SOBREPESO E OBESIDADE ENTRE ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS PIAUIENSES



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Transcrição:

SOBREPESO E OBESIDADE ENTRE ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS PIAUIENSES Ionara Holanda de Moura 1 Ana Roberta Vilarouca da Silva 2 Ana Karla Sousa de Oliveira 3 Lourival Gomes da Silva Júnior 4 Jéssica Matildes do Nascimento 5 A prevalência do sobrepeso/obesidade entre jovens vem aumentando drasticamente ao ponto de já poder ser considerada um grave problema de saúde pública na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Objetivou-se analisar o Índice de Massa Corporal dos adolescentes escolares de instituições públicas piauienses. Estudo descritivo, transversal e quantitativo realizado em três escolas públicas de Picos - PI, com 212 adolescentes com idade entre 11 e 19 anos de ambos os sexos. A coleta dos dados foi realizada através de um formulário nos meses de agosto de 2010 a março de 2012. A amostra foi composta na sua maioria por mulheres (59,9%); a prevalência de sobrepeso e obesidade foi superior entre o sexo feminino (13,4% e 2,4%, respectivamente) e na faixa etária de 15-19 anos (12,6% e 2,6%, respectivamente). Esses resultados revelam que ações educacionais multidisciplinares, inclusive da área da enfermagem, são de extrema importância, visando à modificação dos hábitos de vida dos adolescentes. Descritores: Saúde do Adolescente; Sobrepeso; Obesidade. 1 Acadêmica do Curso de Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí/CSHNB. Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva. Bolsista PIBIC/CNPq. E-mail: ionarahm@hotmail.com. 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Enfermagem da UFPI/CSHNB. Líder do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva. 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do curso de Enfermagem da UFPI/CSHNB. Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva. 4 Acadêmico do Curso de Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí/CSHNB. Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva. 5 Acadêmica do Curso de Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí/CSHNB.

La prevalencia de sobrepeso / obesidad entre los jóvenes ha aumentado dramáticamente desde el punto podría ser considerado como un grave problema de salud pública en la mayoría de los países desarrollados y en desarrollo. El objetivo fue analizar el índice de masa corporal de los adolescentes de las instituciones públicas in Piauí. Estudio descriptivo, transversal y cuantitativo, realizado en tres escuelas públicas de Picos PI, con 212 adolescentes de edades entre 11 y 19 años de ambos los sexos. Los datos fueron recolectados a través de formulario, de agosto de 2010 a marzo de 2012. La muestra estuvo compuesta principalmente por mujeres (59,9%), la prevalencia de sobrepeso y obesidad fue mayor entre las mujeres (13,4% y 2,4%, respectivamente) y 15-19 años de edad (12,6% y 2,6% respectivamente). Estos resultados muestran que las actividades educativas multidisciplinares, incluyendo el área de la enfermería, son muy importantes con el fin de cambiar los hábitos de estilo de vida de los adolescentes. Descriptores: Salud del Adolescente; Sobrepeso; Obesidad. The prevalence of overweight / obesity among youth has increased dramatically since the point could be considered a serious public health problem in most developed countries and developing. The objective was to analyze the body mass index of adolescents from public institutions in Piauí. This descriptive cross-sectional prevalence and quantitative study, carried out in three public schools in Picos - PI with 212 adolescents aged between 11 and 19 years for both sexes. Data collection was performed through a form in the months August 2010 to March 2012. The sample was composed mostly of women (59.9%), the prevalence of overweight and obesity was higher among females (13.4% and 2.4%, respectively) and aged 15-19 years (12.6% and 2.6% respectively). These results show that multidisciplinary educational activities, including the area of nursing, are extremely important in order to change the lifestyle habits of adolescents. Descriptors: Adolescent health; Overweight; Obesity.

