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Puerto Iguazú Argentina XIII ERIAC DÉCIMO TERCER ENCUENTRO REGIONAL IBEROAMERICANO DE CIGRÉ 24 al 28 de mayo de 2009 Comité de Estudio C5 - Mercados de Electricidad y Regulación XIII/PI-C5-13 IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO PARA FATURAMENTO DOS AGENTES DA CCEE UMA AVALIAÇÃO DO APARATO REGULATÓRIO D. CAPETTA (*) E. MELO L.C.R. GALVÃO CCEE CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CCEE CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP ENERGIA ELÉTRICA ENERGIA ELÉTRICA BRASIL RESUMO - Este informe técnico apresenta uma avaliação de forma crítica dos aspectos relativos à adequação/instalação dos Sistemas de Medição para Faturamento - SMF no que diz respeito aos aspectos regulatórios, especificação técnica e responsabilidades, como também aborda as atuais discussões existentes entre os Agentes de Mercado. O processo de implantação do SMF é de fundamental importância para assegurar o processo de contabilização e liquidação do mercado de curto prazo realizado pela CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. PALAVRAS CHAVE: Regulação; Agentes de Mercado; Medição de Energia Elétrica; Sistemas de Medição para Faturamento. 1. INTRODUÇÃO A profunda transformação ocorrida na última década no Setor Elétrico Brasileiro, com a adoção da abertura do mercado, com opção de compra inicialmente para um determinado grupo de consumidores que poderiam optar por comprar energia no mercado livre, sendo, portanto desobrigado a ser atendido obrigatoriamente pelo distribuidor local na qual sua instalação esteja conectada, trouxe consigo um grande avanço na questão relativa à possível redução de custos com a aquisição de energia, sendo o insumo tratado então como uma commodity. Com a abertura de mercado ocorreu então a necessidade de se realizar as operações de mercado, ou seja, se realizar a contabilização e liquidação do mercado e a obtenção dos dados de medição então se tornam imprescindível para manutenção da operação e confiabilidade do processo. Atualmente no Brasil, vários consumidores optaram por adquirir energia elétrica no mercado livre, sendo que a implantação dos Sistemas de Medição para Faturamento suscita questionamentos entre os Agentes envolvidos, pois quando das implantações, a legislação atual determina que os custos devam ser arcados (*) Alameda Santos, 745-9º andar - Cerqueira César CEP 01419-001 - São Paulo, SP Brasil. Tel: (55 11) 3175 6626 Fax: (55 11) 3175 6637 Email: dalmir.capetta@ccee.org.br

pelos Consumidores Livres e a responsabilidade técnica e de execução cabe aos Agentes de Medição, surgem então questões quanto aos custos apresentados, à restrição imposta muitas vezes por opção de instalar equipamentos específicos que atendam o padrão técnico da empresa detentora da rede de distribuição, sendo que estes custos são diversas vezes apontados pelos Consumidores Livres como fator impeditivo para continuidade da abertura do mercado de energia no Brasil para um número maior de unidades consumidoras. Dentro deste arcabouço regulatório, é fundamental se abordar o tem no intuito de buscar o aprimoramento regulatório para manutenção das implantações dos Sistemas de Medição para Faturamento. 2. MOTIVADORES A questão de medição de energia elétrica no Brasil evoluiu significativamente nos últimos anos quer seja nas questões tecnológicas dos equipamentos de medição, comunicação de dados, softwares e sistemas de coleta de dados que visam à medição, registro, coleta e tratamento dos dados que permitam o faturamento de montantes de energia transacionados entre os Agentes integrantes do mercado, quer seja livre ou cativo. Com a abertura de mercado e opção de compra de energia de forma diversificada e com o conseqüente surgimento de novos atores no cenário do Setor Elétrico Brasileiro, o tema medição tomou novo impulso que seja no aprimoramento das especificações técnicas, melhoria na classe de exatidão dos equipamentos e incremento da opção de novos medidores eletrônicos