AULA 9: Matéria Orgânica Importância e Fontes NESTA LIÇÃO SERÁ ESTUDADO O valor da matéria orgânica no solo A qualidade da matéria orgânica Como aplicar a matéria orgânica no solo 1.A importância da matéria orgânica A matéria orgânica presente nos solos é formada por restos animais e vegetais em diferentes fases de decomposição, decomposição esta realizada pelos organismos decompositores a micro e mesovida do solo fungos, bactérias, minhocas, cupins, etc. Portanto, a matéria orgânica é o alimento da vida do solo e como ela está em constante decomposição, nós precisamos também repô-la com frequência. Durante a decomposição são liberados nutrientes, água e gás carbônico, e são formadas outras substâncias orgânicas entre as quais o húmus, que além de funcionar como cimento na formação dos agregados de areia-silte-argila, tem também a mesma capacidade da argila de atrair e reter nutrientes, só que em grau muito mais elevado. A matéria orgânica tem a capacidade de reter duas a três vezes maior o seu volume a água, que será fornecido para as plantas e para a vida de toda flora e fauna presente no solo, assim como manter a sua temperatura em condições adequadas à vida. As plantas cultivadas em solos adubados com matéria orgânica são mais resistentes às pragas e às doenças por dois motivos principais: estão nutricionalmente equilibradas porque recebem todos os nutrientes que necessitam, tanto macro como micronutrientes, sem falta nem excesso; a atividade biológica produz diversas outras substâncias, inclusive antibióticos, que protegem as plantas dos microorganismos que causam doenças. RESUMO: Importância da Matéria Orgânica fornecer nutrientes melhorar a estrutura do solo presença de microrganismos aumentar a CTC evitar a erosão e compactação retenção de umidade e nutrientes plantas mais resistentes ás pragas e doenças reduz o efeito: temperaturas e ventos
2. O valor do humus O húmus melhora não apenas as propriedades físicas do solo, através da sua estruturação, mas também melhora as suas propriedades químicas, isto tanto nos solos arenosos como nos solos argilosos. Mas, nas condições de clima tropical e sub-tropical, o húmus não é estável, ele não se acumula como nos solos de clima temperado; pelo contrário, ele continua sendo decomposto em nutrientes, água e gás carbônico, através da atividade das bactérias do solo, o que resulta na perda da estrutura dos agregados e no comprometimento da fertilidade, diretamente ligada à essa estrutura. No sistema orgânico, é recomendado o emprego do humus sempre em complementação com a aplicação de elevadas quantidades de matéria orgânica, como compostos orgânicos, que permitem a sobrevida da fauna do solo, como macro e microrganismos. A agricultura orgânica preconiza reposição constante de matéria orgânica morta para alimentar a atividade biológica que produz húmus, o que pode ser feito de várias formas, entre as quais a adubação verde e a adição de composto. RESUMO: valor do húmus melhora as condições físico-químicas do solo tem ação cimentante sobre as partículas do solo, formando agregados libera o humo: partícula coloidal, que dá melhores características ao solo do que a argila precisa de reposição constante de matéria orgânica.
3. A qualidade do adubo orgânico O material orgânico a ser empregado como adubo deve estar totalmente decomposto, para que não ocorra fermentação no solo. A má decomposição provoca acidificação do terreno, pela retirada de oxigênio, e isto causa danos á germinação das sementes e desenvolvimento das raízes (enfraquecimento) das plantas crescidas. O gás metano e amônia, formados no processo de fermentação, enfraquecerão as raízes e causarão a má formação dos brotos. Assim como ocorre com os nitrogenados solúveis, a incorporação de matéria orgânica não decomposta (muito ricas em nitrogênio e com carência de potássio), como esterco de galinha, biofertilizanes e outros, favorecem a sensibilidade das plantas ao ataque de moléstias e insetos sugadores (ácaros e pulgões). Os compostos orgânicos e biofertilizantes são fornecedores de estirpes de microrganismos, sendo favoráveis á aceleração e a condução adequada da decomposição da biomassa vegetal (ricas em carbono) presente no solo, fazendo assim uma compostagem diretamente no terreno, chamado de Compostagem Laminar. Os produtos orgânicos a serem utilizados para a fertilização não podem ser provenientes de resíduos contaminados por metais pesados e componentes químicos tóxicos e agrotóxicos. Quando de origem externa da propriedade, precisam ser homologados pela legislação e regulamentações das entidades certificadoras de agricultura orgânica, tanto à nível nacional, quanto internacional. 