ANÁLISE DO USO DA TERRA NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BARRAGEM PIRAQUARA II E SEUS AFLUENTES. PIRAQUARA PARANÁ



Documentos relacionados
Município de Colíder MT

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS LIVRES DA WEB, PARA O MONITORAMENTO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE O RIO MEIA PONTE, GO: UM ESTUDO DE CASO.

IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREA DE RIO SÃO FRANCISCO, PETROLINA PE.

AVALIAÇÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA MICROBACIA SANGA ITÁ, MUNICÍPIO DE QUATRO PONTES, PARANÁ

Definiu-se como área de estudo a sub-bacia do Ribeirão Fortaleza na área urbana de Blumenau e um trecho urbano do rio Itajaí-açú (Figura 01).

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO Secretaria de Habitação e Meio Ambiente Diretoria de Licenciamento e Avaliação Ambiental

Sensoriamento remoto e SIG

VII Reunião de Atualização em Eucalitptocultura

MATERIAL DE APOIO PROFESSOR

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA DELIMITAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÌPIO DE BRASÓPOLIS MG.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. II Seminário Estadual de Saneamento Ambiental

O Código Florestal como ferramenta para o Planejamento Ambiental na Bacia Hidrográfica do Córrego do Palmitalzinho - Regente Feijó/ São Paulo

Diagnóstico da Área de Preservação Permanente (APP) do Açude Grande no Município de Cajazeiras PB.

MAPEAMENTO DE FRAGILIDADE DE DIFERENTES CLASSES DE SOLOS DA BACIA DO RIBEIRÃO DA PICADA EM JATAÍ, GO

Avaliação da ocupação e uso do solo na Região Metropolitana de Goiânia GO.

Termo de Referência para Elaboração do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) TR GERAL

IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS NA BACIA DO RIO VERDE RMC - PARANÁ, BRASIL, POR MEIO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRAFICA

Diagnóstico Ambiental Município de Apiacás MT

Diagnóstico Ambiental do Município de Alta Floresta - MT

Ação 14- Indicação de Áreas Protegidas para Criação de Unidades de Conservação (incluindo nascentes e trechos de cursos de água com Classe Especial)

Glossário das Camadas do SISTEMA CADEF

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE USO DA TERRA EM ÁREAS PROTEGIDAS (APPs, RLs E APAs) E MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

Resolução SMA - 44, de Define critérios e procedimentos para a implantação de Sistemas Agroflorestais

BACIA DO RIO DAS VELHAS

Para realizar a avaliação do impacto da aplicação da legislação ambiental nos municípios foram realizadas as seguintes atividades:

8º. Curso de Atualização em Eucaliptocultura. Adequação Legal da Propriedade Rural

LEVANTAMENTO DOS ANIMAIS SINANTRÓPICOS DA SUB- BACIA HIDROGRÁFICA URBANA PILÃO DE PEDRA, EM PONTA GROSSA PR

Lei /2012. Prof. Dr. Rafaelo Balbinot Departamento. de Eng. Florestal UFSM Frederico Westphalen

Atividade de Aprendizagem 1 Aquífero Guarani Eixo(s) temático(s) Tema Conteúdos Usos / objetivos Voltadas para procedimentos e atitudes Competências

MAPA - Orientações. Conteúdo desse documento:

Marcelo Gonçalves 1. Maurício Polidoro 2. Mirian Vizintim Fernandes Barros 3

TERMO DE REFERÊNCIA PLANO DE TRABALHO 123: GEOPROCESSAMENTO E CADASTRAMENTO DE PROPRIEDADES DO OESTE BAIANO

ANEXO CHAMADA III DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES PARA GESTÃO E AVALIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL

GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO DIAGNÓSTICO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIBEIRÃO DAS ALAGOAS, CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS - MG

Especialização em Direito Ambiental. 3. As principais funções das matas ciliares são:

DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONFLITO DO USO DO SOLO NA MICROBACIA DO RIBEIRÃO ÁGUA-FRIA, BOFETE (SP), ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

Utilização de SIG aliado ao sistema de gestão ambiental em cursos d água urbanos.

DESIGUALDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS MG

26º. Encontro Técnico AESABESP DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ- AP.

