Ordenamento da ocupação do espaço litorâneo em áreas da União



Documentos relacionados
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO DOMÍNIO PÚBLICO SOBRE A ORLA MARÍTIMA

Gestão do Patrimônio Imobiliário Brasília, Setembro/2015

OFICINA Observatório Litoral Sustentável. Gestão da orla, regularização fundiária e os bens da União

Gestão dos bens imóveis da União no litoral brasileiro

Medida Provisória nº 691/2015

Registros em terras de fronteiras, margens de rio e terras devolutas

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

REGULAMENTO DE COMPENSAÇÕES POR NÃO CEDÊNCIA DE TERRENOS PARA EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS VERDES PÚBLICOS DECORRENTE DA APROVAÇÃO DE OPERAÇÕES URBANÍSTICAS

SUMÁRIO PREFÁCIO ABREVIATURAS ABREVIATURAS INTRODUÇÃO

1 de 5 03/12/ :32

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO ARQ 399- TRABALHO DE CURSO -2011/2 BELLE MARE

Regulação municipal para o uso de espaços públicos por particulares e pelo próprio Poder Público. Mariana Moreira

NOTAS SOBRE O PROJETO DE LEI Nº 5.627/2013

Câmara Técnica de Logística do Agronegócio CTLog MAPA. Brasília, 29/Ago/2013

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado da Bahia

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora MARINA SILVA RELATOR ad hoc: Senador ANTONIO CARLOS JÚNIOR

Licenciamento Ambiental na CETESB IV Aquishow

Consolidação Territorial de Unidades de Conservação. Eliani Maciel Lima Coordenadora Geral de Regularização Fundiária

Conceito de Contabilidade Pública. e Campo de Aplicação

Diretoria de Patrimônio - DPA

DISPÕE SOBRE AS CLASSES DOS BENS, COMPRA E VENDA E LEGITIMAÇÃO DAS TERRAS DO MUNICÍPIO.- CEZAR DOS SANTOS ORTIZ Prefeito Municipal de Soledade.

Contabilidade Pública. Aula 1. Apresentação. Aula 1. Conceitos e definições. Bases legais. Contabilidade Pública.

Para extinção das dívidas e/ou saldos devedores do contrato com fundamento no art. 7º da MP nº 496/2010:

Parágrafo único. A instalação dos equipamentos e mobiliários referidos no art. 2º desta Lei deverá respeitar o direito à paisagem.

Prof. Gustavo Eidt.

LEI DOS INSTRUMENTOS

DECRETO Nº 4.895, DE 25 DE NOVEMBRO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e

Lei nº Consórcios públicos e gestão associada de serviços públicos

SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO

DECRETO Nº , DE 8 DE OUTUBRO DE 2008: Cria a Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro, e dá providências correlatas.

PROJETO LEI Nº Autoria do Projeto: Senador José Sarney

SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO PORTARIA No- 404, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2012

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER Nº 12672

TRANSFERÊNCIA DE POSSE, SEM TRANSFERÊNCIA DE DOMÍNIO

Permissão de Uso em Áreas da União Portaria nº 01, de 03 de janeiro de 2014 Novembro/2014

Cidade de São Paulo. 3ª CLÍNICA INTEGRADA ENTRE USO DO SOLO E TRANSPORTES Rio, out/2011

DECRETO Nº 7.929, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2013

NOTA TÉCNICA Nº 09/2014

Esta apresentação foi realizada no âmbito do projeto Moradia é Central durante o seminário do projeto em Recife.

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL PROJETO DE LEI Nº 668, DE 2015

ADMINISTRAÇÃO DA FAIXA DE DOMÍNIO Autorização para Implantação de Ductos para Petróleo, Combustíveis Derivados e Etanol.

Informações Básicas. Projeto Revitalização Cais Mauá

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE. Yvens Cordeiro Coordenador de Ordenamento Ambiental. Marcelo Auzier Gerência de Planejamento Ambiental

RESPONSABILIDADES DOS AGENTES NA GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

RESOLUÇÃO Nº º Para efeito do disposto nesta Resolução: I - Unidades da Federação são os Estados e o Distrito Federal;

RECURSOS HÍDRICOS DISPONÍVEIS NO BRASIL PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

MANUAL DE REGULARIZAÇÃO DE ÁREAS URBANAS

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO PROJETO DE LEI Nº 2.658, DE 2003

Seminário Internacional sobre Hidrovias

Notas: Aprovada pela Deliberação Ceca nº 868, de 08 de maio de Publicada no DOERJ de 19 de maio de 1986

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 436, DE 2 DE DEZEMBRO DE II - promover o apoio ao desenvolvimento sustentável das Unidades de Conservação Federais;

Instrução Normativa 004 de 16 de maio de 2005 da Bahia

MANUAL DE GARANTIAS 1

CONTABILIDADE PÚBLICA

MUNICÍPIO DE PANAMBI RS

FUNDO DE AVAL FDA E ME COMPETITIVA

Regularização Fundiária. Rosane Tierno 02 julho -2011

reconversão de empreendimentos turísticos

Flávio Ahmed CAU-RJ

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

O Estatuto da Cidade

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SISTEMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SNDU

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 09. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

MUNICIPIO DE PORTEL N.º Identificação (NIPC)

PROJETO DE LEI Nº, de (Do Sr. Marcelo Itagiba)

PROGRAMA PARAISÓPOLIS Regularização Fundiária

PORTARIA CONJUNTA Nº 703, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2014

QUADRO COMPARATIVO 1 UNIFICAÇÃO DOS MERCADOS DE CÂMBIO

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

O Dever de Consulta Prévia do Estado Brasileiro aos Povos Indígenas.

Prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 408, DE 2012

Projeto de Lei nº 11 /2012 Deputado(a) Altemir Tortelli

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS MUNICIPAIS. Kleide Maria Tenffen Fiamoncini Assessora Jurídica da Amavi

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE DEPARTAMENTO DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE

LEI Nº 5.194, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1966

Meio Ambiente & Sociedade

- ÁREAS DE REABILITAÇÃO URBANA -

O PAPEL DO MUNICÍPIO NA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Ministério do Esporte e Turismo EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo. Deliberação Normativa nº 419, de 15 de março de 2001

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Instrumento preventivo de tutela do meio ambiente (art. 9º, IV da Lei nº /81)


PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 180, DE

Responsabilidade Social, Preservação Ambiental e Compromisso com a Vida: -Sustentabilidade - Energia Renovável e Limpa!

PATRIMÔNIO E INVENTÁRIO

O principal instrumento de planejamento urbano do município

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 691, DE

Lei /08 A NOVA LEI DE CONSÓRCIOS. Juliana Pereira Soares

LEI Nº 8.906, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1992.

Relação entre as Fundações de Apoio e a FINEP (execução e prestação de contas) 2013

RESOLUÇÃO Nº 302, DE 5 DE FEVEREIRO DE 2014.

Sistema Integrado de Licenciamento - SIL

PERMUTA DE IMÓVEIS CONCEITO

Município de Leiria Câmara Municipal

UTILIZAÇÃO PARTICULAR DE BEM PÚBLICO

Transcrição:

Ordenamento da ocupação do espaço litorâneo em áreas da União Seminário Nacional de Gerenciamento Costeiro Brasília, 4 de novembro de 2014 Reinaldo Redorat

A área pública não é do Estado e sim, de todos! Projeto Orla: todos fazemos a gestão das áreas públicas

Bens da União (Art. 20, CF/88) Bens dos Brasileiros Mar territorial; Praias marítimas; Terrenos de marinha e acrescidos de marinha; Ilhas oceânicas e costeiras; Rios e lagos federais com seus terrenos marginais e praias; Manguezais; Várzeas; dentre outros.

Terrenos de marinha e acrescidos de marinha DL 9760/46: Art. 3º São terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha. UNIÃO Pr ea ma rmé d io do an od e1 33 83 1 m + meramente ilustrativo, não corresponde com a delimitação da LPM do local. DL 9760/46: Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831

Terrenos de marinha em rios com influência das marés Terreno de marinha (33m) Terreno de marinha MAR OSCILAÇÃO >= 5 CM DL 9760/46- Art. 2º. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. RIO

Ordem Régia de 04/10/1678 Determina que os terrenos de marinha fossem reservados ao uso comum, pois eram regalia real NO BRASIL COLÔNIA. NO BRASIL IMPÉRIO (1889 até hoje) NA REPÚBLICA REGALIA DO POVO patrimoniodetodos.gov.br

Aviso 18/11/1818 - primeira definição de Terrenos de Marinha 15 braças da linha d agua do mar, e pela sua borda são reservadas para servidão pública; e que tudo que toca á água do mar e accresce sobre ella é da nação (15 braças = 33 m) Propósito: assegurar às populações e à defesa nacional o livre acesso ao mar e às áreas litorâneas, Avanço e recuo do mar = insegurança jurídica Instrução do Ministério da Fazenda em 1832 linha do preamar médio de 1831

Áreas da União (dos Brasileiros) Terrenos de marinha LPM LTM PRAIA TERRENOS ALODIAIS ACRESCIDO DE MARINHA TERRENO DE MARINHA 33 metros

A classificação das áreas da União USO COMUM DO POVO: são destinados, por natureza ou por lei, ao uso coletivo (rios, mares, praias, estradas, ruas, praças). USO ESPECIAL: são destinados ao uso da Administração Pública, tais como edifícios ou terrenos para serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive de suas autarquias DOMINIAIS: Não têm destinação pública definida e podem ser utilizados por terceiros (terrenos e acrescidos de marinha).

Institutos jurídicos de destinação dos bens dominiais e de uso comum da União Inscrição de ocupação Aforamento gratuito e oneroso Alienação - venda, permuta e doação Concessão especial para fins de moradia dominiais (em terra) Cessão de uso gratuita e onerosa Água e terra em Cessão e permissão de uso gratuitaáreas de uso e onerosa comum do povo

SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO Responsável pela identificação, regularização, manutenção e administração de todo o patrimônio imobiliário pertencente à União (aos brasileiros).