4.Forma dos nutrientes na Matéria Orgânica: Os nutrientes dos adubos orgânicos, com exceção do potássio, encontram-se na forma orgânica. Assim sendo, para serem absorvidos pelas plantas há necessidade da transformação para a forma mineral através do processo de decomposição da matéria orgânica ou saja de mineralização. Com isto, ocorre uma lenta liberação dos nutrientes para a solução do solo. Esta lenta liberação dos nutrientes para a solução do solo, que é um dos princípios da adubação orgânica, resulta em vantagens adicionais em relação à adubação mineral tradicional, que são: Vantagens dos adubos orgânicos Possuem baixo potencial de salinidade às sementes, plântulas e microorganismos; Menor potencial de perdas dos nutrientes por lixiviação, principalmente nos solos arenosos; Maior possibilidade de fazer uma única adubação, ao invés de ter que fazer parcelamentos Enriquecimento do solo com húmus, que melhora a absorção e retenção de nutrientes e água. O efeito da adubação orgânica é acumulativa, aproveitando os nutrientes por vários ciclos de produção. A relação C/N influencia na velocidade de decomposição e liberação dos nutrientes Em relação à necessidade de transformação da forma orgânica para a forma mineral, nos cálculos em adubação orgânica tem-se que considerar os Índices de Conversão de cada nutriente. Esta prática é recomendável para o cálculo de adubos para o sistema orgânico, para evitar excessos de nutrientes, que causam desequilíbrio nutricional, com
prejuízo na resistência da planta e qualidade dos frutos. Os índices de conversão representam o percentual médio de transformação da quantidade total do nutriente da forma orgânica para a forma mineral (forma disponível para as plantas). 5. Nutrientes na matéria orgânica Outra vantagem da matéria orgânica, como fertilizante, é que diferentemente do adubo químico apresenta todos os dezesseis nutrientes de plantas. Desta forma, o consumidor pode ter uma nutrição completa, sem necessidade de buscar complementos nutricionais na farmácia. Considerando o relevante papel do solo no suprimento de nutrientes às plantas, a aplicação de fertilizantes orgânicos, resulta no aumento da disponibilidade de todos os 13 nutrientes fornecidos pelo solo. Outros nutrientes, como carbono, hidrogênio e oxigênio, são fornecidos pela água e ar. Uma vez que o adubo orgânico é um fertilizante completo resulta em mais uma importante vantagem da adubação orgânica, em relação à adubação mineral, que é a seguinte: A possibilidade de desrespeito á "Lei do Mínimo", ou seja, deixar de oferecer qualquer dos nutrientes essenciais requeridos para a plena execução dos processos metabólicos, é muito menor. RESUMO: NUTRIENTES NA MATÉRIA ORGÂNICA A matéria orgânica é um adubo completo: apresenta todos os dezesseis nutrientes essenciais das plantas. São 13 nutrientes fornecidos pelo solo e outros 3 nutrientes, carbono, hidrogênio e oxigênio, são fornecidos pela água e ar. Além disso, apresentam aminoácidos, proteínas, vitaminas, sais minerais, etc. O consumidor pode ter uma nutrição completa, sem necessidade de buscar complementos nutricionais na farmácia. DISPONIBILIDADE DOS NUTRIENTES NA MATÉRIA ORGÂNICA FORMA ORGÂNICA: Nutrientes: N, P, Ca, Mg, etc., que estão em forma indisponíveis para as plantas, precisa ser mineralizado ou seja passar pela ação de decomposição pelos microrganismos Consequências: lenta liberação de nutrientes. Incorporar a matéria orgânica com antecedência no solo para que as plantas possam encontrar os nutrientes que precisam, caso contrário estarão deficientes dos nutrientes. FORMA INORGÂNICA: Está prontamente assimilável pelas plantas: potássio (K) 6. Concentração dos nutrientes na matéria orgânica Os adubos orgânicos, devem no possível, serem analisados e observados antes da aplicação ao solo. As informações necessárias são quanto ao teor de umidade, teor de nutrientes e quanto à presença de contaminantes químicos (metais pesados), físicos (principalmente sementes de ervas invasoras) e biológicos (agentes patogênicos). Por esta razão, quando adquirir adubos orgânicos de fora da propriedade, precisa ser comunicado à certificadora. Em relação aos adubos orgânicos líquidos pode ocorrer as mesmas variações de teores de nutrientes e contaminantes. Para os resíduos vegetais, as variações ocorrem devido a espécie de planta, da idade e da fertilidade do solo. Por sua vez, nos resíduos