Entendendo o Novo Código Florestal II CBRA Eduardo Chagas Engº Agrônomo, M.Sc Chefe DRNRE / IDAF

CONFLITO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM APPs DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE- ES

DESMATAMENTO DA MATA CILIAR DO RIO SANTO ESTEVÃO EM WANDERLÂNDIA-TO

ANÁLISE DO USO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO ALTO CURSO DA BACIA DO RIO COTEGIPE, FRANCISCO BELTRÃO - PR

"Protegendo as nascentes do Pantanal"

Uso da terra na Área de Preservação Permanente do rio Paraíba do Sul no trecho entre Pinheiral e Barra do Piraí, RJ

Licenciamento Ambiental no Estado de São Paulo

Novo Código Florestal, Adequação Ambiental e CAR

Mapeamento da Cobertura Vegetal do Município do Rio de Janeiro, 2010 Autores:

Módulo fiscal em Hectares

TERMO DE REFERENCIA PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO DE CONTROLE AMBIENTAL RCA PARA LICENCIAMENTO DE ÁREAS DE LAZER DE MÉDIO PORTE

Sumário. 1 Características da propriedade Cobertura vegetal Hidrografia Topografia Área de reserva florestal legal 3

EPB0733 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS ÁREAS DE APP DA SUB- BACIA DO RIBEIRÃO DA PEDRA NEGRA, TAUBATÉ/SP, POR MEIO DE GEOTECNOLOGIAS

RESUMO ESPANDIDO. O Novo Código Florestal: aspectos legais e evolução.

NASCENTE MUNICIPAL MODELO DE SOROCABA

USO DE GEOPROCESSAMENTO NA DELIMITAÇÃO DE CONFLITOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIO VERÊ, MUNICÍPIO DE VERÊ PR.

ENCONTRO E PROSA PARA MELHORIA DE PASTAGENS: SISTEMAS SILVIPASTORIS

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 368, DE 2012

ecoturismo ou turismo. As faixas de APP que o proprietário será obrigado a recompor serão definidas de acordo com o tamanho da propriedade.

Gestão para a sustentabilidade: APPs urbanas na Bacia do Rio Itajaí. NEUR-FURB e Projeto Piava Apoio: FURB -UFABC CNPq Petrobrás Ambiental

Prefeitura INEPAC IPHAN Resumo. 0,5-0,5 0,5 3 pavim. Altura máxima de 13m. 8,5m 15% % Das Disposições Gerais (IPHAN)

4ª aba do cadastro: Mapa Orientações para upload de shapefiles

CARTAS DE DERIVAÇÕES AMBIENTAIS E TRANSGRESSÕES LEGAIS: DESTAQUE AS ÁREAS DE PLANICIE E TERRAÇOS FLUVIAIS NO ANTIGO E NO NOVO CÓDIGO FLORESTAL

Novo Código Florestal Lei /12. Rodrigo Justus de Brito Advogado e Engº Agroº Especialista em Legislação Ambiental

SIG e Banco de Dados OFICINA BUFFER E OVERLAY. Responsável: MARIA ISABEL C DE FREITAS Colaboração: KATIA CRISTINA BORTOLETTO E BRUNO ZUCHERATO

PREFEITURA MUNICIPAL DE TAPEJARA SECRETARIA DE AGRICULATURA E MEIO AMBIENTE

Metodologia para Elaboração dos PIPs. Bruno Magalhães Roncisvale Eng. Agrônomo EMATER-DF

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM PONTOS DETERMINADOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAMBORIÚ

INUNDAÇÕES NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES EM GOIÂNIA-GO FLOODS IN PERMANENT PRESERVATION AREAS IN GOIÂNIA-GO

OCUPAÇÕES IRREGULARES E IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA

6 - Áreas de Influência Delimitação das Áreas de Influência Área de Influência Direta (AID)... 2

Amazônia Brasileira e Brasil em Crise

Eixo Temático ET Gestão Ambiental em Saneamento PROPOSTA DE SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE POMBAL-PB: EM BUSCA DE UMA SAÚDE EQUILIBRADA

CLASSIFICAÇÃO HEMERÓBICA DAS UNIDADES DE PAISAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CARÁ-CARÁ, PONTA GROSSA PR

PEDIDO DE VISTAS GERENCIAMENTO DE PEDIDO DE VISTAS GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS

Experimentos Realizados na Disciplina Ciência dos Solos e das Águas

DIAGNOSTICOS DE MATA CILIAR E RESERVA LEGAL EM PROPRIEDADES RURAIS NA SUB-BACIA DO TAIAÇUPEBA NO MUNICÍPIO DE SUZANO-SP.

