(COORDENADORA SANDRA STELLA).



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Transcrição:

Ao analisar o fenômeno da violência, vemo-nos diante de uma série de dificuldades, não apenas porque o fenômeno é complexo, mas, principalmente, porque nos faz refletir sobre nós mesmos, sobre nossos pensamentos, sobre nossos sentimentos e atos. As fronteiras da violência no tempo e no espaço se tornam maleáveis, frágeis e difíceis de serem definidas. É por isso que muitas vezes se confunde, se inter-relaciona com agressão e indisciplina, quando se manifesta na esfera escolar, e os casos de violência entre pares são naturalizados. E o que temos notado é que a grande maioria dos profissionais da Educação não sabe tratar e distinguir os alunos agressivos dos indisciplinados e violentos, arriscando pseudodiagnósticos. Por isso, a importância de se refletir sobre um assunto tão pouco estudado: BULLYING NAS ESCOLAS...Projeto este que está sendo trabalhado em todas as escolas da Rede Municipal de Ensino... (COORDENADORA SANDRA STELLA).

PROJETO BULLYING Trabalhar o tema nas escolas da rede municipal de ensino, bem como um trabalho com as famílias... Objetivo:Minimizar comportamentos inadequados (apelidos, discriminação, etc.) através da interdisciplinaridade, conscientizando os alunos da responsabilidade e do envolvimento de cada um no processo de aprimorar os relacionamentos intra e interpessoal. Público alvo: Alunos das escolas da rede municipal de ensino de Nova Esperança -PR

Origem da palavra: A palavra "Bully" é de origem inglesa e significa "valentão". Grande parte das pessoas confunde ou tende a interpretar o bullying simplesmente como a prática de atribuir apelidos pejorativos às pessoas, associando a prática exclusivamente com o contexto escolar. No entanto, tal conceito é mais amplo. Para o cientista norueguês Dan Owelus, o bullying se caracteriza por ser algo agressivo e negativo, executado repetidamente e que ocorre quando há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Desta forma, este comportamento pode ocorrer em vários ambientes, como escolas, universidades, no trabalho ou até mesmo entre vizinhos. Basicamente, a prática do bullying se concentra na combinação entre a intimidação e a humilhação das pessoas, geralmente mais acomodadas, passivas ou que não possuem condições de exercer o poder sobre alguém ou sobre um grupo. Em outras palavras, é uma forma de abuso psicológico, físico e social. No ambiente de trabalho, a intimidação regular e persistente que atinge a integridade e confiança da vítima é caracterizada como bullying. Entre vizinhos, tal prática é identificada quando alguns moradores possuem atitudes propositais e sistemáticas com o fim de atrapalhar e incomodar os outros. Falando especificamente do ambiente escolar, grande parte das agressões é psicológica, ocasionada principalmente pelo uso negativo de apelidos e expressões pejorativas. No entanto, as práticas do bullying no ambiente escolar também se referem às agressões de caráter físico. Um dos casos mais chocantes de bullying escolar foi o de Curtis Taylor, um aluno do oitavo ano de uma escola secundária em Iowa, Estados Unidos. Curtis foi vítima do bullying durante três anos consecutivos: era espancado nos vestiários da escola, suas roupas eram sujas com leite achocolatado e seus pertences, vandalizados. Curtis não resistiu ao sofrimento e humilhação e suicidou em 1993. Este não foi um caso isolado. Na década de 90, os Estados Unidos se depararam com uma onda de tiroteios em escolas, realizados por alunos que se intitulavam vítimas da prática. Depressão, ansiedade, estresse, dores não-especificadas, perda de auto-estima, problemas de relacionamento, abuso de drogas e álcool são os principais problemas associados ao bullying. O que é? Conceito Ainda que avesso a estrangeirismos, teremos que utilizar a expressão BULLYING pois não há na nossa língua palavra que conceitue o conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas sem motivo aparente que causam sofrimento. Essas atitudes podem ser perpetradas por um aluno ou grupo de alunos contra outro, causando um desequilíbrio de poder entre iguais e a conseqüente intimidação. Bom humor e brincadeiras são comuns na juventude e devem estar sempre presentes