animais varia com a espécie animal, com o tipo de criação, com a alimentação utilizada, com o processo de coleta e com as condições de armazenagem. Além do teor de água e teores totais dos nutrientes 1 os adubos orgânicos. são também caracterizados pela relação Carbono/Nitrogênio (C/N), dada a importância que estes componentes influenciam na velocidade de decomposição e liberação dos nutrientes no solo. Considerando que o conteúdo de nutrientes nos fertilizantes orgânicos é baixo, quando comparados com fertilizantes minerais, deve-se atentar para o fato de que as quantidades de adubos orgânicos. a serem aplicadas são muito elevadas, aumentando os custos de produção. Este ônus é mais elevado quando não há disponibilidade do material no local, incluindo ainda os custos de transporte e de aplicação. Por esta razão, recomenda-se cautela no planejamento de implantação orgânica, levando em conta um programa de adubação orgânica que atenda as necessidades nutricionais das plantas, com viabilidade econômica 7. Métodos de aplicação dos adubos orgânicos Na adubação de instalação da cultura, os adubos orgânicos bio-estabilizados, na forma de resíduos vegetais compostados ou estercos curtidos devem ser aplicados com boa antecedência, antes da semeadura, nas covas, sulcos ou covas de plantio e a seguir molhados com irrigação. A incorporação dos adubos orgânicos. reduz as perdas de nitrogênio por volatilização e é de crucial importância na adubação com fósforo, pois esse nutriente é de baixíssima mobilidade no solo. Quando utilizamos resíduos vegetais de baixa relação C/N ( menor que 25), notadamente de leguminosas, podem ser incorporados no dia da semeadura ou o mais próximo dela. Este material deverá ser cortado na fase de formação de florescimento e deixado sobre o solo. or outro lado, resíduos vegetais ricos em carbono (palhadas, capins, gramíneas, etc), com relação C/N elevada (acima de 30),devem ser aplicados com pelo menos, um mês de antecedência ao plantio, de forma a vencer a fase inicial de predomínio da imobilização sobre a mineralização. Caso contrário, haverá bloqueio de N pelos microrganismos que decompõem o material, faltando nitrogênio para a cultura. A manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo (formação da cobertura vegetal "mulch"), traz uma série de benefícios ligados à conservação do solo, manutenção da umidade e redução de ervas invasoras porém é menos eficiente, a curto prazo na nutrição das plantas. O reduzido contato com o solo diminui grandemente a velocidade de decomposição ou mineralização. A decomposição de resíduos vegetais no solo pode exercer um efeito benéfico ou maléfico de significativa importância, relacionado com o fenômeno da alelopatia, que consiste na liberação de substâncias alelopáticas através da decomposição de resíduos vegetais. Isto pode ocorrer diretamente pela lavagem de substâncias já presentes no resíduo ou pela produção de substâncias pelos microorganismos responsáveis pelo processo de decomposição. Os resíduos animais, devidamente compostados, devem ser, preferencialmente incorporados ao solo, não apenas para aumentar a eficiência do fósforo mas, principalmente, para reduzir as perdas de nitrogênio por volatilização. Os estercos animais antes de serem usados, necessitam passar por um processo aeróbico de "cura" ou de fermentação. Neste processo, que dura de 60 a 90 dias, há produção de grande quantidade de calor. Assim sendo, uma vez devidamente processados, os resíduos animais podem ser
