Código Ambiental Brasileiro
UMA VISÃO GERAL DA QUESTÃO AMBIENTAL BRASILEIRA Valdir Colatto Eng. Agrônomo Deputado Federal vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional
BRASIL 8.514.876,599 km² 189.612.814 habitantes 26 Estados Federados e Distrito Federal 5.565 Municípios
REPARTIÇÃO DAS ÁREAS NO BRASIL Amazônia 49,29% Caatinga 9,92% Os Biomas Pantanal 1,76% Mata Atlântica 13,04% Cerrado 23,92% Pampa 2,07%
Distribuição Geográfica Brasileira Pastagem e Campos Naturais 172 20,2 Lavouras Temporárias 55 6,4 Lavouras Permanentes 17 2,0 Florestas Cultivadas 5 0,6 Unidades de Conservação Federais e Estaduais Em milhões de hectares 176 20,7 Áreas Indígenas 107 12,6 Áreas de Assentamentos Rurais 77 9,0 Áreas Devolutas e outros usos 171 20,1 Áreas Inexploradas Disponíveis para Agricultura (não considera Floresta Amazônica) 71 8,4 Total 851 100
ÁREAS AGRICULTÁVEIS DISPONÍVEIS NO MUNDO
Estrutura Agrária Brasileira - Comparação internacional Países Imóveis Área (milhões de ha) Média (ha) EUA (2002) 2.128.982 939,2 441 Argentina (2002) Austrália (2002) 297.425 174,8 588 135.400 447,0 3.301 Canadá (2001) 246.923 68,0 275 Brasil (1996) 4.290.482 418,5 98 Brasil (2006) 5.204.130 354,8 68
Famílias e áreas dos Projetos de Assentamentos Anos Nº Famílias Assentadas Nº Projetos Área (ha) Antes 1964 1.201 11 879.264 1964-1984 35.235 50 8.898.385 1985-1994 101.444 714 7.329.815 1995 42.912 387 2.544.688 1996 62.044 466 2.451.405 1997 81.944 701 3.455.917 1998 101.094 753 2.802.086 1999 85.226 670 2.109.418 2000 60.521 417 2.158.702 2001 63.477 477 1.837.883 2002 43.486 384 2.501.318 2003 36.301 320 4.573.173 2004 81.254 426 3.511.434 2005 127.506 880 14.193.094 2006 136.358 717 9.402.089 2007 572 8.772.611 Total 1.060.003 7.945 77.421.282 Fonte: SIPRA/Incra.
Estimativa de área a ser titulada como terra de quilombolas Estimativa 25 milhões de ha. 25 milhões de ha. 25 milhões de ha. 25 milhões de ha. Equivalência Área do Estado de São Paulo de 24,8 milhões de ha. Área 5,7 vezes a área do Estado do Rio de Janeiro (4,37 milhões de ha) 23% das atuais áreas indígenas (109 milhões de ha) 34,7% das atuais áreas da reforma agrária (72 milhões de ha)
CURIOSIDADES O Brasil é o 2º país do mundo em cobertura florestal nativa 1º Rússia = 800 milhões de ha 2º Brasil = 440 milhões de ha 3º Canadá = 280 milhões de há Fonte: Adaptado de Bryant et al, 1997; Morelatto e Haddad, 2000; Lentini, et al, 2005. http://rainforests.mongabay.com (2006); http://www.obt.inpe.br/prodes/2006.
