Ciência, Tecnologia e Indústria para um novo Brasil

Documentos relacionados
Investimento em inovação para elevar a produtividade e a competitividade da economia brasileira:

Inovação e Competitividade! João Alberto De Negri! Secretario Executivo MCTI!

Fomento à Produção Nacional. Painel de Debate 16/4/2013

Missão. Visão. Transformar o Brasil por meio da Inovação.

Título da Apresentação

Agenda. Inovação. A Finep. Instrumentos de Apoio (Reembolsável, Não-Reembolsável, Fundos) Inova Empresa / Inova Saúde. Programas de Descentralização

Ana Lúcia Vitale Torkomian. Secretária Adjunta de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia

POLÍTICAS PÚBLICAS DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E

Financiadora de Estudos e Projetos. Agência Brasileira de Inovação

INOVAR E INVESTIR PARA SUSTENTAR O CRESCIMENTO Fórum do Planalto 03/07/2008

Seminário sobre Inovação e Tecnologia APIMEC INOVA EMPRESA. Helena Tenório Veiga de Almeida. Chefe do Departamento de Inovação

Investimento em inovação para elevar a produtividade e a competitividade da economia brasileira:

EQPS Belo Horizonte. Política de Software e Serviços: Política Industrial & Plano de Ação C,T&I

Título da Apresentação

A Mobilização Empresarial pela Inovação: 25/05/2011

Apresentação Institucional. Instrumentos de apoio. Evolução dos recursos. Apresentação de propostas

Título da Apresentação

Departamento de Energia e Tecnologias Limpas DENE

Projeto: Rede MERCOSUL de Tecnologia

Brasil: Política Industrial e Inovação

Plano Plurianual

A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO DO GOVERNO FEDERAL E A MACROMETA DE

FÓRUM DAS ESTATAIS PELA EDUCAÇÃO Diálogo para a Cidadania e Inclusão

A Mobilização Empresarial pela Inovação: síntese dos trabalhos e principais resultados

Política de Software e Serviços

Fomento à Inovação e Negócios em Ciências da Vida em Belo Horizonte

Glauco Arbix Observatório da Inovação Instituto de Estudos Avançados - USP. Senado Federal Comissão de infra-estrutura Brasília,

Workshop sobre Apoio a Empresas de Base Tecnológica em SP Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico FAPESP

PRIORIDADES E DESAFIOS PARA POLÍTICAS EM NÍVEL SUB-NACIONAL

O BNDES E A INOVAÇÃO

Núcleo de Capital Inovador. Estratégia de Inovação e Difusão Tecnológica

Tributação e Incentivos à Inovação

Audiência Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) Senado Federal

Elevar P&D nas empresas. Incentivar projetos de maior risco tecnológico. Integrar: Crédito + Subvenção + Nãoreembolsável

DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, GERAÇÃO DE EMPREGO E INCLUSÃO SOCIAL. XII Seminario del CILEA Bolívia 23 a 25/06/2006

Inovar para competir. Competir para crescer.

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

Plano BrasilMaior 2011/2014

O desenvolvimento da indústria fornecedora de bens e serviços para petróleo e gás no Brasil e o BNDES

I Seminário Internacional Software e Serviços de TI. Políticas Públicas e Estratégias Empresariais para a AL e o Caribe. São Paulo.

Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria São Paulo, 13 e 14 de maio de 2015

Fundada em março de 2009 com capital integralizado de R$ 1 bilhão

InovaCamp. Dezembro / 2014

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Comitê Gestor do SIBRATEC. Resolução Comitê Gestor SIBRATEC nº 003, de 9 de abril de 2008.

ENCTI. C,T&I: Protagonistas do Desenvolvimento Sustentável. Ministro Marco Antonio Raupp. Estratégia Nacional Ciência, Tecnologia e Inovação

V CINFORM Encontro Nacional de Ciência da Informação. Política de Informação Pública

APRESENTAÇÃO NO INSTITUTO DO VAREJO

Plano Brasil Maior e o Comércio Exterior Políticas para Desenvolver a Competitividade

Reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação -MEI

Fórum Nacional do CONFAP. Avaliação do Cenário de C, T & I no Brasil

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Outubro 2009

Programas de crédito e políticas de financiamento para a produção sustentável: a experiência do Banco da Amazônia

Plano Brasil Maior 2011/2014. Inovar para competir. Competir para crescer.

