PREVALÊNCIA DO USO DE DROGAS PSICOTRÓPICAS POR ESTUDANTES DE MEDICINA NA REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DO TOCANTINS Diego Pereira Alves de Moraes 1 ; Leonardo Rodrigo Baldaçara 2 1 Aluno do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: dpam1007@gmail.com PIVIC/UFT 2 Orientador(a) do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: leonardobaldassara@gmail.com RESUMO O presente estudo objetiva detectar a prevalência do uso de drogas psicotrópicas pelos estudantes de medicina, no estado do Tocantins. Trata-se de um estudo transversal e quantitativo, com 150 universitários da UFT, cursando do 1º ao 8º períodos do curso de medicina, através de um questionário fechado, de auto-preenchimento e sem identificação pessoal do aluno. O questionário é uma adaptação do instrumento proposto pela OMS. No Brasil, foi adaptado por Carlini-Cotrim em 1989 (CARLINI, 2004). Ao todo, 51% dos universitários são do sexo feminino, 78,35% se encontram na faixa etária de 19 a 23 anos e 89% não trabalham. Quanto ao uso de substâncias psicoativas, 92% relataram uso na vida de álcool, seguido de tabaco (24%), maconha (16%), remédio para emagrecer ou ficar acordado (15%), tranquilizante, ansiolítico, calmante ou antidistônico (9%), sedativo ou barbitúrico (2%), cocaína, mesclado, merla, bazuca ou pasta de coca (2%). Em relação aos dados da ITPAC-Porto, os resultados foram insatisfatórios, pois não houve aderência dos universitários ao método empregado. Fazse necessária ações de prevenção e fiscalização do consumo e da propaganda do álcool para a população em geral e dentro das grades curriculares, disciplinas que abordem a temática do uso indevido de substancias psicoativas entre universitários. Palavras-chave: substâncias psicoativas; universitários; prevenção INTRODUÇÃO O ingresso na universidade, ainda que traga sentimentos positivos e de alcance de uma meta programada por estudantes do ensino médio, por vezes pode se tornar um
período crítico, de maior vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de drogas psicotrópicas. Sabe-se que o uso de drogas entre os universitários é muito difundido (WEITZMAN, 2004) e o ambiente em que vivem e as pessoas com quem convivem têm profunda influência em seus hábitos de vida (RIGOTTI, 2005). Estudos epidemiológicos realizados no Brasil nos últimos anos, tais como o de Andrade (1997, 1999) e Malbergier (2006), com o intuito de verificar a prevalência do uso de drogas entre a população universitária, demonstraram que o consumo dessas é maior entre o grupo em estudo, quando comparado aos estudantes do ensino médio e ao restante da população em geral. Quanto aos estudantes de medicina apesar dos dedutíveis conhecimentos que possuem sobre os efeitos de drogas, a consomem em proporções semelhantes à de jovens da mesma idade na população. Desenvolvem ainda, a convicção de que são capazes de controlar os problemas que eventualmente possam surgir do uso indevido das drogas (MILLAN, 1991). Somando-se a isso, sofrem influência de fatores como: responsabilidade devido a uma carga horária excessiva, facilidade de acesso as drogas, convívio, com a vida, o sofrimento humano e a morte (INFO DROGAS, 2009). Desse modo, os futuros médicos não se encontram imunes ao problema do abuso e dependência de drogas, merecendo atenção diferenciada, já que serão modelos de saúde para a comunidade (MARQUES, 2000). MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada nos cursos de medicina da Universidade Federal do Tocantins e ITPAC-Porto, durante o período de janeiro de 2012 a junho do mesmo ano, totalizando uma amostra de 320 alunos na primeira instituição e 480 na segunda, matriculados do 1 ao 8 períodos do curso. Esta amostragem foi estratificada considerando os seguintes estratos: faculdade, período de curso, e sexo. Houve dificuldade em acordar a coleta de dados com o coordenador do curso da instituição ITPAC-Porto, apesar de ter sido enviado e-mail com o termo de consentimento juntamente com informações a respeito da pesquisa e instruções de preenchimento do questionário, além de reunião pessoal para melhor informação
referente à pesquisa, tentativas de comunicação posteriores foram frustradas. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de ética da Universidade Federal do Tocantins. Nenhum aluno da ITPAC-Porto respondeu ao questionário. Um total de 150 alunos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) responderam ao questionário, mas 15 deles foram retirados devido aos critérios de exclusão, quais sejam: recusar a preencher o termo de consentimento, ou fazê-lo de forma incompleta, além dos questionários incompletos, faltando respostas. Trata-se de um estudo transversal e quantitativo, durante seis meses de coleta de dados, utilizando um questionário fechado, de auto-preenchimento e sem identificação pessoal do aluno. Para preenchê-lo o aluno teve que assinar um termo de consentimento. O questionário é uma adaptação do instrumento proposto pela OMS (Organização Mundial de Saúde). No Brasil, foi adaptado por Carlini-Cotrim em 1989 (CARLINI, 2004) RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação aos dados socioeconômicos dos universitários, pode-se considerar uma equivalência entre os sexos, sendo 51% do sexo feminino e 49% do sexo masculino, concentrados