GESTÃO COMPARTILHADA DOS BENS DA UNIÃO A gestão das áreas da União é realizada de forma compartilhada com outros entes da federação que tenham necessidade ou interesse em sua utilização. MMA, MDA, INCRA, SEP, MPA, MT, MCidades, SAC, Universidades e Institutos Federais de Ensino e Pesquisa, Forças Armadas, e outros; Estados e Municípios e suas autarquias.

Terrenos e acrescidos de marinha sob gestão dos estados e municípios litorâneos Grande demanda Orla porção é do Projeto União repassou 255,4 milhões de m2 para estados e municípios litorâneos em todo o Brasil

Utilização de espaço físico em águas públicas federais... Do que estamos falando?

Porto Público Santos/SP

Terminais portuários de uso privativo (ES)

Postos de abastecimento de combustível

Estaleiros (Rio de Janeiro/RJ)

Marinas e píeres particulares Residências e Serviços (Salvador/BA)

Marinas públicas e privadas

Restaurante flutuante Usinas eólicas Hotéis flutuantes

Art. 18 da Lei nº 9.636/98 Gestão dos imóveis da União Os imóveis da União (terra firme, praias e água) poderão ser cedidos a pessoas físicas ou jurídicas Quando destinada à execução de empreendimento de fim lucrativo ou privativo a cessão será onerosa Havendo condições de competitividade, a área deverá ser licitada Se a área em terra estiver regularmente ocupada pelo interessado é inexigível a licitação para ocupação da água

Área regular em terra Área passível de regularização sem licitação

Área de terceiros Apêndice irregular

PORTARIA SPU nº 404, de 28/12/2012 Cessão de espaços físicos em águas públicas Federais

PORTARIA SPU nº 404, de 28/12/2012 Estabelece normas e procedimentos para a instrução de processos visando à cessão de espaços físicos em águas públicas; Fixa parâmetros para o cálculo do preço público devido, a título de retribuição à União = valor do m² x área x 0,02;

Classificação das estruturas náuticas para fins de cobrança: I - de interesse público ou social; II - de interesse econômico ou particular; III - de uso misto.

De interesse público ou social = gratuitos I - de uso público, acesso irrestrito e não oneroso II - destinadas à habitação de interesse social III - utilizadas por comunidades tradicionais IV - identificadas como o único acesso ao imóvel V - utilizadas em sua totalidade por entes públicos municipais, estaduais ou federais, em razão de interesse público ou social VI - destinadas à infraestrutura e execução de serviços públicos desde que não vinculados a empreendimentos com fins lucrativos VII - edificadas por entidades de esportes náuticos nos termos do art. 20 do Decreto-Lei nº 3.438, de 17 de julho de 1941

Balsa de Ilhabela/SP USO GRATUITO

Habitação de interesse social USO GRATUITO

De interesse econômico ou particular = oneroso I - destinadas ao desenvolvimento de atividades econômicas comerciais, industriais, de serviços ou de lazer; II - cuja utilização não seja imprescindível ao acesso à terra firme; III - que agreguem valor a empreendimento, geralmente utilizadas para o lazer; IV - utilizadas como segunda residência, ou moradia por família não classificada como de baixa renda.

USO ONEROSO Píer de Cabo Frio/RJ

USO ONEROSO USO ONEROSO

Áreas de interesse particular USO ONEROSO Corredor da Vitória-Salvador/BA

Estruturas náuticas de uso misto = gratuito + oneroso As que possibilitam acesso e uso público, gratuito e irrestrito para circulação, atracação ou ancoragem em apenas parte do empreendimento, serão objeto de cessão em condições especiais, descontando, para fins de cálculo do preço, a área reservada ao uso público.

uso misto

Exigências Nada a opor emitido pela Autoridade Marítima; Manifestação favorável da Autoridade Municipal quanto à adequação da atividade à legislação de uso do solo Compatibilidade com o Plano de Gestão Integrada PGI, no âmbito do Projeto Orla. Quando não previsto no PGI, o Comitê Gestor deverá ser ouvido

Licença Ambiental Prévia (LP) = estrutura náutica nova Instalação (LI) / Operação (LO) = regularização ou ampliação de estrutura náutica existente.

Havendo necessidade das estruturas náuticas utilizarem espaço físico em faixa de praia, deverá ser assegurado, sempre, livre e franco acesso a ela e ao mar, em qualquer direção e sentido (Lei nº 7.661/88)

Outras questões SPU + Projeto Orla Quem define a Linha de Preamar Médio? DL nº 9760/46: competência exclusiva da SPU Plano Nacional de Caracterização Realização de eventos nas praias Portaria SPU nº 1, de 2014

Ministério do Planejamento Departamento de Destinação Patrimonial Coordenação-Geral de Apoio ao Desenvolvimento Local Departamento de Destinação Patrimonial Coordenação-Geral de Apoio ao Desenvolvimento Local - Fevereiro de 2014 -