DIREITOS HUMANOS Direito Internacional dos Direitos Humanos Características dos Direitos Humanos Parte 1. Profª. Liz Rodrigues
- Direitos humanos: direitos derivados do reconhecimento e da proteção da dignidade humana. - São direitos com características especiais, distintas das outras normas jurídicas. - Este rol não é exaustivo.
- Historicidade: a construção dos direitos humanos evolui ao longo do tempo, refletindo valores e questões sociais em diferentes momentos históricos. - Universalidade: todos os membros da espécie humana, sem distinção, são titulares destes direitos. A dignidade humana é reconhecida a todas as pessoas (e todos devem ter a sua proteção assegurada).
- Inerência: direitos humanos pertencem aos indivíduos pelo simples fato de serem pessoas humanas. Não são concessões do Estado e não demandam atenção a nenhum outro requisito. - Transnacionalidade: os direitos humanos são assegurados aos indivíduos independentemente de sua nacionalidade (ou mesmo de sua condição de apátridas).
- Irrenunciabilidade (indisponibilidade): mesmo que o direito não seja exercido, seu titular não pode abrir mão dele. A renúncia não produz efeitos jurídicos, não autoriza e nem convalida a violação. - Inalienabilidade: também não podem ser cedidos, transferidos ou disponibilizados de qualquer forma, onerosamente ou não. São inegociáveis e não tem conteúdo patrimonial.
- Imprescritibilidade: são direitos que não se perdem com o decurso do tempo (não são atingidos pela prescrição). - Atenção: o direito de ação (direito de pedir um provimento judicial ao Estado) pode prescrever; porém, a prática do racismo (art. 5º, XLII, CF/88) e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CF/88) são imprescritíveis.
- Também são imprescritíveis os crimes de competência do Tribunal Penal Internacional: crimes de agressão, guerra, genocídio e contra a humanidade (arts. 5º a 8º e 29 do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional). - Inexauribilidade: o conteúdo dos direitos humanos não é exaustivo; em função da necessidade de proteção da dignidade humana, sempre podem ser derivados novos direitos (veja o art. 5º, 2º da CF/88).
- Indivisibilidade, interdependência, interrelacionariedade ou complementariedade: estes direitos dependem uns dos outros para a sua perfeita realização. - A escolha de categorias de direitos inviabiliza a proteção plena da dignidade humana. - Em 1993, na Conferência Internacional de Direitos Humanos, este caráter foi ressaltado:
Todos os Direitos do homem são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional tem de considerar globalmente os Direitos do homem, de forma justa e equitativa e com igual ênfase. Embora se devam ter sempre presente o significado das especificidades nacionais e regionais [...] compete aos Estados [...] promover e proteger todos os Direitos do homem e liberdades fundamentais (Art. 5º, Dec. Viena).
- Limitabilidade (ou relatividade): direitos humanos não são absolutos, uma vez que pode ser ponderado com outros direitos de mesma categoria. - Os direitos coexistem e devem ser ponderados em sua aplicação nos casos concretos. - Exceção: direito de não ser torturado (art. 2º, Convenção contra a Tortura), a proteção contra o desaparecimento forçado e direito de não ser escravizado.
- Imperatividade: alguns autores consideram que os direitos humanos, em âmbito internacional, integram o jus cogens, que é um conjunto de valores essenciais, aceitos e reconhecidos pela comunidade internacional e que não podem ser derrogados apenas pela vontade de um Estado. - Uma norma desta categoria só pode ser afastada por outra ainda mais protetiva.
- Proibição do retrocesso: princípio do não-retorno na concretização ( efeito cliquet ). Não se pode reduzir o grau de proteção de um direito somente são admitidos acréscimos e melhorias. - O retrocesso pode se dar tanto pela revogação de normas quanto pela diminuição da prestação à coletividade ambas estão vedadas.
- Ramos lembra que esta característica pode comportar exceções, quando a diminuição na proteção normativa ou fática pode, eventualmente ser permitida: a. que haja justificativa também de estatura fundamental; b. que tal diminuição supere o crivo da proporcionalidade; c. que seja preservado o núcleo essencial do direito envolvido.
- Proporcionalidade: a aplicação deste princípio consiste na verificação da idoneidade, necessidade e equilíbrio da intervenção estatal que limita um direito fundamental. - Vedação da proteção insuficiente e proibição do excesso ( limites dos limites ).
- Elementos da proporcionalidade: adequação das medidas estatais à realização dos fins propostos, a necessidade de tais medidas e equilíbrio entre a finalidade perseguida e os meios adotados para sua consecução (Ramos).