CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE 14 GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO-AZEDO CULTIVADOS NO DISTRITO FEDERAL Rodrigo Marques de Mello 1 ; Ana Montserrat Treitler Dantas 2 ; José Ricardo Peixoto 3 ; Nilton Tadeu Vilela Junqueira 4 ; Rafael Brugger de Bouza 5 ; Marcelo Alves Figueiredo Sousa 6 ; Berildo de Melo 7 1 Mestrando, Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Caixa Postal 04508, CEP. 70.910-970 - Brasília-DF. E-mail. rodrigommello@hotmail.com; 2 Mestranda, Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Caixa Postal 04508, CEP.70.910-970 Brasília-DF. E-mail: anamontserrat@unb.br; 3 Eng. Agr. Dr., Prof. Associado I da FAV (UnB). Campus Universitário Darcy Ribeiro, Caixa Postal 04508, CEP. 70.910-970 - Brasília-DF. E-mail: peixoto@unb.br; 4 Eng. Agr. Dr. Pesquisador da EMBRAPA. Caixa Postal 08223, CEP. 73310-970 - Brasília-DF. E-mail: junqueir@cpac.embrapa.br; 5 Mestrando, Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro ICC-Sul- Fitopalologia, E-mail rafaelbrugger@unb.br; 6 Doutorando, Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro ICC-Sul-FAV Brasília-D.F. marcelosousa@unb.br; 7 Eng. Agr. Dr., Prof. Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Campus Umuarama, Uberlândia, MG, E-mail: berildo@ufu.br. INTRODUÇÃO O Brasil é considerado o maior produtor de maracujá. A maior parte dessa produção é destinada ao mercado in natura, cerca de 60% da produção, e os outros 40% restante, às indústrias de processamento. O suco concentrado é o principal produto (LIMA, 2001).. O objetivo do melhoramento genético é atender as diversas exigências do mercado consumidor. Considera-se que uma variedade desenvolvida para o mercado in natura deva apresentar frutos grandes e ovais, cavidade interna completamente preenchida a fim de conseguir boa classificação comercial, ser resistente ao transporte e a perda de qualidade durante o armazenamento e a comercialização. Se o trabalho é voltado para a industrialização, precisa ter casca fina, possuir também cavidade interna totalmente preenchida, conferindo alto rendimento de suco, possuir coloração amarelo-dourada estável, e alto teor de sólido solúvel, superior a 13 Brix (BRUCKNER, 2002). A seleção de cultivares de maracujazeiro-azedo que apresentem uma boa qualidade póscolheita de seus frutos é de fundamental importância para o desenvolvimento da cultura no País. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características físico-químicas de 14
genótipos de maracujazeiro-azedo cultivados no Distrito Federal em duas épocas de colheita. MATERIAL E MÉTODO O experimento foi realizado na fazenda Água Limpa, situada na Vargem Bonita, pertencente à Universidade de Brasília (UnB). O delineamento foi o de blocos casualizados, com 14 genótipos e 8 plantas por parcela com quatro repetições em arranjo de parcelas subdivididas. Os materiais utilizados neste experimento foram: MAR20#3, AP1, GA2 AR1*AG, RC3, D36, VERMELHAO INGAI, AR 02, EC-RAM, AR 01, C 46, A 09, FP 01, FB 200, A23. A lavoura foi conduzida utilizando o sistema de sustentação de espaldeira vertical, com os mourões distanciados de 6 m e 2 fios de arame liso um a 1.5 m de altura e outro a 2m em relação ao solo. Não foi realizado polinização artificial. As colheitas foram realizadas quinzenalmente de abril a novembro de 2007, e semanalmente em dezembro de 2007. Os frutos colhidos foram avaliados quanto ao desempenho agronômico e resistência a doenças. Nos meses de novembro, fevereiro e abril, foram selecinados, ao acaso, 10 frutos por parcela, totalizando 40 frutos por genótipo, para análises físico-químicas. Estas foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da Universidade de Brasília (UnB), onde analisou-se as seguintes características: espessura da casca (cm), sólidos solúveis totais - SST em ( Brix) e rendimento de polpa.. Os frutos foram cortados para retirada da polpa que foi colocada no copo do liquidificador doméstico com a finalidade de romper o arilo e separar o suco. O peso final da casca, polpa e o suco foram medidos em balança digital e os resultados anotados em uma planilha. O rendimento de polpa foi obtido através da relação peso de polpa por peso fresco. Na determinação do teor de sólidos solúveis totais (SST) foram colocadas gotas da amostra no prisma do refratômetro, e em seguida, foi feita a leitura direta em refratômetro manual, marca Atago, modelo N-1E. A leitura obtida no aparelho à temperatura de 20 o C, foi corrigida de acordo com uma tabela de correção do Brix segundo metodologia proposta no livro de Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1974). Os resultados foram expressos em o Brix, conforme leitura feita no aparelho. As análises de variância (teste