DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 1 Profª. Liz Rodrigues
- Além dos direitos fundamentais, a CF/88 prevê uma série de garantias, que vão assegurar a sua proteção e efetividade. - Direitos: valores que, considerados importantes em uma sociedade, são consagrados expressa ou implicitamente no plano normativo (Novelino). - Garantias: possuem um aspecto instrumental. São mecanismos de limitação do poder na defesa de direitos. Instrumentos a serviço de um direito substancial (Novelino).
- Segurança em matéria jurídica. - Art. 5º, II, CF/88: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. - Princípio da legalidade: visa limitar o poder do Estado, impedindo ações arbitrárias. Cabe ao Legislativo (composto por representantes eleitos pela vontade do povo) a função de criar leis que regulamentem a vida em sociedade e a ação estatal.
- Princípio da legalidade: protege o particular contra desmandos do Executivo e do Judiciário e representa o marco avançado do Estado de direito, procurando conformar os comportamentos às normas jurídicas das quais as leis são a suprema expressão (Bastos). - Princípio da reserva legal: determinados temas só podem ser regulamentados por lei em sentido estrito, criadas pelo Poder Legislativo.
- Art. 5º, XL, CF/88: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. - Art. 5º, XXXVI, CF/88: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. - Princípio da não-retroatividade das leis. Visa proteger situações definitivamente consolidadas.
- Novelino explica que este princípio, consagrado na CF/88 e na LINDB, produz consequências distintas a previsão legal impede interpretações com efeitos retro-operantes, mas não obriga o legislador; a previsão Constitucional vincula o intérprete e impede a elaboração de leis com efeitos retroativos (há exceções).
- Restrições a direitos fundamentais: uma nova lei não poderá alcançar fatos consumados no passado (retroatividade máxima), prestações vencidas e não pagas (retroatividade média) e nem alterar efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima), como regra geral (Novelino). - STF: a eficácia retroativa das leis é sempre excepcional, não se presume e deve emanar de disposição legal expressa, não podendo lesionar ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido (RE n. 244.578).
- As normas constitucionais federais é que, por terem aplicação imediata, alcançam os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima), e, se expressamente o declararem, podem alcançar até fatos consumados no passado (retroatividades média e máxima). Não assim, porém, as normas constitucionais estaduais que estão sujeitas à vedação do art. 5º, XXXVI, da Carta Magna Federal, inclusive a concernente à retroatividade mínima que ocorre com a aplicação imediata delas (AI 258.337 AgR).
- Exceções: a. as leis penais retroagem, se trouxerem benefícios ao réu; b. leis interpretativas podem ter efeitos retro-operantes, desde que não atinjam situações jurídicas e direitos subjetivos definitivamente constituídos com base na interpretação anterior;
c. leis tributárias seguem o art. 106, I do CTN e, em se tratando de retroatividade interpretativa, podem ser aplicadas a fatos pretéritos (sem imposição de penalidade) ou, em se tratando de nova lei, desde que sejam benéficas e que os fatos ainda não tenham sido definitivamente julgados (Novelino).
- Note que o objetivo do princípio é proteger o indivíduo em face do Estado. - RE n. 184.099: o princípio insculpido no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição (garantia do direito adquirido) não impede a edição, pelo Estado, de norma retroativa (lei ou decreto) em benefício do particular. - Súmula n. 654, STF: a garantia da irretroatividade da lei não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.
- Direito adquirido: o art. 6º, 2º da LINDB entende que direitos adquiridos são tanto aqueles que o seu titular (ou alguém por ele) possa exercer quando aqueles cujo começo do exercício tenha termo fixo ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. - São aqueles que podem ser exercidos a qualquer tempo, pois já se incorporaram ao patrimônio do titular.
- Atenção para estes posicionamentos do STF: - RE n. 172.082: não há direito adquirido contra disposição normativa inscrita no texto da Constituição, eis que situações inconstitucionais, por desprovidas de validade jurídica, não podem justificar o reconhecimento de quaisquer direitos.
- Sumula n. 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
- Ato jurídico perfeito: é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetivou (Pinho). - Enquanto o direito adquirido diz respeito, principalmente, ao conteúdo do ato, o ato jurídico perfeito está mais ligado às questões formais - já reuniu todos os elementos necessários para sua formação, estando apto a produzir seus efeitos, mesmo em face de nova lei que estabeleça outras exigências (Novelino).
- AI n. 292.979: os contratos submetem-se, quanto ao seu estatuto de regência, ao ordenamento normativo vigente à época de sua celebração. Mesmo os efeitos futuros de contratos anteriormente celebrados não se expõem ao domínio normativo de leis supervenientes. As consequências jurídicas que emergem de um ajuste negocial válido são regidas pela legislação em vigor no momento de sua pactuação.