Educação em Saúde: Dependência Química. Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil
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- João Faria Machado
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1 Educação em Saúde: Dependência Química Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil
2 MODULO 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil Por Clarice Sandi Madruga e Carolina de Meneses Gaya Nesse módulo discutiremos sobre: A importância de conhecer a epidemiologia do uso de substâncias psicoativas; Os levantamentos que fornecem dados sobre uso de substâncias no país; Prevalências nacionais do consumo de álcool, tabaco e de substâncias ilícitas. 2 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
3 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil Qual é a dimensão do problema das drogas no Brasil? O fenômeno do uso de substâncias psicoativas é complexo, e revela aspectos psicológicos, médicos, sociais, econômicos, históricos e morais muitas vezes conflitantes. Por um lado, existem evidências mostrando que os seres humanos buscaram na natureza substâncias que alterassem seu estado de consciência desde o início de sua história, levando a ideia de que este é um comportamento que faz parte da natureza humana e portanto, aceitável. Por outro, temos as questões da saúde pública e do indivíduo, trazendo evidências de que o uso dessas substâncias podem causar danos não só para o próprio indivíduo como também para a sociedade em que vive. Neste módulo abordaremos o consumo de substâncias de forma ampla, buscando entender como esse problema afeta a nação. A epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas (tanto legais quanto ilegais) será abordada através dos resultados advindos de levantamentos nacionais. Independente do status legal, o uso de psicotrópicos produzem encargos pesados à sociedade. Estes custos são observados nas mais diversas esferas, sendo: Custo social Maiores demandas no Sistema público de saúde; Problemas familiares e com a sociedade; Acidentes; Criminalidade; Violência urbana e doméstica. Custo para o indivíduo Doenças físicas e psíquicas; Baixa produtividade; Desenvolvimento de dependência. Por que o conhecimento da prevalência do consumo de substâncias é importante? Para desenvolver iniciativas de tratamento focadas na população de risco bem como desenvolver abordagens mais específicas a este público; Para estabelecer prioridades na implementação de políticas públicas; Para elaborar estratégias de prevenção mais eficazes através do conhecimento do perfil do seu público-alvo. Como conhecer as prevalências de uso e o perfil do usuário? Através da EPIDEMIOLOGIA A epidemiologia é definida pela IEA (Associação Internacional de Epidemiologia) como: O estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas. A atenção do poder público com relação a epidemiologia está voltada para as ocorrências, em escala massiva de doença e não-doença, envolvendo pessoas agregadas em coletividades, comunidades, grupos demográficos, classes sociais ou qualquer outro aglomerado da sociedade. Educa saúde: DEpendência química 3
4 Os estados particulares de ausência de saúde são estudados pela epidemiologia sob forma de doenças infecciosas (sarampo, difteria, malária etc.), não-infecciosas (diabetes, bócio endêmico, depressões etc.) e agravos à integridade física (acidentes, homicídios e suicídios). CONCEITOS BÁSICOS EM EPIDEMIOLOGIA PREVALÊNCIA: número total de casos existentes numa determinada população e num determinado momento temporal. FATORES DE RISCO: são os componentes que podem levar à doença ou contribuir para o risco de adoecimento e manutenção dos agravos de saúde. Um único fator nunca é suficiente para o aparecimento da doença, esta depende de vários determinantes. VIÉS: qualquer erro sistemático, em um estudo epidemiológico, que resulta na estimativa da associação entre a exposição e o risco de ocorrência de uma doença ou fenômeno. Todo estudo possui algum tipo de viés, cabe ao pesquisador conhecê-lo e controlá-lo. Ex: em levantamentos populacionais, o auto-relato do uso de substâncias ilícitas pode ser subestimado por receio em relação sigilo. CONFUNDIDOR: um fator que distorce uma associação entre exposição e desfecho e que não faz parte de uma cadeia causal. Ex: no estudo sobre a associação entre o consumo de álcool e doenças cardíacas, o tabagismo é um confundidor. MEDIADOR: uma variável que também está associada com a exposição e o desfecho. A existência de dois caminhos causais. Ex: a depressão é um mediador entre eventos negativos na infância e dependência química. 4 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
