A família Melastomataceae s.s Juss. no Parque Nacional do Viruá (Roraima).



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Transcrição:

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA A família Melastomataceae s.s Juss. no Parque Nacional do Viruá (Roraima). KATIA GIGLIOLA CANGANI Manaus, Amazonas Junho, 2012

KATIA GIGLIOLA CANGANI A família Melastomataceae s.s Juss. no Parque Nacional do Viruá (Roraima). Orientador: Dr. Charles E. Zartman. Co-orientador: Dr. Michael John Gilbert Hopkins Dissertação apresentado à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Botânica do INPA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Botânica. Manaus, Amazonas Junho, 2012 2

FICHA CATALOGRÁFICA Sinopse: Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento taxonômico das espécies de Melastomataceae Juss. s.s. do no Parque nacional do Viruá em Roraima, para Ampliar o conhecimento sobre a família. Palavras-chaves: Melastomataceae, taxonomia, Parque Nacional do Viruá, Roraima. 3

Dedico este trabalho a minha mãe Maria de Fatima Claro, ao meu irmão Elton Ranieri Cangani, ao meu marido Ezequias da Silva e Silva e a minha irmã e amiga Marta Pereira, por sempre estarem ao meu lado, me dando muito amor, carinho e segurança. 4

AGRADECIMENTOS Ao programa de pós-graduação em botânica, pela infrestrutura, pelos discentes e pelos professores. Ao projeto PNADB da Capes, pelo financiamento das excursões de campo. A capes pelos dois anos de bolsa de mestrado, pois sem esta bolsa e o financiamento do projeto não seria possível à conclusão deste trabalho. Ao ICMBIO, aos analistas e aos chefes do Parque Nacional do Viruá Antonio Lisboa e Beatriz Lisboa, pela ajuda e logística para realização deste trabalho. Ao meu querido orientador Charles Zartman e em especial ao meu co-orientador Michael J.G. Hopkins, pela oportunidade de conhecer os especialistas da família Melastomataceae como Andreia Flores, Angela Martins, Mayara Cadda, Julia Meirelles, Fabian Michangelli, Renato Goldenberg e entre outros, por ser sempre compreensvio, atencioso e pela paciência para me ensinar a usar o banco de dados Bharms. Agradeço a minha super amiga Suzana Maria Costa, companheira de várias excursões para o Viruá e pelo o olho clínico para plantinhas pequenas e pelas ajudas taxonômicas do dia a dia. Agradeço a minha família e a minha irmã de coração Martinha Pereira, por sempre estarem ao meu lado, pela compreensão e carinho e a toda a família da botânica que sempre me acolheu de braços abertos. 5

A família Melastomataceae s.s Juss. no Parque Nacional do Viruá (Roraima). Katia Gigliola CANGANI 1 ; Michael John Gilbert HOPKINS 2 & Charles Eugene ZARTMAN 3. 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA- Manaus - Amazonas. kgcangani@gmail.com 2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA- Manaus Amazonas. mikehopkins44@hotmail.com 3 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. INPA Manaus - Amazonas. Charles.zartman@gmail.com Resumo: O trabalho foi realizado no Parque Nacional do Viruá (PNV), situado dentro na região Amazônica, no Estado de Roraima. O parque é citado por concentrar alta biodiversidade, formada pelos mosaicos de vegetações. As coletas foram realizadas durante o ano de 2010 e 2011. Todos os exemplares foram incorporados ao herbário do INPA. Foram registradas 45 espécies no total, pertencentes a 15 gêneros. Dentro das tribos: Microlicia; Rhynchanthera DC. (uma espécie), Siphanthera Pohl. (uma espécie); Melastomeae,foram coletadas espécies de Acisanthera P. Br. (duas espécie), Aciotis D. Don, (três espécies); Comolia DC. (duas espécies), Macairea DC. (duas espécies) e Tibouchina Aubl. (uma espécie), Merianieae foram coletadas Meriania Sw.(uma espécie) e Pachyloma DC. (duas espécies), Miconieae foram registrados os seguintes gêneros: Bellucia Raf. (duas espécies), Clidemia D. Don., (cinco espécies), Henriettea DC. (quatro espécies), Henriettella Naudin, (uma espécie), Maieta Aubl.,(uma espécie), Miconia Ruiz & Pavon., (14 espécies) e Tococa Aubl. (quatro espécies). Foram registrados dez novos registros para o Estado de Roraima e um novo registro para o Brasil. As espécies foram encontradas em todas as formações vegetacionais do PNV, especialmente nas áreas de campina e terra firme. Montamos chave de identificação, descrições taxonômicas, glossário para termos técnicos, ilustrações fotográficas, distribuição das espécies dentro do parque, favorecendo assim para o melhor conhecimento das espécies que ocorrem no PNV. Palavras-chaves: Melastomataceae, taxonomia, Parque Nacional do Viruá, Roraima. 6

Abstract: This work was conducted in the Virua national park located in the Amazon region in the state of Roraima. The Park is recognized as having a high concentration of alphadiversity as the resulto f a mosaico f different vegetation types. Collections were made during the 2010-2011 year. All specimens are deposited in the INPA Herbarium. A total of 45 species were recorded belonging to 15 genera within the tribes Microlicia; Rhynchanthera DC. (one species), Siphanthera Pohl. (one species); Melastomeae,foram coletadas espécies de Acisanthera P. Br. (two species), Aciotis D. Don, (three species); Comolia DC. (two species), Macairea DC. (two species) e Tibouchina Aubl. (one species), Merianieae was coleted Meriania Sw.(one species) and Pachyloma DC. (two species), Miconieae registered the following genera: Bellucia Raf. (two species), Clidemia D. Don., (five species), Henriettea DC. (four species), Henriettella Naudin, (one species), Miconia Ruiz & Pavon., (14 species) e Tococa Aubl. (four species). Ten new state records for Roraima and one new country record for Brazi are reported in this work. The species were reported from all of the vegetation types typical of Virua National Park particualrly in the campina and terra-firme forests types. We produced an identification key, taxonomic descriptions, glssary for technical terms, photographs, and species distribution maps within the Park in order to better understnad this family within the conservation unit. Key words: Melastomataceae, Taxonomy, Viruá National Park, Roraima. 7

SUMÁRIO Introdução geral...09 Objetivo geral...10 Objetivos específicos...10 Capítulo 1 - A família Melastomataceae Juss. no Parque Nacional do Viruá...11 Introdução...12 Material e métodos...13 Resultados e discussão... 17 Levantamento... 19 Tratamento Taxonômico... 20 Chave para identificação dos gêneros de Melastomataceae... 20 Aciotis D. Don,...21 Acisanthera P. Br.,...25 Bellucia Raf.,...29 Clidemia D.Don.... 33 Comolia DC.,... 41 Henriettea DC.,... 44 Henriettella Naudin,... 51 Macairea DC.... 52 Meriania Sw.,... 56 Miconia Ruiz & Pavon... 58 Pachyloma DC.,... 79 Rhynchanthera DC.,... 82 Siphanthera Pohl ex DC.,... 84 Tibouchina Aubl.,... 86 Tococa Aubl.... 88 Conclusões finais... 95 Glossário... 96 Referências bibliográficas... 97 8

