DIREITO EMPRESARIAL Títulos de Crédito Títulos em espécie Parte 1 Profª. Estefânia Rossignoli
- São quatro os principais títulos existentes: letra de câmbio, nota promissória, duplicata e cheque. - É o título de crédito por meio do qual uma pessoa (denominada sacador) declara que certa pessoa (denominada sacado) pagará a certa pessoa (denominada domador ou beneficiário) uma quantia certa, num determinado local e data. - Representa uma ordem de pagamento, ou seja, quem
realiza o saque (emissão do título) a princípio não é quem se responsabiliza pelo pagamento.
- Para ser letra de câmbio deve atender os requisitos do art. 1º da LUG. - Como quem recebe a ordem de pagamento não é quem emite o título este deve ser apresentado ao mesmo para dizer se concorda com a ordem. Esta concordância é dada através da aceite. É o que diz o art. 21 da LUG. - Se o sacado aceitar ele se torna o devedor principal do título, o sacador se torna co-responsável e não ocorrerá
vencimento antecipado. - Mas no caso da letra de câmbio, o sacado não é obrigado a dar o aceite, já que não existe nenhum vínculo anterior à emissão do título e se recusar a fazê-lo ele não assume a obrigação. - Para que surta os efeitos, a recusa de aceite deve ser comprovada pelo protesto por falta de aceite.
- O cheque é título cambiário abstrato, formal, resultante de mera declaração unilateral de vontade, pelo qual uma pessoa, designada emitente ou sacador, com base em prévia e disponível provisão de fundos em poder de banco ou instituição financeira a ele assemelhada por lei, denominado sacado, dá contra o banco, em decorrência de convenção expressa ou tácita, uma ordem incondicional de pagamento à vista, nas condições estabelecidas no título.
- Deve preencher os requisitos do art. 1º da Lei nº 7357/85 da Lei do Cheque-LC). - A apresentação para pagamento do cheque ocorre na instituição financeira responsável pela compensação (banco sacado). - Não se pode, desta forma, emitir um cheque que não esteja vinculado a uma instituição financeira devidamente autorizada para emitir cheques. É por isso que para o
cheque ser válido ele é fornecido é fornecido pela própria instituição, não podendo o emitente criar seu próprio talão de cheques.
- O cheque é uma ordem de pagamento à vista. Isto, aliás, é o que diz a Lei do Cheque (Lei nº 7357/85) em seu art. 32, ordenando inclusive que qualquer menção em contrário deve ser considerada como não escrita. - Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no
dia da apresentação. - Porém todos sabem da utilização no comércio do cheque conhecido popularmente como pré-datado. - Apesar de não ser permitido seu uso pela lei, os tribunais aceitam tal costume como válido. - Isto porque o que se estende é que ao se aceitar um cheque com data posterior está sendo realizado um
contrato, que deve ser respeitado pelas partes. - Desta forma, aquele que recebe um cheque com data posterior deve se atentar para o seu depósito no banco, pois se antecipar o desconto do mesmo ficará responsável pelos prejuízos que causar ao emitente, seja de ordem material ou até mesmo moral. - Súmula nº 370 do STJ Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
- A Lei do Cheque cria diferentes tipos de cheques. - O mais utilizado é o cheque cruzado. Pelo art. 44: o emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a oposição de dois traços paralelos no anverso do título. - O cheque administrativo é o que está previsto no art. 9, III, em que o sacado e o emitente são a mesma pessoa, ou seja, o próprio banco é quem será o devedor do cheque.
- Já o art. 7º determina que: Art. 7º Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. - É a hipótese do cheque visado. Também serve para dar garantia de pagamento ao credor, pois o sacado irá reservar
a quantia descrita na conta do emitente. Somente não terá a reserva se ultrapassar os prazos de apresentação do art. 33. - Como o banco recebe ordem para pagar o cheque, o emitente pode revogar tal ordem. Porém essa revogação só produz efeitos após o prazo de apresentação do art. 33.
Art. 35. O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogálo, mercê de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei. - Outra forma de o emitente se opor ao pagamento é a através da sustação. Essa produz efeitos imediatos.
Art. 36. Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente. 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. - Questão relevante sobre o cheque é a necessidade de apresentação deste ao banco para que se comprove o inadimplemento e possa ser proposta a ação de execução.
- Súmula nº 600 do STJ Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentando o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.