PADRONIZAÇÃO DE MAPAS AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA BRASILEIRA

Determinação de áreas prioritárias para conservação na Zona de Amortecimento (ZA) da Estação Ecológica de Ribeirão Preto (EERP), SP

Impacto das Alterações do Código Florestal: Quais Políticas de Conservação no Pós Código?

Histórico. Decreto 7.029/2009 (Decreto Mais Ambiente) Lei Federal /2012 Decreto 7.830/2012

-essa definição irá abranger mais de 90% das propriedades rurais brasileiras, as quais serão desobrigadas de restaurar as suas Reservas Legais.

Geomorfologia e Planejamento. Rosangela do Amaral Geógrafa, Pesquisadora Científica Instituto Geológico - SMA

LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS HIDRELÉTRICOS

Praias em Processo de Urbanização

Água e Floresta As lições da crise na região Sudeste

Mostra de Projetos Programa Águas de Araucária

Projeto Ribeirão Sobradinho. Projeto Ribeirão Sobradinho

Pagamentos por Serviços Ambientais no Corredor das Onças - Remuneração pela conservação de Puma concolor

Recuperação e Recomposição de Mata Ciliar e Reserva Legal

FICHA PROJETO - nº383-mapp

MICROBACIA DO ARROIO CALIFÓRNIA FOZ DO IGUAÇU/ PR, COM A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE DE GEOPROCESSAMENTO

A HIDROSFERA. Colégio Senhora de Fátima. Disciplina: Geografia 6 ano Profª Jenifer Tortato

ALVES 1,1, Paulo Roberto Rodrigues BATISTA 1,2, Jacinto de Luna SOUZA 1,3, Mileny dos Santos

PREFEITURA MUNICIPAL DE JUINA E S T A D O D E M A T O G R O S S O P O D E R E X E C U T I V O

I ENCONTRO 2014 DE GESTORES PÚBLICOS MUNICIPAIS CONSÓRCIO RIO DOS BOIS

AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA EM PORTUGAL CONTINENTAL DURANTE AS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS

AUTOR(ES): ANDRÉ DOS SANTOS JANUÁRIO GARCIA, PAULO HENRIQUE DOS SANTOS

ALGUNS ASPECTOS QUE INTERFEREM NA PRÁXIS DOS PROFESSORES DO ENSINO DA ARTE

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS:

Transcrição:

ANÁLISE DO USO DA TERRA NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BARRAGEM PIRAQUARA II E SEUS AFLUENTES. PIRAQUARA PARANÁ 1. INTRODUÇÃO Otacílio Lopes de Souza da Paz Acadêmico de Geografia UFPR otacílio.paz@gmail.com Eduardo Liberti Acadêmico de Geografia UFPR eduardoliberti@hotmail.com A população de Curitiba e de sua região metropolitana (Paraná) teve um considerável crescimento nos últimos anos, segundo os censos do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1991 até 2010 a população saltou de 2.093.745 para 3.223.836 habitantes. Esse aumento da população faz com que os serviços públicos básicos como a fornecimento de água devam ter sua disponibilidade aumentada a fim de sanar as necessidades dos habitantes. Curitiba e sua região metropolitana (29 municípios) não possuem muitos rios caudalosos, a construção de grandes reservatórios se faz uma alternativa viável para atender a demanda por água da população. O reservatório Piraquara II é um bom exemplo, localizado no município de Piraquara no Paraná (ver figura 1), sua construção teve início em 2003, em uma região onde já existiam áreas urbanas, plantações, áreas de mineração e outras atividades antrópicas, desta forma com a implantação da barragem, se faz necessário políticas de preservação para garantir a qualidade das águas. A barragem, juntamente com os rios e as nascentes que ajudam a abastecê-la, deve ter em seu entorno as chamadas áreas de preservação permanente (APPs). Definidas de acordo com a lei ambiental Federal do Brasil nº 12.651 de 25/05/2012 (que determina o tamanho da APPs de cada corpo d água de acordo com a tipologia, tamanho, etc.), essas áreas são destinadas a ajudar na preservação dos corpos d água existentes em seu interior, prevenir alagamentos, preservação da fauna e flora nativa, etc.

