EXTRATO DA 4ª REUNIÃO

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Transcrição:

EXTRATO DA 4ª REUNIÃO Data: 13/08/2015 (17h00) Presentes Módulo do Semestre Leituras Local: Faculdade de Direito da Puc-Campinas Bárbara Faber; Débora Cristine; Eduardo Zamboni; Felipe Vivas; Fernando H. R. Gogoy; Isabella Castro; Letícia Ferreira; Letícia Matos; Lívia Sarttori; Paulo Pereira; Silvio Beltramelli Fundamentos do Materialismo Histórico Dialético BENSAÏD, Daniel. Marx, manual de instruções. São Paulo: Boitempo, 2013. Deliberações I. A reunião do mês de outubro ocorrerá no dia 8, no campus 1 da Puc-Campinas, aproveitando a realização da Semana Jurídica da Faculdade de Direito no Auditório Dom Gilberto. Nos reuniremos, com antecedência, na praça de alimentação central do campus, para então decidirmos onde exatamente será o encontro. As informações, no dia, serão transmitidas em tempo real, pelo grupo do Whattsapp. Síntese dos conceitos discutidos 1 Não é nosso objetivo, nesse relatório, fazer um resumo do livro Marx, manual de instruções, de Daniel Bensaid com ilustrações de Charb, pois o próprio livro é em si um resumo das teorias de Marx, e, se fizéssemos uma síntese do resumo, correríamos o risco de deixar de lado conceitos importantes. Dessa forma, optamos por proporcionar debates baseados em ideias centrais do texto. Marx dedicou-se a estudar seu principal inimigo, o capitalismo, para entende-lo em essência e converter seus mecanismos contra ele mesmo. Dessa forma, Marx conseguiu compreender a dinâmica do capitalismo e seu sistema, criando inclusive uma fórmula para a circulação e acumulação do capital (Dinheiro Produção Mercadoria Dinheiro acumulado). No caso de uma dessas etapas ser suprimida acarretará bolha financeira e consequente crise do capitalismo. 1 Reprodução literal do ensaio apresentado ao grupo por Bárbara Breda Faber e Lívia Oliveira Sarttori. 1

Liberdade Quando Marx escolheu estudar filosofia foi reprimido pelo pai, o que suscitou a seguinte fase de Marx: nem sempre é possível abraçar a profissão para qual nós nos sentimos impelidos, porque nossas relações com a sociedade começaram, de certa forma, antes que pudéssemos determina-las. O que nos lembrou da consciência coletiva abordada por Durkheim, uma vez que o ser humano nasce em uma sociedade que já predetermina os caminhos que deve seguir. Filosofia prática O pai de Marx dizia que a filosofia não combina com o duelo, sugerindo que a filosofia pertence ao campo das ideias, sendo suas discussões utópicas e inaplicáveis a realidade. Mas, Marx buscava uma filosofia concreta, ou seja, estudando as relações sociais e as modificando pelo materialismo histórico dialético. O comunismo é universal Marx buscava desvencilhar o comunismo da sua nacionalidade, pois o comunismo é universal! Até mesmo porque havia uma controvérsia nos que lutavam pelo comunismo na Alemanha, pois eram os estudantes e a elite; Marx queria uma aproximação com os proletários da Inglaterra e França. Comunismo primitivo X Marxismo É importante destacar as diferenças, pois o senso comum critica Marx por teorias de um comunismo que não se assemelha as propostas de Marx. No comunismo primitivo não há abolição da propriedade privada para se tornar coletiva, e simplesmente os homens não são proprietários são pobres, no sentido de não terem nada e no entanto, também não há carência, pois há uma destruição da cultura civilizada. Já em Marx, a abolição da propriedade privada vem pela revolução. O comunismo primitivo baseia-se no nivelamento a partir do mínimo, o que seria errôneo aderir isso aos pensamentos de Marx. 2

O comunismo primitivo quer estender a categoria de trabalhador para todos, enquanto Marx busca suprimi-la. Fetichismo O fetichismo é dar um valor maior ao objeto do que ele realmente tem, projetando nele uma crença que na verdade é pura ilusão. Tal ilusão aliena o homem, não permitindo que vislumbre a miséria em que vive. O fetichismo pode estar no Dinheiro, na Religião (ópio do povo), etc. Religião Marx propõe o enfraquecimento da religião pela razão, começando pela laicização do Estado e sendo o ideal que todos abandonem suas crenças, porque sem as crenças/ilusões ninguém toleraria um estado de miséria. Movimentação de classes Teoricamente no capitalismo as pessoas têm liberdade para tecerem seu futuro, uma vez que há maleabilidade entre as classes sociais, podendo um homem nascido pobre obter ascensão social pelo trabalho. Mas, na realidade, o indivíduo transforma seu tempo de vida em tempo de trabalho e mesmo assim não tem espaço para crescer no sistema capitalista, sendo impossível uma evasão social em massa, pois aqueles que conseguem ascensão social são a exceção. Relação de Classes A relação de classes entre capitalistas e assalariados nasce quando há separação entre o trabalhador e os meios de produção, e o segundo é visto como propriedade alheia do primeiro. Democracia O comunismo é, antes de tudo, democracia. Pois não há democracia sem redistribuição social, política e economia. 3

Globalização A globalização promoveu a circulação do capital sem fronteiras e a troca de mercadorias. Mas também propiciou a exploração da mão de obra, violando os direitos humanos. Fazendo um gancho com a ecologia, a utilização desmedida da natureza gera o progresso pelo lucro, mas, em contrapartida há o regresso na exploração e morte gradual do solo. Quem paga seu salário? O trabalhador paga seu próprio salário, insistimos nisso pois, se desdobrarmos a relação trabalhista, o mais valor produzido pelo trabalhador é a fonte e próprio lucro, sendo que deste capital enorme gerado pela mercadoria do trabalhador sua força de trabalho será retirado uma pequena quantia referente ao seu salário. Estrutura capitalista Na sociedade onde predomina o sistema de trocas, baseia-se nas necessidades, ou seja, interesse que precisa ser prontamente atendido. Já no capitalismo, não se produz mais em função da necessidade, mas do lucro que não se importa com necessidades sociais, apenas com demanda solvente, pois, se não houver procura haverá crise. Capital, terra e trabalho! Os meios de produção monopolizados por uma parte da sociedade são personalizados no capital. A terra, massa de matéria rude e bruta só produz renda se fecundada por certa quantidade de trabalho. Logo, o trabalho é a razão de ser do capital e terra, além de ser o que mantém o sistema capitalista. Convidamos todos a imaginar o que seria do sistema capitalista sem o trabalhador. Assim perceberemos porque Marx defende que a iniciativa de romper com o sistema capitalista parta deles. 4

Leituras para a próxima reunião: MARX, Karl. O capital Livro I: O processo de produção do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2014. p. 113-158; HARVEY, David. Para entender O Capital Livro I. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 25-60. 5