Estudando a sexualidade com jogos didáticos

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Transcrição:

CCNEXT - Revista de Extensão, Santa Maria v.3 - n.ed. Especial XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p. 392 397 Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM IISSN on-line: 2179-4588 Estudando a sexualidade com jogos didáticos Andressa Rauber, Tatiana Roberta Fröhlich Venzke e Erica do Espírito Santo Hermel andressa_rauber@hotmail.com; tatifvenzke@gmail.com; ericahermel@uffs.edu.br Resumo O presente trabalho trata-se de um relato de experiência desenvolvido dentro do subprojeto PIBIDCiências, inserido no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), no qual atuo como bolsista em uma escola de Educação Básica do município de Cerro Largo, visando uma formação inicial de qualidade. Em vista disto, realizo aulas práticas, experimentais e pedagógicas na escola onde atuo como bolsista. Assim, procurei desenvolver uma aula lúdica, diferenciada das aulas tradicionais, para fazer com que o aluno realmente se interesse mais pelo conteúdo de sexualidade na disciplina de Ciências. Para tanto, desenvolvi um jogo didático intitulado Bingo da Sexualidade, que foi desenvolvido e aplicado na 7ª série, com o intuito de reforçar o conteúdo da sexualidade e fazendo uma ligação com o real cotidiano desses alunos. Por isso procurei estabelecer questões práticas que envolvem a realidade mais próxima do aluno, tentando saciar as dúvidas dos mesmos. Palavras chave: jogo didático, sexualidade, escola, adolescentes.

CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.392 397 393 1. Contexto do relato O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBIDCiências), inserido na Universidade Federal da Fronteira Sul, no município de Cerro Largo-RS, tem o objetivo de oportunizar aos bolsistas uma formação de qualidade, articulando a iniciação à docência com a graduação, contribuindo assim para o aperfeiçoamento docente durante a trajetória acadêmica. Desta forma, o programa vem me despertando a vontade de contribuir para a melhoria do ensino através da experimentação e atividades pedagógicas diferenciadas em sala de aula. Ao estar inserida em uma escola atuando como bolsista é que percebo a grande necessidade de um ensino de qualidade no Ensino Fundamental, especificamente, na disciplina de Ciências. Atualmente, há diversos fatores que causam a distração dos alunos, acarretando em um desinteresse ainda maior pelas aulas que são basicamente tradicionais. Então, é necessário modificar/incrementar as aulas de ciências com práticas experimentais e pedagógicas, pois acredito que a aula prática seja a melhor ferramenta no processo de ensino/aprendizagem do aluno. Assim, Rosito (2008, p. 197) afirma: a experimentação é essencial para um bom ensino de Ciências. Em parte, isto se deve ao fato de que o uso de atividades práticas permite maior interação entre professor e os alunos, proporcionando, em muitas ocasiões, a oportunidade de um planejamento conjunto e o uso de estratégias de ensino que podem levar a melhor compreensão dos processos da ciência (ROSITO, 2008, p.197). Atuando na escola, tenho a oportunidade de me aproximar da realidade da minha futura profissão, estabelecendo um vínculo pedagógico com a escola e com os alunos, principalmente com a turma que trabalho, a 7ª série, na qual venho a algum tempo analisando e refletindo acerca da realidade escolar desses alunos. Portanto, pensei, primeiramente, na dificuldade de ensino/aprendizagem destes, correlacionando com a idade que estão e a vivência com a comunidade/sociedade que estão inseridos. Esta comunidade trata-se de um local muito carente, tanto economicamente como afetivamente, entendendo assim que a educação dos alunos/crianças é deixada meio de lado por maior parte das famílias, ou seja, não há muita comunicação e troca de informações e ensinamentos entre pais e filhos, cabendo à escola cumprir esse papel. Assim, percebo que assuntos importantes e pertinentes não são abordados em família, como a vivência escolar e a sexualidade, pois o tratamento desses assuntos em convívio familiar contribui muito para a construção da pessoa/adolescente e facilita o ensino/aprendizagem do aluno. O diálogo é sim a ferramenta básica no processo de educar para a sexualidade, pois através do diálogo desvenda-se e aprende-se muito mais, tanto no âmbito familiar como escolar, ainda mais que, atualmente, a sexualidade está inserida na sociedade mais precocemente. Corroborando isso, segundo Moizés e Bueno (2010, p. 206): A sexualidade faz parte da vida de todas as pessoas, é universal e ao mesmo tempo, singular para cada indivíduo, envolve aspectos individuais, sociais, psíquicos e culturais que carregam historicidade, práticas, atitudes e simbolizações. A propagação cada vez mais constante na mídia do sexo e erotismo propicia a precocidade de iniciação sexual, bem como banalização. Essa problemática demanda uma abordagem sobre a sexualidade com crianças e adolescentes, para suscitar uma Educação Sexual mais afetiva, criando barreiras para diminuir os agravantes existentes. Desta forma, percebemos que este tema por ser considerado um tabu nas famílias, deve ser mais trabalhado com os alunos na escola, pois, nos dias atuais, as crianças iniciam sua sexualidade muito mais