em nossas vidas, mas a linha divisória entre atitudes dessa natureza e Bullying, por vezes, é tênue. Para fazermos a diferenciação é importante observarmos a relação: intenção/repetição/motivação com o sofrimento causado. Em geral, esse comportamento abusivo que ocorre frequentemente nas escolas é tido como normal, habitualmente ignorados ou não valorizados da devida forma por pais e professores. A dificuldade de encontrar palavra ou expressão que sintetize essa ampla significação também ocorre em línguas como o Alemão, Francês e o Espanhol, entre outras, daí a adoção universal do termo BULLYING. Classificação por tipo de atitude Sexual: assediar, induzir e/ou abusar. Exclusão social: ignorar, isolar, excluir. Psicológica / Física: perseguir, amedrontar, olhar ameaçadoramente, não aceitar opiniões, impor sua vontade, aterrorizar, intimidar, dominar, infernizar, tiranizar, chantagear, manipular, bater, colocar apelidos. As intimidações podem, ainda, ter caráter homofóbico ou racial/étnico. Podemos classificar, também, o Bullying como direto ou indireto, ou seja, com a presença da vítima ou não casos de isolamento, por exemplo. Há ainda a situação denominada cyberbullying, que é a utilização da internet (orkut, MSN) ou o celular (fotos, mensagens) para as agressões. Classificação quanto a gravidade Ainda que a gravidade esteja diretamente relacionada com o sofrimento causado, já que a reação quanto às agressões dependerá da individualidade dos alvos, pode-se, pela gravidade, classificar conforme segue: Leves: apelidar, zoar, encarnar, ofender, encarar. Médias: excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, amedrontar, dominar. Graves: empurrar, agredir, roubar/quebrar, ofender parentes, discriminar. Onde ocorre O Bullying está presente em todas as escolas, sem exceções, em todo o nosso país e, possivelmente, em todo mundo, independente de cultura e níveis sociais. É fruto, entre outros fatores, de modelos educativos falhos a que foram submetidos as crianças no seio familiar, no que, destacamos: Ausência de limites e de valores. Punições físicas. Exposição a ambientes violentos. Modelo autoritário e repressor na família, que usa de agressividade e explosão para a solução de conflitos. Falta de regras de convivência e falta de afetividade. Supervisão deficitária dos pais.

Personagens e sua participação Quanto à participação, os jovens dividem-se em agressores, vítimas ou alvos e espectadores ou testemunhas. Há os que são vítimas e agressores. Agressores Além dos fatos geradores elencados anteriormente, fatores individuais, como hiperatividade e distúrbios comportamentais, contribuem para a adoção dos comportamentos agressivos. Normalmente, os agressores são alunos populares, envolve-se em situações anti-socais e de risco, como envolvimento com drogas, álcool e tabaco, bem como em brigas. Têm comportamento agressivo também com adultos, não aceitando subordinação, no que se gabam de sua postura. Satisfazem-se em dominar e impor sofrimentos e, insatisfeitos com a família e a escola, são gazeadores. Mantém um grupo em torno de si com o qual dividem a responsabilidade e sentem-se mais forte. Os componentes desse grupo, que gravitam em torno do líder ou líderes, também são considerados agressores. Ainda que não haja estudos conclusivos, admite-se que os que praticam o Bullying têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos antisociais e/ou violentos, criminosos, perpetradores de violência doméstica e/ou abuso sexual. Vítimas ou alvos Pouco sociáveis, não dispõem de status, recursos ou habilidades para impor um basta ao que sofrem. Inseguros e sem a esperança de adequarem-se ao grupo, não pedem ajuda. De baixa auto-estima, podem crer que são merecedores do sofrimento, o que, muitas vezes é incentivado pela falta de intervenção dos adultos. De baixo rendimento escolar, resistem para ir a escola, simulando doenças. O tempo, intensidade e a regularidade das agressões contribuem fortemente para o agravamento dos efeitos. Autodestruição, momentos de explosão, desejo de vingança, porte de armas, depressão e até tentativas de suicídio podem ser conseqüências do Bullying. O comportamento, hábitos ou modo de vestir fora dos padrões, a raça, o tipo físico, a falta de habilidade em esportes podem ser motivos para torná-los vítimas. Infantilização, proteção e críticas excessivas dos pais podem potencializar a vitimização do jovem, que terá dificuldades em defender-se e enfrentar desafios. Dificilmente a vítima pede ajuda, revelando de forma espontânea ser alvo de Bullying. Espectadores ou testemunhas