O presente estudo teve como objetivo mapear e analisar a situação das APPs da barragem Piraquara II e de seus afluentes, verificando se existem ou não conflitos ambientais entre o uso da terra (usos antrópicos nocivos) nessas APPs. Figura 1 Localização da área de estudo. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia adotada pelo presente artigo foi adaptada de CANEPARO et. al. (2011), tendo como base o levantamento de informações cartográficas da área de estudo, o uso de softwares de S.I.G (Sistema de Informações Geográficas) e saídas a campo. As etapas metodológicas realizadas são apresentadas a seguir. 2.1 Criação da Base digital Nessa fase, foram levantadas/criadas os dados de uso da terra, da rede hidrográfica, das nascentes e dos limites da barragem Piraquara II. Os arquivos vetoriais referentes às nascentes e a rede hidrográfica da área de estudo do ano de 2000 em escala 1:10.000 foram adquiridos no endereço eletrônico da antiga SUDERHSA atual Instituto Águas Paraná. O limite da barragem Piraquara II foi disponibilizado pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná) na escala 1:10.000, datadas do ano de 2010. Após, os arquivos

vetoriais das nascentes, rios e da barragem foram compilados para um único PI (plano de informação). Para a elaboração do PI do uso da terra, foram usadas as imagens disponibilizadas pelo Google Earth (escalas entre 1:3.000 e 1:5.000). No software Quantun GIS 2.2, por meio do Plugin OpenLayers, foram identificadas 12 classes de uso e cobertura da terra: Área urbana; Área industrial; Área de Mineração; Cultura; Edificações Isoladas; Solo Exposto; Reflorestamento; Corpos d água; Campo; Mata Ciliar; Vegetação Arbórea Natural e Vegetação Arbustiva Natural. 2.3 Delimitação das restrições legais (APPs) Após, foram delimitadas as áreas de preservação permanente (APPs) presentes na área de estudo. Com base na legislação ambiental vigente (ver quadro 1) foram mapeados três tipos de APPs na área de estudo: APPs de Nascentes, APPs de Rios com margem menor que 10 metros e APPs de Barragens. De acordo com a legislação, as nascentes, rios e barragens devem ter ao seu redor uma área de proteção livre de atividades antrópicas com o objetivo de preservar e manter a qualidade dos corpos d água presentes em seu interior. No caso das nascentes, essa área de proteção é de 50 metros. No caso dos rios com margem menor que 10 metros, a área de proteção é de 30 metros e no caso da barragem é de 100 metros. Essas áreas de proteção foram delimitadas por meio da ferramenta buffer (mapa de distâncias) presente no software ArcGIS, modulo ArcMap. O mapa das APPs presentes na área de estudo pode ser observado na figura 4. Área de Enquadramento na Legislação Ambiental APP de Nascentes APP de Rios Enquadramento Legal 1. Lei Federal nº 12.651, de 25/05/2012 Art. 4º, Inciso IV. 2. Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/2002, Art. 3º, Inciso II. 1. Lei Federal nº 12.651, de 25/05/2012 Art. 4º, Inciso I, Área de Preservação Prevista na Legislação 50 Metros a) trinta metros, para o curso d`água com menos de dez

alíneas a, b, c, d, e. 2. Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/2002, Art. 3º, Inciso I, alíneas a, b, c, d, e. APP de represa 1. Lei Federal nº 4.771, de 15/09/1965 Art. 2º, alínea b. 2. Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/2002, Art. 3º, Inciso III, alínea b. 3. Resolução Conjunta IBAMA/SEMA/IAP nº 05, de 28/03/2008, Artigos 3º e 5º. metros de largura; b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de largura; c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de largura; d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de largura; e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de largura; 100 metros Quadro 1 Enquadramento legal de cada APPs mapeada na área de estudo. Fonte: CANEPARO et. al (2010). Organização: Os autores 2.4 Identificação do uso da terra nas áreas de preservação permanente Com a ferramenta intersect do software ArcGIS, modulo ArcMap, foram cruzados os PIs do uso e cobertura da terra com as APPs. Assim, foram identificados os usos da terra nas APPs, ou seja, áreas de conflitos. Após, os valores de área foram calculados a fim de se analisar, comparar e discutir melhor os resultados. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os mapas dos corpos d água e de Uso e cobertura da Terra da área de estudo podem ser observados nas figuras 2 e 3, respectivamente.

Figura 2 Corpos d água presentes na área de estudo. Elaboração: Os autores. Figura 3 Uso da Terra da área de estudo. Elaboração: Os autores.