aplicados no dia de plantio ou o mas, próximo deste. A aplicação de estercos animais curtidos ou compostos (tipo Bokashi ou Húmus de minhoca) na superfície do solo, sem qualquer incorporação, em culturas já instaladas, visando principalmente o suprimento de nitrogênio e de potássio, apresentam boa eficiência dada a mobilidade desses nutrientes no solo. APLICAÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNICOS Com antecedência, antes da semeadura, nas covas, sulcos ou covas de plantio e a seguir molhados com irrigação. Relação C/N> 30 (gramíneas) = prazo superior a 30 dias. Relação C/N < 25 (adubos e leguminosas) = dias antes, no plantio ou em cobertura LOCAL DE APLICAÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNICOS SOBRE O SOLO- Melhoram muito o solo e pouco as plantas Restos vegetais e animais não compostados Gramíneas, palhas e capins Adubos verdes Resíduos agroindustriais SULCOS E COVAS DE PLANTIO-avorecem pouco o solo e muito a planta Compostos orgânicos bio-estabilizados Estercos de animais curtidos JUNTO AS RAÍZES DAS PLANTAS- Favorecem à planta e não ao solo Bokashi Húmus de minhoca Tortas e Farinhas vegetais fermentados Biofertilizantes irrigados
8. CORREÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA A presença de matéria orgânica no solo é fundamental para manter a presença e a atividade dos microrganismos, exercendo funções importantes no equilíbrio dinâmico e na estabilidade do solo. A matéria orgânica é responsável por 70 a 80% da capacidade de troca de cátions (CTC), isto é a troca entre os cátions (Ca, Mg, K e Na com H e Al) dos nossos solos. Nossos solos possuem baixos teores de matéria orgânica, de 1,0 a 2,5. No sistema orgânico o ideal é elevar para 5%, pois quando está abaixo de 2,5% os microrganismos estão famintos. A matéria orgânica é na verdade o adubo orgânico, em diferentes estágios de decomposição no solo, em função da sua constituição original, ou seja, teor de carbono e nitrogênio (relação C/N). SUGESTÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO CULTURA APLICAÇÃO DOSAGEM Manutenção Abacate Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Abacaxi Plantio/Soca 500 g/cova Abóbora Plantio 2 kg/cova Abóbrinha Plantio 1 kg/cova Acerola Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Alcachofra Plantio 1 kg/metro linear Alface/Chicória Canteiro 3 kg/m2 Alho Plantio 3 kg/m2 Almeirão Canteiro 3 kg/m2 Ameixa/Amora Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Arbóreas Nativas Plantio 3 kg/planta Aspargo Plantio 3 kg/m2 Banana Plantio 3 kg/cova 5 kg/família Batata Doce Plantio 10 ton/ha Berinjela Plantio 1 kg/cova Brócolis Plantio 1 kg/metro linear Café Plantio Adensado2 kg/metro linear Cajú Plantio 3 kg/cova Camomila Plantio 10 ton/ha Caqui Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Cebola Canteiro 3 kg/m2 Cenoura Canteiro 3 kg/m2 Chuchu Plantio 3 kg/cova 3 kg/planta Coco Plantio 5 kg/cova Couve Plantio 1 kg/metro linear Couve-Flor Plantio 1 kg/metro linear Cravos Canteiro 3 kg/m2 Crisântemos Canteiro 2 kg/m2 Ervilhas Plantio 500 g/metro linear
CULTURA APLICAÇÃO DOSAGEM Manutenção Eucalipto Plantio 2 kg/cova Feijão Plantio 10 ton/ha Figo Plantio 3 kg/cova 5 kg/planta Gengibre Plantio 3 kg/m2 Gladíolos Canteiro 3 kg/m2 Goiaba Plantio 3 kg/cova 15 kg/planta Gramados Formação 1 kg/m2 Jiló Plantio 1 kg/cova Laranja/Limão Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Lichia Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Maça Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Mamão Plantio 3 kg/cova 4 kg/planta Mandioca Plantio 10 ton/ha Mandioquinha Plantio 10 ton/ha Manga Plantio 3 kg/cova 10 kg/planta Maracujá Plantio 3 kg/cova 5 kg/planta Marmelo Plantio 2 kg/cova 5 kg/planta Melancia Plantio 2 kg/cova Melão Plantio 2 kg/cova Menta Plantio 10 ton/ha Milho Plantio 10 ton/ha Morango Plantio 3 kg/m2 Nabo Canteiro 3 kg/m2 Palmito Pupunha Plantio 3 kg/cova Pepino Plantio 1 kg/metro linear Pera Plantio 3 kg/planta 10 kg/planta Pêssego Plantio 3 kg/planta 15 kg/planta Pimenta Plantio 1 kg/cova Pimentão Plantio 1 kg/cova Quiabo Plantio 1 kg/cova Rabanete Canteiro 3 kg/m2 Repolho Plantio 1 kg/metro linear Rosa Plantio 1 kg/cova Soja Plantio 10 ton/ha Tomate EstaqueadoPlantio 1 kg/cova Uva Itália 15 kg/planta Uva Niagara 3 kg/planta Vagem Plantio 1 kg/metro linear1 kg/metro linear Videiras Plantio 2 kg/cova 2 kg/cova Fonte: Adubos Visafértil