INTRODUÇÃO A carência de hábitos de vida saudáveis é algo cada vez mais visível na população, os mesmos quando ausentes no indivíduo reportam ao aparecimento de doenças crônicas, que propiciam uma redução da expectativa de vida, bem como na qualidade da mesma. Tal situação passa a requerer intervenções efetivas que busquem minimizar o aparecimento e a evolução do quadro crônico. Porém a população brasileira parece não estar praticando hábitos saudáveis, pois segundo um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1) referente ao ano de 2008, cerca de 31,3% da população nacional (aproximadamente 59,5 milhões de pessoas) tinham uma doença crônica e 5,9% tinham três ou mais deste mesmo tipo de doença. Conforme a Organização Mundial de Saúde (2), os problemas crônicos de saúde estão aumentando em um nível alarmante, e até o ano de 2020 representaram a principal causa de incapacidade no mundo, constituindo um problema de grande dispêndio para o Sistema Único de Saúde, visto que necessitam de um gerenciamento contínuo e de cuidados permanentes. Nesse contexto, torna-se relevante destacar que a prevalência da obesidade entre jovens segue as mesmas tendências dos demais problemas crônicos, aumentando drasticamente ao ponto de já poder ser considerada um grave problema de saúde pública na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Levando em consideração que a obesidade aumenta o número de pacientes expostos ao risco de doenças cardiovasculares, como a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus, essa constatação é muito preocupante (3-4). A obesidade caracteriza-se como uma doença crônica relacionada ao acúmulo excessivo de energia, sob a forma de triglicérides, no tecido adiposo do corpo, podendo ser associada à presença de alterações metabólicas que indicam risco cardiovascular. Já o sobrepeso ocorre quando o peso do indivíduo é superior ao normal para sua idade, sexo e altura, de acordo com os padrões populacionais de crescimento, podendo representar ou não excesso de gordura corporal (5-6). Existem inúmeros fatores relacionados com o surgimento da obesidade, como fatores fisiológicos, metabólicos e genéticos. Contudo, o grande aumento no número de obesos verificados atualmente parece estar mais relacionado com as mudanças no estilo de vida e com os hábitos alimentares (7-8). Dessa forma, a fim de que desfechos desfavoráveis na idade adulta sejam evitados, é necessário o diagnóstico precoce e as devidas intervenções no período crítico do desenvolvimento da obesidade.

Nesse sentido, a avaliação da gordura corporal é importante para estabelecer o diagnóstico de sobrepeso/obesidade. Técnicas antropométricas como índice de massa corporal (IMC), têm sido empregadas com bastante freqüência nessa avaliação e, consequentemente, na detecção de risco para doenças cardiovasculares, sobretudo por serem fáceis de executar, de baixo custo e adequados para a prática diária (5-6,9-10). O Índice de Massa Corporal é definido pelo cálculo do peso corporal, em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura, em metros quadrados (11). Assim sendo, o objetivo deste estudo é analisar o Índice de Massa Corporal dos adolescentes escolares de três instituições públicas na cidade de Picos PI. METODOLOGIA O presente estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado Ações preventivas no controle do Diabetes Mellitus tipo 2 e com o seguinte subtítulo Investigação dos fatores de risco para Diabetes Mellitus tipo 2 em adolescentes, realizado em três escolas públicas na cidade de Picos - PI e constitui-se de uma amostra de 212 adolescentes com idades entre 11 e 19 anos de ambos os sexos matriculados do quinto ao nono ano do ensino fundamental e estudantes do programa de aceleração Educação de Jovens e Adultos. Trata-se de um estudo descritivo e transversal de prevalência quantitativa. Foram excluídos os alunos portadores de doença crônica que interfira diretamente com o peso e a altura e aqueles que, no momento da avaliação, tenham algum impedimento para a obtenção das medidas antropométricas. A coleta dos dados foi realizada nos meses de agosto de 2010 a março de 2012. Como instrumento de coleta foi utilizado um formulário com as seguintes variáveis: nome, idade, sexo, renda mensal, escolaridade, quantidade de moradores na casa, com quem mora, peso, altura, índice de massa corpórea (IMC) e classificação do IMC. Os dados relativos ao peso foram obtidos com os indivíduos descalços e com roupas leves, utilizando-se uma balança portátil digital com capacidade para registrar 120 kg e uma precisão de 0,1 kg, display automático acionado com o toque dos pés posicionados em chão reto. A altura foi avaliada com uso de fita métrica, com precisão de 0,5 cm, fixada em parede lisa. As aferições da altura foram tomadas com alunos descalços, de costas, com pés unidos e em paralelo, em posição ereta e olhando para frente, com o apoio de uma régua colocada sobre a cabeça dos participantes, para assegurar a exatidão da medida na fita métrica (12). A partir dos dois valores foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC = peso em quilos dividido pela altura em metros ao quadrado), cuja interpretação fundamentou-se na idade e no sexo tendo como referência as tabelas de Cole (13).