5 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS: Os estudos transversais são ferramentas importantes para a descrição das características de uma população. Eles permitem a identificação de grupos de risco e tal informação é de grande valia para o planejamento da saúde pública e para a prevenção. Levantamentos epidemiológicos são estudos transversais que possibilitam conhecer a dimensão de problemas como o uso de substâncias psicoativas em um determinado país. Levantamentos que fornecem dados sobre o uso de substâncias no Brasil Sabe-se que coletar dados em um país tão extenso como o Brasil é um grande desafio, todavia, temos atualmente uma considerável quantidade de informações provenientes de levantamentos tanto nacionais quanto de populações específicas do País. Dentre eles, destacam-se os levantamentos PENSE, do Projeto PLATINO, que focou seus estudos no consumo de tabaco entre estudantes em toda a América Latina, os levantamentos domiciliares e de estudantes do CEBRID (com seis coletas desde 1987), o projeto MEGACITY (2012), os inquéritos telefônicos sobre saúde da VIGITEL (anual desde 2006) e as duas versões do LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas) em 2006 e 2012, realizados pelo INPAD/UNIFESP. A grande maioria destes estudos representa populações específicas, seja de estudantes, ou de moradores de capitais, por exemplo. O único levantamento sobre consumo de substâncias psicoativas de representatividade nacional realizado no Brasil até então é do LENAD. A seguir descreveremos a prevalência do uso de substâncias na população brasileira baseada nos dados advindos do LENAD. Educa saúde: DEpendência química 5
6 Álcool Consumir bebidas alcoólicas é um comportamento comum na maioria dos grupos sociais. Todavia este consumo acarreta riscos, desde danos para a saúde até consequências sociais, relacionados à sua capacidade de intoxicação (bebedeira) e propriedades aditivas (desenvolvimento do alcoolismo). O uso nocivo de álcool tem um enorme impacto na saúde pública. Além do risco de desenvolvimento de doenças crônicas entre aqueles que bebem abusivamente e a longo prazo, o uso do álcool está relacionado a um aumento no risco de problemas de saúde agudos, como lesões (acidentes de trânsito). O uso de álcool é atualmente considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como o terceiro maior causador de doenças e incapacidade no mundo. Em 2011 foi estimado que o uso nocivo de álcool causou mais de 3 milhões de mortes prematuras no mundo, e foi responsável por mais de 5% da Carga Global de Doença 1. Devido ao seu uso ser tão aceito pela sociedade, a proporção de usuários problemáticos é significativamente maior que a de qualquer Fato: o álcool é a terceira maior causa de doenças evitáveis no mundo. outra substância; o que torna o álcool, sem sombra de dúvidas, o maior problema de saúde pública no Brasil. O uso de álcool no Brasil Os dados mostram que, embora as taxas de abstinência continuem idênticas nos últimos seis anos (48% em 2006 e 52% em 2012, diferença não significativa), houve um aumento de 20% na proporção de bebedores frequentes (que bebem uma vez por semana ou mais), que subiu de 45% para 54% entre os bebedores. Destaca-se um aumento mais significativo entre as mulheres, que foi de 29% em 2006 para 39% em A expressão binge é o um indicador do modo de beber nocivo, em que o indivíduo ingere grandes quantidades de álcool (quatro unidades de álcool para mulheres e cinco unidades para homens) em um período curto de tempo, 2 horas. Observamos que entre 2006 e 2012 houve um aumento significativo desta forma de consumo, de 45% para 59% na população de bebedores. Novamente um aumento maior é observado no sexo feminino, de 36% para 49%. Entre os adolescentes um fenômeno diferente parece estar acontecendo, observa-se uma queda no número de consumidores, porém esta diminuição é regida somente pelo grupo masculino. Dentre as meninas, o consumo não só não diminuiu como o padrão de uso frequente e uso em binge aumentou. O crescimento econômico do Brasil nos últimos 10 anos foi o maior da história, e estudos mostram que o aumento do consumo de álcool está estreitamente relacionado ao crescimento econômico do país, e em consequência de uma maior renda per capita, o Brasil torna-se um mercado promissor para a indústria de bebidas alcoólicas. Os resultados do LENAD confirmaram esta hipótese, mostrando que o aumento do consumo foi mais acentuado entre as classes econômicas mais baixas, uma vez que houve um aumento no capital disponível. 