ALCOOLISMO ENTRE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO TRANSVERSAL
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- Samuel Sintra Camelo
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1 ALCOOLISMO ENTRE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO TRANSVERSAL RESUMO Descritores: Alcoolismo. Drogas. Saúde Pública. Introdução Durante a adolescência, o indivíduo deixa de viver apenas com a família e passa a se inserir em grupos sociais como forma de identificação pessoal, para muitos adolescentes a inserção no meio social apresenta situações diversas que não são presenciadas antes, como o contato com o álcool. O álcool é considerado a droga mais utilizada no mundo, sendo o alcoolismo um problema de saúde publica. É uma droga socialmente aceita por todos os níveis sociais, de fácil acesso e possibilita, conforme suas reações iniciais bemestar instantâneo como forma de resolução de incertezas e conflitos, mas também para comemorar momentos felizes e agradáveis. No caso do álcool, embora o nível de consumo nos últimos vinte anos tenha diminuído nos países desenvolvidos, está aumentando nos países em desenvolvimento (1). Quanto mais precoce for o consumo da droga, maior será a probabilidade de o adolescente torna-se dependente. Além disso, o uso constante da substância cria no organismo uma tolerância à droga e, consequentemente, é preciso aumentar as doses para proporcionar satisfação. Desta maneira, o aumento do consumo da bebida alcoólica desenvolve a dependência da mesma. Pesquisas científicas demonstram que o uso do álcool começa na infância. Assim, a família tem grande responsabilidade no que diz respeito ao contato inicial da criança com essa droga. Nas famílias onde não se vivencia situações de violência doméstica, em que existe diálogo sobre os problemas do cotidiano, onde há interesse dos pais pelos filhos é comprovado que existe menor probabilidade do uso abusivo de álcool (2). Uma das maiores preocupações dos pais, atualmente, é se seu filho irá desenvolver episódios violentos e/ou usar substâncias psicoativas, visto que os adolescentes são considerados como grupo especialmente vulnerável à experimentação de álcool, tabaco
2 e outras drogas, e isso tem levado muitos pesquisadores a afirmar que tal fase da vida merece ser acompanhada com especial atenção (3). O uso nocivo de bebidas alcoólicas por adolescentes tem despertado o interesse de profissionais de diversas áreas, com isso, surgem múltiplas estratégias de intervenção na tentativa de reduzir os problemas associados a esse comportamento (3). Os fatores de risco para dependência estão relacionados ao início precoce do uso, influência da mídia, relacionamento conturbado com os pais, uso por membro da família, abuso sexual, violência doméstica, baixa autoestima, curiosidade, pressão de colegas, entre outros. Ainda há fatores como exposição genética, neurobiológica, comportamentais personalidade, os quais predispõem o início e a continuidade do uso da substância. Com o passar dos anos, a dependência de álcool instala-se no indivíduo e é identificada quando há perda do controle de decisão sobre o beber e sofrimento com os sintomas de abstinência da droga. No sentido de buscar melhores maneiras de intervir nessa realidade, bem como o elevado consumo de álcool entres os acadêmicos de enfermagem, surgiu o interesse de se desenvolver pesquisas sobre esse assunto, objetivando analisar o uso de bebidas alcoólicas pelos acadêmicos de enfermagem de uma Instituição de Ensino superior do Nordeste, brasileiro. De modo mais específico, a intenção foi identificar as principais bebidas utilizada pelos acadêmicos, bem como as características desse uso, de modo a aperfeiçoar a implantação de ações preventivas que sejam eficazes na redução do consumo de álcool entre os estudantes. Metodologia Trata-se de estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa. O cenário da investigação deu-se em uma Instituição de Ensino superior do Nordeste Brasileiro. A população do estudo constituiu-se 202 acadêmicos de enfermagem, sendo a amostra, 94 alunos selecionados de forma não probabilística. Dessa forma a foi obtida a amostra ideal para o desenvolvimento deste estudo (4). Para a coleta de dados entre os estudantes selecionados para a pesquisa, aplicou-se um questionário baseado no modelo do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) (5-6), através de autopreenchimento e de modo sigiloso. A equipe
