Medidas para o Desenvolvimento da Indústria Nacional: Setores de Saúde e Petróleo e Gás Mauricio Canêdo Pinheiro Pesquisador do IBRE/FGV Política Industrial em Contexto de Crise Internacional: Avaliando Estratégias São Paulo 12 de dezembro de 2012
I. Por que Política Industrial? Política industrial justificada pela correção de falhas de mercado e provisão de bens públicos: Externalidades de aprendizado. Externalidades entre setores e problemas de coordenação. Externalidades informacionais e diversificação. Barreiras à entrada e externalidades associadas à exportação. Externalidades do investimento direto estrangeiro.
I. Por que Política Industrial? Classificação das Políticas Públicas
I. Por que Política Industrial? A experiência brasileira e internacional e a teoria econômica indicam que política industrial pesada deve ser usada com moderação. Ademais, deve ser transitória e com previsão de redução ao longo do tempo. Caso contrário, há o risco de que o setor contemplado se estabeleça em bases não competitivas.
II. Política Industrial Brasileira Recente Não se pretende abordar detalhadamente todas as recentes medidas de política industrial, mas apenas dois instrumentos cada vez mais utilizados. Conteúdo local. Margens de preferência em compras públicas (Lei n. 12349/2010).
II. Política Industrial Brasileira Recente Conteúdo Local Petróleo & Gás (P&G). Indústria naval (PROMEF e congêneres). Telecomunicações (Leilão 4G e PNBL). Setor Automotivo. Informática.
II. Política Industrial Brasileira Recente Conteúdo Local Petróleo & Gás (P&G). Indústria naval (PROMEF e congêneres). Telecomunicações (Leilão 4G e PNBL). Setor Automotivo. Informática.
II. Política Industrial Brasileira Recente Margens de Preferência Produtos e equipamentos médicos. Fármacos e medicamentos. Retroescavadeiras e motoniveladoras. Caminhões, furgões e implementos rodoviários. Confecções e calçados. Papel-moeda. Locomotivas e vagões.
II. Política Industrial Brasileira Recente Margens de Preferência Produtos e equipamentos médicos. Fármacos e medicamentos. Retroescavadeiras e motoniveladoras. Caminhões, furgões e implementos rodoviários. Confecções e calçados. Papel-moeda. Locomotivas e vagões.
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) O trade-off da política de conteúdo local: Benefícios em termos de externalidades. Custos associados à aquisição de insumos mais caros (que se manifestam mesmo no caso do sucesso da política). A política de conteúdo local somente é desejável enquanto os benefícios forem superiores aos custos: Idealmente a política deveria maximizar os ganhos para a sociedade e não o conteúdo local. O balanço entre custos benefícios tende a ser mais favorável se a diferença de competitividade entre os fornecedores locais e o de outros países não for muito grande.
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) Setores distintos demandam políticas diferentes: Para os setores já estabelecidos, fazem mais sentido políticas industriais leves. Para apostas estratégicas pode ser necessário algum tipo de política industrial pesada, mas como foco (a experiência norueguesa é um exemplo).
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) E&P Cadeia de Fornecimento
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) Que segmentos? Para os setores longe do centro, políticas industriais leves, que permitam sua inserção na cadeia produtiva de E&P. Para alguns (poucos) setores próximos do centro, a política de conteúdo local pode ser indicada. A escolha deve ponderar custos e benefícios. Prominp, Onip e IBP já tem levantamentos a esse respeito.
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) A política de conteúdo local deve ser transitória e reduzida gradativamente ao longo do tempo Caso contrário corre-se o risco de desenvolver setores pouco competitivos. Setores protegidos por tempo indeterminado não têm incentivo para investir em inovação. A experiência brasileira com política industrial é farta em exemplos negativos. A experiência sul-coreana com política industrial oferece um ótimo contraponto à experiência brasileira.
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) A política implica muita burocracia É difícil imaginar um volume de centenas de bilhões de dólares em investimento passando pelo crivo de certificadores e do regulador. Importância do investimento direto estrangeiro Experiências de outros países indicam que a parceria com empresas estrangeiras é ferramenta poderosa para capacitação das empresas domésticas. O Brasil disputa investimento com outros países e a oneração excessiva a atividade doméstica de E&P reduzir excessivamente a atratividade do nosso país.
III. Setor de Petróleo e Gás (P&G) Onde estamos? Apenas 25% das empresas do setor exportam e boa parte delas exporta menos de 10% da produção. Contrafactual: a Embraer seria capaz de competir no mercado internacional se a ela fosse imposto regras de conteúdo local similares ao do setor de P&G?
IV. Produtos e Equipamentos Médicos Qual o objetivo? Criação de emprego e renda pela proteção do mercado doméstico. Desenvolvimento de segmentos internacionalmente competitivos. Dificilmente os benefícios associados à geração de emprego e renda justificam os custos em termos de aumento de preços. Balanço somente é positivo se o benefícios for perene e os custos transitórios Os custos são especialmente importantes no setor de saúde (pública).
IV. Produtos e Equipamentos Médicos Exemplo: Incubadoras Somos competitivos. Dominamos a tecnologia. Temos mão de obra qualificada no setor privado e na academia. Por que margem de preferência de 15%? De que modo essa política cria incentivo à inovação? Não por acaso essas medidas foram listadas no âmbito do PBM junto das ações voltadas à defesa da indústria e do mercado interno.
IV. Produtos e Equipamentos Médicos Quais segmentos? Setores diferentes, mesma política? Excessiva ênfase no desequilíbrio da balança comercial como critério de escolha dos setores. Não é possível ser competitivo em tudo, mesmo países desenvolvidos têm déficit comercial em produtos e equipamentos médicos. Competitividade internacional pressupõe fluxo de comércio na compra de insumos e venda de produtos.
IV. Produtos e Equipamentos Médicos Inovação tem que se tornar um imperativo para as empresas Competição como ferramenta poderosa de incentivo à inovação. Para alguns segmentos, mais importante é absorver a tecnologia já existente Importância do IDE, fluxo de pessoas e de mercadorias. Relevância de políticas que preparem as empresas doméstica para receber e lidar com essas tecnologias.
V. Considerações Finais Não devemos cometer os mesmos erros do passado. Política industrial que implica proteção demasiada e por tempo indeterminado não é sustentável e gera perda de bem-estar. Competição é instrumento poderoso de incentivo à inovação. Política industrial pesada não é substituto para políticas horizontais e deve ser usada com moderação.