com cerca de nove meses de internação. Devido ao alto custo das internações em clínicas ou comunidades terapêuticas, cada vez mais, se evidenciará o tratamento em ambulatórios ou hospital-dia, efetuados durante o dia, retornando o paciente para dormir em casa. Cada tipo de tratamento tem um custo diferenciado, variando das clínicas de alto padrão que cobram de R$150,00 a R$800,00 diários, até aquelas de baixo custo, pertencentes a 5 / 9

instituições religiosas, que cobram de um a cinco salários mínimos por mês, mais algumas cestas básicas. Há instituições públicas, pertencentes aos municípios ou aos estados, que fornecem internações em hospitais psiquiátricos, totalmente gratuitas, mas que quase nunca apresentam vagas disponíveis. Clínicas ou comunidades terapêuticas que trabalham com tratamentos baseados nos Doze Passos dos Narcóticos Anônimos e com vivências de espiritualidade, conseguem melhores resultados na recuperação de dependentes. Uma boa clínica ou boas comunidades terapêuticas têm a seu dispor, psiquiatra, clínico geral, psicólogos, terapeutas ocupacionais, e seguem as instruções do Ministério da Saúde do Brasil para este tipo de atendimento. Após a saída do dependente de sua instituição, seu retorno ao lar deverá ser cercado de cuidados, para que não se restabeleçam aqueles comportamentos que anteriormente o levaram ao uso de drogas. Desse modo o dependente químico recuperado, deverá: - Freqüentar reuniões de AA (Alcoólicos Anônimos), ou do NA (Narcóticos Anônimos), assistindo a, pelo menos, noventa reuniões em noventa dias, após a sua saída da instituição terapêutica. - Fazer tratamento médico com psiquiatra especializado em dependência química, para principalmente conter e tratar suas comorbidades. 6 / 9

- Fazer terapia individual com psicólogo(a) especializado(a) em dependência química, com a finalidade principal de evitar recaídas e volta ao uso de drogas como anteriormente fazia. - Voltar a estudar e/ou a trabalhar, se possível, não com os pais e familiares, para não ser influenciado a receber seu salário sem trabalhar, mas isto, somente quando estiver bastante firme quanto à sua recuperação e após o acordo de seus terapeutas. - A família deve continuar o seu tratamento nos grupos de apoio, conforme fazia antes da internação do seu dependente químico. Resumindo tudo que foi exposto, o dependente vai aprender a se tornar homem, deixar de ser o protegido dos pais, o bode expiatório da família, ter os limites que sempre desejou, e, que nunca obteve por parte de seus pais e de seus familiares. As possibilidades de recuperação do dependente variam entre 30 e 50% dos casos de primeira internação, mas se conhecem casos de jovens que já foram internados pelas famílias por mais de 30 vezes, voltando sempre em seu uso de drogas. É lógico que estes maus resultados de recuperação de dependentes químicos são obtidos por pacientes que não seguiram as recomendações acima expostas, tanto por parte do dependente químico, quanto de suas famílias. 7 / 9

Alguns dependentes recuperados passam a frequentar reuniões de grupos de AA ou NA por muitos anos, pois desejam colaborar na recuperação de outros jovens que, como eles, caíram nas drogas por desinformação, e, ao se manterem sóbrios, colaboram na recuperação de outros dependentes, ainda na ativa. Salientamos que não existem resultados milagrosos para esses tratamentos. Recaídas são frequentes, mas não fazem parte do tratamento, como alguns profissionais até afirmam. Os pais e responsáveis não devem nunca se precipitar querendo internar o dependente, pois muitos casos são passíveis de tratamento sem internação. Toda internação só deve ser providenciada pela família, após consulta, avaliação e o acordo de profissional experiente em dependência química. Tratamentos alternativos Não existem ainda disponíveis no mercado vacinas para inibir uso ou dependência química de qualquer droga. Quem oferece estes tipos de tratamento apenas se vale do desespero da família afetada pelas drogas, para ganhar muito dinheiro, podendo ser considerado caso de puro charlatanismo. Tratamentos alternativos para a dependência química como hipnose, banhos, luzes e 8 / 9

cores, florais, não apresentam resultados comprovados, e podem, além de tudo, atrasar o início da real recuperação do paciente. 9 / 9