de F) para cada parâmetro bem como a comparação das médias através do teste de Scot Nott ao nível de 5% de significância, com o auxílio do software SISVAR, Ferreira (2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foi observada diferença significativa entre os genótipos nos meses de novembro e fevereiro. E abril, o genótipo AP1 (13,0 ºBrix) foi estatísticamente superior ao FP01 (9,5 ºBrix). O menor valor encontrado para o SST foi obtido pelo genótipo FP01 em abril(7,8ºbrix) em abril. O melhor resultado foi observado pelo genótipo RC3 (14,3ºBrix), no mês de novembro. O genótipo D36 apresentou o melhor resultado no mês de novembro (13,0ºBrix), sendo estatísticamente superior ao mês de abril (11ºBrix). Foi observado um resultado semelhante em: AR02 (13,5 e 11ºBrix), MAR20#03 (13,0 e 10,0 ºBrix), RC3 (14,3 e 12,3 ºBrix), Vermelhão Ingaí (13,0 e 10,0 ºBrix), EC-RAM (13,8 e 11,0 ºBrix), C46 13,5 e 11,8ºBrix) e FP01 (13,8 e 9,5 ºBrix).Os resultados de Brix mais altos foram obtidos no mês de novembro, estando todos os genótipos dentro do objetivo para a indústria. Bruckner (2002) relata como sendo ideal para a industrialização um valor em torno de 13 Brix. Abreu (2006) obteve, para o genótipo Rubi Gigante, 13,6 Brix. Em relação a esta característica para frutos destinados para a indústria é preferível maior rendimento de suco com alto teor de sólidos solúveis totais. O genótipo que aprensentou o maior rendimento de polpa foi o EC-RAM (62%). Esse resultado foi observado no mês de novembro e foi superior aos demais em todos os períodos. Esse genótipo foi o único que apresentou diferença significativa entre os meses analisados. Como já foi dito, novembro foi o melhor resultado (62%), seguido por abril (44%) e o pior resultado foi observado em fevereiro com (27%). Os demais genótipos não diferiram estatísticamente entre si em todas as épocas avaliadas. A redução de 62 para 27% observada nos dois primeiros períodos pode ser explicada por uma diminuição no índice de vigamentos dos frutos constatada em dezembro. Sendo assim, o resultado foi decisivo para o pior rendimento obtido em fevereiro. O segundo melhor resultado foi observado no genótipo AR01 também em novembro, 43% de rendimento de polpa. Porém, esse ficou abaixo do genótipo EC-RAM no mesmo período. Fortaleza (2002) encontrou valores de espessura de casca variando entre 0,51 a 0,54 cm e Medeiros (2005) de 0,37 a 0,74 cm, onde os genótipos de maracujá-roxo (S9 e 14) avaliados apresentaram espessura de casca de 0,60 e 0,55 cm. A espessura de casca variou de 0,56 cm no genótipo EC-RAM (em novembro) a 0,98 cm no genótipo GA2- AR!*AG, em abril. Para o genótipo GA2-AR!*AG, em novembro, foi obtido um resultado de 0,64 cm e um acréscimo em abril, 0,98 cm. Esse resultado foi semelhante para os demais genótipos: AR02 (0,67 e 0,85cm), FB200 (0.67e 0,89cm), A23 (0.62 e 0,84cm), RC3 (0.67 e 0,85cm), Vermelhão Ingaí (0,71 e 0,89cm), EC-RAM (0,56 e 0,90 cm), C46(0,70 e 0,92cm) e
FP01 (0,64 e 0,81cm). CONCLUSÃO Os frutos, no mês de novembro, tiveram a maior quantidade de Sólido Solúveis Totais e a menor espessecura de casca. O genótipo EC-RAM, no mês de novembro, demonstrou o maior rendimento de polpa, sendo muito superior aos demais em todas as épocas.. AGRADECIMENTOS A Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAV (UnB), ao Departamento de Fitopatologia (UnB) e ao CNPq pelo apoio material e financeiro. REFERÊNCIAS ABREU, S.P. Desempenho agronômico, características físico químicas e resistência a doneças em cinco genótipos de maracujazeiro-azedo. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2006, 90f. Dissertação de Mestrado. ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informações e Documentação: Referências: Elaboração. Rio de Janeiro: 2002. BUCKNER, C.H.; MELETTI, L.M.M.; OTONI, W.C.; ZERBINI JÚNIOR, F.M. maracujazeiro. In. Bruckner, C.H. (ed.). Melhoramento de Fruteiras Tropicais. Viçosa: UFV, 2002. Cap. 13, p.373-410. FORTALEZA, J.M. Influência da adubação potássica e da época de colheita sobre as características físico-químicas dos frutos de nove genótipos de maracujazeiro azedo cultivados no Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2002, 59f. Dissertação de Mestrado.2002. LIMA, A. de A.; CUNHA, M. A.P. da. (Ed.). Maracujá: Produção e qualidade na passicultura. Embrapa Mandioca e Fruticultura. Cruz das Almas, BA, 2004. 396p.
MEDEIROS, S.A.F. Desempenho agronômico e caracterização físico-química de genótipos de maracujá-roxo e maracujá-azedo no Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2005,95f. Dissertação de Mestrado.2005. FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45. São Carlos, SP, 2000. Programas e Resumos... São Carlos: UFSCar, 2000. p. 235 20080731_190014