NTRODUÇÃO GERAL Estudos taxonômicos e levantamentos florísticos são de grande importância para o conhecimento do mundo biológico e para determinar locais que necessitam de maior atenção e cuidados para preservação. Isto só é possível quando se tem um conhecimento prévio sobre determina área ou determinação taxonômica para a flora, a classificação de plantas é importante não apenas para determinar o potencial econômico de certa espécie (para obtenção de alimento, fibras, vestimenta, medicamentos), mas também para estudos ecológicos, conservacionistas, para naturalistas amadores, para definição de prioridades de conservação, manejo de recursos florestais e uso sustentável da biota. Estudos florísticos servem como base para planos de manejo, educação ambiental, etnobotânica, identificação e organização de áreas de preservação, e até mesmo recuperação de áreas degradadas. Quanto maior o número de levantamentos florísticos realizados, mais dados científicos poderão ser utilizados para conscientizar e até mesmo pressionar as autoridades competentes e a população, alertando sobre a riqueza que poderá ser perdida, sobre os danos para todo o meio ambiente se este for degradado ou mal utilizado, e sobre as conseqüências diretas ou indiretas que a população poderá sofrer. (Drummond 2005). Em florestas tropicais como a região amazônica, possui poucos estudos florísticos e taxonomicos, devido à difícil logística e à grande diversidade de organismos. Nesta região, existe uma lacuna de coletas devido a pouca amostragem e poucos taxonomistas, o que impede um mapa de distribuição de plantas e identificação de áreas de endemismo (Hopkins 2007). Na região amazônica falta especialista para a família Melastomataceae, como isto as coleções são mal identificadas ou não possui determinações. A dimensão dessa lacuna pode ser também entendida pelas diferenças significativas entre os dados apresentados para a região nas últimas monografias para a família, de 28 a 35 gêneros e 184 a 221 espécies (Cogniaux, 1883-1888, 1891) e os recentemente levantados para o Brasil, onde são assinalados 46 gêneros e cerca de 480 espécies (Baumgratz et al., 2010). Estes valores correspondem a 70% dos gêneros e cerca de 40% das espécies 9

encontradas no país. É notória a inexistência de trabalhos de floras e flórulas sobre a família na região, que incluam chaves de identificação, descrições, dados de distribuição ou estado de conservação das espécies. Dados mais atuais publicados referem-se apenas ao guia de identificação para a Reserva Ducke (Ribeiro et al., 1999) e a lista de espécies para o estado do Acre (Michelangeli & Goldenberg, 2008). Além disso, tem-se acesso à base de dados de herbários regionais, como INPA e UFACPZ, e de outros com expressivas coleções amazônicas, como NY e RB (>www.splink.org.br<, sítio eletrônico continuamente atualizado), que se constituem importantes referências para o conhecimento da flora dessa região. Desse modo, para as identificações das plantas amazônicas brasileiras são utilizadas, geralmente, publicações de floras de países vizinhos, como as da Venezuela (Wurdack, 1973), Equador (Wurdack, 1980) e Guianas (Wurdack et al., 1993), além das revisões de gêneros assinaladas anteriormente. Uma análise dos estudos até então publicados sobre a família no Brasil permite evidenciar duas grandes lacunas a serem preenchidas para os dias atuais: o conhecimento da real diversidade do grupo na flora amazônica e a necessidade da formação de especialistas em gêneros mais amazônicos. (Goldenberg, no prelo) OBJETIVOS Objetivo geral Ampliar o conhecimento sobre a família Melastomataceae s.s. Juss. no PNV. Objetivos específicos - Realizar o levantamento e identificação das espécies; - elaborar chaves de identificação tradicional e interativa; - confeccionar descrições e ilustrações para as espécies coletadas; - glossário para termos técnicos sobre a família. 10

Capítulo 1 Cangani, K. G.; Hopkins, M. J. G. & Zartman, C. E. 2012. A família Melastomataceae Juss. no Parque Nacional do Viruá (Roraima). Rodriguesia 11

INTRODUÇÃO A família Melastomataceae é uma das mais abundantes no Brasil, e amplamente representada na vegetação do Parque Nacional do Viruá (PNV) (Candido, 2005, Gribel et al 2009). O Estado de Roraima, localizado no extremo setentrional da Amazonia brasileira, abriga uma grande variedade de tipologias de vegetação, em função da diversidade de climas, solos e relevos presentes em seus 225 mil km2. (Schaefer e Vale Junior, 1997, Relatorio vegeta). O PARNA Viruá representa uma das mais extensas unidades de conservação com Campinaranas no Brasil, revelando, ainda, uma extensa faixa de transição com ecossistemas florestados em seu limite nordeste, o que assegura uma importância crucial para a proteção efetiva de um grande mosaico de formações florestadas e abertas em ambiente submetido à inundação periódica, de vastidão arenosa (Relatorio Geo). O PNV foi indicado por apresentar uma alta biodiversidad pouco estuda, principalmente na área taxonômica, existindo assim uma grande lacuna do conhecimento. No parque vêm sendo realizados vários estudos ecológicos e taxonômicos. Hopkins (2007), mas nenhum trabalho não tinha sido realizado com Melastomatacea. A família é a sexta maior dentro das Angiospermas, constituída por 166 gêneros e aproximadamente 4.500 espécies, concentradas no Novo Mundo, onde são conhecidas cerca de 2.950 espécies (Renner, 1993). No Brasil ocorrem aproximadamente 68 gêneros e mais de 1.500 espécies, que se distribuem desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul, estando presente em praticamente todas as formações vegetacionais com um número variável de espécies (Romero & Martins 2002). As tribos ocorrentes no Brasil são: Sonerileae Triana, Merianieae Triana, Melastomeae DC, Miconieae DC, Blakeeae Hook e Microlicieae Naudin (Renner, 1993). A última revisão mais abrangente para os gêneros brasileiros de Melastomataceae foi feita por Cogniaux (1883-85, 1886-88, 1891), que continua sendo a referência mais utilizada nos estudos para a família. (Koschnitzke,1997). 12

A família pertence à ordem Myrtales um grupo monofilético, apoiado morfologicamente pela venação acródroma das folhas. A família parece ser o maior clado de angiospermas caracterizado por esse tipo de venação (Clausing & Renner, 2001). Além dessa, as principais características da família são as flores hermafroditas, geralmente actinomorfas, perigíneas ou epigíneas, com um hipanto em forma de taça, em cujo ápice se insere as lacínias do cálice, pétalas, androceu diplostêmone, estames com anteras falciformes, ovário com dois ou mais carpelos, numerosos óvulos e frutos baciformes ou capsulas (Marchiori & Sobral 1997) As espécies de Melastomataceae podem apresentar alta diversidade de hábitos, desde herbáceo até arbustivo, ocorrendo muito comumente espécies arbóreas, e mais raramente trepadeiras e epífitas, que permitem a ocupação de ambientes distintos e diversificados (Romero & Martins 2002). MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O Parque Nacional do Viruá, localiza-se no município de Caracaraí, no centro-sul do Estado de Roraima (1 46 34 N, 61 02 06 W) e apresenta uma área de 227.011 hectares. A área apresenta uma precipitação média anual de 1.794 mm e temperatura média anual de 26 C, (Schaefer et al. 2009). 13

