PERFIL CLÍNICO E BIOQUÍMICO DOS HIPERTENSOS DE MACEIÓ (AL) de Nutrição em Cardiologia (Ufal/Fanut/NUTRICARDIO )

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Transcrição:

PERFIL CLÍNICO E BIOQUÍMICO DOS HIPERTENSOS DE MACEIÓ (AL) Andreza Ferreira da Silva 1 andrezaaferreira1@hotmail.com Juliana Bittencourt Duarte dos Santos 1 julianabittencourt71@gmail.com Isadora Bianco Cardoso 1 isadora_bianco@hotmail.com Raphaela Costa Ferreira 1 raphinhacosta2010@hotmail.com 1 Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Laboratório de Nutrição em Cardiologia (Ufal/Fanut/NUTRICARDIO ) Tipo de Apresentação: Pôster Resumo: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial que afeta mais de 36 milhões de brasileiros e 25,6% dos adultos em Maceió (AL). Pesquisas demonstram relação direta entre a HAS e condições clínicas e bioquímicas, dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo caracterizar o perfil clínico e bioquímico dos hipertensos adultos de Maceió (AL). Estudo do tipo transversal, onde foi utilizado um recorte amostral da pesquisa para o SUS intitulada Consumo e práticas alimentares, fatores de risco modificáveis para doenças crônicas e prognóstico de hipertensão do Estado de Alagoas, de setembro de 2013 a dezembro de 2015. Amostra de 206 hipertensos, 87,37% (n=180) do sexo feminino e 12,62 (n=26) do sexo masculino, idade média 48,7±7,69 anos. Apresentaram índice de massa corporal (IMC) médio de 30,5±6,04 (obesidade grau I), 12% (n=25) apresentaram doença renal e 5,5% das mulheres e 7,69% dos homens tiveram infarto ao longo da vida e 8,8% das mulheres e 19,23% dos homens tiveram acidente vascular cerebral (AVC). Pode-se observar concentrações elevadas de TG nessa população. O perfil clínico e 110

bioquímico dos hipertensos de Maceió são fundamentais para uma abordagem efetiva de prevenção e melhora da qualidade de vida dos indivíduos. Palavras-chave: Hipertensão arterial. Doenças Cardiovasculares. Perfil Lipídico. 1. Introdução A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é caracterizada pelo aumento dos níveis pressóricos sustentados, sendo a mais frequente das doenças cardiovasculares. Diversos fatores clínicos estão associados a HAS, como por exemplo, a doença renal (DR), que possui íntima relação com a HAS e que é uma das principais causas da insuficiência renal no mundo. Além de outros fatores associados de grande importância, como a idade e o estado nutricional. Alterações bioquímicas, na glicemia e no perfil lipídico, também contribuem para o agravamento da HAS. A hiperglicemia, provoca alterações microvasculares, enquanto o aumento dos lipídios sanguíneos, causam ativação do sistema renina-angiotensina, redução da disponibilidade de óxido nítrico e de outros fatores envolvidos que elevam a pressão arterial (PA) (BORTOLLOTO, 2008; MARTE; SANTOS, 2007; SOUSA, et al 2007; SBC, 2016). Dessa forma, o referido estudo tem a proposta de responder a seguinte pergunta: Qual é o perfil clínico e bioquímico da população de Maceió (AL)? É necessário e fundamental que se conheça a condição bioquímica e social envolvida na etiologia da hipertensão, a fim de buscar a redução da incidência e promover melhoria na qualidade de vida dos indivíduos e conduta adequada, portanto, o objetivo deste trabalho é caracterizar o perfil clínico e bioquímico dos hipertensos de Maceió (AL). 2. Referencial Teórico A HAS é uma condição clínica multifatorial com grande dependência genética e familiar, que apresenta elevada suscetibilidade de agravamento, segundo o estilo de vida. Sua prevalência é alta e aumenta em faixas etárias maiores. É considerada causa direta ou fator de risco para outras doenças como aterosclerose, infarto agudo do miocárdio, doenças 111

