SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA RELATÓRIO



Documentos relacionados
SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA RELATÓRIO

+COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL

RELATÓRIO Nº, DE 2015

RELATÓRIO Nº, DE 2013

Resumo dos resultados da enquete CNI

Pontes ao Sul: Argentina Brasil Laços com o Rio Grande do Sul. Consulado Geral da República Argentina em Porto Alegre Novembro 2015

Neste ano celebramos 200 anos da abertura do Consulado Geral da Rússia no Rio

RELATÓRIO Nº, DE 2010

18 de maio, 19h30. Minhas primeiras palavras são de saudação ao colega Ministro Gao Hucheng, que

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador FLEXA RIBEIRO

Faça bons negócios com a Romênia!

A Gestão dos Portos e a Participação da Comunidade Portuária

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ROBERTO REQUIÃO I RELATÓRIO

Cimeira do Fórum Índia África

República dominicana A DOMINICANA É A REPÚBLICA DAS CORES, UM PAÍS DE INESGOTÁVEIS ATRAÇÕES!

RELATÓRIO Nº, DE 2011

Figura 01 - Evolução das exportações de suínos de Santa Catarina no período de 2010 a US$ Milhões.

Comércio Exterior Cearense Fevereiro de 2014

RELATÓRIO Nº, DE 2015

MENSAGEM N 36, DE 2015

Aspectos recentes do Comércio Exterior Brasileiro

ROSÁRIO MARQUES Internacionalizar para a Colômbia Encontro Empresarial GUIMARÃES 19/09/2014

Código de Fornecimento Responsável

Governo do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Exportaminas

DE DÉCADAS DE ESTAGNAÇÃO DO MERCADO INDUSTRIAL, VERIA A REDUÇÃO DE OPORTUNIDADES, CEDIDAS À INVASÃO DE PROFISSIONAIS ESTRANGEIROS?

Exportação de Serviços

HAITI Comércio Exterior

MENSAGEM N o 557, DE 2006

Comércio Exterior Cearense Fevereiro de 2012

China: novos rumos, mais oportunidades

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NO PERÍODO DE : BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO DAS COMMODITIES? Stela Luiza de Mattos Ansanelli (Unesp)

1. (FGV 2014) A questão está relacionada ao gráfico e ao texto apresentados.

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 131, DE 2015

*50425D34* Mensagem n o 342. Senhores Membros do Congresso Nacional,

COMO SE ASSOCIAR 2014

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA PARECER Nº, DE 2011

ANO % do PIB (Aproximadamente) % do PIB mundial % do PIB mundial % do PIB mundial 2013/ % do PIB mundial

1. Histórico. . Iniciativa para as Américas (Miami 94) . 34 paises, menos Cuba. . Cúpulas Presidenciais: - Santiago Québec 2001

COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL. MENSAGEM N o 546, DE 2005

AGUARDANDO HOMOLOGAÇÃO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

COMUNICADO FINAL. XXIXª Comissão Bilateral Permanente Washington 5 de Maio de 2011

MISSÃO EMPRESARIAL MÉXICO

Brasil: Planos de estímulo à infraestrutura e às exportações

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

RELATÓRIO Nº, DE 2015

RENOVA ENERGIA S.A. CNPJ/MF N. O / NIRE FATO RELEVANTE

Eleição Conselheiro de Administração. Mandato 2013/2015. Srs. Acionistas,

FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

COMISSÃO DA AMAZÔNIA, INTEGRAÇÃO NACIONAL E DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Resumo dos resultados da enquete CNI

Pós-Venda Internacional. Programa Brazil Machinery Solutions Setembro de 2013

Ministério das Relações Exteriores Instituto Rio Branco. Prova Escrita de Política Internacional

PROJETO DE LEI Nº, DE 2008

DOE Seção I quinta-feira, 19 de março de 2015, páginas 29/30.

Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil ǀ Minas Gerais. Há mais de 16 anos estreitando laços entre Minas Gerais e Portugal

PAÍSES BAIXOS Comércio Exterior

Balança Comercial 2003

Eleição Conselheiro Fiscal. Mandato 2013/2014. Srs. Acionistas,

O BNDES e a Internacionalização das Empresas Brasileiras

ACORDO SOBRE O PROJETO DE FOMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL E PRODUÇÃO MAIS LIMPA EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

UNASUL Comércio Exterior Intercâmbio comercial com o Brasil

Visita do Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao Irã e ao Líbano 13 a 16 de setembro de 2015

V Encontro Nacional dos Representantes Empresariais nos Conselhos de Autoridade Portuária. A Integração da ANTAQ com o CAP

Ministério das Relações Exteriores

Metodologia. Pesquisa Quantitativa Coleta de dados: Público Alvo: Amostra: 500 entrevistas realizadas. Campo: 16 a 29 de Setembro de 2010