Figura 1. Localização do Parque Nacional do Viruá. Fonte: www.raisg.socioambiental.org. Amazônia 2009 - Áreas Protegidas e Territórios Indígenas, Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, 2009. Figura 2 Mapa de limites do PNV. Fonte: ICMBio. Figura 3 Fisionomias de vegetação do PNV. Fonte: ICMBio. 14

No PARNA do Viruá também são encontradas outras fitofisionomias florestais típicas da Bacia Amazônica e do Planalto das Guianas. De acordo com a classificação de Veloso et al. (1991) também ocorrem na área do Parque Florestas Ombrófilas Densas e Abertas das Terras Baixas, Florestas Ombrófilas Densas Aluviais ao longo dos rios e pequenas áreas de Florestas Ombrófilas Densas e Abertas Sub-montanas, nas serras baixas e inselbergs. Ocorrem ainda em grande extensão áreas de formações pioneiras (ou sistema edáficos de primeira ocupação) representadas pelos campos inundáveis graminosos e buritizais que colonizam as áreas encharcadas. (Schaefer et al. 2009). COLETA DE DADOS Levantamento Bibliográfico Para identificação dos táxons foram utilizadas as seguintes bibliografias sobre a taxonomia da família: Freire-Fierro (2009); Michelangeli, (2005), Renner,(1989), Seco, (2006), Almeda & Robinson (2011), Berry et al. (2001), Cogniaux (1883-1885; 1891), Guimarães & Oliveira (Flora de São Paulo, 2010). Os sites do International Plant Names Index (IPNI), Missouri Botanical Garden (MOBOT), New York Botanical Garden (NYBG). Consulta em Herbários As identificações foram confirmadas através de consultas: - dos tipos de New York Botanical Garden (NYBG); - exsicatas depositadas no herbário do INPA; - aos especialistas da família (Fabian Michangeli; Renato Goldenberg; Angela Martins e Frank Almeda). Coletas de Campo As coletas foram realizadas de Julho 2010 a Outubro de 2011, com permanência entre 15 a 20 dias no local. Foram coletadas todas as espécies que se encontrasse em estado reprodutivo, flores e frutos foram armazenados em tubos com álcool 70%. Os indivíduos coletados depois de identificados foram depositados no Herbário do INPA, e as duplicatas serão doadas aos herbários, da Universidade Estadual de Campinas 15

(UNICAMP), Universidade Federal de Roraima, Universidade Federal de Pernambuco e para Herbário de New York Botanical Garden (NYBG). PROCEDIMENTOS EM LABORATÓRIO As análises foram realizadas no Laboratório de Taxonomia Vegetal, do Departamento de Botânica, localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). As partes estéreis (pecíolo, folha) e reprodutivas (hipanto, anteras, conectivo da antera, apêndices do conectivo), foram mensuradas com auxílio de um paquímetro digital. Com relação à morfologia, o número de nervuras laterais das folhas foi complementado com um sinal de mais e o número dois quando se constatou a ocorrência de um par submarginal tênue adicional (p.ex. 3+2, com 1 nervura principal, 2 laterais e mais o par tênue).(camargo, 2008) A proporção de quanto o ovário encontra-se aderido ao hipanto foi obtida através da relação entre os valores de comprimento total do ovário e de sua porção soldada. (Chiavegatto, 2005) Foram utilizados os materiais (flores e frutos) já amarzenados em tubos com álcool 70%, os materiais secos foram reidratados em água fervente para dissecação. As estruturas dos espécimes foram analisadas utilizando Microscópio Estereoscópio, e suas características lançada no banco de dados do programa Brahms, que serviu para gerar as descrições. As análises e descrições das estruturas florais, indumentos foram baseadas em Mendoza & Ramirez, (2006); Lawrence (1951); Lorenzi (2007), buscando o consenso entre as terminologias. Para a contagem das sementes foi padronizado o seguinte de: -1 a 10 sementes = menos de 10; -10 a 20 sementes = moderamente; - mais que 20 = numerosas. As referencias para obtição dos sinônimos das espécies foi utilizado o site http://www.theplantlist.org/ e Wurdack, 1993 Para obter a distribuição geográfica das espécies para os países foram utilizados os sites do International Plant Names Index (IPNI), Missouri Botanical Garden (MOBOT), 16

New York Botanical Garden (NYBG) e para o Brasil fui utilizado da Lista do Brasi http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/. Para a confecção da chave interativa foi utilizado o programa LUCID 3, o levantamento dos caracteres foi realizado a partir do material coletado em campo e através de referências bibliográficas específicas para gêneros e espécie de Melastomataceae. O glossário foi confeccionado com base nas seguintes referencias Ferri (1969), Harris, J.G & Harris, M.W (2001), Gonçalves, E.G & Lorenzi, H, (2007), Mendoza & Ramirez, (2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Levantamento No PNV, Melastomataceae s.s. está representada por 15 gêneros e 45 espécies. Dentro das tribos: Microlicia; Rhynchanthera DC. (uma espécie), Siphanthera Pohl. (uma espécie); Melastomeae,foram coletadas espécies de Acisanthera P. Br. (duas espécie), Aciotis D. Don, (três espécies); Comolia DC. (duas espécies), Macairea DC. (duas espécies) e Tibouchina Aubl. (uma espécie), Merianieae foram coletadas Meriania Sw.(uma espécie) e Pachyloma DC. (duas espécies), Miconieae foram registrados os seguintes gêneros: Bellucia Raf. (duas espécies), Clidemia D. Don., (cinco espécies), Henriettea DC. (quatro espécies), Henriettella Naudin, (uma espécie), Maieta Aubl., (uma espécie), Miconia Ruiz & Pavon., (14 espécies) e Tococa Aubl. (quatro espécies). Tabela 1 - Lista de espécies de Melastomataceae s.s. no PNV. Espécies Ambientes * Aciotis acuminifolia Triana Buritizal * Aciotis annua Triana Buritizal Aciotis purpurascens Triana Buritizal * Acisanthera crassipes (Naudin) Wurdack Campina * Acisanthera tetraptera (Cogn.) Gleason Campina 17

Bellucia grossularioides Triana Bellucia mespiloides (Miq.) J.F.Macbr. Clidemia hirta D.Don Clidemia involucrata DC. Terra firme Terra firme Buritizal Buritizal * Clidemia novemnervia Triana Buritizal Clidemia octona (Bonpl.) L.O.Williams Clidemia rubra Mart. Comolia microphylla Benth. Comolia villosa Triana Terra firme Campina Campina Campina * Henriettea granulata Berg ex Triana Campinarana Henriettea horridula Pilg. Henriettea martiusii Henriettea spruceana Cogn. Henriettella ovata Cogn. Macairea lasiophylla (Benth.) Wurdack Macairea thyrsiflora DC. Meriania urceolata Triana Miconia alata DC. Miconia aplostachya DC. Miconia argyrophylla DC. Miconia chrysophylla Urb. Miconia ciliata DC. Campinarana Igapó Igapó Campinarana e campina Campina Campina Campinarana Capoeira Campinarana Terra firme Terra firme Campina, Campinaranas * Miconia dichrophylla J.F.Macbr. Terra firme Miconia holosericea DC. Miconia ibaguensis Triana Terra firme Terra firme 18