Com base na legislação ambiental brasileira vigente pôde-se mapear as APPs presentes na área de estudo (ver figura 3). Figura 4 Áreas de Preservação Permanente presentes na área de estudo. Após as análises espaciais aplicadas, nas APPs de Nascentes, observou-se que sua maior parte está em áreas de campo (cerca de 35%), seguido pela cobertura de Vegetação Arbórea Natural (cerca de 23%) e por Vegetação Arbustiva, com cerca de 20% (ver quadro 2). Nas APPs de Rios com margem menor que 10 metros, identificouse que o maior uso é de campo, cerca de 46%, seguido por Vegetação Arbórea Natural, cerca de 39% e Cultura, com cerca de 9% (ver quadro 3). APP Nascentes Área (Km2) % em relação área total Agua 0,001 0,10 Campo 0,30 35,45 Vegetação Arbórea Natural 0,20 23,53 Reflorestamento 0,002 0,29 Solo Exposto 0,01 0,60 Edificações Isoladas 0,002 0,21

Área Urbana 0,02 2,47 Área Industrial - - Cultura 0,14 16,81 Vegetação Arbustiva 0,17 20,48 Mata Ciliar - - Mineração 0,0005 0,05 Quadro 2 Uso da terra nas APPs de Nascentes. Total 0,85 100,00 APP Drenagens Área (Km2) % em relação área total Agua 0,08 1,18 Campo 2,99 46,44 Vegetação Arbórea Natural 2,51 38,91 Reflorestamento 0,06 0,87 Solo Exposto 0,02 0,32 Edificação Isoladas 0,01 0,12 Área Urbana 0,04 0,56 Área Industrial - - Cultura 0,57 8,79 Vegetação Arbustiva 0,15 2,26 Mata Ciliar 0,03 0,40 Mineração 0,01 0,15 Total 6,45 100,00 Quadro 3 Uso da terra nas APPs de Rios com margem menor que 10 metros. Com relação ao uso da terra nas APPs da barragem Piraquara II, observou-se que Campo, cerca de 47%, Vegetação Arbórea Natural, cerca de 36% e Cultura, cerca de 10%, foram os usos que mais se destacaram (ver quadro 4). APP Barragem Área (Km2) % em relação área total Agua - - Campo 1,63 46,88 Vegetação Arbórea Natural 1,26 36,23 Reflorestamento 0,03 0,95 Solo Exposto 0,02 0,44 Edificação Isoladas 0,003 0,08 Área Urbana - -

Área Industrial - - Cultura 0,35 10,06 Vegetação Arbustiva 0,19 5,36 Mata Ciliar - - Mineração - - Total 3,48 100,00 Quadro 4 Uso da terra nas APPs da Barragem Piraquara II. Com base nisso, constata-se que o uso da terra que mais ocupa espaço nas APPs de Nascentes, Rios e Barragem é o campo, seguido pelas áreas de Vegetação Arbórea Natural. Alguns usos identificados no interior das APPs constituem-se como conflito ambiental, visto que no interior dessas áreas não pode haver atividades antrópicas nocivas tais como área urbana e atividades agrícolas, por exemplo. Neste estudo, foram considerados como atividades antrópicas nocivas, ou seja, APPs em conflitos ambientais, os usos: Reflorestamento (com espécies exóticas), Solo Exposto, Edificações Isoladas, Área Urbana, Áreas Industriais, Atividades agrícolas (Cultura) e áreas de mineração. Após, foram calculados os valores de área das APPs em conflito ambiental em relação ao uso e cobertura do solo e das APPs preservadas (ver quadro 5). Observou-se que 88,20% das APPs ocorrem em áreas naturais e 11,80 das APPs possuem em seu interior atividades antrópicas nocivas. O mapa representando as APPs em conflito ambiental em relação ao uso da terra e as APPs preservadas podem ser observadas na figura 5. APP Totais Área (Km2) % em relação área total APP em conflitos 1,27 11,80 APP sem conflitos 9,51 88,20 Total 10,78 100,00 Quadro 5 Valores de área e porcentagem das APPs preservadas e APPs em conflito ambiental em relação ao uso da terra. Com relação as APPs de Nascentes, cerca de 20% estão em conflito ambiental. Nas APPs de Rios, cerca de 11% estão em conflitos e nas APPs de Barragem, cerca de 12%