1 A Organização Mundial da Saúde usa o termo chamado Global Burden of Disease ou GBD (traduzido Carga Global da Doença ou Carga Mundial da Morbidade ). O Estudo da Carga Global de Doença, por meio de seu indicador, o Disability-Adjusted Life Years ou DALY (traduzido anos de vida ajustados pela doença ), tem por objetivo quantificar simultaneamente, o impacto da mortalidade e dos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida dos indivíduos. Nesse estudo, a mensuração dos eventos não-fatais é feita com base em informações sobre doenças específicas, facilitando assim a implementação de políticas públicas. 6 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
7 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil CONSUMO DE ÁLCOOL EM ADULTOS (18 anos de idade ou mais) Consumo de álcool entre adolescentes (14 a 18 anos) Binge X Classe Social Educa saúde: DEpendência química 7
8 O estudo também mostrou que enquanto metade da população brasileira é abstêmia, 32% bebem moderadamente e 16% consomem quantidades nocivas de álcool. Quase dois em cada dez dos bebedores (17%) apresentaram critérios para abuso e/ou dependência de álcool. Abuso e/ou dependência Você Sabia Que: A Organização Mundial da Saúde usa o termo chamado Global Burden of Disease ou GBD (traduzido Carga Global da Doença ou Carga Mundial da Morbidade ). O Estudo da Carga Global da Doença, por meio de seu indicador, o Disability-Adjusted Life Years ou DALY (traduzido anos de vida ajustados pela doença ), tem por objetivo quantificar simultaneamente, o impacto da mortalidade e dos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida dos indivíduos. Nesse estudo, a extensão dos eventos não-fatais é feita com base em informações sobre doenças específicas, facilitando assim a implementação de políticas públicas. Tabaco O tabagismo é considerado um importante problema de saúde pública. O tabaco é comprovadamente o principal fator de risco para uma série de doenças crônicas como câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares. No Brasil são 200 mil mortes anuais provocadas pelo tabagismo. Se a atual tendência de consumo se mantiver, em 2020, serão 10 milhões de mortes por ano e 70% delas acontecerão em países em desenvolvimento. É mais do que a soma das mortes por alcoolismo, AIDS, acidentes de trânsito, homicídios e suicídios juntas. O LENAD e vários outros estudos apontaram uma diminuição geral no consumo de tabaco no País. Sem dúvida esta diminuição vem como fruto de uma ampla iniciativa de prevenção que, felizmente, atingiu tanto adultos quanto adolescentes do Brasil. Fato: O tabagismo é considerado uma doença pediátrica uma vez que idade média de iniciação é de 15 anos (INCA). 8 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
9 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil Fumantes A diminuição de 19% na população adulta foi acompanhada por impressionantes 43% de diminuição de consumo entre a população adolescente. Nos adultos, a diminuição maior foi entre os homens, de 27% para 21%, enquanto nos adolescentes essa diminuição foi mais acentuada entre meninas, de 5% para 2% uma diminuição de 60%. Destaque: tabaco é o fator causal de 50 diferentes doenças incapacitantes e fatais e mata 5 milhões de pessoas anualmente no mundo (OMS). Educa saúde: DEpendência química 9