Miconia lepidota Steud. ex Naudin Terra firme * Miconia minutiflora DC. Campina Miconia prasina DC. Terra firme * Miconia ruficalyx Gleason Terra firme Miconia stenostachya DC. Miconia tomentosa D.Don Pachyloma coriaceum DC. Pachyloma huberioides Triana Rhynchanthera grandiflora DC. Campina Terra firme Campina Campina Campina ** Siphanthera cowanii Wurdack Campina * Tibouchina aspera Aubl. Campina Tococa coronata Benth. Tococa guianensis Aubl. Buritizal Buritizal, terra firme e campinarana. * Tococa macrosperma Mart. Buritizal, terra firme e campinarana. * Tococa nitens Triana Canpina e campinarana. * novos registros para o Estado de Roraima ** novo registro para o Brasil Os novos registros encontrados para o Estado de Roraima são: Aciotis acuminifolia, A. annua, Acisanthera crassipes, A. tetraptera, Clidemia novemnervia, Henriettea granulata, Miconia dichrophylla, M. minutiflora, M. ruficalyx, Tibouchina aspera, Tococa macrosperma, T. nitens O novo registro para o Brasil é Siphanthera cowanii, anteriormente conhecida somente na Venezuela. O ambiente que ocorre maior número de indivíduos é a campina com 17 espécies, isto pode estar ocorrendo pelo fato do PNV apresentar a maior área de campina da Amazônia; seguido pelo ambiente terra firme com 14 espécies, esta segunda 19

colocação deve a presença em grande maioria do gênero Miconia, que ocorre em geral em matas de terra firme. Seguidos pelos ambientes, Buritizal e Campinarana com nove espécies cada, dois igapó e um capoeira. Tratamento Taxonômico Melastomataceae Jussieu compreende cerca de 4.570 espécies distribuídas em 166 gêneros (Clausing; Renner, 2001), em sua maioria tropical, com cerca de dois terços dos mesmos restritos ao Novo Mundo (Wurdack, 1962). É uma das famílias mais importantes da flora brasileira com a ocorrência de 68 gêneros e 1.312 espécies no país (Baumgratz et al. 2010). As espécies apresentam hábito herbáceo, arbustivo, arbóreo ou mais raramente epifítico e lianescente. A maioria é reconhecida pelas folhas decussadas com nervação acródroma, estames freqüentemente falciformes, conectivo desprovido de glândula dorsal e anteras poricidas (Romero & Martins 2002; Renner 1993). Chave para os gêneros de Melastomataceae sensu stricto do PNV 1. Ovário súpero; fruto cápsula.(falsa cápsula Aciotis)...2 1.Ovário ínfero; fruto baga...8 2. Árvore; domácia presente; face abaxial da folha moderamente revestida por tricomas dendríticos...meriania 2`. Ervas ou arbusto; domácia ausente; face abaxial da folha revestida por outros tipos de tricomas...3 3. Estaminódio presente; um único estame maior que todos...rhynchanthera 3`.Estaminódio ausente; todos estames iguais em tamanho ou se diferente não sendo um maior que os outros...3 4. Ramos revestidos densamente por tricomas escariosos; lacínias escamosas...tibouchina 4`. Ramos revestidos por outro tipo de tricomas; lacínias não escamosas...4 5. Ovário com tricomas no ápice; folhas e ramos com glândulas sésseis, com tricomas simples ou glandulares...macairea 20

5`. Ovário totalmente glabro; folhas e ramos sem glândulas sésseis; com ou sem tricomas simples ou glandulares...5 6. Folhas lineares; margem inteira com pequenos dentes esparsos; presença de tricomas nodais...siphanthera 6`. Folhas com outro tipo de forma e margem; presença ou não de tricomas nodais...6 7. Face adaxial das folhas revestida ou não por glândulas translúcidas; anteras com apêndices dorsais caudais; ventrais bifídos...pachyloma 7`. Face adaxial das folhas sem glândulas translúcidas; anteras sem apêndices caudais ou bifídos...7 8. Erva submersa ou não; subarbusto; ramos cilíndricos a quadrangulares; flores em cimeiras ou flores solitárias...acisanthera 8`. Subarbusto ou arbusto; ramos quadrangulares; flores solitárias...comolia 9. Folhas com ou sem domácias (Tococa nitens); folhas com margem ciliada ou inteira...tococa 9`.Folhas sem domácias; margem de forma diferente...9 10. Ramos quadrangulares; margem da folha serrilhada a ciliada; sementes numerosas e cocleadas...aciotis 10`. Ramos e margem com formas diferentes; sementes não cocleadas...10 11. Inflorescência lateral; cálice duplo; pétalas com ápice arredondado...clidemia 11`. Inflorescência terminal; pseudo-lateral; cálice simples...11 12. Pétalas com ápice arredondado a emarginado...miconia 12`. Inflorescências não terminais...12 13. Caulifloria presente; flores grandes; 5-7 meras; pétalas obovadas; oblongabovadas; sem apêndices...bellucia 13`. Caulifloria presente; flores menores; 4-5 meras; pétalas obovadas; oblanceoladas; ungüiculadas; com apêndices...henriettea (Henriettella) 1. Aciotis D. Don, Mem. Wern. Nat. Hist. Soc. 4: 283. 1823. Ervas, anuais ou perenes, até 1 m, estoloníferas ou não. Ramos quadrangulares, geralmente alados, glabros ou com tricomas. Folhas pecioladas a subsésseis, lâmina 21

membranácea a papirácea, oval, obovada, lanceolada, 3-7 nervuras acródromas basais. Inflorescências terminais paniculadas, tirsóides, cimeiras uníparas ou bíparas, terminais, multifloras. Brácteas semelhantes às folhas, mas menores em tamanho; bractéolas diminutas. Flores 4-meras, hipanto urceolado, estriado. Cálice com lacínias ovais, ápice agudo. Pétalas obovais, oblongas, lanceoladas, ápice obtuso a agudo, glabras. Estames 8, isomórfos. Anteras orbiculares ou oblongas, brancas ou purpúreas, uniporosas; conectivo curtamente ou não prolongado abaixo das tecas, base articulada inapendiculado. Ovário semi-infero, 2 (3)-locular, glabro. Fruto capsular ou bacáceo, neste caso com pericarpo caduco, glabro ou com tricomas no ápice. Sementes numerosas, cocleadas. Sul do Mexico, America Central, Colombia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Brasil, Bolivia. Possuem 13 espécies. (Freire-Fierro, A. 2002) Chave para as espécies de Aciotis do PNV 1.Folhas e hipanto glabros; Inflorescência tirsóide...aciotis purpurascens 1. Folhas e hipanto pubescentes; Inflorescência cimeira,...2 2. Erva; folhas com ambas as faces glabras a revestidas esparsamente por tricomas simples; pétalas obovadas...aciotis acuminifolia 2. Subarbusto; folhas com ambas faces revestidas esparsamente a moderamente por tricomas simples; pétalas lanceoladas...aciotis annua 1.1 Aciotis acuminifolia Triana, Trans. Linn. Soc. London 28(1): 51. Erva, 7-30 cm. Ramos quadrangulares, glabros a esparsamente revestidos por tricomas glandulares. Folhas pecioladas, pecíolo 0,1-1,5 cm compr, lâmina 0,9-5,6 x 0,3-2,5 cm, elíptica-obovada, base atenuada-obtusa, margem serrilhada-ciliada, ápice agudo a arredondo, ambas as faces glabras a revestidas esparsamente por tricomas simples, 3-nervuras basais. Cimeiras terminais, 4,1-7,3 cm compr, terminais. Flores 4-meras. Hipanto 1,8 mm compr, hemisférico, revestido esparsamente por tricomas glandulares. Cálice simples, persistentes, Lacínias triangulares. Corola rosada, pétalas com ápices arredondados. Estames 8, isomórfos, anteras 0,9-1 mm 22