EMISSÕES DE CO2 Estados Unidos = 20 toneladas habitantes ano América Latina = 2,5 toneladas habitante ano Média Mundial = 4,5 toneladas habitante ano Brasil = 1,8 toneladas habitante ano
COBERTURA FLORESTAL NATIVA O Brasil ainda mantém 60% da cobertura nativa 440 milhões há Outros África = 7,8% Ásia = 5,6% América Central = 9,7% Europa = 0,3% Cobertura florestal nativa
A Revolução Agrícola Se o Brasil utilizasse a tecnologia do passado para produzir as 160 milhões de ton de grãos que produz hoje seriam necessários mais 60 milhões de hectares de terra (100% do que utiliza hoje)
A Revolução Agrícola 41 anos depois... 1965 2006 Var. Área dos estabelecimentos agropecuários milhões ha 272,0 354,9 + 30,5% Área de Lavouras milhões ha 31,3 76,7 +145% Produção de Grãos milhões de ton 19,9 144,1 +624% Produtividade - kg/ha 946 3.039 +221% Área de Pastagens milhões ha 138,2 172,3 +24,6% Produção de Carnes milhões ton 2,1 23,0* + 1.000% População Total - milhões 81,6 185,4 +127% População Rural - milhões 39,9 30,0-24,8% Fonte: Séries estatísticas e históricas IBGE, Censos Agropecuários 1960, 1970, 2006, IBGE-LSPA IBGE-PPM, Conab * Dado relativo a 2008
Se fosse cumprida 100% da Legislação Ambiental teríamos que dizimar, por exemplo: Todo o café do Espírito Santo; Todo o café do sul de Minas Gerais; 70% das bacias leiteiras de Minas Gerais (19,5% do leite do Brasil); 90% da cana-de-açúcar do Nordeste; As plantações de maçã de Santa Catarina; Arroz do Rio Grande do Sul (70% do consumo nacional); Toda a uva do Rio Grande do Sul. Favelas / Mata Ciliar / Morros / Encostas Urbanas
PARADIGMAS Eucalipto seca a terra Agricultura é maior destruidora ambiental Transgênicos atacam ambiente Água vai acabar Largura das APPs Campos de altitude Reserva Legal : reserva de recurso X ambiental Espécies em extinção (Araucaria) Biocombustíveis diminuem plantio de alimentos Soja não é alimento Suinocultura altamente poluente
Por que plantar e produzir alimentos? Atender o consumo interno = 100 milhões ton (70% do total produzido/ano = 160 milhões de ton) O Agronegócio é o único setor da economia que mantêm a balança comercial superavitária (US$ 60 bilhões / 2010 1/3 de toda exportação) Contribui gerando 26,5% do PIB = US$ 416,3 bilhões Contribui gerando 37% do emprego = 16,5 milhões A cadeia de alimentos contribui com a arrecadação de impostos (16,9% é hoje a carga tributária a maior do mundo) Contribuímos com a diminuição do efeito estufa (sequestramos CO 2 com plantio)
RESTRIÇÕES AMBIENTAIS ÀS PROPRIEDADES RURAIS Reserva legal (20%, 35% e 80% da propriedade) Áreas de preservação permanente Vegetação em estágio médio e avançado de regeneração Unidades de conservação (federais, estaduais e municipais) Reservas indígenas, quilombolas e outras
OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO CONFORME LEGISLAÇÃO ATUAL Terras indígenas (TI) com 108,7 milhões de hectares (12,7% do total); Unidades de Conservação (UC), com 133,7 milhões (15,75%); Áreas de Preservação Permanente (APPs), uma associada ao relevo e outra à hidrografia, 226,3 milhões (26,59%); Áreas de Reserva Legal, 189,9 milhões (21,31%);
OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO CONFORME LEGISLAÇÃO ATUAL Áreas prioritárias de Preservação da Biodiversidade, 81 milhões de hectares (10%), já descontadas as áreas sobrepostas. Soma das UCs, TIs, RL e APPs 6.059.526 km² (71%) Áreas legalmente disponíveis 2.092.448 km² (29%) Produção de alimentos, fibras, energia, infraestrutura, reservatórios, estradas, cidades...
CÓDIGO AMBIENTAL CATARINENSE
CASO DA MATA ATLÂNTICA 1. ATLAS SOS MATA ATLÂNTICA /90 substitui dados oficiais 2. DECRETO 750/93 Cria limitações maiores que a Lei 3. RESOLUÇÕES CONAMA ATÉ 27/8/2008 Consolida Decreto 4. LEI 11.428/06 (MATA ATLÂNTICA) por acordo, mas houve veto ao art. 27: TODA REGIÃO FOI TRANSFORMADA EM APPs isto é: RESTRIÇÃO TOTAL DE USO 5. MAPA DE BIOMA É PREVISTO NA LEI MAS O DIFUNDIDO É O DE ECOSSISTEMAS QUE AUMENTA A ÁREA
Definição das APPs Fluviais A largura da margem do rio não é determinante para definir a largura da APP. sistemas de produçã o menor largura sistemas de produçã o maior largura lâmina d água lâmina d água MAIOR ESPESSURA MENOR ESPESSURA O declive, a textura do solo e sua profundidade é que são determinantes
Exemplos Cooperitaipu (Pinhalzinho):
Código Florestal Código Florestal (criado em 1965) 13 anos de discussão; mais de 60 modificações; Entre 1965 e 2009 foram 11 leis; As modificações não geraram solução, mas sim INSEGURANÇA JURÍDICA.