possui atividades antrópicas nocivas em seu interior (ver quadro 6). Isso mostra que apesar de haver conflitos, a maior parte das APPs possui seu interior bem preservado, visto que a maior parte possui áreas de campo e de vegetação arbórea natural. Figura 5 Áreas de Preservação Permanente preservadas e Áreas de Preservação Permanente em Conflito com o uso da terra. APP Nascentes Área (Km2) % em relação área total APP em conflitos 0,17 20,43 APP sem conflitos 0,67 79,57 Total 0,85 100,00 APP Drenagens Área (Km2) % em relação área total APP em conflitos 0,70 10,80 APP sem conflitos 5,75 89,20 Total 6,45 100,00 APP Barragem Área (Km2) % em relação área total APP em conflitos 0,40 11,53 APP sem conflitos 3,08 88,47 Total 3,48 100,00 Quadro 6 Valores de área e porcentagem das APPs por tipologia preservada e APPs em conflito ambiental em relação ao uso da terra.

A maior parte dos conflitos ambientais identificados está relacionado com atividades agrícolas (cerca de 94%), sendo assim, se faz necessária uma atenção especial a essas áreas, visto que essas atividades podem contribuir significativamente com os processos de assoreamento da barragem e com a contaminação dos corpos d água por produtos químicos usados nas plantações ou até mesmo fazer com que nascentes e rios possam desaparecer. As partes restantes dos conflitos ambientais (cerca de 6%) estão relacionados a atividades urbano/industriais, tais como áreas urbanas, edificações isoladas, áreas industriais e áreas de mineração. Embora em menor número, esses conflitos ambientais também merecem atenção, pois os resíduos dispersos por esses usos podem vir a contaminar os corpos d água da região degradando a qualidade das águas dos rios e da barragem. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em alguns pontos, ocorrem conflitos ambientais quanto ao uso e cobertura do solo, nas APPs de nascentes, rios e da barragem Piraquara II. Deve-se dar especial atenção a esses conflitos visto que tornam as áreas susceptíveis a assoreamento, poluição ou até mesmo desaparecimento de corpos d água. Este trabalho pode vir a ajudar na melhoria da gestão dos recursos hídricos, visto que o maior problema do abastecimento público de Curitiba de sua Região metropolitana está na qualidade das águas e não na quantidade. Este trabalho mostra também o potencial de softwares de SIG na identificação e quantificação desses conflitos ambientais assim como pode vir a servir como instrumento aos órgãos e outros agentes públicos para promover um melhor manejo dos recursos naturais hídricos dessa e de outras regiões. Vale lembra também que esses conflitos identificados são apenas relacionados ao uso e cobertura da terra, ou seja, para se garantir que a qualidade das águas no interior

das APPs sem conflitos esteja realmente preservadas, deve-se fazer outros tipos de analises com trabalhos de campo mais intensos. REFERÊNCIAS BRANCO, S. Ecossistêmica. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 1999. BITTENCOURT, Simone. Carga máxima de fósforo admissível ao Reservatório Piraquara II, Região Metropolitana de Curitiba, uma aplicação do Processo TMDL. 2003. xi, 155f. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Agrárias. Programa de Pós-graduação em Agronomia - área de concentração Ciência do Solo. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1884/27481>. Acesso em: 25 jun 2014. CANEPARO, S.C., FRICK, E.C.L., PEREIRA, G.H.A., DRUZCZ, M.B., SILVA, J.J.I. Base de dados para o diagnóstico e análise ambiental da bacia do Rio Verde o modelo digital do ambiente. In: CUNHA, C.L.N., CARNEIRO, C., GOBRI, E.F., ANDREOLI, C.V. Eutrofização em Reservatórios: Gestão Preventiva. Estudo Interdisciplinar na Bacia do Rio Verde, PR. Editora da UFPR. Curitiba, PR. 61-88. 2011. CUNHA, S. P.; GUERRA, A. J. T. A questão ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. LONGLEY, P. et al. Sistemas e ciência da informação geográfica. Porto Alegre: Bookman, 2013. PHILIPPI, A. ROMÉRIO, M. BRUNA, G. Curso de gestão ambiental. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2007. SANTOS, R. F. Planejamento ambiental teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004. ZILLER, SILVIA RENATE. As formações vegetais da área de influência do futuro reservatório do Rio Irai - Piraquara, Quatro Barras, PR. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná, 1995.