com multi-função agregadas, que substituíram rapidamente o parque de medidores eletromecânicos instalados nos pontos de intercâmbio de energia entre empresas, usinas geradoras de energia, interligações internacionais, serviços auxiliares de usinas e subestações, bem como nas unidades consumidores que se tornaram livres. Como toda esta mudança e evolução ocorrida no mercado, tornaram-se necessária a adaptação dos Agentes e entidades do Setor Elétrico Brasileiro no sentido de atuar dentro de um mercado de energia e a questão da medição está em um estágio irreversível que exige a erradicação de dúvidas ou discussões com relação à implantação dos Sistemas, portanto a questão referente aos custos envolvidos, responsabilidades, possibilidade de flexibilização nos requisitos técnicos atuais que normalmente são objeto de questionamentos dos Agentes é o fator que motiva a exploração sobre o tema e a proposição de sugestões para aprimoramento do aparato regulatório sobre a medição de energia elétrica no âmbito no mercado de energia no Brasil. 3. APARATO REGULATÓRIO Para permitir a compreensão dos aspectos a serem abordados cabe inicialmente destacar os principais e recentes marcos regulatórios que definem as responsabilidades dos Agentes e prazos que foram estabelecidos 2

para a instalação e ou adequação dos Sistemas de Medição para Faturamento nos Pontos de Medição do Sistema Interligado Nacional. Inicialmente a Resolução ANEEL 264 de 1998, de 13 de agosto de 1998, estabelecia as condições para contratação de energia elétrica por consumidores livres, em seu Art. 8º que os equipamentos de medição seriam de propriedade do concessionário ou permissionário proprietário do sistema elétrico ao qual a unidade do consumidor livre estivesse conectada, podendo ser instalado equipamento adicional a critério do comercializador ou consumidor. Nota-se aqui que se inicia uma nova etapa neste processo, pois permitia a instalação de equipamento adicional por parte dos outros Agentes envolvidos, sendo este um sinal claro da abertura do mercado competitivo. Posteriormente, a Resolução ANEEL nº 281, de 01 de outubro de 1999, em seu Art. 18 3º estabelecia que responsabilidade técnica e financeira pela instalação do Sistema de Medição para Faturamento era da detentora do fio onde a unidade consumidora estava conecta, sendo que o investimento seria ressarcido via encargo de conexão. A Resolução ANEEL nº. 344, de 25 Junho de 2002, defini as datas limites para a entrada em operação comercial do Sistema de Medição para Faturamento, fixando em 31/07/2003 a operacionalização da primeira etapa da medição (medição no lado de baixa da transformação, considerando as conexões que constam da Resolução ANEEL nº. 166, de 31 de Maio de 2000), e a segunda etapa para 31/12/2004 (medição no lado de alta da transformação conforme Resolução ANEEL nº. 433, de 10 de Novembro de 2000). Em ambas as situações foram definidas as fronteiras da Rede Básica; A Resolução Normativa ANEEL nº. 067, de 08 de Junho de 2004, altera então os critérios de adequação do sistema de medição, tal que os Consumidores Livres fossem responsáveis financeiramente pelo seu SMF. Também estabelece novos prazos para instalação dos Sistemas de Medição de Faturamento para as concessionárias de distribuição, e a obrigação para o MAE Mercado Atacadista de Energia, sucedido pela CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, disciplinar em seus Procedimentos, as condições para a aplicação de penalidade pela não observância das datas definidas. Em complemento, no Art. 8º estabeleceu que as concessionárias ou permissionárias devessem instalar em sua área de concessão Sistema de Medição nos barramentos com tensão inferior a 230 kv, ligado aos transformadores de potência integrantes da Rede Básica. No 1º estabeleceu que as concessionárias ou permissionárias de distribuição que compartilhem as DIT s (Demais Instalações de Transmissão Compartilhadas) e devem também instalar Sistema de Medição para Faturamento em cada ponto de conexão com as referidas instalações. 3

