DIREITO DO TRABALHO CONCEITO E FUNDAMENTOS
CONCEITO E FUNDAMENTOS O Direito do Trabalho é o ramo do direito que estuda as relações existentes entre empregados e empregadores, vinculados a uma relação de trabalho subordinado, bem como situações análogas a essa. Ela é estabelecida por meio de um conjunto de normas, sendo as mais relevantes a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, a Constituição Federal e outras leis correlatas, e tem como objetivo assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas. As relações trabalhistas geralmente são materializadas por um contrato individual de trabalho, verbal ou escrito. Dentro dessa relação jurídica, há duas figuras principais : o empregado, pessoa física prestadora de serviços, e o empregador, pessoa física ou jurídica para o qual o empregado presta os serviços contínuos e remunerados. O direito do trabalho tem como fundamento maior o principio da proteção, que objetiva conferir ao empregado, parte mais fraca da relação laboral, uma proteção jurídica garantidora de direitos. Esse princípio baseia-se em buscar a solução mais favorável ao trabalhador em caso de dúvidas ou interpretações diversas na aplicação da lei. Desta forma, o direito do trabalho: - usa a norma jurídica mais favorável ao trabalhador ; - assegura a manutenção das cláusulas mais vantajosas em contratos de trabalho ; - prioriza a realidade dos fatos, que podem ser diferentes da realidade contratual ; - previne a dispensa arbitrária, sem justificativa, do trabalhador, e as alterações contratuais e salariais lesivas.
O DIREITO TRABALHISTA NO BRASIL. As relações de trabalho no Brasil começaram desde o seu descobrimento, em 1500, com a escravidão de indígenas e, posteriormente, de negros traficados. Um avanço na história do país deu-se com a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no país, em 1888. Após esse marco, a Proclamação da República, em 1889, trouxe pensamentos inovadores no que diz respeito aos ideais de igualdade e proteção aos trabalhadores, com a criação de Tribunais Rurais e o primeiro órgão da Justiça do Trabalho, em 1922, e da Previdência Social, em 1923. Na era Vargas, houve uma mudança significativa no direito laboral, com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, e da Constituição de 1934. Em 1943, foi criada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), tendo função importante ao adaptar o direito do trabalho às mudanças sociais da época e buscar a valorização do individuo não somente como profissional, mas como ser humano. Atualmente, os direitos do trabalho conferem ao trabalhador jornada de trabalho de 44 horas semanais, adicional de horas extras, adicional de 1/3 do salário de férias, 120 dias para a licença maternidade, dentre outras garantias.
MEDIAÇÃO E SUA IMPORT NCIA PARA O DIREITO TRABALHISTA. Com o passar dos anos, percebe-se que o princípio da proteção, que visava equilibrar a desigualdade entre empregado e empregador, não conseguiu atingir o êxito desejado pelos legisladores trabalhistas. As demandas judiciais aumentaram e a justiça trabalhista tornou-se impotente para solucionar tantos conflitos. A Mediação surgiu da necessidade de desafogar o Poder Judiciário, diminuindo as demandas trabalhistas, com a finalidade de procurar solucionar os conflitos de forma amigável e em tempo razoável. Através de um intermediário, facilitador do diálogo, há a imparcialidade na formulação de propostas para beneficiar ambas as partes, cabendo a elas aceitarem ou não, para chegarem a um desfecho desejável. A CLT, em seu artigo 616, estabelece, por exemplo, que o Delegado Regional do Trabalho pode atuar como mediador de conflitos, com o intuito de solucionar o impasse. A Mediação é uma alternativa (judicial ou extrajudicial) que vem se mostrando bastante eficaz diante dos obstáculos típicos do Poder Judiciário, de modo a desafogá -lo, e tornar as prestações jurisdicionais mais céleres e efetivas, buscando a credibilidade perdida do Poder Judiciário e a satisfação da resolução do impasse entre empregado e empregador.
A LEI 10.101/2000 e o Novo Codigo de Processo Civil A mediação de conflitos coletivos de trabalho ocorre, muitas vezes, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, com fundamento no artigo 616, parágrafo 1º, da CLT. A Lei 10.101/2000, no artigo 4º, inciso I, também prevê a mediação como meio de se fixar a participação nos lucros ou resultados. A Lei 10.192/2001, no artigo 11, parágrafo 1º, dispõe que o mediador deve ser designado de comum acordo pelas partes ou, a pedido destas, pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A parte que se considerar sem as condições adequadas para, em situação de equilíbrio, participar da negociação direta pode, desde logo, solicitar ao Ministério do Trabalho e Emprego a designação de mediador, que convocará a outra parte (artigo 11, parágrafo 2º). O mediador designado tem prazo de até 30 dias para a conclusão do procedimento de negociação, salvo acordo expresso com as partes interessadas (artigo 11, parágrafo 3º, da Lei 10.192/2001). Se não for alcançado o entendimento entre as partes, ou se qualquer delas recusar a mediação, deve ser lavrada ata contendo as causas motivadoras do conflito e as reivindicações de natureza econômica. Esse documento deve instruir a representação para o ajuizamento do dissídio coletivo
(artigo 11, parágrafo 4º, da Lei 10.192/2001). Logo, no curso da negociação coletiva, permite-se a utilização da mediação, em que um terceiro (mediador) tenta aproximar as partes, podendo apresentar sugestões para que as partes envolvidas cheguem a um consenso. É importante salientar que a recente Lei 13.140/2015 é aplicável, no que couber, às outras formas consensuais de resolução de conflitos, tais como mediações comunitárias e escolares, e àquelas levadas a efeito nas serventias extrajudiciais, desde que no âmbito de suas competências (artigo 42). Entretanto, essa lei não é aplicável à esfera trabalhista, conforme o seu artigo 42, parágrafo único, ao prever que a mediação nas relações de trabalho será regulada por lei própria. Em razão disso, fica-se na expectativa da aprovação de lei específica, voltado aos conflitos trabalhistas, atendendo às suas peculiaridades. De todo modo, o Código de Processo Civil de 2015 também versa sobre a matéria, sabendo-se que, na ausência de normas que regulem os processos trabalhistas, as suas disposições lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente (artigo 15). Cabe, assim, acompanhar a evolução legislativa e jurisprudencial sobre o relevante tema, voltado à pacificação dos conflitos sociais na esfera das relações individuais e coletivas de trabalho.
Avanços Tecnológicos da Mediação Trabalhista Atualmente, a mediação evoluiu consideravelmente, incluindo o meio digital para estimular o diálogo à distância e facilitar a solução do conflito judicial. Como exemplo, a Justiça do Trabalho em algumas regiões do país estão propiciando o uso de plataforma digital para promover acordo de conciliação. As partes do processo fazem toda a negociação através de sites e aplicativos e vão ao Fórum Trabalhista somente para assinar a documentação. Essa flexibilização da mediação trabalhista facilita a solução dos conflitos judiciais, através do uso dos meios tecnológicos disponíveis na atualidade. A mediação pela internet é, indubitavelmente, um dos principais avanços na proposta que busca melhorar o mecanismo de mediação. Não se trata apenas de mera evolução da Justiça Trabalhista, mas um facilitador para conciliação entre empregado e empresa, de forma mais prática, informal e célere, sendo um caminho para a desburocratização do Poder Judiciário como um todo, a serviço da comunidade.