cerebrovasculares e insuficiência renal crônica, por exemplo. (PETRIBÚ; CABRAL; ARRUDA, 2009; SBC, 2016) No Brasil, é a morbimortalidade mais comum entre a população adulta, afetando mais de 36 milhões de brasileiros. No município de Maceió, dados de 2016 do sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL), 25,6% dos adultos apresentaram a doença (CIPULLO et al, 2010). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. A HAS pode causar por um defeito na natriurese (excreção de sódio), muitas vezes resultante de um problema renal; por alterações intracelulares dos íons sódio e cálcio, bem como fatores provenientes do hábito alimentar como a obesidade. Esses fatores inicialmente induzem aumento da volemia, do débito cardíaco levando a resistência vascular periférica que é responsável pela manutenção dos níveis pressóricos (BORTOLLOTO, 2008; PETRIBÚ; CABRAL; ARRUDA, 2009). Estudos apontam que, mesmo pacientes com doença renal precoce possuem níveis elevados de pressão arterial, explicitando ainda mais a importância de entender a relação entre as duas doenças e entre outros fatores clínicos que assim como este merece destaque, como o estado nutricional, já que o suporte nutricional é de fundamental importância para a prevenção das complicações da HAS (BORTOLLOTO, 2008; PIATI; FELICETTI; LOPES, 2009). 3. Metodologia Estudo do tipo transversal, onde foi utilizado um recorte da amostra da pesquisa para o SUS intitulada Consumo e práticas alimentares, fatores de risco modificáveis para doenças crônicas e prognóstico de hipertensão do Estado de Alagoas, no período de setembro de 2013 a dezembro de 2015. Estudo incluiu adultos hipertensos, de ambos os sexos, que estavam em acompanhamento pela Estratégia Saúde da Família (ESF) na primeira região de saúde de Alagoas que é o município de Maceió, além disso, estes hipertensos foram amostrados de forma a representar os oito distritos do município que constituem as oito regiões administrativas. 112

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas e os voluntários incluídos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para este sub-estudo foram utilizados dados clínicos (PA, IMC, doenças associadas) e dados bioquímicos (glicemia capilar, colesterol total e triglicerídeos). As dosagens de colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e glicemia foram obtidas em jejum a partir de amostras de sangue capilar por meio de microcuvetas descartáveis, utilizando monitor portátil Accutrend GTC/ROCHE. Os resultados foram obtidos imediatamente com leitura do aparelho e interpretados considerando CT, TG e glicemia elevados acima de 200mg/dL, 150 mg/d e de 99 mg/dl respectivamente. Foram utilizadas frequências, médias e desvio padrão para descrição dos resultados. 4. Resultados e Discussões Do total de 206 hipertensos, 87,37% (n=180) eram do sexo feminino e 12,62% (n=26) do sexo masculino, com média de idade da população de 48,7±7,69 anos. O predomínio de mulheres corrobora com estudos que mostram que há uma presença maior de mulheres nos serviços de atenção à saúde e que o autocuidado não é visto como prática masculina (PIATI; FELICETTI; LOPES, 2009; GOMES, 2007). Tabela 1: Características clínicas e bioquímicas dos hipertensos do município de Maceió. Variáveis População Total Sexo Feminino Sexo Masculino Média ± DP PAS (mmhg) 139,7±22,91 139,7±22,91 139,5±23,07 PAD (mmhg) 85,05±17,53 85,05±17,53 85±18,13 IMC (kg/m²) 30,5±6,04 30,5±6,04 30,5±6,04 Glicemia capilar (mg/dl) 66,25±20,57 66,25±20,57 66,53±18,30 Colesterol total (mg/dl) 199,5±40,07 199,5±40,07 202±39 Triglicerídeos (mg/dl) 190,75±109,57 190,75±109,57 190,33±109,34 Doenças Associadas N (%) Infarto 12 (5,82%) 10 (5,5%) 2 (7,69%) AVC 21 (10,2%) 16 (8,8%) 5 (19,23%) 113