A mesma Resolução 067/04 em seu 4º estabeleceu que para os pontos de medição existentes na data de publicação da Resolução (08/06/2004), além da Especificação Técnica citada da Resolução ANEEL nº. 344, de 25 de Junho de 2004, as concessionárias ou permissionárias de distribuição devem observar: - data limite de 31/12/2004 para entrada em operação dos medidores; - data limite de 30/06/2005 para entrada em operação dos transformadores de instrumentos, com a classe de precisão requerida; O 5º da Resolução 067/04 estabeleceu que o MAE Mercado Atacadista de Energia Elétrica (órgão sucedido pela CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), deveria disciplinar, nos Procedimentos de Mercado (atuais Procedimentos de Comercialização), as condições para aplicar penalidades à concessionária ou permissionária de distribuição que não observar as datas limites estabelecidas no 4º, independente da ação fiscalizadora da ANEEL. A referida Resolução 067/04 não faz menção aos Pontos de Medição de Geração, embora no Módulo 12 dos Procedimentos de Rede do ONS, existe o item referente à Localização dos Pontos de Medição que cita que deve ser instalado SMF: nas Unidades Geradoras onde existe contabilização de serviços ancilares; nas Unidades Geradoras de Usinas despachadas centralizadamente pelo ONS para medição de geração bruta nas Unidades Geradoras ou por Grupo de Unidades Geradoras, para a medição de Geração Líquida. Embora, os prazos para implantação dos Sistemas de Medição para Faturamento dos Pontos de Medição de geração estavam definidos na Resolução ANEEL nº. 344, de 25 de junho de 2002. No final do ano de 2005 a discussão sobre a questão da medição em consumidores livres começa a ter proporções maiores e as discussões começam a impedir a continuidades das implantações dos Sistema, então o órgão regulador emitiu o Despacho ANEEL nº. 73, de 13 de Janeiro de 2006, que permitiu a migração de consumidores cativos para a condição de livres, mantendo temporariamente o seu sistema de medição existente, até que ato complementar emitido pela ANEEL definisse prazo para sua adequação. A partir deste momento a CCEE, de forma complementar, elaborou e submeteu à aprovação da ANEEL o Procedimento Provisório para Adequação do Sistema de Medição de Faturamento ao SCDE (válido até 31.03.2007 Oficio SEM ANEEL nº. 124/2006), cujos anexos - Termos de Compromisso / Termos de Adequação - firmavam, respectivamente, o comprometimento em realizar a adequação do SMF conforme 4

cronograma com data definida ou a adequação definitiva conforme prazos a serem definidos pela ANEEL. Este documento foi o precursor dos atuais Procedimentos de Comercialização que norteiam o mercado na questão da medição no mercado que atualmente são quatro que são mencionados a seguir. A Resolução Autorizativa ANEEL nº. 787, de 23 de Janeiro de 2007, autoriza também a utilização em caráter provisório da Revisão 1 do Módulo 12 dos Procedimentos de Rede do ONS, ressaltando que a Revisão 1 contempla a inclusão da Especificação Técnica do Sistema de Medição para Faturamento, que apresenta como novidade a permissão de uso de medidores classe 0,5 (2 quadrantes) para Pontos de consumidores livres atendidos em tensão inferior a 44 kv. Este é o primeiro sinal de flexibilização permitido nos requisitos técnicos até então exigidos, ou seja, flexibiliza-se a utilização de um novo tipo de medidor com características técnicas diferentes, embora única e exclusivamente para unidades de consumidores livres. A Resolução Normativa ANEEL nº. 248, de 23 de Janeiro de 2007, estabelece que para implementação do SMF dos consumidores livres e especiais, existentes e com SMF não adequados, que assinaram os Contratos de Uso e de Conexão em data anterior à aprovação da Resolução ANEEL nº. 208, de 7 de junho de 2001 ou em data posterior à aprovação da Resolução ANEEL n 67, de 08 de Junho de 2004, deverão observar o prazo de 30 de outubro de 2007 para adequação do SMF conforme requisitos técnicos integrantes na Revisão 