compr, achatadamente ovóide, ápice truncado, poricidas. Ovário ínfero, glabros. Estilete filiforme, glabro. Fruto cápsula carnosa. Sementes numerosas e cocleadas. Comentários: Encontrada em floração no mês de setembro e frutificando nos meses de setembro e maio. Diferencia-se das demais espécies por apresentar pubescência sem glândulas no caule, as folhas são membranáceas glabras e ovadas com 3- venações. A. paludosa nunca possui ápice da folha acuminado, o pericarpo e placentação são caducos; A. ornata possui o ápice da folha obtuso, os frutos maduros não são translúcidos quando secos. As espécies glabras, A. purpurascens, possue folhas atenuadas e esverdeadas os são frutos translúcidos, esta espécie pode ser confundido com A. acuminifolia, no entanto, A. purpurascens, é mais alta (pelo menos 50 cm), e as inflorescências são tirsos e os frutos caducos. (A. Freire-Fierro, 2002). As plantas do PVN possuem folhas membranáceas, parte abaxial roxa e adaxial verde. Cálice verde, ápice das pétalas com um tricoma glândular. Estames com filete rosa e antera amarela. Estigma rosa. Distribuição: Ocorre na Bolívia, Caribe, Colombia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela. No Brasil, ocorre no AP, PA, AM, AC, RO, MA, MT. No PNV, ocorre em área de Buritizal. Nova ocorrência para o Estado de Roraima. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Grade PPbio, N3-500 na parte alagada, 15. IX. 2010, Cangani, K.G. 52 (INPA); F.R.C. Costa, 1033 (INPA) Material adicional: BRASIL. Acre: Cruzeiro do Sul, 26. X. 1966, Prance, G.T. 2876 (INPA). Amazonas: Rio Javari, 28. VII. 1973, Lleras, E. P 16895 (INPA). Rondônia: Rio Madeira, 20. XI. 1968, Prance, G.T. 8684 (INPA). 1.2 Aciotis annua Triana, Trans. Linn. Soc. London 28(1): 52. Sub-arbusto, 20 cm-1 m. Ramos quadrangulares, revestidos esparsamente moderamente a densamente por tricomas glandulares, simples. Folhas pecioladas; pecíolo 0,2-4,5 cm compr, lâmina 0,8-12,5 x 0,4-6,5 cm, elíptica-ovada, base levemente sub-cordada a obtusa, margem serrilhada-ciliada, ápice acuminado, ambas as faces revestidas esparsamente-moderamente por tricomas simples, 3+2-5 nervuras basais. Cimeiras, terminais 2,5-10 cm compr. Flores 4-meras. Hipanto 1,2-23

2,3 mm compr, hemisférico, moderamente revestido por tricomas glandulares. Cálice simples, persistentes, Lacínias triangulares. Corola alva, pétalas com ápices agudos. Estames 8, isomórficos. Conectivos 0,3-0,6 mm compr. calcarado, apêndices basais ou dorsais. Anteras 0,7-1,7 mm compr, eretas, ápice truncados, poricidas. Ovário ínfero, com tricomas glandulares. Estilete filiforme, glabro. Fruto carnoso. Sementes numerosas e cocleadas. Comentários: Encontrada em estado de floração nos meses de Janeiro, Maio, Setembro e Novembro; e em frutificação nos meses de Janeiro, Maio e Novembro. Reconhecida principalmente por suas inflorescências densas, com brácteas conspícuas e pela cor esbranquiçada na superfície abaxial das folhas, brácteas e dos frutos. Disntingue-se de A. polystachya, com a qual é frequentemente confundida, pela inflorescência mais ampla, as brácteas são menores e partes vegetativas cobertas com tricomas glandulares na mesma (A. Freire-Fierro, 2002).As plantas do PNV, apresentam botões florais alvos. Pétalas com tricomas glandulares. Estames com filetes alvos e anteras rosadas. Estigma alvos. Frutos verdes. Distribuição: Ocorre na Bolívia, Guiana Francesa, Caribe, Colombia, Costa Rica, Equador, Guiana, Panamá, Suriname, Venezuela. No Brasil, ocorre no PA, AM, AC, MA, PI, BA, GO. No PNV, ocorre em área de Buritizal. Nova ocorrência para o Estado de Roraima. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Grade PPbio, desvio da N2 área alagada, 13.IX. 2010, Cangani, K.G. 44 (INPA). Grade PPbio, N2-1300, 1º28'29'' N, 61º00'42'' W, 23.I. 2011, Cangani, K.G. 125 (INPA), Grade PPbio, N2 entre L2. Solo encharcado; 1 48'67''S, 61 01'57''W; F.R.C. Costa, 1039 (INPA); Floresta ombrófila densa (Baixio), F.A. Carvalho, 795 (INPA); Solo encharcado. Trilha L1 (900-1400) Ppbio; 1 48'67''S, 61 01'57''W. F.R.C. Costa. 1209 (INPA) N3-1200, Grade Ppbio, N. Davilla, 5775 (INPA). Material adicional: BRASIL. Amazonas: Rio Xié, afluente do rio Negro, 8.V. 1973, Silva, M.F. da 1356 (INPA). Humaitá, Campo I, 500m ao Norte da BR-230, Km 2, 7º31' N, 63º10' W, 3.III. 1980, Janssen, A.S. 242 (INPA). 1.3 Aciotis purpurascens Triana, Trans. Linn. Soc. London 28(1): 52, t. 3, f. 36. 24

