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Transcrição:

Apelação Criminal n. 0001034-07.2016.8.24.0066, de São Lourenço do Oeste Relator: Desembargador Ernani Guetten de Almeida APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LESÃO CORPORAL (ART. 129, 9º, DO CÓDIGO PENAL) COM INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. MATERIALIDADE E AUTORIA INCONTROVERSAS. INSURGÊNCIA RESTRITA À DOSIMETRIA DA PENA. ALMEJADO O AFASTAMENTO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS NEGATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS CIRCUNSTÂNCIAS E DAS CONSEQUÊNCIAS DO DELITO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA E AMPARADA NAS GRAVES PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. QUANTUM DE AUMENTO QUE SE MOSTRA PROPORCIONAL. DISCRICIONARIEDADE MOTIVADA DO MAGISTRADO. DOSIMETRIA MANTIDA. PLEITO DE RENÚNCIA AO DIREITO DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. NÃO CONHECIMENTO. MATÉRIA AFETA AO JUÍZO DA EXECUÇÃO. EVENTUAL RECUSA DO BENEFÍCIO QUE DEVE SER ALEGADA NA AUDIÊNCIA ADMONITÓRIA. NÃO CONHECIMENTO NO PONTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE. SENTENÇA CONDENATÓRIA CONFIRMADA POR ESTA CORTE DE JUSTIÇA. PRECLUSÃO DA MATÉRIA FÁTICA. NOVA ORIENTAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (HC N. 126.292/SP) ADOTADA POR ESTA CÂMARA CRIMINAL (AUTOS N. 0000516-81.2016.8.24.0048). IMEDIATO CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS A TÍTULO DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA QUE SE IMPÕE. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal n. 0001034-07.2016.8.24.0066, da comarca de São Lourenço do Oeste Vara Única em que é Apelante V. dos S. C. e Apelado M. P. do E. de S. C.. A Terceira Câmara Criminal decidiu, por votação unânime,

conhecer parcialmente do recurso e negar-lhe provimento, determinando que o juízo de origem intime o apelante para iniciar o cumprimento das condições impostas a título de suspensão condicional da pena. Presidiu o julgamento, realizado na presente data, o Exmo. Sr. Des. Rui Fortes, e dele participou o Exmo. Sr. Des. Getúlio Corrêa. Funcionou como Representante do Ministério Público o Dr. Carlos Henrique Fernandes. Florianópolis, 24 de abril de 2018. Desembargador Ernani Guetten de Almeida Relator 2

RELATÓRIO Na comarca de São Lourenço do Oeste, o Ministério Público do Estado de Santa Catarina ofereceu denúncia contra Valmir dos Santos Correa pela prática, em tese, dos crimes previstos nos arts. 129, 9º, e 147, caput, na forma do art. 69, todos do Código Penal, em razão dos seguintes fatos criminosos (fls. 05/07): [...] 1º Fato: No dia 26 de julho de 2016, por volta das 19h30min, na residência localizada na rua João Arnoldo, 624, bairro Cruzeiro, nesta cidade e comarca, o denunciado Valmir dos Santos Correa, ciente da ilicitude de sua conduta e com vontade orientada à prática delituosa, prevalecendo-se das relações domesticas e familiares, ameaçou a vítima Delci Terezinha Dias, sua ex-companheira, de lhe causar mal injusto e grave, por meio de palavras, ao proferir que "não ia sair de lá sem matá-la, porque era forte e era ele quem fazia a lei". 2º Fato No mesmo dia e local, logo após o 1º fato, o denunciado Valmir dos Santos Correa, novamente prevalecendo-se das relações domésticas e familiares, ofendeu a integridade corporal da vítima Delci Terezinha, sua excompanheira, ao apertar-lhe, causando lesão corporal em seu dedo mínimo [...]. Concluída a instrução processual, a denúncia foi julgada parcialmente procedente, consignando a parte dispositiva da sentença, in verbis: [...] condenar o réu Valmir dos Santos Correa, já qualificado nos autos, ao cumprimento da pena privativa de liberdade de 6 (seis) meses de detenção por infração ao art. 129, 9º, do CP. Por outro lado, absolvo o acusado da imputação da prática de infração ao art. 147 do Código Penal, em razão da insuficiência de prova (art. 386, inciso VII, do CPP). [...]. Suspendo a pena privativa de liberdade aqui aplicada, pelo prazo de 02 anos [...] (fls. 85/88). Inconformado com a prestação jurisdicional entregue, Valmir dos Santos Correa interpôs recurso de apelação (fl. 102). Em suas razões, requer, em síntese, o afastamento da valoração negativa das circunstâncias judiciais das circunstâncias e das consequências do crime ou, alternativamente, a minoração da fração de aumento utilizada pela negativação dos referidos vetores. Por fim, manifestou o desinteresse quanto ao benefício da suspensão condicional da pena, almejando o cumprimento da reprimenda corporal no regime aberto (fls. 109/116). Apresentadas as contrarrazões (fls. 130/135), os autos ascenderam a este Tribunal, oportunidade em que a douta Procuradoria-Geral de Justiça, em 3

parecer da lavra do Exmo. Sr. Dr. Lio Marcos Marin, manifestou-se pelo conhecimento e provimento do recurso (fls. 144/148). Este é o relatório. VOTO O recurso há de ser conhecido em parte, porquanto parcialmente presentes os requisitos de admissibilidade. E, quanto ao mérito, desprovido. Infere-se dos autos que, no dia 26 de julho de 2016, por volta das 19h30min, na residência localizada na rua João Arnoldo, 624, bairro Cruzeiro, no município de São Lourenço do Oeste, o apelante Valmir dos Santos Correa agrediu a vítima Delci Terezinha, sua ex-companheira, mediante um empurrão, causando-lhe lesão corporal. Pois bem. A autoria e a materialidade delitivas, embora incontestes, encontram amparo no laudo pericial (fls. 98/99) e na prova oral angariada nas etapas policial e judicial. Isso posto, verifica-se que o inconformismo defensivo cinge-se à dosimetria da pena, razão pela qual, em respeito aos princípios do tantum devolutum quantum appellatum e da dialeticidade, mormente diante do que dispõe o art. 599 do Código de Processo Penal, analisar-se-á somente a parte da sentença contra a qual o apelante Valmir se insurgiu. Inicialmente, a defesa requer o afastamento da valoração negativa das circunstâncias e das consequências do crime, na primeira etapa dosimétrica, com a consequente fixação da pena-base no mínimo legal. litteris: Para melhor análise da dosimetria, extrai-se da sentença a quo, in [...] a culpabilidade, compreendida como o grau de reprovabilidade da conduta, parece normal. Não há registro de maus antecedentes. Não existem elementos nos autos que desabonem sua conduta social. Inexistente exame técnico no feito para análise de sua personalidade. Os motivos não fram suficientemente esclarecidos nos autos. As circunstâncias e consequências fugiram à normalidade. Ficou claro que toda a discussão e agressão foi preferida na presença do filho da vítima, à época adolescente, com 16 anos de idade, que seguramente foi atingido, ainda que de forma reflexa. Há que se 4

pontuar inclusive que dito adolescente deixou bem claro em Juízo que tem boa relação com o acusado e que gosta muito dele. Em tal contexto, seguramente o adolescente acaba por experimentar um conflito ainda que interno, qual seja, ter vínculo afetivo com uma pessoa que desrespeita e agride sua mãe. Ainda das circunstâncias, há que se ter presente que o acusado, segundo ele próprio relatou em Juízo, faz uso de medicação controlada (Diasepan). Assim, seguramente não desconhecia os efeitos negativos de misturar bebida alcoólica com tal medicação, sendo que não só ele como a própria vítima enfatizaram que logo após o almoço deu início ao consumo de bebida, o que se estendeu por toda a tarde, sendo certo que o fez voluntariamente. O comportamento da vítima não contribuiu para a prática do crime. [...]. Desta feita, fixo a pena-base em seis (seis) meses de detenção para o crime de lesão corporal [...] (fls. 85/88 - grifo nosso). Nesse quadro, verifica-se que a majoração da pena-base restou devidamente fundamentada. Cleber Masson: Inicialmente, quanto ao vetor das circunstâncias do crime, leciona [...] são os dados acidentais, secundários, relativos à infração penal, mas que não integram sua estrutura, tais como o modo de execução do crime, os instrumentos empregados em sua prática, as condições de tempo e local em que ocorreu o ilícito penal, o relacionamento entre o agente e o ofendido etc. Não há lugar para a gravidade abstrata o crime, pois essa circunstância já foi levada em consideração pelo legislador para a cominação das penas mínima e máxima [...] (Código Penal comentado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016, p. 392). In casu, percebe-se que as provas colacionadas aos autos demonstram que, muito embora o apelante estivesse fazendo uso de medicamento controlado (Diazepam) e soubesse da incompatibilidade/riscos do uso de tal droga com a ingestão concomitante de bebida alcoólica, desprezou o perigo da combinação destas substâncias e, voluntariamente, fez uso excessivo de bebida alcoólica, mostrando total indiferença com eventual resultado danoso decorrente de sua conduta. Nesse particular, Valmir dos Santos Correa declarou durante seu interrogatório judicial "[...] que, na verdade, sabe que não pode ingerir bebida alcoólica, pois 'toma' diversos medicamentos controlados 'pra asma' e 'Diazepam'; que 'se toma uma cerveja já fica em transe'; que não pode beber; que costuma beber socialmente, 'somente nos sábados' [...]" (mídia de fl. 88 grifo nosso). 5

Assim, percebe-se que a ação pretérita do apelante certamente contribuiu para com o ato violento perpetrado contra sua ex-companheira, uma vez que, como visto, apesar de ciente dos nefastos reflexos que a ingestão simultânea das supracitadas substâncias acarretavam em seu comportamento, optou por, ainda assim, ingerir bebidas alcoólicas em demasia, revelando uma maior gravidade/reprovabilidade da conduta praticada. Da mesmo forma, o aumento decorrente da negativação do vetor consequências do crime deve ser mantido. Isso porque, conforme consignado pelo Magistrado de primeiro grau, os elementos colhidos ao longo da persecução penal confirmaram que o apelante agrediu sua ex-companheira na presença de T.C.D. (16 anos de idade), filho da vítima, de modo que o adolescente restou submetido à situação de elevado constrangimento, acarretando-lhe prejuízo psicológico e ao seu saudável desenvolvimento. Inclusive, conforme bem salientado pelo Ministério Público em suas contrarrazões recursais, in litteris: [...] sabe-se que os filhos utilizam os pais/padrastos como espelho, restando claro que a conduta do acusado trouxe prejuízo ao desenvolvimento saudável e apropriado, não sendo o mero fato do adolescente continuar "gostando" do acusado suficiente para afastar a consequência desfavorável [...] (fl. 135). Logo, não restam dúvidas de que as consequências do crime extrapolaram aquelas inerentes ao tipo penal em comento, merecendo maior reprovabilidade. Mutatis Mutandis, esta Corte de Justiça já decidiu: 1) Apelação Criminal n. 2011.092632-0, de Coronel Freitas, rel. Des. Carlos Alberto Civinski, j. 25.09.2012: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÕES CORPORAIS MEDIANTE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (CP, ART. 129, 9º) E AMEAÇA (CP, ART. 147). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO RESTRITO À DOSIMETRIA DA PENA. PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA. MAJORAÇÃO DAS PENAS DE AMBOS OS CRIMES. CONDUTA DESFAVORÁVEL DO APELADO E GRAVES CONSEQUÊNCIAS DOS DELITOS. [...]. - São graves as consequências do crime em que a vítima ficou traumatizada com os fatos, vivendo constantemente atemorizada, e sua filha 6

menor presenciou o ocorrido, sendo encaminhada para tratamento psicológico. [...]. 2) Apelação n. 0131995-07.2013.8.24.0045, de Palhoça, rel. Des. Getúlio Corrêa, j. 02.02.2016: APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME DE LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DOMÉSTICO (CP, ARTS. 129, 9º) - SENTENÇA CONDENATÓRIA - RECURSO DEFENSIVO. [...]. DOSIMETRIA - PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL - CONDUTA SOCIAL - ACUSADO QUE SE VALIA DE HABITUAL ESTADO DE EMBRIAGUEZ PARA AGREDIR A VÍTIMA - MOTIVOS DO DELITO - VIOLÊNCIA MOTIVADA PELA NEGATIVA DA OFENDIDA EM FORNECER DINHEIRO AO RÉU - DESPROPORCIONALIDADE EVIDENTE - CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME - AGRESSÃO FÍSICA PRATICADA EM VIA PÚBLICA, DIANTE DE TRANSEUNTES - ABALO EMOCIONAL NÃO INSERIDO NO TIPO - FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA - MAJORAÇÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 3) Apelação Criminal n. 0000623-90.2015.8.24.0003, de Anita Garibaldi, rel. Des. Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, j. 15.02.2018: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE LESÃO CORPORAL, PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER (ART. 129, 9º, DO CÓDIGO PENAL NA FORMA DO ART. 7º, I E II, DA LEI 11.340/06). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. [...]. DOSIMETRIA. PLEITO PARA FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. MAIOR REPROVABILIDADE DO FATO PRATICADO NA FRENTE DO FILHO MENOR DO CASAL. ELEMENTO REPROVÁVEL QUE CIRCUNDOU O CRIME. PRECEDENTES. [...]. Alternativamente, a defesa pleiteia a minoração da fração de aumento aplicada pela valoração negativa dos vetores das circunstâncias e consequências do crime, ao argumento de que o aumento aplicado se mostrou desproporcional. De início, é de se esclarecer que a legislação penal não determina a fração exata a ser aplicada na primeira e na segunda etapas da dosimetria da pena. O estabelecimento da reprimenda deve observar o montante necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime, motivo pela qual o aumento ou a diminuição empregada emana da discricionariedade motivada do Magistrado sentenciante, que fica adstrito apenas ao mínimo e máximo da pena abstratamente cominados na legislação penal. Portanto, o Juiz não é obrigado a adotar sempre o mesmo quantum de aumento/diminuição, cabendo a ele decidir o critério a ser adotado, de acordo 7

com as particularidades do caso concreto, a fim de que efetivamente se respeite o princípio da individualização da pena. In casu, a pena-base restou majorada no patamar de 1/2 (um meio) para cada circunstância judicial negativa, acarretando um acréscimo total de 3 (três) meses na reprimenda corporal, situação que resta justificada nas graves peculiaridades do caso concreto. Ademais, os elementos colacionados aos autos certificam que a ação criminosa foi praticada em razão do inconformismo de Valdir com a mera intenção da vítima em findar o relacionamento mantido com o mesmo, situação que, embora não tenha sido utilizada pelo juízo a quo para elevar a pena-base, reforça a necessidade de manutenção do quantum de aumento aplicado na primeira etapa dosimétrica, porquanto revela a desproporcionalidade da conduta perpetrada pelo agente e, por consequência, a maior gravidade de seu comportamento. Colhe-se da jurisprudência deste Tribunal de Justiça: 1) Apelação Criminal n. 0000703-90.2017.8.24.0033, de Itajaí, rel. Des. Getúlio Corrêa, j. 16.01.2018: APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS (LEI N. 11.343/06, ART. 33, CAPUT) - SENTENÇA CONDENATÓRIA - INSURGÊNCIA DO RÉU. PENA-BASE. [...]. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO POR AUSÊNCIA DE FRAÇÃO DE AUMENTO - NÃO ACOLHIMENTO - MAJORAÇÃO ESTIPULADA EM ANOS - PODER DISCRICIONÁRIO DO MAGISTRADO À DETERMINAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA REPRIMENDA. "Dentro dos limites estabelecidos pelo legislador (mínimo e máximo abstratamente fixados para a pena), deve eleger o quantum ideal, valendo-se do seu livre convencimento (discricionariedade), embora com fundamentada exposição de seu raciocínio (juridicamente vinculada)" (NUCCI; Guilherme de Souza). [...]. 2) Apelação Criminal n. 0000588-90.2014.8.24.0060, de São Domingos, rel. Des. Roberto Lucas Pacheco, j. 30.11.2017: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. LEI N. 10.826/03, ART. 14. CONDENAÇÃO. RECURSO DEFENSIVO. [...]. DOSIMETRIA. QUANTUM DE AUMENTO APLICADO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS E À AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. DISCRICIONARIEDADE DO JUIZ DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. PENA INALTERADA. Uma vez que a legislação penal não estabelece frações de aumento a 8