NORDESTE: DESEMPENHO DO COMÉRCIO EXTERIOR EM 2009

Cidades e Aeroportos no Século XXI 11

MISSÃO EMPRESARIAL À TUNÍSIA

MENSAGEM Nº 110, DE 2007

RELATÓRIO Nº, DE 2015

VANUATU Comércio Exterior

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO

Nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 200.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: Artigo único

CC76F66102 COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA. PROJETO DE LEI N o 2.318, DE 2007 I - RELATÓRIO

OBRAS DE INFRAESTRUTURA NO BRASIL

Gestão de Departamentos Jurídicos Porque Educação Executiva Insper Cursos de Curta e Média Duração

A Cooperação Energética Brasil-Argentina

Aula 9.1 Conteúdo: Tentativas de união na América Latina; Criação do Mercosul. FORTALECENDO SABERES DINÂMICA LOCAL INTERATIVA CONTEÚDO E HABILIDADES

Pesquisa. Os Problemas da Empresa Exportadora Brasileira Entraves e Prioridades

Paraná Cooperativo EDIÇÃO ESPECIAL EXPORTAÇÕES Informe Diário nº Sexta-feira, 08 de maio de 2009 Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador DELCÍDIO DO AMARAL

Organização da Aula Geografia Econômica Mundial

Projeto: Náutica, Portos, Infraestrutura e Logísticas. Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ROBERTO CAVALCANTI

INTERNACIONALIZAR EM PARCERIA

Perspectivas da Comunidade Energética no Mundo e na América Latina

M ERCADO DE C A R. de captação de investimentos para os países em desenvolvimento.

A sustentabilidade da economia requer em grande medida, a criação duma. capacidade própria de produção e fornecimento de bens e equipamentos,

COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E CONTROLE

NOVEMBRO 2011 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA PORTO HOJE PLANO ESTRATÉGICO

Ações Reunião Extraordinária realizada no dia 30 de outubro de 2014

DIÁLOGOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO AICEP PME em Consórcio Alavanca para a Internacionalização. Maria Isolina Mesquita Vice-Presidente da Bluepharma S.A.

BRASIL Comércio Exterior

Parceria Global de Bioenergia

(Do Sr. Guilherme Campos) O Congresso Nacional decreta:

INVESTIMENTOS JAPONESES NO BRASIL

Superintendência de Logística de Carga

Por uma nova etapa da cooperação econômica Brasil - Japão Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil São Paulo, 11 de Julho de 2014

Transcrição:

RELATÓRIO Da COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, sobre a Mensagem nº 93, de 2011 (Mensagem nº 212, de 17/06/2011, na origem), da Presidente da República, que submete à apreciação do Senado Federal a indicação do Senhor ADALNIO SENNA GANEM, Ministro de Primeira Classe da Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de Embaixador do Brasil junto à República do Panamá. RELATOR: Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA De conformidade com o art. 52, inciso IV, da Constituição Federal, e com a Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006, vem à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional a Mensagem nº 212, de 2011, que submete à apreciação do Senado Federal a indicação do Senhor ADALNIO SENNA GANEM, Ministro de Primeira Classe da Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de Embaixador do Brasil junto à República do Panamá. O Ministério das Relações Exteriores encaminhou o currículo do indicado, do qual extraio as informações que passo a relatar.

Filho de Nadir Ganem e Zenaide Senna Ganem, o Sr. Adalnio Senna Ganem nasceu em Lençóis, Bahia, em 11 de março de 1953. Formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1975, ingressando na carreira diplomática no mesmo ano, por meio de concurso direto. Foi nomeado Terceiro Secretário em 1976; ascendeu a Segundo Secretário em 1979; a Primeiro Secretário em 1984; a Conselheiro em 1990; a Ministro de Segunda Classe em 1997 e a Ministro de Primeira Classe em 2006. Dentre os cargos que exerceu na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em outros órgãos da Administração Pública, cumpre destacar: Chefe, substituto e Chefe da Divisão de Comunicações, de 1987 a 1992; Assessor Técnico da Vice-Presidência da República, de 1995 a 1997, tendo, cumulativamente com este cargo, exercido a chefia da Assessoria Internacional do mesmo órgão de 1997 a 1999; e chefe da Assessoria Internacional do Governo do Estado de São Paulo, de 2003 a 2006. No exterior, o referido diplomata serviu na Missão do Brasil junto à então Comunidade Econômica Européia (CEE) em Bruxelas, de 1981 a 1984; na Embaixada em Lima, de 1984 a 1987; no Consulado-Geral em Nova York, de 1992 a 1994; na Embaixada em Paris, de 1999 a 2003; no Consulado-Geral em Miami, como Cônsul-Geral Adjunto e Encarregado dos assuntos de Atlanta, de 2007 a 2008 e no Consulado-Geral em Atlanta, como Cônsul-Geral, de 2008 até a presente data. Segundo documento informativo sobre a República do Panamá, anexado pelo Ministério das Relações