Arbusto, 50 cm-1m. Ramos quadrangulares, glabros. Folhas pecioladas, pecíolo 1-3,2 cm compr, lâmina 1,6-12,8 x 0,3-4,9 cm, lanceolada-elíptica, base truncadaatenuada, margem ciliada, ápice acuminado, ambas as faces glabras, 3+2 nervuras basais. Tirsos terminais, 6,5-16,9 cm compr. Flores 4-meras. Hipanto 1,7-2,1 mm compr, hemisférico, glabro. Cálice simples, persistentes, Lacínias triangulares. Corola alva, pétalas com ápice arredondado. Estames 8, isomórficos, conectivos 0,6-0,9 mm compr. Anteras 0,9-1,5 mm compr, eretas, ápice truncados, poricidas. Ovário ínfero, glabros. Estilete filiforme, glabro. Fruto carnoso. Sementes numerosas e cocleadas. Comentários: Encontrada em estado de floração e frutificação em julho. Reconhecida pela inflorescência tirsóide-panícula e pelo fruto bacáceo. Ocasionalmente, pode apresentar hábito epífito, talvez em resultado da dispersão por pássaros. A.purpurascens pode ser confundida com A. rubricaulis, por apresentar caule, folhas e hipanto densamente revestidos por tricomas glandulares ou simples. (A. Freire-Fierre, 2002). As plantas do PNV apresentam botões florais, estigmas e estames alvos. Frutos imaturos verdes e quando maduro roxos apreteados com tricomas. Distribuição: Ocorre na Bolívia, Caribe, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Venezuela. No Brasil, ocorre em RR, AP, PA, AM, AC, RO, MA, CE, MT. NO PNV, ocorre em área de Buritizal. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Campina da L3-500 da grade do PPBIO, 22. VII. 2010, Cangani, K.G. 36 (INPA), R. Morokawa, 282 (INPA) Material adicional: BRASIL. Amazonas: Rio Javari, 5º 08' S, 72º48' W, 2.VIII. 1973, Lleras, E. P 17029 (INPA). Manaus, Igarapé de Santo Antônio, Igarapé de Santo Antônio, 23. XI. 1960, Rodrigues, W.A. 1951 (INPA). Roraima: Base da Serra Tepequem, 11.II. 1967, Prance, G.T. 4322 (INPA). 2. Acisanthera P. Br., Civ. Nat. Hist. Jamaic. 217. 1756. Ervas anuais ou subarbustos perenes. Ramos quadrangulares, glabros, pilosos ou glandulares. Folhas sésseis ou curtamente pecioladas, cordadas, ovais, obovais ou oblongas, base arredondada a cordada, ápice agudo a obtuso, margem inteira, serrilhada ou serreada. Inflorescências terminais ou axilares, ou isoladas tirsos ou 25

panículas curtas; Flores 4-5-meras. Hipanto campanulado, oblongo ou ovóide, glabro ou piloso. Cálice com lacínias lineares ou triangulares, persistentes. Corola violácea, roxa ou rosa; pétalas obovais ou suborbiculares. Estames 8 ou 10, heteromorfos, filetes glabros. Anteras oblongas, lineares, subuladas ou curvadas, uniporosas, antepétalos: conectivo pouco prolongado abaixo das tecas, apêndice bilobado ou bituberculado ventralmente; antesépalos: conectivo longamente prolongado abaixo das tecas, ventralmente bilobado, bífido ou calcarado, dorsalmente tuberculado ou não. Ovário súpero, 2-4-locular,glabro; estilete filiforme, reto ou sigmóide; estigma punctiforme. Fruto capsular, 2-4-valvar. Sementes numerosas, ovais, oblongas ou subcocleadas, cocleadas. Chave para as espécies de Acisanthera do PNV 1.Erva submersa; ramos glabros a esparsamente revestidos por tricomas glandulares; base nas folhas obtusa; nervura...acisanthera crassipes 1`.Erva não submersa a subarbusto; ramos revestidos esparsamente por tricomas glandulares; base aguda-cordada; nervuras 1+2, (3-5)...Acisanthera tetraptera 2.1 Acisanthera crassipes (Naudin) Wurdack, Fieldiana, Bot. xxix. 539 (1963) Erva submersa, 8-20 cm. Ramos cilíndricos a quadrangulares, glabros a esparsamente revestidos por tricomas glandulares. Folhas sésseis, lâmina 0,1-0,5 x 0,1-0,3 mm, ovada, base obtusa, margem serrilhada, ápice agudo a arredondo, ambas as faces revestidas esparsamente por tricomas glandulares, 1-nervura. Flores solitárias, axilares-terminais. Flores 5-meras. Hipanto 1,4 mm compr, globoso, revestido por tricomas glandulares. Cálice simples com tricomas glandulares, persistentes, Lacínias triangulares. Corola rosa, alva, pétalas com ápices arredondados. Estames 10, heteromórfos, conectivos ca 0,5 mm compr. bilobados, apêndices ventrais-basais, anteras 0,3-0,6 mm compr, ovadas, ápice truncado, biporicidas. Ovário súpero, glabro. Estilete filiforme com ápice levemente sigmóide, glabro. Fruto seco. Sementes moderamente, cocleadas. Comentários: Encontrada em estado de floração e frutificação em Março. O caule é avermelhado quase translucido; Estames com filetes com a base branca e ápice roxo 26

avermelhado, apêndices amarelados, como um grão de pólen, anteras roxas avermelhadas. Estigma branco esverdeado. Distribuição: Ocorre no Caribe, Guiana Francesa, Guiana, Honduras, Nicarágua, Venezuela. No Brasil, ocorre no AP, PA, AM. No PNV, ocorre em campinas alagadas. Nova ocorrência para o Estado de RR. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Estrada perdida entre a segunda e a terceira boeira, 1º23'17'' N, 60º59'03'' W, 30.III. 2011, Barbosa, T.D.M. 1468 (INPA). Área alagada depois da primeira bueira, 25.I. 2011, Cangani, K.G. 130 (INPA). Material adicional: BRASIL. Amazonas: Humaitá, 7º31' N, 63º10' W, 21.II. 1980, Janssen, A.S. 191 (INPA). Pará: Santarém, 2º29' S, 54º57' W, 5.VII. 1989, Sanaiotti, T.M. 66 (INPA). VENEZUELA. Atures: 23.IX. 1980, Huber, O. 5702 (INPA). 2.2 Acisanthera tetraptera (Cogn.) Gleason, Recueil Trav. Bot. Néerl. 32: 206. 1935 Erva-sub-arbusto, 10-50 cm. Ramos quadrangulares a cilíndricos, revestidos esparsamente por tricomas glandulares. Folhas sésseis a pecioladas. Pecíolo ca 1,1 mm cm, lâmina 0,4-20,5 mm x 0,2-10,1 mm, ovada, elíptica e lanceolada, base aguda-cordada, margem ciliada, serrilhada, inteira, serrilhada, ápice agudo a acuminado, ambas as faces revestidas densamente a esparsamente por tricomas glandulares, 1+2, (3-5) nervuras basais-supra-basais. Cimeiras-flores solitárias, axilares-terminais 1,7-2,9 cm compr. Flores 4-(6)-meras. Hipanto 2,3-3,6 mm compr, globoso-campanulado, revestido moderadamente por tricomas glandulares. Cálice simples-duplos, persistentes, Lacínias triangulares-conadas. Corola rosa, pétalas com ápices agudos a arredondos. Estames 6-8-12, heteromórfos, conectivos1-1,4 mm compr, apêndices ventrais-dorsais, ventrais bifídos, dorsais calcarados, anteras 0,8-4,3mm compr, subuladas-eretas, ápice truncados e rostrados, poricidas. Ovário súpero, revestido por tricomas glandulares e pilosos. Estilete filiforme, revestido por tricomas glandulares na base. Fruto seco. Sementes numerosas cocleadas. Distribuição: Ocorre no Suriname. No Brasil, ocorre no AP, AM, AC. No PNV, ocorre nas campinas. Nova ocorrência para o Estado de RR. 27