394 Rauber et al.: Estudando a sexualidade com jogos didáticos cedo, trazendo consigo também, precocemente, maiores responsabilidades, como gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. Justamente por isso acho muito pertinente trabalhar a sexualidade em sala de aula de forma mais detalhada e com uma maior dedicação e atenção do professor. Depois desta pequena análise da realidade dos alunos, cheguei à conclusão de que eu deveria trabalhar de forma diferenciada o tema sexualidade, fazendo com que a associem e a integrem ao seu cotidiano, para tanto desenvolvi então uma prática pedagógica intitulada Bingo da Sexualidade. 2. Detalhamento das atividades O jogo didático, Bingo da Sexualidade, foi planejado para a 7ª série com o objetivo de reforçar o conteúdo e integrá-lo ao cotidiano, além de agregar conhecimentos aos previamente adquiridos pelos mesmos. Dentre os conteúdos abordados no jogo, estavam inseridas as primeiras percepções dos adolescentes referentes à sexualidade, os métodos contraceptivos femininos e masculinos, as doenças sexualmente transmissíveis, a gestação, o ciclo menstrual e o período fértil. Figura 01: Elaboração e aplicação do jogo didático Bingo da sexualidade em sala de aula.

CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.392 397 395 Para a confecção do Bingo da sexualidade foram necessários os seguintes materiais: folhas de EVA coloridas, cartolinas, canetinhas, uma caixa ou saco plástico. Com as folhas de EVA foram confeccionadas cartelas de 15x20 cm, nestas foram feitos 9 quadrados com números aleatórios de 1 a 15. Com o EVA também foram confeccionadas as pedras do Bingo, onde foram cortados aproximadamente 50 quadrados pequenos de 2x2 cm, de duas cores diferentes, com a letra S (Sim) e a letra N (Não). As cartolinas foram utilizadas para fazer as 15 fichas das perguntas e também uma folha com as 15 respostas para orientação do mediador do Bingo (Figura 01). As regras para jogar o bingo da sexualidade são bem simples. Primeiramente, coloquei todas as perguntas em uma sacola plástica e distribui as cartelas do bingo entre os alunos, que estavam sentados em duplas para jogar. O mediador deveria ler as perguntas uma a uma e dizer o seu número correspondente. Caso o jogador/aluno tivesse o número sorteado na sua cartela, deverá responder colocando a pedra S ou N, ou seja, respondendo a pergunta com Sim ou Não, seguindo assim até o término das questões. Ganhava o jogo o primeiro participante que completasse toda a cartela, então este aluno deveria dizer: Bingo! Depois que o primeiro dissesse Bingo, o jogo poderia continuar para ver quem seriam os próximos a ganhar. Estas são algumas das questões elaboradas para o Bingo da Sexualidade: Podemos abrir a embalagem da camisinha com os dentes? A pontinha da camisinha serve para guardar o esperma? A menstruação é um sinal de que a mulher não está grávida? É verdade que o espermatozóide fica apto a fecundar por no máximo dois dias? A mulher tem menos chance de engravidar no período fértil? Ao término do jogo, voltei a refazer todas as questões com eles, com o intuito de corrigir as questões, analisando o que erraram, instigando-os a repensar as suas respostas e tirar suas dúvidas, gerando desta forma a reconstrução do conhecimento. 3. Análise e discussão do relato Pensando acerca da construção do conhecimento do aluno, desenvolvi um método de ensino/aprendizagem que os faça compreender a real importância do contexto, trabalhando a sexualidade de forma lúdica. Assim, penso que os adolescentes tendem a aprender mais e ter mais interesse pela disciplina, pois através de demonstrações e jogos didáticos eles conseguem reformular seus conceitos e acrescentar conhecimento, o que tende a colaborar para a construção de um sujeito capaz de estabelecer conceitos, ser crítico e consciente perante a sociedade. Conforme Carneiro (1990, p. 36): [...] aquele que é um meio para se atingir um fim, no caso, a aprendizagem. Por essa razão, podemos afirmar que o jogo didático é aquele feito e adaptado ao educando, de modo a oferecer condições que aumentem o seu interesse, permitindo-lhe, através das várias formas de representação, fazer associações, julgamentos, bem como estabelecer conceitos em uma determinada disciplina. Ao analisar a realidade dos alunos no contexto escolar e social e testar seus conhecimentos prévios em relação a sexualidade por meio do jogo didático Bingo da Sexualidade, é de fácil percepção que a sexualidade está inserida na vida desses alunos de forma muito precoce e, juntamente com isso, uma carência de conhecimentos fundamentados e significativos. Acredito que a maioria dos alunos tem para si os conhecimentos que adquirem na rua, no dia-a-dia, acho que não absorvem/aprendem muito bem este tema em sala de aula,