3 básica para coleta de dados foi composta por quatro estudantes previamente treinados para a aplicação do questionário. Um estudo piloto prévio foi realizado pelos pesquisadores. Os dados foram coletados entre Fevereiro e Abril A análise dos dados foi do tipo descritivo, a fim de determinar o perfil sociodemográfico da amostra estudada, comportamento e consequências do consumo de álcool. O teste do qui-quadrado (c 2 ) foi realizado para verificar a associação entre as variáveis estudadas, no nível de significância de 5%. Foi utilizado para organização do banco de dados o programa de computador Excel, versão 2003, e como instrumento de análise estatística o aplicativo Graph Pad Prisma, versão 5.0. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (Protocolo nº 67/2008). Participaram do estudo acadêmicos de enfermagem que assinaram o termo de consentimento. Essa pesquisa não possui nenhum conflito de interesses e segue os preceitos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, norma que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos (7). RESULTADOS Verificou-se que a maioria dos participantes era do sexo feminino (76,5%), com faixa etária predominante entre 17 a 39 anos (23,4%), sua grande maioria solteira (79,78%) e auto referiram como católicos (94%). Observou-se que 70,21% dos participantes na pesquisa consumiram álcool, demonstrando que não existe uma diferença estatisticamente significante no consumo de álcool em relação ao gênero, observando o maior consumo entre as pessoas do gênero feminino. (p=0,0929) A bebida mais consumida foram os destilados com (41,48%), seguido da cerveja com (37,23%), vinhos (5,31%) e vinhos (1,06%). A sidra aparece em último lugar, (1,06%). 14,89% dos estudantes do Curso de Enfermagem da instituição de ensino superior investigada auto referiram não ter consumido nenhum tipo de bebida alcoólica. Os fatores que levaram os estudantes a usarem bebidas alcoólicas, sendo obtidos os seguintes resultados: (53,19%) consumiram álcool com motivo de diversão, (14,89%) auto refere que bebem por fissura sobre a influência de companheiros, (9,57%) auto refere beber para solucionar problemas (4,25%); (2,12%) auto refere beber devido a
4 problemas familiares; e (14,89%) não citou os motivos que levam ao consumo de bebidas alcoólicas. Entre os estudantes investigados não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes em relação à idade e o local do primeiro consumo de álcool. No que concerne à primeira experimentação de bebida alcoólica observou-se que a maioria dos indivíduos conheçam ao álcool no segundo médio com 47%. Conclusão Neste estudo, pode ser verificar que há um padrão de consumo de bebidas alcoólicas entre os estudantes do Curso de Enfermagem, sendo que grande parcela dos acadêmicos possuem uma maior vulnerabilidade a exposição ao álcool. De acordo com os resultados obtidos, torna-se necessário uma maior reflexão e busca de conhecimentos por parte dos acadêmicos do Curso de Enfermagem sobre a utilização de álcool e outras drogas em sua vida estudantil e/ou pessoal. Dessa forma campanhas educativas tornam-se necessárias com intuito de diminuir o consumo de álcool entre os acadêmicos do Curso de Enfermagem de uma instituição de Ensino Superior no Centro Sul Cearense. Novos estudos necessitam ser desenvolvidos para explorar melhor a relação problemática do uso de álcool em acadêmicos de enfermagem, considerando que o uso de substâncias psicoativas é um fenômeno multifatorial e, como tal, resulta de uma combinação de fatores que atuam de maneira interdependente. Bibliografia 1. Lopes GT, Villar LMA. A formação do enfermeiro e o fenômeno das drogas no estado do Rio de Janeiro - Brasil: atitudes e crenças. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2005;13(n.esp): Alavarse, G.MAC, Barros, MD. Álcool e adolescência: o perfil de consumidores de um município do norte do Paraná. Esc Anna Nery. 2006;3(10): Kandel DB, Yamaguchi K. From beer to crack: developmental patterns of drug involvement. Am J Public Health. 1993;83(6): Oliveira EFTI de, Grácio MCC. Análise a respeito do tamanho de amostras aleatórias simples: uma aplicação na área de Ciência da Informação. DataGramaZero: Rev Ciênc Informação jun;6(3).[acesso 12 out 2009]. Disponível em:
5 5. Galduroz JCF, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. V levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras: São Paulo: Centro Brasileiro de informações sobre Drogas psicotrópicas, UNIFESP; Galduroz JCF, Caetano R. Epidemiology of alcohol use in Brazil. Rev Bras Psiquiatr. 2004;26(Supl 1): Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Resolução nº 196, de 10 de outubro de Diretrizes e Normas Regulamentadoras Envolvendo Seres Humanos. Brasília (DF); 1997.
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