Comentários: Encontrada em estado de floração e frutificação em Julho, Setembro e Dezembro. O caule e as folhas são avermelhados. Sépalas verdes avermelhadas. Estames e Estigmas roxos. Flores com cheiro adocicado. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, 1º24'09'' N, 60º59'11'' W, 25.VII. 2010, Barbosa, T.D.M. 1334 (INPA). Grade PPbio, L3-500, área alagada, 22.VII. 2010, Cangani, K.G. 31 (INPA). Depois da terceira bueira ao longo da estrada no meio das pedras, 19.IX. 2010, Cangani, K.G. 65 (INPA). Estrada Perdida. Campina aberta denominada localmente por "Duninhas", 1.XII. 2006, Carvalho, F.A. de 1052 (INPA). Material adicional: BRASIL. Amazonas: Rio Urubu, 5.IV. 1967, Prance, G.T. 4782 (INPA). Pará: Oriximinã, 8.VI. 1980, Martinelli, G. 6891 (INPA). 28

3. Bellucia Raf., Sylva Tellur. 92. 1838, nom. cons. Arbusto ou árvore de 3 a 25 m; Ramos glabros. Lâminas obovado-elípticas, ovadoelípticas, elípticas; ápice agudo a acuminado; base aguda, atenuada a arredondada; margem inteira a denteada. Flores 5-8(-9)-meras. Hipanto cilíndrico, subgloboso. Cálice com deiscência irregular. Pétalas obovate. Estames em dobro ao número de pétalas, isomorfos,conectivo nãoprolongado,mas carnoso. Estigma capitado. Ovário ín fero com 14(-15) lóculos, completamente fundido a parede do ovário, glabro. Fruto baga. Sementes numerosas, ovoídes. 29

Chave para as espécies de Bellucia do PNV 1.Folhas com margem serrilhada; ambas as faces revestidas por tricomas simples e hipanto revestido densamente por tricomas sim... Bellucia mespiloides 1`.Folhas com a margem inteira; folhas e hipanto glabros...bellucia grossularioides 3.1 Bellucia grossularioides Triana, Trans. Linn. Soc. London 28(1): 141. Árvore, 2-35 m. Ramos cilíndricos, glabros. Folhas pecioladas; pecíolo 0,8-4 cm compr, lâmina 5,5-20,5 x 2,3-15,1 cm, ovada-elíptica, base aguda, margem inteira, ápice agudo a acuminado, ambas as faces glabras, 3+2-3 nervuras supra-basais. Flores solitárias-cimeiras axilares; 2,9-5,5 cm compr. Flores 7-meras. Hipanto 5,4-6,7 mm compr, globoso, glabro. Cálice simples, Lacínias irregulares. Corola alva, pétalas com ápices obtusos. Estames 12-16, filetes glabros. Anteras 4,9-7,1 mm compr, globosas, ápice truncados, Ovário ínfero, glabros. Estilete sinanteria, glabro. Fruto carnoso. Sementes numerosas e ovóides. Comentários: Encontrada em estado de floração nos meses de Setembro e Novembro e em frutificação nos meses de Janeiro, Julho, Setembro e Novembro. Bellucia grossularioides, geralmente ocorrem em florestas primarias e secundárias na América Central e do Sul. Ela cresce em solo não-inundado, mas também nas margens dos rios e em lugares pantanosos ao do nível do mar até 850 m.(s. Renner, 1989). As plantas do PNV podem apresentar ritidoma verde-acinzentado com muitas fissuras, sem desprendimento de placas. Casca viva creme amarronzado. Alburno marron-claro. Eixo de inflorescência verde. Cálice verde-amarelado, corola carnosa, filetes alvos com anteras amareladas e estigma amarelo. Fruto verde. Distribuição: Ocorre na Bolívia, Caribe, Colombia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Suriname, Venezuela. No Brasil, ocorre em RR, AP, PA, AM, AC, RO, MA, BA, MT. No PNV, ocorre em áreas de terra firme e capoeiras. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Planta coletada ao lado da sede do Viruá, 24.VII. 2010, Cangani, K.G. 38 (INPA). Estrada perdida, ao lado da guarita dos guardas do PNV, 25.I. 2011, Cangani, K.G. 133 30

(INPA). Estrada Perdida, 27.XI. 2006, Carvalho, F.A. de 910 (INPA). Caracaraí, Trilha de acesso a sede do Parque, 11.IX. 2010, Gomes-Costa, G.A. 101 (INPA). Trilha de acesso à grade PPBio, 14.IX. 2010, Silva-Luz, C.L. da 99 (INPA). Material adicional: BRASIL. Amazonas: Manaus-Caracaraí, Km 45, 5.VII. 1984, Renner, S.S. 971 (INPA). Tefé, 11.XI. 1986, Daly, D.C. 4333 (INPA). Mato Grosso: Vila Bela da SantíssimaTrindade, 16.XI. 1996, Hatschbach, G. 65620 (INPA). 3.2 Bellucia mespiloides (Miq.) J.F.Macbr., Publ. Field Columbian Mus., Bot. Ser. xiii. IV. 498 (1941) Árvore, 2,5-4 m. Ramos cilíndricos, glabros a revestidos densamente por tricomas simples. Folhas pediceladas, pecíolo 1,3-7,1 cm compr, lâmina 6,6-18,1 x 2,5-12,5 cm, elíptica, base aguda, margem serrilhada, ápice acuminado, ambas as faces revestidas moderamente a densamente por tricomas simples, 3+2 nervuras suprabasais. Flores solitárias, axilares. Flores 5-meras. Hipanto ca de 0,4 cm compr, urceolado, revestido densamente por tricomas simples. Cálice simples, persistentes, Lacínias triangulares. Corola alva, pétalas com ápices irregulares. Estames 10, isomorfos. Anteras 0,5-0,6 cm compr, oblongas, ápice truncados, poricidas. Ovário ínfero, glabros. Estilete filiforme (columnar), glabro. Fruto carnoso. Sementes numerosas e ovoídes. Comentários: Encontra-se em estado de frutificação em Julho. Disntingue-se por apresentar 5-lóculos, em L. spruceana apresenta 10-lóculos e vegetativamente apresenta maior pubescência, em particular na face abaxial da folha. (S. Renner, 1989). As plantas do PVN, possuem frutos verdes amarelados revestido densamente por tricomas simples. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Planta coletada ao lado da sede do Viruá, 19.VII. 2010, Cangani, K.G. 10 (INPA). Material adicional: T.W. Henkel, 2432 (INPA); J.A. Silva, 437 (INPA); K.M. Redden, 1860 (INPA) 31

Distribuição: Ocorre na Colombia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Nicarágua, Panamá, Suriname, Venezuela. No Brasil, ocorre em RR, AP, PA, AM. No PNV, ocorre em área de terra firme. 32

4. Clidemia D. Don, Mem. Wern. Nat. Hist. Soc. 4(2): 306. 1823. Arbustos ramificados. Ramos geralmente pilosos. Folhas sésseis ou pecioladas; lâmina elíptica, oval, oblonga ou lanceolada, com ambas as faces pilosas. Inflorescência panículas axilares ou pseudo-laterais; Flores 4-8-meras, hipanto campanulado, oblongo ou urceolado, geralmente revestido com tricomas. Cálice com lacínias geralmente triangulares, pilosas ou furfuráceas, persistentes. Corola branca, rosa, roxa, pétalas obovais ou oblongas, ápice arredondado. Estames 8-10, isomorfos ou heteromorfos, glabros. Anteras lineares ou subuladas, uniporosas, conectivo não prolongado, ou às vezes, curtamente prolongado, geralmente sem apêndice ou calcarado dorsalmente. Ovário (2-)3-5(-10)-locular, ínfero ou semi-ínfero; estilete geralmente glabro, filiforme; estigma punctiforme, truncado ou levemente expandido. Fruto baga. Sementes numerosas, ovoídes a triangulares. Chave para as espécies de Clidemia do PNV 1 Sub-arbusto a arbusto; ramos revestidos densamente por tricomas simples; folhas sésseis...clidemia rubra 1` Arbusto ou árvores; ramos não revestidos densamente por tricomas simples; folhas pecioladas...2 2. Ramos cilíndricos a sub-cilíndricos-quadrangulares; revestidos moderamente por tricomas glandulares-simples...clidemia hirta 2`.Ramos não cilíndricos a sub-cilíndricos-quadrangulares; revestidos moderamente por tricomas glandulares-simples...3 3. Inflorescência um tirso; flores de 6-5 meras e hipanto revestido moderamente por tricomas glandulares...clidemia novemnervia 3`.Inflorescência uma cimeira; sem flores de 6-5 meras e hipanto revestido moderamente por tricomas glandulares...4 4. Hipanto revestido moderamente por tricomas glandulares-estrelados; flores 8- meras...clidemia octona 4`.Hipanto revestido moderamente por tricomas simples; flores 5- meras...clidemia involucrata 33

4.1 Clidemia rubra Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. (Martius) iii. 152. t. 281 Sub-arbusto a Arbusto, 20 cm-3 m. Ramos cilíndricos, revestido densamente por tricomas simples. Folhas sésseis, pecíolo ca 1,6 cm compr, lâmina 2,2-15,1 x 1,1-9,5 cm, elíptica, base cuneada e engrossada, margem serrilhada, ápice acuminado, face abaxial revestida densamente por tricomas simples e face adaxial revestida esparsamente a densamente por tricomas simples, 3+2 nervuras basais. Glomérulos,axilares, 0,5-1,5 cm compr. Flores 4-meras. Hipanto 2,1-4,4 mm compr, tubular a urceolado, revestido densamente por tricomas simples. Cálice simples, persistentes, Lacínias triangulares. Corola rosa, alva. Estames 8, isomorfos, anteras 1,2x4,8 mm compr, eretas, ápice truncados, poricidas. Ovário ínfero, piloso. Estilete filiforme, glabro. Fruto carnoso. Sementes numerosas e ovoídes. Comentários: Encontra-se em estado de floração e frutificação nos meses de Julho e Setembro. Estames e estigmas alvos. Frutos roxos escuros, revestidos por tricomas. Distribuição: Ocorre Bolívia, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Peru, Suriname, Venezuela. No Brasil, ocorre RR, AP, PA, AM, AC, MT. NO PNV, ocorre nas campinas arbustivas (estrada perdida). Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Estrada perdida, primeira bueira na beira da estrada, 12.IX. 2010, Cangani, K.G. 42 (INPA, 1º25'14'' S, 60º59'10'' W, 19.VII. 2010, Martins, M.V. 128 (INPA). Material adicional: BRASIL. Pará: Oriximinã, 7.IX. 1980, Ferreira, C.A.C. 2229 (INPA). Roraima: Serra da Lua, 15.I. 1969, Prance, G.T. 9292 (INPA). 4.2 Clidemia hirta D.Don, Mem. Wern. Soc. iv. (1823) 309 Arbusto, 30 cm-2 m. Ramos cilíndricos a sub-cilíndricos, quadrangulares, revestidos moderamente por tricomas glandulares, simples. Folhas pecioladas, pecíolo 0,2-3,3 cm, lâmina 3,1-16,5 x 1,5-8,8 cm, ovada, base sub-cordada a cordada, margem crenada, ápice acuminado, ambas as faces revestidas moderamente por tricomas simples, 5 nervuras supra-basais. Cimeiras, pseudo-terminais-laterais 2,5-3,5 cm compr. Flores 5-meras. Hipanto 3-3,7 cm compr, urceolado, revestido moderamente por tricomas glandulares-simples. Cálice duplo, persistentes, 34

Lacínias triangulares. Corola alva, pétalas com ápices arredondados. Estames 10, isomorfos, apêndices dorsais, bilobados, anteras 4,7-6,4 mm compr, oblonga-linear, ápice rostrados, poricidas. Ovário ínfero, glabros. Estilete filiforme, glabro. Fruto carnoso. Sementes numerosas e ovoídes. Comentários: : Encontra-se em estado de floração em Setembro e frutificação nos meses de Julho e Setembro. Presença de tórus pubescente. Estames e estigma alvos. Frutos imaturos verdes claros e quando maduros roxos apreteados com tricomas curtos. Distribuição: Ocorre na Bolívia, Caribe, Colombia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Fiji, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, Madagascar, Malásia, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Estados Unidos, Venezuela. No Brasil, ocorre em RR, AP, PA, AM, AC, RO, MA, CE, PB, PE, BA, AL, SE, MT, GO, Distrito Federal, MS, MG, ES, SP, RJ, PR, SC, RS. No PNV, ocorre em área de Buritizais. Material examinado: BRASIL. Roraima: Caracaraí, Parque Nacional Viruá, Na trilha da fazenda do Sr. Neri, 19.I. 2011, Cabral, F.N. 352 (INPA). Grade PPbio, L3-500 na parte alagada, 22.VII. 2010, Cangani, K.G. 37 (INPA). Grade PPbio, L3-900 parte alagada,, 13.IX. 2010, Cangani, K.G. 45 (INPA). Material adicional: BRASIL. Amazonas: Rio Ituxi, 11.VII. 1971, Prance, G.T. 14118 (INPA). 2º53' S, 59º58' W, 31.XII. 1996, Sothers, C.A. 972 (INPA). Maués, São João, 22.IV. 1974, Campbell, D.G. P 22088 (INPA). Rondônia: Guajara-Mirim, 13.I. 1977, Kirkbride Jr.; J.H.; JH 2734 (INPA). 4.3 Clidemia involucrata DC., Prodr. (DC.) 3: 179. 1828 Arbusto-árvoreta, 1-2 m. Ramos cilíndricos, glabros a revestidos moderamente por tricomas glandulares, simples. Folhas pecioladas, pecíolo 0,1-2,4 cm, lâmina 1,3-10,8 x 0,8-5,6 cm, elíptica, base aguda, margem serrilhada, ápice acuminado, ambas as faces revestidas moderamente por tricomas simples, 3+2 nervuras basais. Cimeiras laterais 1,5-3,3 cm. Flores 5-meras. Hipanto ca de 4,2 mm compr, urceolado, revestido moderamente por tricomas simples. Corola com base branca e ápice verde. Cálice persistente, Ovário ínfero, revestido por tricomas glandulares. Fruto carnoso. Sementes numerosas e ovoídes-triangulares. 35