1 do Módulo 12 dos Procedimentos de Rede do ONS. Para os consumidores que assinaram seus Contratos de Uso e de Conexão entre as datas da Resolução nº. 208/01 e da Resolução n 67/04, a adequação deverá ser realizada e custeada pela concessionária ou permissionária a qual se conecta até o prazo de 30.10.2007. Os novos consumidores que exercerem a opção pelo Ambiente de Contratação Livre após a publicação da Resolução Normativa nº. 248/2007 também deverão respeitar o prazo de 30.10.2007 para adequarem ao seu SMF, e após essa data, a adequação deverá ser prévia a entrada em operação comercial. A Resolução nº. 248/07, também contempla a forma de ressarcimento das distribuidoras, e dispõe que a concessionária de transmissão acessada poderá efetuar a compra dos equipamentos de medição para faturamento e cobrar o valor da concessionária ou permissionária de distribuição, via encargo de conexão, hipótese em que a propriedade do equipamento será da concessionária que foi acessada. Atualmente os Procedimentos de Comercialização: PdC ME.04 - Mapeamento de Pontos de Medição no SCDE; PdC ME.05 - Manutenção do Cadastro de Medição do SCDE; PdC ME.06 - Coletar Dados de Medição do SCDE; e PdC ME.07 Apuração de Não Conformidades e Penalidades de Medição, aprovados pela ANEEL através da emissão do Despacho SEM-ANEEL nº 934, de 07 de março de 2008, são os 5

Procedimentos vigentes que regem as operações dos Agentes e da CCEE, com relação ao tema medição. Ocorre então mediante a aprovação de utilização dos Procedimentos o sinal de aplicação de penalidades de medição aos Agentes que não cumprirem suas obrigações com relação aos aspectos de adequação/implantação dos Sistemas de Medição para Faturamento, no que se refere aos requisitos técnicos e atendimento aos prazos estabelecidos na legislação. Na última década o órgão regulador busca o aprimoramento regulatório visando à estabilidade do processo e disciplinar as questões de operação do mercado devido à aprovação de procedimentos que norteiam as questões de comercialização de energia, requisitos técnicos exigidos, responsabilidades dos Agentes no processo, prazos envolvidos e eventual aplicação de penalidades aos Agentes que não cumprirem com suas obrigações estabelecidas em legislação. Portanto, a questão regulatória está em um patamar que denota significativa evolução, embora não basta se ter legislação, deve-se então se certificar se o mercado está atendendo esta legislação e o acompanhamento para permitir o aprimoramento regulatório deve ser permanente. 4. IDENTIFICAÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL No Sistema Elétrico Brasileiro existem atualmente 4.906 (Quatro Mil Novecentos e Seis) Pontos de Medição que obrigatoriamente devem ser dotados de Sistemas de Medição para Faturamento que atendam os requisitos previstos no Submódulo 12.2 dos Procedimentos de Rede do ONS, sendo que este total de Pontos de Medição representa um total de 8500 (Oito Mil e Quinhentos) medidores instalados, cujos dados de medição são coletados diariamente pela CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica visando a contabilização e liquidação do mercado. Estes Pontos de Medição se classificam em: Pontos de Geração Líquida e Bruta, Distribuição, Consumidores Livres, Intercâmbio entre Agentes, Intercâmbio Internacional e Serviços Auxiliares de Usinas e Subestações. Atualmente do total de Pontos de Medição mapeados, 10% (Dez por Cento) ainda não estão dotados de Sistemas de Medição para Faturamento no padrão requerido, advindo desta situação as discussões que se pretende tratar. As principais discussões existentes no mercado, no que se refere à implantação dos Sistemas de Medição para Faturamento nestes pontos, são apresentadas invariavelmente e de forma sistemática pelos Agentes, neste caso, Agentes de Medição e Consumidores Livres e se tornam por inúmeras oportunidades fatores de entrave que motivam os atrasos ou a seqüência das implantações dos Sistemas. Estas questões são comumente objeto de questionamentos que são encaminhados para a ANEEL Agência Nacional de Energia 6