Plano Brasil Maior e as Micro e Pequenas Empresas Agenda de Ações para Competitividade dos Pequenos Negócios. Curitiba, 20 de novembro de 2012

Levantamento da Base. Industrial de Defesa. Levantamento da Base. Industrial de Defesa (BID) Reunião Plenária do COMDEFESA

O Papel da FINEP como Fomentadora de Projetos de Inovação Tecnológica EDGARD ROCCA Área de Institutos Tecnológicos e de Pesquisa AITP

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior Construindo o Brasil do Futuro

Da Ideia ao Recurso: apoio financeiro para Inovação Tecnológica

IV. Visão Geral do Mapa Estratégico da Indústria Capixaba 2008/2015

A importância das exportações de serviços e da internacionalização das empresas brasileiras

Os Princípios do IDFC para Promover um Desenvolvimento Sustentável 1

PROGRAMAS PARA FORTALECER A COMPETITIVIDADE MADEIRA E MÓVEIS

Sistema de Financiamento a Ciência, Tecnologia & Inovação. Subsídios para Discussão

3a CONFERE NCIA DO CONSO RCIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS SOBRE INOVAC A O E EMPREENDEDORISMO Poli ticas e Recursos de Apoio ao Empreendedorismo Mesa 3:

Título da Apresentação. ABINEE TEC 2012 Programas de Financiamento para a Sustentabilidade na Indústria

Portugal 2020: Investigação e Inovação no domínio da Competitividade e Internacionalização

O MCTI E SUA POLÍTICA DE FOMENTO À INOVAÇÃO

O País que Queremos Ser Os fatores de competitividade e o Plano Brasil Maior

INICIATIVA ESTRATÉGICA CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

Instituto de Engenharia

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO

Minuta do Capítulo 10 do PDI: Relações Externas

Painel B3: Transferência de Tecnologia

Impacto do Fundo Social na Ciência e Tecnologia e Política Industrial

MANUAL PARA O PROGRAMA DE INCUBAÇÃO INEAGRO-UFRRJ

Uma Política Industrial para o Brasil

Desafios da Inovação no Brasil

NOTA TÉCNICA 0036_V1_2014 REALIZAÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DE COMÉRCIO EXTERIOR ENCOMEX 2014 JARAGUÁ DO SUL

São Paulo: múltiplas oportunidades que impulsionam seus negócios

INOVAR E INVESTIR PARA SUSTENTAR O CRESCIMENTO DESONERAÇÃO E EQUALIZAÇÃO

4º Seminário Internacional de Atenção Primária/ Saúde da Família Ministério da Saúde: Pesquisa e inovação em APS no SUS

PROGRAMA NACIONAL DE APOIO ÀS INCUBADORAS DE EMPRESAS E PARQUES TECNOLÓGICOS P N I. Ministério da Ciência e Tecnologia

Inovação & Sustentabilidade

Perspectivas para o Mercado de Sw & Serviços de TI:

DESAFIO PORTUGAL 2020

Programa Inovar Seed Forum e Forum de Anjos como Politica Pública de Promoção do Empreendedorismo Inovador

Programa Operacional Regional Alentejo 2014/2020

PROGRAMA RS TECNÓPOLE

A Atuação da Finep em Energia e Tecnologias Limpas DENE

POLÍTICA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

ABDI A ) O

Análise da operação do instrumento de subvenção econômica à inovação no Brasil Ana Czeresnia Costa Marina Szapiro José Eduardo Cassiolato

Tema 4. Legislação educacional e gestão acadêmica para a qualidade do Ensino, Pesquisa e Extensão. Maria Zaíra Turchi

PROGRAMA BOM NEGÓCIO PARANÁ- APOIO AO EMPREENDEDORISMO AVALIAÇÃO DO NÚCLEO MARINGÁ

Fundos Estruturais e de Investimento

Plano Brasil Maior 2011/2014

Pesquisa Clínica Intercâmbio de Conhecimento e Fator Gerador de Riquezas. Dr. Mário Bochembuzio Merck Sharp Dohme

1ª CHAMADA PÚBLICA PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS (CsF) PROCESSO SELETIVO INTERNO DO CsF RESOLUÇÃO 04/2013

Me. GIOVANA F. PUJOL

SECRETARIA DE INOVAÇÃO

Transcrição:

ANAIS DA 65ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC RECIFE, PE JULHO/2013 Ciência, Tecnologia e Indústria para um novo Brasil Glauco Arbix Somente a inovação será capaz de reverter o quadro de estagnação da economia brasileira, cuja produtividade hoje permanece praticamente inalterada desde 1980. Nesse mesmo período, a produtividade da economia dos países asiáticos triplicou. Conforme pode ser observado no gráfico abaixo. Para viabilizar odesenvolvimento sustentável, é preciso alterar o padrão de desenvolvimento das empresas brasileiras por meio da inovação e tecnologia, essa é a única saída.

Há avanços recentes registrados no Brasil no sentido de estruturar um sistema mais integrado e coerente para a indução da inovação na economia, a inovação foi incorporada como política permanente de Estado, por meio das seguintes ações: 1. Políticas industriais: PITCE (2004), PDP (2008), Brasil Maior (2011), Inova Empresa (2013) 2. Novas estratégias empresariais com foco na inovação 3. Novas Instituições e maior articulação entre agências 4. Marco regulatório e legal mais qualificado e avançado 5. Programas com foco e integração de instrumentos de apoio 6. Descentralização e expansão da pesquisa científica e P&D 7. Ciência sem Fronteiras 8. Crescimento do volume de recursos para CT&I 9. Programas de Venture Capital e Equity para Tecnologia 10. MCT incorpora I e executa novas estratégias de inovação O quadro abaixo apresenta a evolução do marco legal e institucional da CT& I no Brasil:

Instrumentos como os Fundos Setoriais, criados no final dos anos 90, assim como a Lei do Bem (nº 11.196/2005) e a Lei da Inovação (nº 10.973/2004), adotadas na esteira da Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE - 2004) ocupam lugar de destaque na construção de um ambiente de incentivo à inovação. Ao lançar o Plano Inova Empresa, com investimentos de R$ 32 bilhões, o governo federal deixou clara a relevância da inovação como instrumento essencial para elevar a produtividade e a competitividade da economia. Para tal, o plano tem as seguintes diretrizes: Elevar P&D nas empresas, incentivar projetos de maior risco tecnológico, integrar: Crédito, Subvenção, não reembolsável e equity, potencializar o uso do poder de compra do Estado, descentralizar para melhor alcançar pequenas empresas e reduzir prazos por meio da simplificação administrativa. Do total de R$ 32 bilhões, R$28,5 trata-se de investimentos diretos (R$20,9 bi de crédito, R$1,2 bi de subvenção, R$4,2 bi de não responsável e R$ 2,2 bi de renda variável) e R$4,4 bi de instituições parceiras. O plano representa uma articulação institucional inédita entre FINEP, BNDES,12 ministérios (Educação, Agricultura Pecuária e Abastecimento, Fazenda,Defesa, Minas e Energia, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Saúde, Trabalho e Emprego, Meio Ambiente, Comunicações, Ciência Tecnologia e Inovação, além da Secretaria da Micro e Pequena Empresa)agências (ANP,ANEEL, ANATEL) empresas (Petrobrás, Embrapa) e além do FAT, SEBRAE e CNI, favorecendo a mobilização de competências e recursos. Tem foco e concentra suas ações nos segmentos críticos de tecnologia; prevê a integração de instrumentos como crédito, subvenção, não reembolsável e equity, hoje similares às melhores práticas internacionais; estabelece uma porta única de entrada nos programas prioritários; e descentraliza as ações de crédito (INOVACRED)e subvenção (TECNOVA) para melhorar a qualidade do atendimento a milhares de empresas de pequeno porte. O Inova Empresa está divido em ações estratégicas tais como; cadeia agropecuária (R$3 bilhões), energia (R$5,7 bilhões), petróleo e gás (R$4,1 bilhões), complexo da