Exteriores ao currículo do indicado, as relações Brasil- Panamá se desenvolvem de maneira positiva e promissora. Há, entretanto, potencialidades que necessitam ser concretizadas. Para tanto, o tema da cooperação bilateral reveste-se de extrema importância, uma vez que, para o Brasil, interessa a experiência panamenha nas áreas de logística e administração portuária e aeroportuária, que poderá representar a contrapartida à cooperação prestada. O Panamá abriga atualmente, segundo informa o documento, cerca de 2.000 brasileiros. Trata-se da maior comunidade de brasileiros vivendo em país da América Central. Para isso contribui, certamente, a presença no Panamá de empresas brasileiras, como a Odebrecht, Sadia, Embraer e Camargo Corrêa que, por questões logísticas, utilizam o país como base de operações para a América Central e o Caribe. No que diz respeito ao relacionamento comercial bilateral, as trocas comerciais têm experimentado bom crescimento em anos recentes, tendo apresentado, no entanto, brusca queda em 2009, em razão da crise internacional. O intercâmbio atingiu o seu auge em 2008, quando alcançou a cifra de US$ 416,27 milhões, e veio a recuperar-se em 2010, ao totalizar US$ 382,01 milhões. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para o Panamá em 2010 cabe citar: caldeiras, máquinas e instrumentos mecânicos; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; produtos farmacêuticos; aeronaves e outros aparelhos aéreos.

De outro lado, o nosso País importa do Panamá, entre outros produtos, combustíveis, óleos e ceras minerais; máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos; alumínio; óleos essenciais; borracha; peixes e crustáceos. O Brasil mantém forte superávit na balança comercial com o Panamá, da ordem de US$ 352,35 milhões, em 2010. Segundo ressalta o documento encaminhado pelo Itamaraty, interessa ao País buscar equilibrar o comércio bilateral, de forma a torná-lo sustentável, por meio da diversificação de suas exportações e do estímulo às importações panamenhas. Atualmente, o Panamá é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na América Central, atrás apenas de Costa Rica. Por ser a economia mais dinâmica da região, com crescimento de 6,7% em 2010, por praticar baixas tarifas de importação e por vir adotando políticas públicas que privilegiam a realização de grandes obras de infra-estrutura, como a própria ampliação do Canal do Panamá, o país vem abrindo interessantes oportunidades para as empresas brasileiras. Consórcio liderado pela Construtora Norberto Odebrecht, por exemplo, foi declarado vencedor da licitação para a construção do metrô da cidade do Panamá. É interessante ressaltar que, de todas as exportações brasileiras, apenas pequena parcela transita pela plataforma logística do Panamá, conformada pelo Canal, pelos portos, aeroportos e pela via férrea do país. A principal razão, segundo supõe o documento encaminhado pelo Itamaraty, é que o sistema portuário panamenho de reconhecida eficiência dedica-se basicamente ao manuseio de contêineres, ao passo que grande parte das exportações brasileiras sobretudo as destinadas ao

Extremo Oriente e que poderiam se utilizar do Canal são transportadas em super-graneleiros ou em supertanqueiros, que não podem passar pelo Canal. Tal fato, segundo assinala o documento, deixa o Panamá muito dependente dos Estados Unidos da América, porquanto cerca de três quartos de toda a carga que por lá transita tem origem ou destino nos EUA. No âmbito do projeto de integração da infraestrutura energética da América do Sul e América Central, a Eletrobrás pretende instalar, ainda este ano, escritório de representação regional no Panamá, uma vez que o país representa um pólo eficiente e seguro para operações em toda a região. Representa, ademais, importante centro de atração de investimentos para projetos da empresa, o que favoreceria também a comercialização de várias formas de energia, inclusive a eólica. No que diz respeito à sua política externa e à sua postura em relação à integração latino-americana, o Panamá, segundo registra o documento do Itamaraty, manifestou interesse em se aproximar do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), razão pela qual foi realizada reunião exploratória do bloco com o Panamá, em Buenos Aires, em 2006. No momento, o Panamá negocia os termos de sua adesão ao Sistema Econômico Centro-Americano (SIECA), braço econômico do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA). Cabe ressaltar, nesse contexto, que o Panamá retirou-se do Parlamento Centro-Americano em 24 de novembro de 2009, uma vez que, segundo alegou o Presidente Ricardo Martinelli quando de sua eleição em maio de 2009, as despesas que o Estado

panamenho assumira com aquela instituição não se justificavam. No momento presente, a aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) firmado com os Estados Unidos, pelo Congresso norte-americano, constitui um dos principais objetivos da política externa do Panamá, ao lado do tema da segurança regional, tendo em vista a intensificação da repressão ao narcotráfico no México e na Colômbia. Diante da natureza da matéria ora apreciada, eram essas as considerações a serem feitas no âmbito do presente Relatório. Sala da Comissão,, Presidente Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA, Relator