na faixa etária de 19 a 23 anos (78,35%), com média de 21,7 anos. A grande maioria (89%) dos universitários relataram não trabalhar, dos que trabalham(11%), apenas 1% com carteira assinada. Quanto à assiduidade dos universitários às aulas, 40% responderam que faltaram de um a três dias nos últimos 30 dias e 6% responderam ter faltado nove dias ou mais, constatando elevada taxa de falta. Em relação ao uso de substâncias psicoativas, observa-se que o álcool e o tabaco são as substâncias de maiores prevalências de uso na vida, com 92% e, 24%, respectivamente. Quanto às demais substâncias, na categoria uso na vida, figuram entre as mais preocupantes maconha (16%), remédio para emagrecer ou ficar acordado (15%), tranquilizante, ansiolítico, calmante ou antidistônico (9%), sedativo ou barbitúrico (2%), cocaína, mesclado, merla, bazuca ou pasta de coca (2%). Não houve
quem tivesse feito uso de crack. Ao se analisar o uso no mês, das substâncias psicoativas, pode-se observar o consumo de álcool (61%), tabaco (9%), remédio para emagrecer (7%), maconha (3%), tranquilizante (3%) e sedativo (1%). O consumo de álcool pouco difere em relação ao sexo dos estudantes, visto que 92,42% dos homens já usaram álcool e 92,75% das mulheres também o fizeram. Quanto ao consumo de tabaco (33,33%), maconha (19,69%) e tranquilizante (13,63%) os homens possuem taxas significativamente maiores em relação às mulheres (14,49%, 4,34% e 4,34% respectivamente). Em relação ao uso na vida de remédio para emagrecer ou ficar acordado sem receita médica, nota-se que 14,10% são do sexo feminino e 19,69% do masculino, sendo a ritalina a substância mais utilizada. Relacionando o consumo de tabaco e álcool, constatou-se que todos aqueles que já fizeram uso de tabaco também consumiram álcool. Os amigos (44%) e familiares (32%) foram os principais responsáveis em oferecer bebida alcoólica pela primeira vez, sendo o bar, danceteria ou boate (35%) os locais mais utilizados, seguidos da própria casa (23%) e da casa de amigos ou conhecidos (20%). Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, pode-se perceber que as preferidas pelos estudantes foram: cerveja (45%) e vodca (15%). Os bares, danceterias ou boates (59%) são os locais de escolha para o consumo e para 67% dos universitários este consumo ocorre na presença de amigos. Quanto à frequência de embriaguez, 16% disseram ter se embriagado de 1 a 5 dias no último mês. O uso de álcool está associado a uma série de comportamentos de risco, envolvimento em acidentes e ocorrências violentas, dificuldade de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais. Uma realidade perigosa pode ser percebida sugerindo algumas das causas para o relevante impacto socioeconômico advindo do consumo de bebida alcoólica, em que 18% dos estudantes disseram já ter dirigido após seu uso, 12% faltaram à faculdade, 1%
se envolveram em brigas e 1% sofreram algum tipo de acidente após consumir bebida alcoólica. Como os estudantes sentem-se menos vulneráveis ao abuso do álcool, os prejuízos decorrentes do abuso podem não ser percebidos até que haja uma disfuncionalidade incapacitante no campo pessoal e profissional. Esta pesquisa, no entanto, faz parte de um estudo maior, Prevalência do uso de drogas psicotrópicas por estudantes de medicina no estado do Tocantins, ainda em andamento. LITERATURA CITADA ANDRADE, A.G. et al. Fatores de risco associados ao uso de álcool e drogas na vida, entre estudantes de Medicina do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.19, p. 117-126, 1997. ANDRADE, A.G. et al. Prevalência do uso de drogas entre alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 21, p. 41-46, 1999. CARLINI, E.A. et al. V Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes no ensino fundamental e médio da rede pública de ensino das 27 capitais brasileiras. São Paulo: CEBRID, 2004. INFO DROGAS. Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo. Disponível em:<http://www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/psicotro.htm >. Acesso em: 07 de Jun. 2009 MALBERGIER, A; ANDRADE, A.G.; STEMPLIUK, V.A.; SILVA, L.V.E.A. Fatores associados ao consume de álcool e drogas entre estudantes universitários. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 40, p. 280-288, 2006.
MARQUES, A.C.P.R.; CRUZ, M.S. O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira Psiquiatria, São Paulo, v. 22, p. 32-36, 2000. MILLAN, L.R. et al. Alguns aspectos psicológicos ligados à formação médica. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.13, p. 137-142, 1991. RIGOTTI, N.A.; MORAN, S.E.; WECHESLER, H. US college student s exposure to tobacco promotions: prevalence and association with tobacco use. American Journal of Public Health, v. 95, n. 1, p. 138-144, Jan 2005. WEITZMAN, E.R.; NELSON, T.F. College student binge drinking and the prevention paradox: implications for prevention and harm reduction. J Drug Educ. Harvard School of Public Health, Cambridge, MA, v. 3, p. 247-66, 2004. AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos os acadêmicos que responderam o questionário, contribuindo para a realização da pesquisa. Agradecemos principalmente ao nosso orientador, pela disponibilidade e excelência como conduziu a pesquisa. "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT