MÍDIA E EDUCAÇÃO: INTERAÇÃO DE SABERES



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Transcrição:

MÍDIA E EDUCAÇÃO: INTERAÇÃO DE SABERES Alyne Rosiwelly Araújo Figueiredo Vilma de Lurdes Barbosa (Orientadora) A MÍDIA E SUAS VARIÁVEIS A mídia é uma expressão usada para designar os principais veículos de um determinado sistema de comunicação social, como por exemplo, rádio, TV, jornal, revista, cinema e o meio de comunicação virtual - Internet, sistema online que permite a interação social. 1 No Brasil, desde os anos de 1970, a sociedade vem convivendo com a realidade dos meios de comunicação em massa de maneira cada vez mais intensa e profunda. Em a velocidade da sociedade da informação. Para atender às novas exigências da sociedade da informação, a escola tem vindo a assumir um papel determinante na configuração das novas funções que lhes são devidas. Nesse contexto de mudanças, o professor é um elemento fundamental, visto que, é o educador na sala de aula, que tem de interpretar e concretizar os seus usos. Este é o desafio dos professores: educar para a multimídia, para o desenvolvimento do conhecimento tecnológico e a aprendizagem cooperativa, mediante a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Graduanda em História UFPB

A educação no mundo moderno não conta apenas com a participação de instituições como a escola, ou mesmo a família. Outros ambientes como a mídia, despontam com parceiras de uma ação pedagógica. Sabemos que a cultura de massa está presente em nossas vidas, transmitindo informações, valores e padrões de conduta, socializados por muitas gerações, trata-se de um espaço plural e propositivo de múltiplas relações sociais. Portanto, a escola deve integrar as tecnologias de informação e comunicação em seu cotidiano porque elas já estão presentes e influentes em todas as esferas da vida social de seus alunos e professores. A Mídia na educação pode representar, por excelência oportunidades de promover ações de cidadania, enquanto um instrumento fundamental para a democratização das oportunidades educacionais e do acesso ao saber, capaz, inclusive de reduzir as desigualdades sociais. Nesse sentido, considerar o caráter pedagógico da cultura de massa é salientar que a ampla circularidade dos bens culturais juntamente com a difusão das informações contribui para o surgimento de novas formas de interação educativa (Giddens, 1994). As Tecnologias de Informação e Comunicação aplicadas à Educação TICE proporcionam um ilimitado contato com a informação ao mesmo tempo em que oferece instrumentos para que o sujeito interaja de forma autônoma com essa informação, modificando as relações entre professor e aluno, além de diversificarem os ambientes e as formas de acesso ao saber e de construção do conhecimento, impulsionando à compreensão de novas ideias e valores no processo de ensino-aprendizagem. 2 A INTERNET NA EDUCAÇÃO - OPÇÃO OU IMPERATIVO? A introdução do computador na educação tem provocado uma verdadeira revolução na nossa concepção de ensino e aprendizagem. Entretanto, as novas modalidades de seu uso apontam para uma nova direção: esta tecnologia como uma nova mídia educacional, em que o computador passa a ser uma ferramenta de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança de qualidade de ensino. Cotidianamente vivemos em um mundo dominado pela informação e por processos que ocorrem de maneira muito rápida, e, assim como outras tecnologias, a

exemplo da televisão, do cinema e do rádio, a Internet o fenômeno das mídias eletrônicas - acabou se inserindo nos meios educacionais, criando condições de aprendizagem e tornando o professor, um facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno. O advento do computador na educação provocou o questionamento dos métodos e da prática educacional e a velha combinação escola e computador ganhou uma nova extensão há pouco mais de uma década, onde, a televisão hoje sofre concorrência direta dos computadores. A navegação nos sites, das redes sociais e o uso dos recursos multimídia revolucionam as tradicionais práticas de ensino baseadas no uso do giz, do papel e do livro didático. Como motivador, capaz de despertar a curiosidade e o interesse do aluno, o computador é um meio didático e a Internet ferramenta capaz de facilitar a construção do conhecimento do educando de acordo com sua capacidade individual. Nesse sentido, a educação tecnológica deve ser complementada com outras iniciativas: A utilização aplicada à educação tem que acontecer com a orientação do professor nas atividades pedagógicas dos alunos; 3 A capacitação do professor para o manuseio das novas mídias; A melhoria da infraestrutura e o aumento da conectividade nas escolas é uma pavimentação básica para o acesso às redes e asseguram o bom uso da tecnologia na sala de aula. Além disso, o aluno como ser social, está inserido em um ambiente que é constituído, localmente, por seus colegas, professores, amigos e família e, globalmente, em uma relação de comunidade, cidade, estado, pais e mundo. O aluno precisa e pode manter uma relação de pertencimento a sua comunidade e, ao mesmo tempo, alcançar ouros territórios e conhecimentos múltiplos ao adentrar no mundo midiatizado via a internet. É possível socializar conhecimentos que se baseiem de ideias próprias e de outros a partir de conhecimentos e/ou problematizações a serem vivenciados na sala de aula através do uso da Internet e do mediador, que é o professor, viabilizando a autonomia do aprendiz e a atuação do professor-orientador e, assim as barreiras entre

aprendizagem formal e informal deixam de fazer sentido, ou ganham renovados sentidos. Como aponta Pierre Levy (1995), a maneira do professor ensinar deve se pautar em uma perspectiva coletiva. Fazendo uso dessa aprendizagem tanto professores como alunos compartilham as informações que dispõem. No ato da troca de informações, a função do educador é de incentivo à inteligência coletiva, utilizando o ciberespaço, como ferramenta no aprimoramento dos conhecimentos curriculares, contribuindo para sua formação, por se tornar inclusive, uma exigência de mercado sendo capaz de inserir-se e de participar de economias e sociedades crescentemente dependentes da tecnologia da informação. Dessa forma, a imersão tecnológica da escola propicia o desenvolvimento de uma cultura digital, na qual os alunos têm possibilidades de aprendizagem ampliadas pela interação com uma multiplicidade de linguagens ao mesmo tempo em que se potencializa a inclusão digital de toda comunidade escolar. A aquisição de habilidades de aprendizagem e a interdisciplinaridade mediada pelo educador e associadas à internet na sala de aula, viabilizam ao educando mudanças na estrutura de ensino baseadas nas profundas transformações que a realidade apresenta. Realidade esta em que presenciamos a aceleração dos processos de novidades tecnológicas, principalmente do fluxo de informações, dando-lhes significação, interpretando-os e integrando-os em uma visão de mundo como tarefa primordial do sujeito contemporâneo. Gadotti afirma que, [...] a educação sendo essencialmente a transmissão de valores, necessita do testemunho de valores em presença. Por isso, os meios de comunicação e a tecnologia não podem substituir o professor. (1994, p.6), porem, ao passo que concordamos com essa afirmação, entendemos que a midiatização via internet, pode propiciar efetivas possibilidades de ensino (professor) e aprendizagem (aluno), neste caso seria mais uma ferramenta para estabelecer construção/transmissão de valores. 4 A mobilidade e a conectividade do equipamento permitem ampliar os tempos e espaços de aprendizagem de professores e alunos, com a utilização dos laptops conectados à Internet permitindo a constituição de múltiplas comunidades de aprendizagem que, interligadas em rede, favorecem a interculturalidade, o trabalho

coletivo e a autoria e coautoria entre estudantes e professores na construção do conhecimento, resultantes da quebra de hierarquia e linearidade nas relações, potencializando as formas de pensamento. Conforme a autora Lucena Moran (1997:17): Educar também é ajudar a desenvolver todas as formas de comunicação, todas as linguagens: aprender a dizermos, a expressarmos claramente, a captar a comunicação do outro e interagir com ele. É aprender a comunicarmos verdadeiramente: a ir tornandonos mais transparentes, expressando-nos com todo corpo, com a mente, com todas as linguagens, verbais e não verbais, com todas as tecnologias disponíveis. PROJETOS E INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA O acesso à informação e ao conhecimento tecnológico é determinante para o desenvolvimento, portanto, a educação tecnológica da população é a base para a adoção de várias políticas públicas de inclusão digital. Com a ampliação das formas de acesso à informação e à comunicação, as tecnologias digitais tornaram-se poderosas ferramentas para viabilizar a aprendizagem permanente, defendida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A aprendizagem passa a ser entendida como um processo natural e inevitável de construção contínua de conhecimentos, desvinculando a oportunidade de aprender de local e tempo pré-determinados. Esse conceito tornou-se especialmente importante após a constatação de que o conhecimento se renova a prazos cada vez menores no mundo digital. 5 Dessa forma, nas escolas, é necessário que o professor desenvolva novas competências, despenda mais tempo no planejamento pedagógico e interaja mais com os alunos. Nos países onde as tecnologias digitais já estão amplamente disseminadas nos lares e nas escolas, o uso intensivo fora da escola, aponta melhor desempenho acadêmico nas disciplinas escolares. Uma nova geração está surgindo em ambientes onde a tecnologia digital é onipresente: celulares, MP3, Ipod, CDs, DVDs, computadores pessoais, email, blogs, videogames, entre tantos recursos tecnológicos. Waiselfisz (2007) afirma que a informática é um instrumento necessário para estar apto a lidar com a

contemporaneidade, com o emprego, com a sociedade da informação e do conhecimento. A organização não governamental One Laptop per Child (OLPC) tem como proposta levar computadores portáteis de baixo custo conectados à Internet para crianças do mundo em desenvolvimento, a fim de que sejam utilizados como ferramenta educativa. A concepção do projeto, de acordo com a OLPC, está fundamentada nas ideias de Seymour Papert e de Nicholas Negroponte, fundador da ONG. De acordo com essa organização, já foram investidos mais de um bilhão de dólares em programas educacionais em mais de cinquenta países, com foco nos alunos e na capacitação dos professores. No Brasil, tal proposta levou o governo a uma experiência com esses equipamentos em escolas brasileiras. Com o apoio da OLPC, da Intel e da Encore o projeto: Um Computador por Aluno, propõe eliminar barreiras identificadas para o uso dos computadores nas escolas: a dificuldade de ter acesso aos equipamentos, isto é, a falta de flexibilidade de tempo e local para que professores e alunos se beneficiassem da tecnologia de uma forma mais ampla. 6 O ProInfo Programa Nacional de Informática na Educação, implementado pelo Ministério da Educação (MEC), tem como estratégia a distribuição de laboratórios de informática com dez computadores para as escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio. A meta seria universalizar os laboratórios de informática com acesso à Internet em todas as escolas públicas, inclusive as rurais. Inclusão digital tem como objetivo principal a disseminação das TICs nas escolas agregada a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, sendo o letramento digital decorrência natural da utilização frequente dessas tecnologias, afinal, milhões de pessoas no país tem acesso à Internet. O fato é que os computadores e a Internet o acesso instantâneo a base de dados de todo o mundo, a possibilidade praticamente ilimitada de pesquisa e de variação dos recursos didático-pedagógicos seduzem adeptos no mundo todo. Como em qualquer mudança introduzida no âmbito da escola, as atitudes de diretores, professores, pais e alunos são fatores críticos para o sucesso dos projetos. As percepções dos professores sobre o potencial de seus alunos e sobre o papel da

tecnologia no processo de ensino-aprendizagem, bem como a disponibilidade de material digital adequado e de qualidade, influenciam de forma positiva nos resultados de motivação e interesse dos alunos facilitando a interdisciplinaridade dentro da sala de aula. PROJETOS E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MÍDIAS DIGITAIS NO SISTEMA DE ENSINO MUNICIPAL DE JP Seguindo uma tendência que é mundial os usos dos recursos midiáticos no cotidiano do ser humano, no caso do Brasil, os governos federal, estaduais e municipais, têm paulatinamente adentrado nesta seara, através de projetos específicos que vêm configurando, inclusive, uma política pública preocupada com a adequação dos seus espaços de formação escolas e universidades às novas tecnologias da informática. Exemplo disto são leis, pareceres e decretos que definem e estabelecem possibilidades técnicas e financeiras para a viabilização da sua implantação, a exemplo dos seguintes documentos: Lei Federal nº 9.394 (1996), Parecer nº 11/00 CNE/ CEB (2000), Resolução nº 01/00 CNE/ CEB (2000), Decreto 5.154 (2004) que regulamenta o 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei 9.394, Decreto nº 5.478 (2005), e o Decreto nº 5.840 (2006), 7 Resultados apresentados, já em 2005, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, em 2005, em todas as Unidades da Federação, traz além de outros dados algumas informações da pesquisa suplementar sobre acesso à Internet, podemos observar, por estes dados o seguinte quadro demonstrativo por regiões: Acesso à internet nos domicílios brasileiros por região (IBGE, 2005). Região do Brasil % de domicílios que fazem uso de internet NORTE 12,00 NORDESTE 11,90 CENTRO OESTE 23,40 SUDESTE 25,60 SUL 26,30 Além dessas porcentagens, a referida pesquisa apresenta outros dados interessantes, dos quais destacamos:

1. O que aponta para o fato de que quanto mais elevado era o nível de instrução e de rendimento mensal domiciliar per capita, maior a proporção das pessoas que acessavam a Internet. 2. Na população de 15 a 17 anos de idade, 33,9% acessam a Internet, o maior resultado entre as faixas etárias. 3. O número de usuários conectados vem crescendo nos últimos anos, o que confirma a importância de sua utilização como recurso didático. Esses dados distantes no tempo em sete anos, nos remetem a refletir que o quadro não é mais o mesmo, principalmente se considerarmos que a acessibilidade ao mundo digital computadores, laptops, redes integradas, Wireless, entre outros, estão mais variados e viáveis financeiramente, isto somado ao fato de que, pelo estabelecimento de novas regulações no sistema de ensino do país, concluímos que é imperativo apreender as mudanças no próprio sistema de ensino, Mello (2004) afirma, ao se referir ao uso da internet na escola que O uso inteligente de um instrumento dessa natureza requer mudanças no núcleo duro do processo de ensino-aprendizagem o currículo que, por sua vez, acarretarão mudanças na organização da escola e da sala de aula. [...] É preciso repensá-lo não apenas no plano da proposta ou do projeto curricular, como também no plano do ensino e da aprendizagem, também chamado de currículo em ação. [...] (p. 138) 8 mídias na escola Segundo o mesmo autor, é necessário, ao professore para a efetivação as novas Integrar comunidades virtuais de aprendizagem, trocar informações com outros educadores e compor uma rede; construir roteiros cognitivos para seus alunos a partir da escolha, do recorte, da organização e da edição de informações coletadas na internet, que pode ser encarada como um grande livro expandido, diversificado e enriquecido; avaliar o desempenho do aluno por meio do acompanhamento do processo de construção do conhecimento a partir de um roteiro cognitivo orientado. (p. 160) Em meio a esse contexto de inclusão digital que possibilita novas e/ou renovadas possibilidades de ensinar e aprender a partir das novas tecnologias da informação e comunicação (TIC s), a Secretaria de Educação do município de João Pessoa criou um programa pedagógico conhecido como Escola Digital, através da

implantação dos Laboratórios de Informática. Esses laboratórios tinham/tem como proposta desenvolver a capacidade facilitadora para a inclusão digital não só dos alunos regularmente matriculados, mas da comunidade do entorno da escola. A Secretaria de Educação do município de João Pessoa, capital da Paraíba tem, para dar apoio a rede municipal de educação, em sua estrutura a Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação, Composta pelo Departamento de Redes e Projetos de Tecnologia da Informação, Departamento de Informática Educativa, Divisão de Processamento de Dados e Divisão de Novas Tecnologias. O principal objetivo dessa diretoria é proporcionar maior participação da comunidade das escolas municipais de João Pessoa no mundo digital, tornando mais fácil o acesso e a troca de informação, além de oferecer uma nova maneira de se fazer ensino e aprendizagem através de ferramentas e soluções digitais. Socializando assim, o direito ao conhecimento e contribuindo para o desenvolvimento humano. (PARAÍBA, 2012) Já as 108 escolas que compreendem a rede municipal de educação, disponibilizam programas integrados vinculados a variedades de mídia, tais como: Rede Internacional Virtual de Educação RIVED, TV Escola, Programa Nacional de Tecnologia Educacional PROINFO, Rádio Escola e Mídia Escola. 9 Nelas professores e alunos podem contar com equipamentos e cursos de formação para atuarem na área. Entre os instrumentos de trabalho podemos registrar aparelhos de TV e de DVD, fitas de vídeo, datas show, computadores, Softwares educacionais internet, impressoras, scanneres, e, em alguns casos equipamento de rádio transmissor. A adesão as novas tecnologias, tem proporcionado elementos favoráveis à práticas interdisciplinares, especialmente através da Pedagogia de Projetos, congregando saberes específicos mas, complementares a formação dos alunos do Ensino Fundamental Educação Básica, bem como da modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

CONSIDERAÇÕES FINAIS Por ser uma área que, apesar de recente, tem um crescimento vertiginoso, a inclusão das novas mídias nas escolas e, em especial, a internet, entendemos que ainda estamos margeando os limites dos limites e das possibilidades de sua efetivação. E, mais que isto de sua implementação adequada aos princípios estabelecidos na legislação educacional, na prática dos docentes e no interesse dos estudantes, segundo Kenski (2010), isto ainda se constitui como um [...] dos grandes desafios para a ação da escola na atualidade. Viabilizar-se como espaço crítico em relação ao uso e à apropriação dessas tecnologias de comunicação e informação. Reconhecer sua importância e sua interferência no modo de ser e de agir das pessoas e na própria maneira de se comportarem diante de seu grupo social, como cidadãs. [...] (p. 24) Na mesma linha de pensamento Mello (2004), afirma que Atualmente, o grande desafio das escolas é enfrentar o paradigma da comunicação em rede, que questiona a própria estrutura do conhecimento e o modo como a escola trabalha. Isso ocorre porque as informações são acessadas sem o controle da escola. (p. 159) 10 como Esse mesmo autor aponta para possibilidades que devem ser consideradas, tais O percurso do estudante para construir seu conhecimento pode incluir todo tipo de conteúdo existente na rede, desde que alguém oriente e demarque esse percurso; a construção do conhecimento já não precisa limitar-se a seqüência lineares, podendo ter uma configuração em rede; a possibilidade de compartilhar significados com os colegas é potencializada, bem como a interação presencial ou virtual com o professor. (p. 138) Assim, concluímos que os caminhos e possibilidades do ensino que garanta a inclusão digital e o trabalho interdisciplinar na perspectiva de uma interação de saberes escolares e de vida estão minimamente postos. Cabe aos sujeitos que integram a escola, gestores, técnicos, professores e alunos, bem como, governos e sociedade civil a parcela de responsabilidades inerente a cada um deles na perspectiva de sua consecução.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD, 2005, Brasília, 2006. Disponível em:< http://www.ibge.com.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=68 6&id_pagina=1. Acesso em: 28 jul. 2010.. Lei Federal nº 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil. 20 de dezembro de 1996.. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer nº 11/00 CNE/CEB. 10 de maio de 2000.. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 01/00 CNE/ CEB. 05 de julho de 2000.. Ministério da Educação. Decreto 5.154. Regulamenta o 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 23 de julho de 2004.. Ministério da Educação. Decreto nº 5.478. Institui, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos PROEJA. 24 de junho de 2005. 11. Ministério da Educação. Decreto nº 5.840. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos PROEJA. 13 de julho de 2006. CAMARA DOS DEPUTADOS. Um computador por aluno: a experiência brasileira. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2008. PARAÍBA. SEC Disponível em: http://www.joaopessoa.pb.gov.br/secretarias/sedec/diretorias/ Acessado em 25 jul. 2012. LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.. Cibercultura. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. LITWIN, Edith (org.) Tecnologia educacional: Política, histórias e propostas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. PEREIRA, Júnia Sales. Produção de materiais didáticos para a diversidade: Patrimônio e práticas de memória uma perspectiva interdisciplinar. Belo Horizonte; Brasília: Secad/MEC, 2010.

Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=13156&itemid=823 Acesso em 12 mai. 2012 KENSKI, Vani Moreira. Tecnologia e ensino presencial. Campinas-SP: Papirus, 2003. MELLO, Guiomar Mano de. Educação escolar brasileira: o que trouxemos do século XX?. Porto Alegre: Artmed, 2004. 12