Elétrica, CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico, de acordo com o assunto e competência de cada entidade: a) como administrar os custos de leitura e envio dos dados para a CCEE, uma vez que não existem custos referenciais; b) não concordância por parte dos Clientes Livres, no que se refere aos custos apresentados pelos distribuidores (Agentes de Medição); c) divergências significativas nos custos de aquisição de equipamentos de medição de diferentes Agentes de mercado; d) atender aos Clientes Livres no que concerne à implantação dos sistemas com empresas de sua livre escolha visando o estabelecimento de concorrência, visando à redução dos custos de adequação/implantação dos Sistemas de Medição para Faturamento; e) homologação de empresas que possam prestar serviços de adequação/implantação dos Sistemas, bem como serem responsáveis pelo envio de dados para a CCEE, tornando-se assim o Agente de Medição responsável pelos Pontos de Medição; f) possibilidade de flexibilizar os requisitos técnicos para Pontos de Medição que apuram pequenos valores de energia ou até mesmo a desobrigação de implantação de Sistemas de Comunicação aos medidores, principalmente em locais onde ocorra a dificuldade de implantação de infra-estrutura de comunicação de dados; g) extensão da flexibilização no que diz respeito à utilização de medidores classe 0,5 (2 quadrantes) para pontos de consumidores livres sem distinção do nível de tensão ao qual são atendidos; h) aceitação de apuração de medição por diferença em instalações em que se torna necessário a instalação de uma quantidade considerável de Sistemas de Medição para Faturamento, o que ocasiona enorme custo a ser suportado pelos Agentes responsáveis; i) instalação de Sistema de Medição para Faturamento em local não regulamentar, mediante pedido específico de excepcionalidade; 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise das questões formuladas pelos Agentes é fundamental e contribui para o encaminhamento de soluções na busca do aprimoramento do arcabouço regulatório que permitam a continuidade da realização das adequações do SMF no âmbito do mercado brasileiro. Este aprimoramento contribui para a estabilidade do processo, que eventualmente podem assegurar as futuras implantações quando da abertura do mercado para um número maior de consumidores que poderão optar pela compra de energia para suprir suas necessidades de forma livre no mercado. 7

A estabilidade regulatória é importante para permitir a implantação de todos os Sistemas de Medição para Faturamento necessários em todo o Sistema Interligado Nacional, garantindo assim aos Agentes envolvidos no processo a necessária transparência no quesito responsabilidades. No que se refere aos custos de implantação do SMF, nos Pontos de Medição de Consumidores Livres, esta questão deve ser associada à análise dos custos de aquisição de energia, encargos, tarifas de uso e de conexão de rede, sendo possível assim se estabelecer os custos totais decorrentes da migração para o mercado livre frente aos custos das tarifas do mercado cativo das concessionárias, tendo assim elementos importantes para a tomada de decisão dos Agentes, sendo assim não considerar apenas os custos iniciais de adequação do SMF, embora existam custos adicionais visando a manutenção e operação dos Sistemas. A implantação da medição nos padrões técnicos requeridos é importante para garantir que o processo de contabilização e liquidação do mercado de curto prazo seja realizado com dados dentro da classe de exatidão requerida traduzindo-se assim em benefício para todos os Agentes participantes do mercado. Para promover o debate de sugestões e solicitações poderia se estabelecer um fórum permanente no âmbito do Setor Elétrico Nacional, no qual participariam órgãos governamentais, entidades representativas dos Agentes, universidades e fabricantes de equipamentos, sendo que o estabelecimento e encaminhamento das questões relacionadas com a medição