396 Rauber et al.: Estudando a sexualidade com jogos didáticos talvez pelo fato de eles sentirem vergonha perante a professora e não ficarem a vontade com este assunto, consequentemente, eles não tiram as suas dúvidas. Neste aspecto Moraes (202, p. 132) refere-se ao conhecimento: A partir do questionamento dos conhecimentos já existentes, inicia-se um processo de construção de novos argumentos capazes de substituírem os conhecimentos questionados, argumentos que necessitam ser fundamentados e defendidos com rigor e competência. Analisando os resultados do jogo pude notar que grande parte dos alunos acertou a maioria das questões do bingo. Especificamente, percebi que quem errou mais foram as meninas, fato que realmente me surpreendeu, pois acreditava que as meninas estariam mais aptas a compreender este assunto, uma vez que se trata do seu próprio corpo. O motivo disto talvez seja o fato das meninas serem mais tímidas e terem vergonha de tirar suas dúvidas referentes à sexualidade. Portanto, acredito que nós professores podemos dar uma atenção dobrada para as meninas na sala de aula, auxiliando-as de uma forma diferenciada, pois a sexualidade para elas muitas vezes é vista com certo medo. Para tanto, cabe à escola encontrar melhores caminhos para esta educação. De acordo com o PCN (1997, p. 112) Todas essas questões são trazidas pelos humanos para dentro da escola. Cabe a ela desenvolver ação crítica, reflexiva e educativa. 4. Considerações finais Percebo que no decorrer da caminhada acadêmica, atuando como bolsista do PIBIDCiências, estou tendo uma formação diferenciada com uma iniciação à docência de qualidade, pois já estou inserida no ambiente escolar e desta forma adquiri a certeza da escolha pela docência. Esta nos permite a convivência com professores e alunos, o que nos faz perceber que a docência é um mundo de constante aprendizado e crescimento, onde estamos em contato direto com as inovações e construção profissional e pessoal. Atualmente, as crianças estão cercadas por muitas informações erotizadas, que estão presentes na mídia, com os amigos, nas músicas. E não há como eles não se depararem com esta realidade, não é suficiente apenas saber lidar com a questão. Desse modo, ressalto que acredito na necessidade de, primeiramente, ocorrer uma boa educação familiar e, ao mesmo tempo, buscar conhecimentos específicos, saciando as dúvidas na escola. Para tanto, volto a afirmar/reiterar minha satisfação de poder colaborar com a qualificação do processo ensino/aprendizagem de alunos do Ensino Básico, pois através das práticas pedagógicas em sala de aula, ocorre nos alunos uma reconstrução do aprendizado de Ciências. Percebo desta forma que podemos formar cidadãos críticos e preparados para uma sociedade de constante evolução. Referências CARNEIRO, M. A. B. Jogando, descobrindo, aprendendo (depoimentos de professores e alunos do terceiro grau). São Paulo: Esc. Comunic. Artes USP. (Tese dout.), 1990. MOIZÉS. J. S, BUENO. S. M. V. Compreensão sobre sexualidade e sexo nas escolas segundo professores do ensino fundamental. - Revista da Escola de Enfermagem USP

CCNEXT v.3 Ed. Especial- XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola, 2016, p.392 397 397 MORAES, Roque. Educar pela pesquisa: exercício de aprender a aprender. p. 127-141 In: MORAES, Roque; LIMA, Valderez Marina do Rozário (Orgs.). Pesquisa em sala de aula: tendências para a educação em novos tempos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual/secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 164 p. ROSITO, Berenice Álvares. O Ensino de Ciências e a Experimentação. In: MORAES, Roque (Org.). Construtivismo e ensino de ciências: Reflexões epistemológicas e metodológicas. 3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.