Foram atendidas as exigências das Diretrizes e Normas da pesquisa com Seres Humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, conforme o protocolo CAAE 0078.0.045.000-10 e seguiu as diretrizes da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A análise dos dados foi feita por meio dos softwares Excel 8.0 e processados no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0. Antes da aplicação do questionário e a realização das coletas de dados, os estudantes foram informados sobre o objetivo do estudo e os procedimentos aos quais seriam submetidos, assinando assim o adolescente e/ou responsáveis legais, no caso menores de dezoito anos, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS Da amostra analisada, 59,9% são mulheres e a faixa etária dos participantes está compreendida entre 11 e 19 anos, com média de 14,4 anos. Quanto à série, 78,8% dos alunos estavam no ensino fundamental. Em relação à renda familiar, 84,9% têm renda de zero a dois salários mínimos e a grande maioria dos adolescentes reside com seus pais (86,3%). O Índice de Massa Corporal foi considerado normal para 87,3% dos estudantes, 11,3% apresentaram sobrepeso e 1,4% apresentou obesidade; a média do IMC alcançou 19,3 kg/m² no sexo masculino e 20,1 kg/m² no sexo feminino. (Tabela 1). TABELA 1: Distribuição dos adolescentes escolares, segundo as variáveis sexo, faixa etária, série, renda mensal, quantidade de moradores na casa, com quem moram e IMC. Picos - Piauí, 2010-2012. Variáveis N % Sexo Masculino 85 40,1 Feminino 127 59,9 Faixa etária 11-14 133 62,7 15-19 79 37,3 Escolaridade Fundamental 167 78,8 Médio 28 13,2

EJA 17 8 Renda Mensal Até 2 180 84,9 3-4 30 14,2 5-6 2 0,9 Quantidade de moradores na casa 1-5 161 75,9 6-10 51 24,1 Com quem mora Pais 183 86,3 Irmãos 9 4,3 Avós 13 6,1 Tios 2 0,9 Outros 5 2,4 Índice de Massa Corporal Normal 185 87,3 Sobrepeso 24 11,3 Obesidade 3 1,4 Quanto à classificação da mesma variável (IMC) na amostra segundo o sexo, o sexo feminino apresentou 84,2% dos casos de IMC considerados normais, 13,4 % em estado de sobrepeso e 2,4% considerados como obesidade. Já no sexo masculino, 91,8% apresentavamse normais e 8,2% em estado de sobrepeso, nenhum caso entre os homens se mostrou como obeso. Com relação à idade dos adolescentes, pode-se notar que 12,6% dos estudantes em estado de sobrepeso possuem de 15 a 19 anos de idade, enquanto que 88,7% dos indivíduos eutróficos possuem de 11 a 14 anos. A porcentagem de casos de sobrepeso foi superior dentre os estudantes que cursavam o EJA (23,5%), já entre os indivíduos com IMC dentro dos valores normais, os alunos do ensino fundamental se destacaram (89,2%). Com relação à renda familiar, observou-se o seguinte: os adolescentes com sobrepeso/obesidade, em geral, vivem em famílias que possuem de 1 a 2 salários mínimos mensais; e, aqueles que vivem em famílias que possuem de 5 a 6 salários mínimos são todos indivíduos eutróficos (Tabela 2). TABELA 2: Distribuição dos adolescentes, segunda a relação entre o IMC, sexo, idade, escolaridade e renda. Picos - PI, 2010.

Classificação do IMC Variáveis Normal Sobrepeso Obesidade n % n % n % Sexo Feminino 107 84,2 17 13,4 3 2,4 Masculino 78 91,8 7 8,2 - - Idade 11-14 118 88,7 14 10,5 1 0,8 15-19 67 84,8 10 12,6 2 2,6 Escolaridade Fundamental 149 89,2 17 10,2 1 0,6 Médio 23 82,1 3 10,7 2 7,2 EJA 13 76,5 4 23,5 - - Renda Mensal Até 2 154 85,5 23 12,8 3 1,7 3-4 29 96,7 1 3,3 - - 5-6 2 100 - - - - DISCUSSÃO Este estudo analisou os dados antropométricos de 212 amostras envolvidas no projeto intitulado Investigação dos fatores de risco para Diabetes Mellitus tipo 2. Algumas limitações foram encontradas durante o desenvolvimento da pesquisa, como a dificuldade dos pais ou responsáveis em entender a pesquisa como algo positivo para a saúde dos adolescentes. Apesar disso, a validade deste estudo foi assegurada pela utilização de informações coletadas por pessoal treinado, utilizando formulário e instrumentos padronizados. Outros trabalhos com adolescentes em idade escolar já foram desenvolvidos nessa mesma linha de pesquisa e, assim como Rosa et al. (14), este estudo também foi realizado com uma população composta, na sua maioria, pelo sexo feminino. No tocante à renda familiar dos jovens, em sua grande maioria, eles vivem em famílias com 0 a 2 salários mínimos mensais, comparando-se com os dados obtidos por Araújo et al. (15). A média do Índice de Massa Corporal (IMC) foi semelhante tanto para o sexo feminino quanto para o sexo masculino, dados que corrobora com os encontrados no trabalho de Peixoto et al. (16).