de energia elétrica poderiam permitir o avanço nos aspectos regulatórios, mas também acompanhar a evolução tecnológica dos equipamentos de medição e sistemas de comunicação de dados o que seria de grande valia para o mercado brasileiro. A evolução dos aspectos inerentes à medição podem ser decisivas para a ampliação do mercado brasileiro, possibilitando assim a um número maior de consumidores optarem por migrar para o mercado livre, sendo fator indutor de fomento à expansão da oferta de energia elétrica no país, intensificando desta forma os investimentos em novas fontes de energia frente ao atendimento crescente por energia elétrica, principalmente de fontes alternativas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica, http://www.aneel.gov.br/, acesso em 2008. (1) Lei n 10.848, de 15 de março de 2004. Dispõe sobre a comercialização de energia. (2) Decreto n 5.163, de 30 de julho de 2004. Regulamenta a Lei n 10.848 (comercialização). 8

(3) Decreto n 5.177, de 12 de agosto de 2004. Dispõe sobre a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CCEE. (4) Despacho n.º 934 SEM/ANEEL, de 07 de março de 2008 aprova os Procedimentos de Comercialização ME. 04 - Mapeamento de Pontos de Medição no SCDE; PdC ME. 05 - Manutenção do Cadastro de Medição do SCDE; PdC ME.06 - Coletar Dados de Medição do SCDE e PdC ME.07 - Penalidades de Medição. (5) Lei nº. 9074, de 07 de julho de 1995. Dispõe sobre normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. (6) Lei nº. 9427, de 26 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a instituição da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e dá outras providências. (7) Nota Técnica nº. 0093/2007-SRD/ANEEL, Análise dos Procedimentos de Distribuição PRODIST, com enfoque nos pontos de destaque, nas inovações propostas e nos impactos regulatórios detectados. ANEEL, Brasília, Novembro/2007. (8) Nota Técnica nº. 238/2007- SEM/ANEEL, Instaura a Consulta Pública, na modalidade Intercâmbio Documental, para subsidiar o processo de aprovação dos Procedimentos de Comercialização aplicáveis ao Sistema de Coleta de Dados de Energia (SCDE), em função da Resolução nº. 248, de 23 de janeiro de 2007. (9) Nota Técnica nº. 60/2007 SEM/ANEEL, Regras de Comercialização de Energia Elétrica aplicáveis a fontes incentivadas e consumidores especiais. (10) Nota Técnica n.º 105/2006 SEM/ANEEL. Análise das contribuições à Audiência Pública AP 040/2005, referente às Regras de Comercialização de Energia Elétrica relativas aos CCEARs por disponibilidade. (11) Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional PRODIST, Módulo 5-Sistemas de Medição. 2008. Disponível no site <http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/modulo5_f.pdf> acesso em 2008. (12) Resolução ANEEL nº. 433, de 26 de agosto de 2003 Estabelece os procedimentos e as condições para início da operação em teste e da operação comercial de empreendimentos de geração de energia elétrica. (13) Resolução Autorizativa nº. 787, de 23 de janeiro de 2007 Autoriza a utilização, em caráter provisório, da Revisão 1 do Módulo 12 dos Procedimentos de Rede do ONS. (14) Resolução nº. 281, de 01 de outubro de 1999 Estabelece as condições gerais de contratação do acesso, compreendendo o uso e a conexão, aos sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica. (15) Resolução Normativa nº. 248, de 23 de janeiro de 2007 Alteram os dispositivos da Resolução Normativa nº. 67, de 08 de junho de 2004, bem como da Resolução nº. 281, de 01 de outubro de 1999. (16) Resolução Normativa nº. 67, de 8 de Junho de 2004 Estabelece os critérios para a composição da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional. (17) Resolução Normativa n.º 247 de 21 de Dezembro de 2006. Estabelece as condições para a comercialização de energia elétrica. 9

(18) Resolução Normativa n.º 302 de 26 de Fevereiro de 2008. Altera a Resolução Normativa nº. 67, de 8 de junho de 2004, que estabelecem critérios para a composição da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional. 10