10 Substâncias ilícitas O uso de drogas está diretamente ligado à urbanização, e com a estimativa de que a população duplique em países em desenvolvimento entre 2011 e 2050, é muito provável que um aumento no uso de substâncias ilícitas também aconteça. Segundo informações das Nações Unidas, estima-se que o consumo de substâncias ilegais cresça em até 25% globalmente nas próximas décadas devido ao crescimento econômico de países em desenvolvimento. Desta forma, a carga global do uso de drogas passaria a ser maior em países que são menos preparados para lidar com o problema: os países em desenvolvimento, como o Brasil. Além disso, sabe-se que estes países comumente possuem uma população mais jovem, mais propensa a se engajar no uso de substâncias ilícitas e também mais vulnerável aos danos causados pelo uso. O consumo de substâncias ilícitas no Brasil ainda é considerado baixo, com exceção ao uso da cocaína e do crack, que serão abordados com mais detalhes a seguir. Como observado em outros países, no Brasil a maconha também é a substância mais usada. O estudo detectou o uso de solventes e alucinogênicos consideravelmente alto entre adolescentes (1,2% e 0,8% respectivamente). Enquanto o uso de estimulantes como as anfetaminas (speed e rebite) e a morfina foram mais comum entre adultos (1,1% e 0,6% respectivamente). Os dados advindos do LENAD não permitem a observação de tendências de uso num contexto histórico, uma vez que a metodologia de coleta de informações sobre substâncias ilícitas foi diferente entre os dois levantamentos (2006 e 2012) não permitindo a comparação. O levantamento de estudantes do CEBRID permite essa análise, pois fornece um panorama das tendências de uso de substâncias de 1989 até Observou-se pela primeira vez, entre 2004 e 2010, variações significativas de consumo, com uma diminuição significativa do uso de maconha entre estudantes. Segundo este levantamento, não houve mudanças quanto ao uso de cocaína neste período. Fato: Estima-se que o uso de substâncias ilegais aumente até 25% globalmente nas próximas décadas devido ao crescimento econômico de países em desenvolvimento (Nações Unidas). 10 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
11 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil Maconha O Brasil não está entre os países com maiores índices de uso de maconha no mundo. Encontramos 2% de uso no último ano na Ásia, em torno de 5% na Europa, e de até de 10% nos Estados Unidos; enquanto os dados para 2012 mostram que o índice no Brasil é de 3%. As Nações Unidas consideram que os dados oficiais da América Latina possam estar subestimados, uma vez que o volume de maconha apreendido no Brasil está entre os maiores do mundo e o País não é um grande fornecedor. Embora a percentagem possa parecer pequena, o número de usuários é significativo com mais de 1,5 milhões de pessoas consumindo maconha diariamente. O LENAD mostrou que no Brasil 7% da população adulta já experimentou maconha na vida, representando 8 milhões de pessoas. Para o quesito consumo frequente consideramos o uso no último ano se enquadram 3% da população adulta, que equivale a mais de 3 milhões de pessoas. Quanto ao uso na adolescência, o estudo mostrou que quase 600 mil adolescentes (4% da população) já usou maconha pelo menos uma vez na vida, enquanto a taxa de consumo no último ano foi idêntica a dos adultos (3%, equivalente a mais de 470 mil adolescentes). Cabe salientar que mais da metade dos usuários, tanto adultos quanto adolescentes consomem maconha diariamente (1,5 milhões de pessoas). Fato: Estima-se que o uso de substâncias ilegais aumente até 25% globalmente nas próximas décadas devido ao crescimento econômico de países em desenvolvimento (Nações Unidas). Educa saúde: DEpendência química 11
12 A idade de experimentação é um indicador importante, pois está associada com o desenvolvimento de dependência bem como com o abuso de outras substâncias. Mais de 60% dos usuários de maconha experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos de idade. A dependência de maconha existe e é bastante comum entre usuários. Dados provenientes de várias partes do mundo mostram que cerca de um terço dos usuários apresentam dependência; dado que foi confirmado em nosso levantamento. Mais de um terço dos usuários adultos foram identificados como dependentes pelo LENAD. Na adolescência os índices de dependência alcançam 10% dos usuários. A identificação de dependência de maconha usada pelo levantamento não leva em consideração a quantidade ou frequência de uso da droga, mas sim aspectos comportamentais comuns da dependência. São avaliados: 1) Ansiedade e preocupação por não ter a droga, 2) Sensação de perda de controle sobre o uso, 3) Preocupação com o próprio uso 4) Ter tentado parar 5) Achar difícil ficar sem a droga. Além disso, também foi detectado que um terço dos adultos usuários já tentou parar e não conseguiu, enquanto 27% já apresentaram sintomas de abstinência ao tentar parar. Embora a quantidade de usuários relatados no Brasil seja relativamente pequena, a percentagem de dependentes de maconha entre usuários é a mesma encontrada em países com maior prevalência de uso. 12 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