Os demais são a maioria dos alunos. Ou entendem o Bullying como normal e ficam felizes por não serem atingidos ou, mesmo incomodados, não reagem com o temor de tornarem-se vítimas. Questionados, transmitem uma falsa normalidade do ambiente, ajudando a reforçar a ação dos autores. Há os que, com senso de justiça, interferem nas ações, chamando um adulto para ajudá-los. As testemunhas de Bullying, ainda que não participem diretamente das agressões, também terão a formação de seu caráter afetado por esse fenômeno. Afinal, qual o resultado desse ambiente contaminado que não cidadãos egoístas, que aceitam as injustiças da sociedade de forma passiva, sem protagonizar ações para seu aperfeiçoamento? Agressores e vítimas Há aqueles que, tanto sofrem, como perpetram agressões. Histórico No início dos anos 70, na Noruega, o Professor Dan Olweus iniciou a investigação desse fenômeno mas não recebeu a necessária atenção das instituições e autoridades. O suicídio de três jovens, na década de 80, desencadeou atitudes que culminaram na Campanha Nacional Anti-Bullying, em 1993. A repercussão da redução em torno de 50% nos casos de Bullying, incentivou Reino Unido, Canadá e Portugal a desenvolverem suas próprias ações. Atualmente, em diversos países, pesquisadores dedicam-se ao assunto e, ainda que não haja conclusões sobre o reflexo do Bullying na vida adulta, dadas suas conseqüências, o tema é tratado com tanta seriedade quanto o racismo e a drogadição. Na Europa, além de legislação específica, ações integradas incluem países como Espanha, Itália, Alemanha e Grécia nessa luta. Nos Estados Unidos, Bullying é um fenômeno crescente com casos dramáticos expostos pela mídia mundial. Dados A maior pesquisa sobre Bullying, realizada na Grã Bretanha, registra que 37% dos alunos do primeiro grau admitem ter sofrido Bullying, pelo menos uma vez por semana; no segundo grau, 10%. Estudo realizado pela ABRAPIA, em 2002, com 5875 estudantes de 5ª a 8º séries, em 11 escolas cariocas, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de Bullying. Os estudos apontam que o Bullying ocorre mais no ensino fundamental. Os meninos estão mais envolvidos tanto como agressores como vítimas. É raro serem vítimas de meninas. Já as meninas, que são agredidas tanto por meninos quanto por meninas, sofrem mais com o isolamento e a difamação.

Conseqüências no ambiente escolar e na sociedade Se aprofundarmos nossa reflexão, veremos claramente que o Bullying, esse fenômeno cruel e silencioso, não traz somente conseqüências negativas para o ambiente escolar. A sociedade nada mais é que o resultado das atitudes de cada um de seus membros. Essas relações desestruturadas na juventude, quando da formação de valores e do caráter, irão refletir duramente ao longo da vida desses alunos. Bullying está diretamente relacionado com futuro profissional, está diretamente relacionado com uso de drogas, com a violência sexual e doméstica, com os crimes contra o patrimônio, e, conseqüentemente, com a necessidade de altos investimentos governamentais para atender a demanda da justiça, dos presídios, dos programas sociais e da saúde. Criança sem limites e sem amor... aluno perpetrador de Bullying... adulto violento e desestruturado: ainda que não seja a regra, essa é a absoluta probabilidade. Quebrar esse ciclo na escola é revolucionar a sociedade! Tópicos importantes para pais e educadores Indícios que seu filho/aluno pode estar sendo alvo de Bullying Baixo rendimento escolar. Não querer ir a aula / simular doenças / medo / pedir para trocar de escola. Pedir para sempre ser levado à escola. Voltar para casa machucado ou com pertences rasgados. Mudança de comportamento / comportamento fechado / depressão / baixa auto-estima. Perder dinheiro. Evitar falar sobre o assunto. Pesadelos / sono conturbado. Caso se confirme que o jovem está sendo vítima de Bullying, não o culpe. Faça elogios pela coragem de contar e busque ajuda na escola. Não peça a ele o que não seja capaz de fazer. Evitando a formação de agressores As seguintes características são comuns na formação dos agressores: Esperam sempre que atendam suas ordens, pois foram mal acostumadas em casa. São intimidados em casa e vistos como problema. Sofrem castigos físicos e/ou algum tipo de abuso.

São pressionados para o sucesso. São humilhados pelos adultos. Os agressores não precisam de punição e sim de ajuda. Em um programa Anti- Bullying jamais podem ser marginalizados e sim tratados também como vitimados pela situação. Algumas considerações para pais/professores de alunos que cometem Bullying Não ignorar a situação, mas manter a calma e controlar a própria agressividade, mostrando que a violência deve ser evitada. Não agredir nem intimidar. Mostrar que não aprova o comportamento mas não deixa de amá-lo. Dialogar, buscando o que pode ser feito, bem como o que pode estar levando àquele comportamento. As orientações e limites devem ser claros e firmes. Crie situações em que ele possa ser útil e solidário, elogie sua evolução. Uma vez reforçados os conceitos básicos, passemos para as ações de enfrentamento: Estratégias para o combate ao Bullying Os fatores que levam ao Bullying são diversos. Os aspectos sociais e culturais são fundamentais para sua solução. Nesse sentido, não há fórmulas prontas para a elaboração e execução de um programa Anti-Bullying. Mesmo assim, algumas premissas básicas, bem-sucedidas em experiências de sucesso, devem ser levadas em conta: Ampla divulgação do conceito Bullying; Nomeação de guardiões ou tutores de turmas - professores responsáveis pela implantação e acompanhamento em cada uma das turmas; Criação de equipes de alunos solidários que darão suporte aos professores; Investigação e serviços para que as vítimas possam encontrar apoio e narrar seu sofrimento; Para o item acima, cabe destacar a ação do Projeto Educar para a Paz, da pesquisadora Cléo Fante, que estimula os alunos a escreverem redações com os títulos Minha Vida Escolar e Minha Vida Familiar que mostrase ótima ferramenta para que as vítimas desabafem. Fonte: paisonline.homestead.com