SITUAÇÃO ATUAL Mais de 16.250 atos normatizam a matéria Ausência de embasamento técnico ou científico Grande insegurança da classe produtiva Inviabilidade econômica de propriedades e empreendimentos
A Insegurança Jurídica 31 anos 24 anos 07 anos 04 anos % de Reserva Legal na Propriedade 1934 25% 1965 1989 1996 2000 20% NE/SE/S e sul do CO 50% NO / norte do CO (cobertura florestal) 20% Cerrado (entre 1979 e 1985 a fronteira foi aberta) 20% Demais 50% NO / norte MT 50% Cerrado NO/norte MT 80% NO e norte MT 20% Demais 35% Cerrado na Amazônia 80% Amazônia 20% Demais
A Insegurança Jurídica 21 anos 03 anos 1965 1986 1989 Modificações em APPs Largura da margem do rio até 10 metros 10 200 metros mais 200 metros APP (matas ciliares) 5 metros metade 100 metros até 10 metros 30 metros 10 50 metros 50 metros 50 100 metros 100 metros 100 200 metros 150 metros mais 200 metros 200m largura 50-200 metros 100 metros 200-600 metros 200 metros mais 600 metros 500 metros
Após 1988 Competência Legislativa Constituição Federal 1988, Art. 24, VI, 1º, 2º, 3º União = Normas Gerais Estados = Normas Específicas STF Existência de particularidades locais ou regionais (clima, solo, relevo).
Competência Legislativa Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.. 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
DECRETO 6.514/2008 Regulamenta a Lei de Crimes Ambientais Lei 9.605 de 12/2/98 1. INCONSTITUCIONAL: cria tipos penais, não previstos em Lei 2. ILEGAL: legislação infra-constitucional define o que é e o que não é crime. Não pode inovar no mundo jurídico. Invade a competência do Congresso de legislar. 3. ARBITRÁRIA: não foram ouvidos os setores interessados 4. CRIMINALIZA O PRODUTOR: os fiscais têm poderes exorbitantes, até para demolir. 5. CONFISCATÓRIO: o alto valor das multas é um confisco real. 6. IRREAL: estabelece prazos inexeqüíveis
DECRETO 6.514/2008 Regulamenta a Lei de Crimes Ambientais Lei 9.605 de 12/2/98 7. BUROCRÁTICO: Não considera a diversidade cultural, econômica e mesmo ambiental do País. 8. IMPATRIÓTICO: inviabiliza a atividade agropecuária em grandes extensões do território nacional. 9. DECRETO 7029/2009: 11/06/2011 10. DECRETO 7497/2011: 11/12/2011
Propostas de Modificação na legislação AMBIENTAL brasileira
ESTRUTURA DA LEI FEDERAL ORIENTADA PELA CIÊNCIA, TÉCNICA E TECNOLOGIA Estabelecer normas gerais Definir a Política valorizando o ativo ambiental Regularizar as áreas de uso consolidado Permitir que os Estados legislem suas peculiaridades Instituir o Pagamento por Serviços Ambientais
NORMAS GERAIS A união limita-se a estabelecer as diretrizes (art. 24 da Constituição Federal) O Estado elabora seu Zoneamento Econômico Ecológico ou estudo similar e identifica suas potencialidades, fragilidades e histórico de ocupação para definir onde ficarão suas reservas legais que poderão ser encargo do proprietário ou do próprio Estado. A unidade de planejamento sai da propriedade e vai para o Bioma, bacia ou Estado.