Ao se relacionar os resultados desta pesquisa aos últimos estudos do tema, é válido destacar duas pesquisas. A primeira realizada por Silva (17) com 720 estudantes, entre 14 e 19 anos de idade, de 12 escolas públicas identificou percentuais de 10,3% e 2,6% para, respectivamente, sobrepeso e obesidade, a partir do método de Cole e colaboradores (13). Já a segunda executada por Araújo et al. (15), investigou 794 estudantes entre 12 e 17 anos, de 12 escolas privadas identificou percentuais de 19,9% e 4,4% para, respectivamente, sobrepeso e obesidade, também a partir do método de Cole e colaboradores (13). Dessa maneira, ao se relacionar os achados desta pesquisa com Silva (17), que coletou dados no mesmo local deste estudo, ficou evidente que os casos de sobrepeso e obesidade foram equivalentes. Já em torno da segunda pesquisa, que coletou dados em escolas particulares, nota-se que os casos de sobrepeso e obesidade encontrados por Araújo et al. (15) foram quase duas vezes maiores que os encontrados nesta investigação. Esses resultados revelam que a prevalência de sobrepeso/obesidade foi maior nos adolescentes matriculados nas escolas privadas. Assim, pode-se supor que a condição socioeconômica pode representar um fator contribuinte para tal diferença (18). Diferentemente dos resultados obtidos por Campos et al. (18), comparando a adolescência precoce (10-14 anos) com a tardia (15-19 anos), neste estudo, identificou-se maior proporção de sobrepeso/obesidade para os mais velhos. Além disso, a prevalência de indivíduos com alterações nos valores do IMC é maior entre o sexo feminino, os estudantes do EJA e aqueles que vivem em famílias que possuem até 2 salários mínimos mensais. CONCLUSÃO Pode-se perceber que a faixa etária mais frequente foi dos 11 aos 14 anos de idade. A média do índice de massa corporal foi semelhante para os dois sexos. Além disso, a prevalência de sobrepeso e obesidade foi maior entre as mulheres, os adolescentes de 15 a 19 anos de idade, os estudantes do EJA e aqueles que vivem em famílias que possuem até 2 salários mínimos mensais. Por tudo isso, nota-se que o adolescente é um público que merece uma atenção especial no que se refere aos hábitos alimentares e a prática de atividade física. Sendo de extrema importância ações educacionais multidisciplinares, inclusive da área da enfermagem, visando à modificação dos hábitos de vida dos adolescentes. Nesse sentido, esses resultados reforçam a necessidade de ser discutido com estes jovens sobre educação alimentar, hábitos de vida mais saudáveis e o abandono do fumo e da bebida, principalmente para os jovens acima de dezesseis anos. Além disso, nota-se a

pertinência de se realizar ações de prevenção e controle do excesso de peso a fim de que a saúde de crianças e adolescentes seja mantida, na tentativa de evitar o desenvolvimento de doenças crônicas e seus prejuízos na fase adulta. REFERÊNCIAS 1 - Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 Um Panorama da Saúde no Brasil. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1580&i d_pagina=1>. Acesso em: 25 de jul. 2011. 2 - Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação: relatório mundial. Brasília: OMS, 2003. 3 - Assumpção CRL. A via L-arginina-óxido nítrico em plaquetas de adolescente com obesidade e síndrome metabólica [Tese]. Rio de Janeiro: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro: 2010. 4 Pinho AA, Brunetti, IL, Pepato MT, Almeida CAN. Síndrome metabólica em adolescentes do sexo feminino com sobrepeso e obesidade. Rev. Paul. Pedriat. 2012, 30(1): 51-6. 5 - Alvarez MM et al. Associação das Medidas Antropométricas de Localização de Gordura Central com os Componentes da Síndrome Metabólica em uma Amostra Probabilística de Adolescentes de Escolas Públicas. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008. 52(4): 649-657. 6 Fagundes ALN et al. Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Escolares da Região de Parelheiros do Município de São Paulo. Revista Paulista de Pediatria. 2008. 26(3): 212-7. 7 - Lavrador MSF, AbbesPT, Escrivão, MAMS, Taddei JAAC. Riscos cardiovasculares em adolescentes com diferentes graus de obesidade. Arq. Bras. Cardiol. 2011; 96(3): 205-211. 8 - Oliveira CL, Fisberg M. Obesidade na Infância e Adolescência: Uma Verdadeira Epidemia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabólica. 2003; 47(2).

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