Mestranda: Angela Ap. A. G. Borges Programa de Pós-Graduação no Ensino de Ciências Exatas PPGECE UFSCar (2009-2011) Orientadora: Profª Drª Maria do Carmo de Sousa
Cursinho popular, com caráter social de Ribeirão Preto; Os alunos são jovens e adultos das classes sociais menos favorecidas, que concluíram o Ensino Médio em escola pública (maioria na EJA); Trabalhadores que visam sua transformação pessoal dentro de uma sociedade que não oferece oportunidades Educação como meio, e não como fim ; A maioria entende que essa transformação ocorrerá com o ingresso em uma Universidade Pública, que passa a ser encarada como direito e não mais como utopia.
Prédio cedido por uma ONG que gerencia os patrimônios históricos da cidade de Ribeirão Preto; Localiza-se no estacionamento de um supermercado de uma rede internacional; Sub-grupos coexistem dentro do espaço: capoeira e teatro, que tentam integrar suas atividades às do cursinho e envolver os estudantes nas mesmas.
As aulas tem início às 19h15min e vão até 22h30min. Não há material apostilado nem livro a ser seguido. Existe uma biblioteca na sala com vários exemplares para consulta conforme necessidade dos estudantes e professores; O grupo de professores (voluntários) juntamente com os alunos, planejam nas reuniões de sábado as aulas da semana que são ministradas por 2 ou mais professores de áreas diferentes do conhecimento; Essas aulas são definidas em torno de um tema gerador. O grupo procura pensar em dinâmicas ou situações-problema que envolvam conteúdos de diferentes áreas do conhecimento para que os alunos vivenciem e resolvam em grupo.
A pesquisa ainda se encontra em andamento, mas pelo fato de a pesquisadora fazer parte do grupo de professores que atua no cursinho, entendemos que a metodologia adotada tende a ser a pesquisa-ação ; Os dados foram retextualizados baseados nos diários contendo anotações das aulas e de episódios de sala de aula.
Objetivo: analisar uma revista de grande circulação ( Veja ) e contar a quantidade de páginas que eram destinadas à publicidade e a quantidade de páginas com conteúdo jornalístico de fato (reportagens). Após essa contagem, os alunos deveriam calcular a porcentagem de anúncios publicitários da revista. O grupo em que Taís e Jair estavam analisou uma revista de 102 páginas, das quais 55 eram anúncios e 47 eram matérias de cunho jornalístico.
O uso do cálculo mental: Jair disse: é só fazer 55 dividido por 102, vai dar mais de 50 um pouquinho, né, já que 102 a metade é 51, e aqui é 55, mas como é porcentagem, tem que fazer por 100 depois. Após a explicação, Jair, fez a conta (sem auxílio da calculadora, apesar de ter uma ao seu alcance), obteve 0,539 (não é uma conta exata, sobrava resto, mas ele optou por parar) e prontamente disse: viu, 54%. O uso do algoritmo: Enquanto isso, Taís fazia o mesmo cálculo por regra de três e chegou praticamente na mesma conta: 5500 divididos por 102 e obteve (também sem calculadora) 53,92%. Perguntamos para Jair se o cálculo de Taís não era a mesma coisa que o dele. Jair não reconheceu nenhuma semelhança entre o cálculo que fez e o desenvolvimento do cálculo de Taís. Ele olhou para o caderno dela e disse: está certo, mas num sei essas coisas aí de xis... mas a resposta é essa sim.
Ao que parece, desde o início da atividade, Jair nos sugere que tem problemas em reconhecer algoritmos, bem como o que representa a letra xis. Ele nos mostra que sabe fazer cálculo mental e tem noção do conceito de proporção, pois sabia que a resposta seria maior que 50%. Taís, por sua vez, apresenta domínio do algoritmo regra de três. Aqui não percebemos se ela consegue fazer alguma relação entre o algoritmo e o cálculo mental. Segundo CARAÇA (1951, página 4), sempre que aos homens se põe um problema do qual depende a sua vida, individual ou social, eles acabam por resolvê-lo, melhor ou pior. Para GIARDINETTO (1999, página 7), o próprio conhecimento que o indivíduo elabora para sua vida cotidiana não dá conta de responder às necessidades de sua própria vida cotidiana.
Parte histórica: Eves, Boyer e Garbi Parte da análise de dados: Caraça (Conceitos Fundamentais da Matemática) Metodologia: Mion e Saito (investigação-ação), Marcuschi (retextualização) Ensino cotidiano x formal: Giardineto Cotidiano escolar como comunidades de afetos : Janete Magalhães Carvalho Tese de Mestrado: O conceito de função: os conhecimentos prévios e as interações sociais como desencadeadores da aprendizagem (Vanessa Dias Moretti) Tese de Mestrado: Um Estudo De Dificuldades Ao Aprender Álgebra Em Situações Diferenciadas De Ensino Em Alunos Da 6ª Série Do Ensino Fundamental (Nathalia Tornisiello Scarlassari) Tese de Doutorado: O Ensino da Álgebra numa Perspectiva Lógico-Histórica: um estudo das elaborações correlatadas de professores do Ensino Fundamental (Maria do Carmo de Sousa)