13 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil COCAÍNA & CRACK Em publicação recente da OMS, o Brasil foi apontado como uma das nações emergentes onde o consumo de estimulantes como a cocaína seja na forma intranasal (pó) ou fumo (crack, merla ou oxi) está aumentando, enquanto na maioria dos países o consumo está diminuindo. O LENAD mostrou que quase 6 milhões de brasileiros (4% da população adulta) já experimentou alguma apresentação de cocaína na vida. Este índice foi de 3% entre adolescentes 2, representando 442 mil jovens. No último ano, a prevalência de uso dessa droga atingiu 2,6 milhões de adultos (2%) e 244 mil adolescentes (2%). A cocaína utilizada via intranasal é a mais comum, já tendo sido experimentada por 4% dos adultos, pouco mais de 5 milhões de pessoas, no último ano, o uso foi de 2%, representando 2,3 milhões de pessoas. Já entre adolescentes o consumo é menor, sendo de menos de 2% tanto no uso no decorrer da vida quanto nos últimos 12 meses, representando 316 e 226 mil jovens respectivamente. Aproximadamente 2 milhões de brasileiros já usaram cocaína fumada (crack, merla e oxi) pelo menos uma vez na vida - 1,4% dos adultos e 1% dos jovens. Um em cada cem adultos usou crack no último ano, representando 1 milhão de pessoas. O uso de cocaína fumada na adolescência foi mais baixo, 1% para o uso no decorrer da vida (150 mil jovens) e 0,2% de uso no último ano, cerca de 18 mil pessoas. Fato: Atualmente, cerca de 200 mil pessoas morrem no mundo devido ao abuso de substâncias ilícitas (WHO). 2 Foram considerados adolescentes os indivíduos com idade entre 14 a 18 anos. Educa saúde: DEpendência química 13
14 A idade de experimentação é um indicador importante, uma vez que estudos mostram uma relação entre a precocidade do uso e o aumento do risco de desenvolvimento de dependência e doenças psiquiátricas. Constatamos que quase metade dos usuários (45%) experimentou cocaína pela primeira vez antes dos 18 anos de idade. Segundo o levantamento, mais de 20% dos brasileiros conheceu alguém que tem problemas pelo uso de cocaína. Dentre os usuários, quase metade (48%) foi identificada com dependência química; todavia apenas 30% destes relataram ter a intenção de interromper o uso. Somente 1% dos entrevistados já procurou tratamento para o uso de cocaína, apenas 10% dos usuários. Sendo a região mais populosa do Brasil, o Sudeste concentra quase metade de todos os usuários de cocaína em números absolutos. Considerando a estimativa de que quase metade desta população desenvolve dependência química, é inevitável o questionamento da rede disponível de atenção básica. 14 Epidemiologia do consumo de substâncias psicoativas no Brasil
15 Módulo 1: A dimensão do problema das drogas no Brasil Resumo do Módulo: Estudos epidemiológicos são importantes para a descrição de características de uma população, permitem a identificação de grupos de risco e são fundamentais para o planejamento da saúde pública e programas de prevenção. Dentre os levantamentos populacionais existentes no Brasil, o levantamento de estudantes e domiciliar do CEBRID e do LENAD se destacam. O CEBRID fornece as tendências de consumo em uma série histórica; o LENAD permite a extrapolação de seus dados uma vez que é o único de representatividade nacional. Somente metade da população brasileira é consumidora de álcool, todavia observamos um aumento no padrão de uso nocivo entre bebedores. Mulheres apresentam um aumento mais acentuado nos indicadores de uso nocivo. Houve uma diminuição significativa no tabagismo tanto em adultos quanto em adolescentes. A maconha é a substância ilícita mais consumida no Brasil. No País, 3% dos adultos e adolescentes relataram uso de maconha no último ano, um terço destes desenvolveram dependência. O Brasil representa 20% do consumo mundial de cocaína e crack e é, provavelmente, o maior mercado de crack no mundo. Referências: Educa saúde: DEpendência química 15
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