ATIVIDADES GRUPAIS: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM OS TRABALHADORES HIPERTENSOS DE UM SERVIÇO PÚBLICO

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1 ATIVIDADES GRUPAIS: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM OS TRABALHADORES HIPERTENSOS DE UM SERVIÇO PÚBLICO ARAÚJO, Nádja Leyne Ferreira de 1 ; PAULA, Maria Elyza de Oliveira 1 ; NEVES, Heliny Carneiro Cunha 2 ; ROCHA, Bárbara Souza 2 ; OLIVEIRA, Michele Dias da Silva 2 ; SOUZA, Ana Paula Amaral 3 Palavras-chave: Hipertensão; Educação em saúde; Enfermagem; Grupo Introdução A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é responsável por 40% das mortes por acidente vascular cerebral, 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmhg), a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9% (BRASIL, 2006). O tratamento da hipertensão compreende medidas não-farmacológicas e farmacológicas. As não medicamentosas compreendem controle do excesso de peso, adoção de hábitos alimentares saudáveis, redução no consumo de bebidas alcoólicas e sal, abandono do tabagismo, prática de atividades físicas regulares, entre outras (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA / SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO / SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Os fatores que podem influenciar negativamente na adesão ao tratamento estão relacionados a aspectos individuais, como a limitação do conhecimento, as crenças e a falta de motivação. O estudo realizado por Dosse et al (2009) evidenciou que 86,76% dos hipertensos não aderiram ao tratamento medicamentoso, sendo os principais motivos: fatores emocionais (69,1%) e alimentação (8,8%). Resumo revisado pelo coordenador da ação de extensão intitulada Atividades grupais: uma proposta de educação em saúde com os trabalhadores hipertensos de um serviço público, código 160/2011. Nome do coordenador: Heliny Carneiro Cunha Neves, nynne_cunha@yahoo.com.br 1 Acadêmicas de enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG) bolsistas PROBEC. nadja_leyne@hotmail.com; yzaenfermagem@gmail.com 2 Enfermeira. Mestre. Docente da FEN/UFG. nynne_cunha@yahoo.com.br; barbaramaisbabi@hotmail.com; mds23@bol.com.br 3 Enfermeira da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás. Especialista em Saúde do Trabalhador. E- mail: anapaula_nursin@hotmail.com

2 Diante disso, um dos focos das políticas públicas no Brasil tem sido o desenvolvimento de ferramentas que permitam melhor abordagem das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2008). Assim, um recurso não-farmacológico amplamente utilizado como estratégia para a atenção à saúde dos portadores de HAS é a atividade grupal (MONTEIRO et al., 2008). O Grupo Operativo (GO) tem sido utilizado frequentemente na atenção à saúde de portadores de HAS (FAVORETO; CABRAL, 2009). Essa abordagem oportuniza o aprendizado para o autocuidado, favorece a responsabilização da terapêutica e da própria vida, estimulando uma maior adesão ao tratamento (ALMEIDA; SOARES, 2010). Ao utilizar o grupo operativo como ferramenta para melhorar a adesão ao tratamento não medicamentoso aos trabalhadores terceirizados da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (SEFAZ), portadores de hipertensão, tivemos o intuito de promover o autoconhecimento em relação à hipertensão e de motivá-los a reelaborar seus hábitos de vida para que pudessem lidar com os sentimentos que envolvem ser um hipertenso, além de melhorar os índices pressóricos em busca de uma melhor qualidade de vida. Diante disso, os objetivos foram: promover a prevenção e controle da HAS entre os trabalhadores terceirizados da SEFAZ, portadores de hipertensão por meio da técnica do grupo operativo; propiciar integração e socialização entre os funcionários hipertensos no intuito de aumentar a adesão ao tratamento da HAS e contribuir para o autoconhecimento e autopercepção dos funcionários hipertensos em relação a hipertensão por meio de estratégias grupais. Metodologia O projeto foi desenvolvido na Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (SEFAZ) em parceria com a FEN/UFG. A população do estudo foi composta pelos trabalhadores terceirizados da SEFAZ, portadores de hipertensão. Para o alcance dos objetivos utilizamos como estratégias a intervenção grupal, distribuição de um jornal convite antes de cada sessão e um jornal informativo ao final de cada encontro. O jornal informativo trazia vários temas ligados a hipertensão arterial de forma ilustrativa e escrita. A construção e planejamento do GO seguiu as seguintes etapas:

3 1 etapa - Divulgação: Todos os funcionários foram convidados a participar de uma atividade de promoção e prevenção à saúde. Nesse encontro participaram 150 pessoas e foram realizadas as seguintes atividades: verificação de pressão arterial, glicemia, peso, altura, circunferência abdominal, coleta de dados e busca de fatores de risco. Os participantes que obtiveram níveis pressóricos acima de 140x90 mmhg e fatores de risco associados (15) foram convidados a participarem do grupo. 2 passo - Encontros: No primeiro encontro foi apresentada a equipe de coordenação e os membros do grupo. Houve a delimitação do contrato do desenvolvimento do trabalho no grupo, definição dos temas pelo grupo relacionados à hipertensão a serem trabalhados, do número de encontros, dos horários e duração das sessões. 3 etapa A dinâmica dos Encontros seguiu as seguintes etapas: apresentação da equipe de coordenação, integração entre os participantes, apresentação do disparador temático, sessão grupal; encerramento e avaliação do encontro e elaboração das crônicas pelo coordenador juntamente com o observador. A equipe de coordenação foi composta pelos docentes FEN/UFG, pela Enfermeira da SEFAZ, e pelos acadêmicos de enfermagem. Resultados e discussão Foram realizadas quatro intervenções grupais, uma a cada mês, no período de 01/04/2011 a 01/04 de O primeiro encontro contou com a presença de 14 participantes, dos quais grande parte era hipertensa, e os demais estavam ali para aprender sobre a doença e/ou se prevenir. A apresentação do tema do encontro O que é a Hipertensão Arterial e quais são seus cuidados básicos necessários, fez com que alguns integrantes se sentissem inquietos em relação a alguns assuntos, tais como, realização de atividades físicas regulares, hábitos alimentares adequados, dentre outros. Três participantes falaram dos transtornos causados pela hipertensão tais como mau humor, tristeza, mudanças radicais, limitações, não aceitação da doença, ansiedade e estresse tanto no trabalho quanto na família. Outros três hipertensos relataram que convivem bem com a doença e se sentem felizes.

4 Na segunda reunião, houve 11 participantes. O assunto discutido na reunião foi alimentação saudável. Muitos participantes relataram hábitos alimentares inadequados e alguns mostraram desinteresse em mudá-los. Foi utilizada uma técnica, onde os participantes escolherem figuras de alimentos que eles consideravam saudáveis e não-saudáveis. A coordenadora esclareceu dúvidas sobre alimentação e propôs que os participantes implementassem mudanças na alimentação. Os relatos dos participantes evidenciam os resultados do estudo de Dosse et al (2009), que mostrou que dificuldades com as mudanças na alimentação são fatores importantes na não adesão ao tratamento. A terceira reunião contou com 8 participantes. O tema trabalhado foi Exercício físico e uma vida mais saudável. Três participantes relataram ter iniciado prática regular de atividade física, enquanto outro referiu hábitos alimentares inadequados e sedentarismo. O sedentarismo é uma hábito freqüente em hipertensos, um estudo de Lima et al (2011) mostrou que 61% dos usuários do Hiperdia referiram ser sedentários. No último encontro do grupo, havia 11 participantes do grupo. Quando questionados sobre as mudanças que implementaram em suas vidas desde o início do grupo, 3 participantes relataram mudanças significativas, enquanto outro relatou que não conseguiu mudar seus hábitos inadequados, tendo uma crise hipertensiva no período. Da mesma forma, outros participantes relataram ter uma enorme dificuldade para mudar principalmente sua alimentação. Um estudo realizado por Lima et al (2011) corrobora com os resultados obtidos, pois mostrou a alta prevalência de hábitos de vida inadequados entre hipertensos de três unidades básicas de saúde do sul do Brasil. O tema discutido na reunião foi Otimismo. No último encontro os sujeitos expressaram que as atividades grupais foram essenciais para a troca de experiências, conhecimento sobre a hipertensão, seus cuidados e formas de controle, além de descobrirem que podem ser felizes mesmo sendo portadores de uma doença crônica. Conclusões As mudanças de hábitos de vida e o tratamento não medicamentoso são medidas essenciais no tratamento e controle da hipertensão. Portanto,

5 atividades educativas como a realizada nesse projeto se fazem necessárias, já que hábitos inadequados estão presentes não só entre os hipertensos, mas em toda a população. Contudo, os resultados encontrados nessa intervenção mostram que muitos hipertensos se mostram resistentes às mudanças, sendo necessárias atividades bem planejadas e duradouras para que os resultados sejam mais satisfatórios. As atividades educativas realizadas por meio do grupo operativo se mostraram eficazes no sentido de promover o autoconhecimento dos hipertensos sobre a hipertensão, além de favorecer a reflexão quanto aos hábitos de vida praticados e a motivação para a mudança, buscando uma melhor qualidade de vida. Referências Bibliográficas ALMEIDA, S. P.; SOARES, S. M. Aprendizagem em grupo operativo de diabetes: uma abordagem etnográfica. Cienc saude colet, v. 15, n. p , BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica n 15: Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. 58 p. Brasília, BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes e recomendações para o cuidado integral de doenças crônicas não-transmissíveis: promoção da saúde, vigilância, prevenção e assistência. Secretaria De Vigilância À Saúde. Brasília (Brasil): Secretaria de Atenção à Saúde DOSSE, C.; CESARINO, C. B.; MARTIN, J. F. V.; CASTEDOS, M. C. A. Fatores associados a não adesão dos pacientes ao tratamento de Hipertensão Arterial. Rev Latino-am de Enfermagem, v. 17, n.2, FAVORETO, C. A. O.; CABRAL, C. C. Narrativas sobre o processo saúdedoença: experiências em grupos operativos de educação em saúde. Interface (Botucatu), v.13, n.28, p LIMA, L.M. et al. Perfil dos usuários do Hiperdia de três unidades básicas de saúde do sul do Brasil. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2011 jun; v. 32, n. 2, p MONTEIRO, M. A. A. et al. Grupo de apoio: relações interpessoais entre puérperas com filhos recém-nascidos hospitalizados. Acta Paul Enferm, v. 21, p , SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA / SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO / SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol, V. 95, n. 1, supl. 1, p. 1-51, 2010.