Outras coronariopatias 28 (14%) 27 (15%) 1 (3,84%) Doença Renal 25 (12%) 22 (12,2%) 3 (11,53%) Pode-se observar concentrações elevadas de TG nessa população. Podese observar também uma média de excesso de peso entre os indivíduos, onde, 36,40% (n=75) encontravam-se com sobrepeso, 26,7% (n=55) com obesidade grau I, 11,65% (n=24) com obesidade grau II, 8,25% (n=17) com obesidade grau III, 14,56% (n=30) com IMC adequado, 1,45% (n=3) da amostra apresentou magreza e 0,97% (n=2), não conseguiu verificar o IMC. Diversos estudos mostram maior prevalência de hipertensão em indivíduos com sobrepeso e obesidade, quando comparados aqueles com IMC normal. (CIPULLO, 2010; CARNEIRO et al, 2003). Com relação as doenças associadas, a doença renal crônica (DRC), causada principalmente pelo aumento dos níveis pressóricos, é uma das situações clínicas que aumenta consideravelmente o risco cardiovascular quando está acompanhada de hipertensão. Os principais mecanismos da hipertensão arterial na insuficiência renal crônica são sobrecarga salina e de volume, além de aumento de atividade do sistema reninaangiotensina-aldosterona e disfunção endotelial. Nesta análise, 87,96% (n=190) dos indivíduos entrevistados não possuíam DRC e 12% (n=25) tinham a doença, sendo 12,2% (n=22) do sexo feminino e 11,53% (n=3) do sexo masculino (BORTOLLOTO, 2008). O principal fator de risco para o AVC também é a hipertensão 80% dos casos de AVC e infartos estão associados a HAS- sendo atualmente a principal causa de óbito no Brasil, bem como de sequelas incapacitantes em adultos (GAGLIARDI, 2009). Nesse sub-estudo, 5,5% das mulheres e 7,69% dos homens tiveram infarto ao longo da vida e 8,8% das mulheres e 19,23% dos homens tiveram AVC, o que indica um maior acometimento de doenças associadas a hipertensão arterial para o sexo masculino. 5. Considerações finais A HAS é uma doença crônica que tem alta frequência em todo o mundo, o seu estudo e conhecimento são fundamentais para uma abordagem efetiva da população, principalmente em relação a esclarecimentos e prevenção de suas complicações, as quais acarretam um elevado custo à saúde pública e principalmente a qualidade de vida da população acometida. 114

Referências BORTOLLOTO, L.A. ; Hipertensão Arterial e Insuficiência Renal Crônica. Revista Brasileira de Hipertensão.. São Paulo, vol.15, n(.3),: p.152-155,, 2008. CARNEIRO, G., et al. Influência da distribuição da gordura corporal sobre a prevalência de hipertensão arterial e outros fatores de risco cardiovascular em indivíduos obesos. Rev Assoc Med Bras. v., 49, n.(3, ): p.306-11,; 2003. CIPULLO, P. J. et. al. Prevalência e Fatores de Risco para Hipertensão em uma População Urbana Brasileira. Arq. Bras. Cardiol. [online]. v. 94, n.4, p.. 2010, vol.94, n.4, pp.519-526, 2010.. GAGLIARDI, R. J. Hipertensão arterial e AVC. Com Ciência, n. 109, p. 1-5, 2009. GOMES, R. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública., Rio de Janeiro, v.23, n.(3, p.):565-574, 2007. MARTE, A. P.; SANTOS, R. D. Bases fisiopatológicas da dislipidemia e hipertensão arterial. Rev Bras de Hipertens. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 14, n. 4, p. 252-257, 2007. PETRIBÚ, M. DE M. V.; CABRAL, P. C.; ARRUDA, I. K. G. DE. Estado nutricional, consumo alimentar e risco cardiovascular: um estudo em universitários. Rev. Nutr., Campinas., v. 22, n. 6, p. 837 846, 2009. PIATI, J; FELICETTI, C.R; LOPES, A.C.; Perfil nutricional de hipertensos acompanhados pelo Hiperdia em Unidade Básica de Saúde de cidade paranaense. Rev Bras Hipertens. v..,16, n.(2, p):. 123-129, 2009. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia., 107(3Supl.3) p.1-83, 2016.; 107(3Supl.3):1-83. SOUSA, R.L.P., et al. Análise da Glicemia em Jejum em pacientes provenientes do município de Teresópolis (Goiás- Brasil) associada com Hipertensão Arterial, circunferência 115

abdominal e uso de medicamentos. Revista Eletrônica de Farmácia., Goiânia, vol. 4, n.iv (1), p.65-78, 2007. VIGITEL BRASIL 2016: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 160p. 116