CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA CAATINGA NA CONCEPÇÃO DE DISCENTES, DE UMA ESCOLA LOCALIZADA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO.



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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO DO BIOMA CAATINGA NA CONCEPÇÃO DE DISCENTES, DE UMA ESCOLA LOCALIZADA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO. OLIVEIRA, Mayara Cecile Nascimento¹-UEPB SILVA, Renata Lima Machado¹-UEPB CARLOS, Angélica Cardoso ²-UEPB Resumo: O bioma da Caatinga é pouco valorizado, por ser considerado feio e pobre, entretanto, abrange uma grande riqueza de espécies. O presente trabalho objetiva conhecer a percepção dos discentes de uma escola no brejo paraibano sobre o bioma da Caatinga. Através de questionários e da análise qualitativa, observou-se que 29% dos discentes reconhecem o bioma como um ecossistema exclusivamente brasileiro, prevalecendo à percepção da seca, do clima quente, com solo pedregoso, plantas espinhosas e escassez de chuva, apenas 5% o reconhece como rico em diversidade, porém pouco explorado. Entre os problemas detectados destacam-se a seca, solos pobres, falta de alimentos, extinções de animais e desmatamentos. Quanto à fauna 49% reconhecem os mamíferos, 14% as aves, 27% os répteis e 10% os anfíbios como pertencentes ao bioma. Em relação à flora destacam-se as plantas típicas da região com características medicinal, alimentícia ou forrageira, como é o caso das cactáceas. Podemos perceber que a concepção dos alunos é bastante restrita, com uma compreensão superficial, voltada apenas a utilização imediata do bioma. Essa visão, possivelmente, relacionada aos livros didáticos e a falta de uma educação mais voltada ao bioma, fazem os discentes desconhecerem as potencialidades da Caatinga de forma mais clara e contextualizada. Palavras-chave: Concepção. Caatinga. Discentes. Semiárido. Escola. Introdução Entre os biomas brasileiros, encontra-se a Caatinga que é pouco conhecida apesar de possuir um grande patrimônio biológico e grande riqueza em recursos genéticos. O termo Caatinga é de origem indígena composto por duas palavras na linguagem tupi: caa (mata) e tininga (seca) (BELARMINO, 2001) significando "mata branca" ou floresta branca, que certamente caracteriza bem o aspecto da vegetação na estação seca quando as folhas caem e apenas os troncos brancos das árvores e arbustos permanecem na paisagem (PRADO, 2003). A Caatinga é frequentemente associada a uma baixa diversidade de plantas e poucas espécies endêmicas. Porém, apesar de estar realmente bastante alterado, este bioma apresenta 1-Graduada em Ciências Biológicas-UEPB, E-mail: mayaracecile@hotmail.com / renatalmsilva@gmail.com 2-Graduada em Ciências Biológicas-UEPB, especializando-se em Desenvolvimento e meio ambiente. E-mail: angelicacardoso.uepb@gmail.com.

grande variedade de espécies vegetais e também remanescentes de vegetação ainda bem preservada, além de um grande potencial faunístico com espécies características da região. Ocupa cerca de 11% do território nacional abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Minas Gerais. A escola tem um papel de grande relevância na problematização sobre o bioma Caatinga. Cachapuz et al. (2005) ressaltam a relevância da contribuição da educação científica para a formação de cidadãos, os quais possam repensar sobre as diferentes problemáticas de sua realidade e tenham o direito de tomar decisões e agir como indivíduos participativos. Os PCN's do ensino fundamental e médio mencionam a necessidade de apresentar e debater em sala de aula saberes do domínio vivencial dos educandos. Poucos trabalhos discutem a abordagem da Caatinga nas aulas de ciências e biologia na educação básica. É necessário discutir a importância deste bioma em sala de aula, para que o aluno sinta-se envolvido e desperte o interesse em conhecer e preservar a Caatinga para sua própria sobrevivência. Os docentes devem melhorar essa realidade fazendo um bom planejamento. Embora os livros didáticos adotados pelo professor não abordem o bioma Caatinga, o mesmo poderá adotar outros métodos de forma que os discentes tenham conhecimento sobre a Caatinga. O aluno precisa vivenciar na sala de aula questões ligadas ao seu cotidiano. A forte crítica ao ensino das ciências por seu excessivo distanciamento do universo dos alunos deve ser contemplada com seriedade (DELIZOICOV & ANGOTTI, 2001). Diante do exposto o presente estudo buscou avaliar a percepção dos discentes do ensino médio, de uma escola privada localizada no semiárido paraibano sobre o bioma Caatinga, no intuito de conhecer as concepções dos alunos acerca da fauna, flora, potencialidades e dificuldades do bioma. Metodologia A pesquisa foi realizada em uma escola privada, localizada no município de Alagoa Grande/PB, microrregião do brejo paraibano, com uma área de 320,563 km² e cerca de 28.733 habitantes (IBGE, 2013). O presente estudo constitui-se quanto à abordagem em uma pesquisa qualitativa, pois se preocupa com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais (FONSECA, 2002, p. 20). Os

dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos (GOLDENBERG, 2004, p. 53). Além disso, compreende a um estudo de caso, visto que: O fato de selecionarmos somente um objeto permite obter a seu respeito, uma grande quantidade de informações. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto, mas revelá-la tal como ele o percebe. O estudo de caso apresenta deste modo, uma forte tendência descritiva. (FONSECA, 2002, P. 34) Para responder aos objetivos da pesquisa, utilizou-se o questionário como instrumento de coleta de dados. O questionário continha questões referentes às características do bioma Caatinga: fauna, flora e problemas existentes na região da Caatinga; aplicado em sala de aula individualmente e devolvido em tempo hábil. Na análise dos dados foi utilizada a abordagem qualitativa, com o objetivo de identificar as temáticas encontradas nas respostas das questões, uma vez que a presente pesquisa buscava entender a percepção dos discentes do ensino médio em relação ao bioma Caatinga. Resultados e discussão Através da análise dos questionários respondidos pelos discentes, foi possível analisar suas concepções em relação ao bioma Caatinga. Quando questionados a respeito do bioma, preveleceu a percepção da seca (29%) e a afirmação de que é um bioma exclusivamente brasileiro (29%). Cerca de 21% dos discentes apresentaram uma percepção que relaciona o bioma com clima quente, seco, com plantas espinhosas e solo pedregoso, 16% responderam que é um bioma com baixo índice de chuvas, e 5% apresentaram uma percepção diferenciada afirmando ser um bioma cheio de riquezas, porém pouco explorado. De acordo com Silva & Fonseca (2004), a ideia que a Caatinga é homogênea e pobre é um mito criado e aceito por muitos. Diante disso Almeida & Câmara (2009) ressaltam a importância de perceber o semiárido em toda a sua complexidade. Em relação aos problemas vivenciados na Caatinga, a maioria dos discentes entendem que a seca (39%) é o maior problema na Caatinga. De acordo com Cirilo (2008) a gestão das águas é o grande desafio das políticas públicas nas regiões semiáridas brasileiras. Na Tabela 1 são listados os problemas citados pelos discentes.

Tabela 1- Problemas vivenciados na Caatinga, segundo a concepção de alunos de uma escola particular do município de Alagoa Grande-PB. Problemas citados pelos discentes Porcentagem (%) Seca 39% Falta de chuva 23% Solo pobre 13% Queimadas 11% Falta de alimentos 7% Animais em extinção 5% Desmatamento 2% Fonte: Dados organizados pelos autores com base nas respostas dos discentes. Foram citados também queimadas que é um grande problema em regiões áridas como a Caatinga, consequentemente causando o empobrecimento do solo, extinção de espécies, entre outros problemas. Todos os problemas citados podem ser facilmente detectados no bioma em questão.. 49% 10% 27% 14% Reptilia Aves Mammalia Amphibia Figura 1- Animais presentes no bioma Caatinga, segundo a concepção dos discentes. De acordo com a Figura 1 observamos que os alunos percebem que os mamíferos (49%) são os animais mais típicos da Caatinga. Existem aproximadamente 148 espécies de mamíferos na região (OLIV IEIRA, 2004). As aves representaram apenas 14% nas respostas dos discentes, apesar de ser um dos grupos de animais mais bem conhecidos. Entre espécies nativas, endêmicas e ameaçadas de extinção são registradas cerca de 348 espécies presentes no bioma (PACHECO, 2004).

Entre os animais citados 27% são classificados como répteis, destacando-se as cobras e os lagartos. Enquanto que os anfíbios representam 10% das respostas dos alunos. Em relação à flora, todas as espécies de plantas citadas são típicas da região. Com destaque para as cactáceas, e para espécies que apresentam característica medicinal, alimentícia ou forrageira. Em resultados semelhantes obtidos por Alves et al (2008) os alunos reconhecem com maior facilidade espécies disponíveis para o uso imediato, apontando que organismos que apresentam funcionalidades tem maior valorização do que as espécies com potencialidades menos evidentes, desconsiderando-se a sua importância para a sustentabilidade do ecossistema. Considerações finais A maioria dos discentes apresentam uma visão da Caatinga como bioma seco, quente, com solo pedregoso e plantas com espinhos, destacando também que é um bioma exclusivamente brasileiro, que enfrenta problemas como a seca e a falta de chuva, principalmente. Apenas uma minoria relaciona o bioma como rico, porém pouco explorado. Em relação à fauna da região os alunos destacam os mamíferos como os animais predominantes, como boi, cabra, bode, entre outros, fazendo uma relação de utilidade econômica e alimentícia dos animais. Os discentes demonstram conhecimento em relação à flora da região visto que todas as espécies citadas faziam parte do bioma, destacando-se as que apresentam uso medicinal, alimentar e da composição natural do ambiente. No geral os alunos apresentam uma visão restrita do ambiente, e que possivelmente deve ser influenciado pelos livros didáticos. As escolas têm uma grande responsabilidade no processo de desmistificação dos conhecimentos no que se refere à Caatinga, pois de acordo com Barros (2004), a educação não pode restringir o seu papel à mera transmissão de informações. Assim os alunos seriam capazes de reconhecer as potencialidades do bioma de forma mais clara e contextualizada.

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GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 8ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). Disponível em: < http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=250030&search=paraiba alagoagrande > Acesso em: 01 out. 2013. OLIVIEIRA, J. A. Diversidade de mamíferos e o estabelecimento de áreas prioritárias para a conservação do bioma Caatinga. In: SILVA, J. M. C. et al. (Coord.). Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente. Universidade Federal de Pernambuco, 2004, p. 263-282. PACHECO, J. F. (Coord.) Aves: áreas e ações prioritárias para a conservação da Caatinga. In: SILVA, J. M. C. et al. (Coord.). Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente. Universidade Federal de Pernambuco, 2004, p. 251-262. PRADO, D. E. As Caatingas da América do sul. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. Ecologia e a conservação da Caatinga. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003. SILVA, J. M. C. T. M., FONSECA, M. T. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente. Universidade Federal de Pernambuco, 2004.