serem aplicadas em razão da presença de circunstâncias judiciais desfavoráveis e de circunstâncias agravantes, a fixação da pena-base e o aumento da pena na segunda fase dosimétrica pelo sentenciante devem observar, de forma fundamentada e discricionária - atentando-se aos limites mínimo e máximo da sanção cominada abstratamente pelo tipo penal -, o quantum necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. [...]. 3) Apelação n. 0006673-27.2015.8.24.0038, de Joinville, rel. Des. Paulo Roberto Sartorato, Primeira Câmara Criminal, j. 19.07.2016: APELAÇÃO CRIMINAL. LATROCÍNIO, NA FORMA TENTADA (ART. 157, 3, PARTE FINAL, C/C ART. 14, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL). PRETENDIDA [...]. DOSIMETRIA. PRIMEIRA FASE. "TEORIA DO TERMO MÉDIO" REFUTADA. LEGISLAÇÃO QUE CONFERE DISCRICIONARIEDADE AO JUIZ PARA FIXAR A PENA-BASE ADEQUADA À HIPÓTESE DENTRO DOS LIMITES LEGAIS, DESDE QUE O FAÇA DE FORMA FUNDAMENTADA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. [...]. 2. O art. 59 do Código Penal confere ao juiz a discricionaridade para, em observância às nuances objetivas e subjetivas do ilícito apurado, fixar a penabase adequada à hipótese entre as balizas mínima e máxima previstas pelo tipo penal, desde que, claro, expostos os fundamentos de ordem fática e jurídica norteadores de sua escolha. Por fim, o apelante manifestou total desinteresse quanto à suspensão condicional da pena, "requerendo o cumprimento da pena no regime aberto" (fl. 115). O pleito, nesse ponto, não pode ser conhecido. Isso porque, conforme apontado pela própria defesa em suas razões recursais, eventual recusa do apelante quanto ao benefício ora analisado constitui matéria afeta ao juízo da execução, devendo ser alegada na audiência admonitória, conforme pacífico entendimento desta Corte de Justiça: 1) Apelação Criminal n. 0008570-12.2015.8.24.0064, de São José, rel. Des. Volnei Celso Tomazini, j. 31.10.2017: APELAÇÃO CRIMINAL. CONTRAVENÇÃO PENAL DE PERTURBAÇÃO DA TRANQUILIDADE (ART. 65 DO DEC-LEI N. 3.688/41) NO ÂMBITO DA LEI N. 11.340/06. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO RÉU. [...]. PLEITO DE RENÚNCIA AO DIREITO DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. SUBSTITUIÇÃO FUNDADA EM LEI, QUE TORNA IRRELEVANTE MANIFESTAÇÃO DO RÉU NESTA OCASIÃO POSSIBILIDADE DE RECUSA EM MOMENTO OPORTUNO, QUAL SEJA, A AUDIÊNCIA ADMONITÓRIA. RECURSO NÃO CONHECIDO NO PONTO. [...]. 2) Apelação n. 0000122-02.2014.8.24.0059, de São Carlos, rel. Des. Rui Fortes, j. 05.04.2016: 9

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A PESSOA. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. MATERIALIDADE DO CRIME E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APELO VISANDO APENAS A REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. ALEGAÇÃO DE QUE O CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA DE 3 (TRÊS) MESES, NO REGIME ABERTO, SERIA MAIS BENÉFICO AO RÉU. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. POSSIBILIDADE DE RECUSA DO REFERIDO BENEFÍCIO NA AUDIÊNCIA ADMONITÓRIA. PRECEDENTES. ADEMAIS, DIREITO SUBJETIVO DO RÉU AO SURSIS. DEVER DE CONCESSÃO PELO MAGISTRADO QUANDO PRESENTES OS REQUISITOS DO ART. 77 DO CP. RECURSO NÃO CONHECIDO. [...]. Ao final, mantida a condenação por esta Corte de Justiça, nos termos do novo posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal no HC. N. 126/292/SP e das razões contidas no voto vencedor deste Relator nos autos n. 0000516-81.2010.8.24.0048, especialmente pela impossibilidade de rediscussão da matéria fática nas Instâncias Superiores, determina-se que o juízo de origem intime o apelante para iniciar o cumprimento das condições impostas a título de suspensão condicional da pena. Ante o exposto, vota-se no sentido de conhecer parcialmente do recurso e negar-lhe provimento, determinando que o juízo de origem intime o apelante para iniciar o cumprimento das condições impostas a título de suspensão condicional da pena. Este é o voto. 10