saúde( R$3,6 bilhões), complexo aeroespacial e defesa( R$2,9 bilhões), tecnologias de informação e comunicação- TICs (R$2,1 bilhões) além de sustentabilidade socioambiental ( R$2,1 bilhões). No âmbito das ações transversais, estão previstos recursos para P&D, inovação incremental, engenharia de produto e processo (R$ 1 bilhão), descentralização para micro e pequenas empresas (R$1,8 bilhão) e infraestrutura para inovação(r$ 2,2 bilhão). As condições de financiamento do plano são inéditas, taxa de juros de 2,5% a.a a 5% a.a, alavancagem de até 90% de cada projeto, prazo de carênciade até 4 anos e prazo para pagamento de até 12 anos. Há demanda? Não há dúvida. Mesmo com o ritmo mais lento da economia, projetos relevantes continuam chegando à Finep e ao BNDES. Os programas Inova (petróleo, saúde, aeroespacial, defesa, agro, etanol, fármacos), além de introduzirem a competição pelo crédito, avançam para o apoio às estratégias das empresas, ampliando o foco, hoje restrito a projetos. Esse arranjo está na raiz da elevação da qualidade das propostas apresentadas. Os resultados preliminares do programa Inova Fármacos, com demanda três vezes superior à dotação inicial (R$ 1,3 bilhão), mostram o avanço da inovação empresarial com base na articulação público-privada. Na realidade, os arranjos montados entre empresas, institutos de pesquisa e Finep, coordenados pelo Ministério da Saúde e com base no uso do poder de compra do Estado, fazem do Inova Fármacos o programa de política tecnológica mais avançado das últimas décadas. Biofármacos, vacinas, hemoderivados, soros e toxinas serão produzidos com alta tecnologia para atender à população e combater flagelos como câncer, diabetes e artrites, entre outros; ao mesmo tempo, o programa contribuirá para a construção de uma autêntica indústria nacional de fármacos, avançada e de alta tecnologia. A redução de prazos e simplificação administrativa, parte do esforço pelo aumento da qualidade dos serviços e desburocratização das atividades, pilar importante do plano Inova Empresa,foi mais um desafio aceito pela Finep. Em 2009-2010 o prazo médio de contratação do crédito era de 452 dias,em 2011-2012 o prazo foi reduzido para 112 dias, e para aumentar a eficiência, a FINEP alterou todos os seus processos e a partir de 03/09/2013 vai enquadrar todos os seus projetos em até 30 dias, ou seja em 30 dias as

empresas saberão as condições de juros, prazos e cobertura para decidirem se assinam ou não um contrato com a Finep. O Brasil de hoje tem um sistema de Inovação mais forte, melhor distribuído, aparato institucional mais avançado e agências mais ágeis. Políticas industriaisampliam o esforço pela inovação, estimulam P&D nas empresas, articulam instituições e descentralizam ações para pequenos empreendimentos. O plano Inova Empresa é a expressão mais avançada da evolução da CT&I desde a criação dos Fundos Setoriais. Contudo, ainda existemdesafios rumo a uma economia e sociedade puxadas pela inovação tais como: Aumentar e acelerar investimento em C&T&I Estimular sinergias com inovação nas empresas Focalizar áreas prioritárias e concentrar recursos em projetos estratégicos Incluir no PAC projetos científicos e tecnológicos estruturantes Aperfeiçoar instrumentos de venture capital e equity Elevar o volume de investimentos privados em P&D Ampliar a formação de capital humano para desenvolvimento de tecnologias ênfase nas engenharias Acelerar a internacionalização da Ciência e centros geradores de tecnologia Assim como a presidenta Dilma Rousseff implementou um plano abrangente para impulsionar a inovação - o Inova Empresa -, é urgente a preparação de um Inova Ciência, programa capaz de atrair cérebros do exterior, completar a infraestrutura científica nacionalmente, dotar o País de grandes e novos centros de pesquisa e dar oportunidade a milhões de estudantes e pesquisadores para gerar a C&T de que tanto precisamos. Só um plano com prioridades claras será capaz de superar a pulverização atual do investimento e estimular toda uma nova geração de pesquisadores e cientistas. Um plano que em uma geração coloque o País na fronteira do conhecimento em energia e

sistemas ambientais, biotecnologia, inteligência artificial e robótica, nanotecnologia e manufatura digital, redes e sistemas de computação, medicina e neurociências e aeroespacial. Em torno desses campos de pesquisa é possível constituir plataformas críticas para uma mudança estrutural da nossa ciência capaz de alimentar e ser alimentada por uma economia e um ambiente inovador, de que tanto necessitamos.investir em gente, na geração de conhecimento e em tecnologia é o que torna uma nação mais rica.