DEFINIR INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO Zoneamento Econômico Ecológico Pagamento por serviços ambientais Licenciamento mais ágil Multas sem criminalização balanço de ativos RESERVA LEGAL AMBIENTAL PROTEÇÃO DE ÁREAS FRÁGEIS APPs Unidades de Conservação lei e prazo p/ indenização
RESERVA LEGAL E APP Os Estados identificando suas áreas frágeis determinam onde e em que porcentagem deverão ser suas reservas. Pagamento a propriedades protetoras Lei 4771/65 art. 18 USAR APP COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DE BEM AMBIENTAL CARÁTER FUNCIONAL Atendendo à função a que se destina, proteção de água, de margem de rio, de solo, fluxo de fauna e flora
REVISÃO DO CÓDIGO FLORESTAL ÁREAS RURAIS CONSOLIDADAS Todas as áreas que já foram convertidas para o uso alternativo do solo (Aproveita o conceito da lei da política agrária) Data de corte em 22/07/2008 (publicação do DF 6.514/2008) Consolida falta de Reserva Legal pelo uso (sem necessidade de recompor/regenerar) Consolida uso em APP (tratamento especial práticas agronômicas conservacionistas do solo e dos recursos hídricos definidas pelos Estados)
ÁREAS RURAIS CONSOLIDADAS Cadastramento Ambiental (autodeclaratório certidão de regularidade ambiental) Remissão da responsabilidade (civil, penal, administrativo) Não autoriza novas supressões de vegetação somente legal 20%, 35% e 80% Os Estados podem definir regras de utilização (Planos de Regularização Ambiental PRA)
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Evita-se vácuo legislativo Manutenção da APP como obrigação do proprietário/possuidor (mantém regra do artº 18 da atual C.F) Descreve as possibilidades de supressão da APP: Interesse social, utilidade pública, baixo impacto, supressão eventual Atribui aos Estados a ampliação das hipóteses agrosilvopastoril, turismo rural e ecoturismo Cadastramento (autodeclaratório) Sem averbação da Reserva Legal Tratamento diferenciado para áreas consolidadas APP e RL Fontes mantém 50 x 50m de raio Lagos naturais e artificiais, sem mata ciliar até 1 HA
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Repete o dispositivo da atual Constituição Federal (como regra de transição) Remete a lei estadual a definição de parâmetros e limites: Planos de Regularização Ambiental PRA Com base em critérios técnicos e científicos Considerar aspectos ambientais, sociais e econômicos Adota a bacia hidrográfica como unidade de planejamento
RESERVA LEGAL Mantém os percentuais atuais Exonera as pequenas propriedades até 4 módulos fiscais Permite computar a APP na Reserva Legal Organiza as formas alternativas de cumprimento (condomínio, compensação em outra área, doação de área em Unidade de Conservação, arrendamento de servidão ambiental, cota de reserva) Desburocratiza a definição do local da Reserva Legal (regra geral: escolha do proprietário, a menos que haja decisão diversa do órgão estadual
RESERVA LEGAL Desburocratiza o registro da Reserva Legal (acaba com a averbação no RI, remete ao cadastramento autodeclaratório) Facilita a recomposição de Reserva Legal (regeneração natural, adensamento, enriquecimento etc) Tratamento diferenciado para áreas consolidadas Permite que a Reserva Legal não seja necessariamente obrigação da propriedade (Reserva Legal Coletiva)
RESERVA LEGAL COLETIVA Trata-se de opção dos Estados (Plano de Regularização Ambiental PRA) Mantém o percentual (aplicava a totalidade da área e não em cada propriedade individualmente) Estado define as áreas prioritárias (Ganho Ambiental) Computa outras áreas protegidas: APP s, Unidades de Conservação, terras indígenas, terras devolutas (federais, estaduais e municipais) Em áreas privadas, previsão de PSA
RESERVA LEGAL COLETIVA Admite implantação gradativa (por bacia hidrográfica) Não admite novas supressões de vegetação Em RL mantém as existentes até 4 módulos fiscais e repõe em outras áreas 1/10 a cada 2 anos 20 anos Considera a temporalidade da Lei da conversão da área agrosilvopastoril
BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Incentiva a adoção de medidas que aumentam a produtividade e diminuem a pressão por desmatamento em novas áreas Prestigia os mecanismos indicados pela Embrapa: Plantio direto, integração lavoura-pecuária-silvicultura, fixação biológica de nitrogênio, correção de solo, recuperação de áreas degradadas etc Alinhamento com a Política Nacional de Mudanças Climáticas
O maior inimigo do meio ambiente é a falta de conhecimento e do uso da ciência!
OBRIGADO! Você já comeu hoje? Agradeça ao agricultor!