Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS



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Transcrição:

Avaliação Da Força E Hipertrofia Muscular Em Praticantes De Musculação Suplementados Com Creatina Após A Fase De Saturação Do Suplemento Siomara F. M. de Araújo, Ana Paula Perillo; Raphael M. Cunha. Universidade Estadual de Goiás, Goiânia Goiás, Brasil, siomarafma@hotmail.com anapperillo@gmail.com raphaelmartins@gmail.com Palavras-chave: Força, Hipertrofia, Creatina. 1. INTRODUÇÃO: A creatina ou ácido acético metilguanidina, uma amina nitrogenada, é um constituinte encontrado nos alimentos de origem animal como carnes e peixes, encontrando-se principalmente nos tecidos musculares (WILLIANS et al, 2000). Tem sido indicada por inúmeros profissionais, nutricionistas e professores de Educação Física, além de utilizada por praticantes de atividade física, com o objetivo de acelerar o processo de hipertrofia e aumento de força (DOMINGUES E MARINS, 2007). Na busca pelo corpo perfeito o homem vem utilizando artifícios com o uso da creatina auxiliada pela prática do exercício de força, já que, segundo Fry (2004), o treinamento de força é amplamente utilizado em várias atividades com o objetivo de rendimento desportivo, saúde, reabilitação ou simplesmente prazer. A suplementação nutricional auxiliada por exercício de força, previamente elaborados por profissionais qualificados, vem sendo utilizado como estratégia, principalmente por praticantes de musculação, para alcançar uma hipertrofia muscular mais rápida, como também, o aumento significativo da força (SOUZA JUNIOR et al, 2007). Diversos estudos têm sido realizados com o intuito de descobrir se a suplementação de creatina apresenta resultados positivos sobre a performance dos praticantes de musculação, e muitos tem apresentados resultados satisfatórios 1

(GREENHAFF et al, 1994; GREENHAFF et al, 1997; VANDERBERGUE et al, 1997; HARRIS, 1992). Resultados positivos da associação suplementação de creatina e do exercício de força foram encontrados no estudo realizado por Souza Junior et al (2007), em que 18 universitários do sexo masculino com experiência nos exercício de força, divididos em dois grupos (A= suplementação com creatina; B= placebo) foram submetidos a oito semanas de exercícios resistidos. Este estudo tinha como objetivo analisar as alterações sofridas pela suplementação de creatina nas variáveis antropométricas e na resultante de força máxima dinâmica. Os resultados demonstraram que ambos os grupos sofreram alterações significativas para resultante de força máxima dinâmica, contudo tendo maiores valores para o grupo suplementado com creatina. Contudo, há pesquisas que mostram que a suplementação com creatina, associada à prática do exercício de força, não possibilita aumento na força nem na hipertrofia muscular de indivíduos que fazem seu uso. Tal evidência é percebida na pesquisa realizada por Alves et al (2008), o estudo foi realizado com uma amostra de 8 voluntários do sexo masculino, experiente no treinamento de força, divididos em dois grupos com o mesmo número de indivíduos, grupo 1 = 20g/dia de creatina; grupo 2 = 20g/dia de maltodextrina, os voluntários realizaram o treinamento de hipertrofia durante 2 semanas. Os autores observaram com os resultados obtidos que não houve diferença significativa, para a variável força e para o aumento de massa magra, entre os grupos, sendo assim, os resultados não trazem nenhuma evidencia de que a suplementação com creatina seja eficiente para o aumento da hipertrofia e da força muscular. Este estudo tem como objetivo avaliar a força e hipertrofia muscular em praticantes de musculação com o auxilio da suplementação de creatina após a fase de saturação desse suplemento. 2. METODOLOGIA Trata-se de um estudo experimental, randomizado, duplo-cego placebo, desenvolvido em uma academia de ginástica da cidade de Goiânia. O protocolo do 2

estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal do Hospital Geral de Goiânia. A amostra foi baseada em número semelhante ao encontrado na literatura relacionada ao tema, sendo 20 indivíduos. Adotados como critérios de inclusão: Ser do sexo masculino; ter entre 20 e 30 anos; assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); estar em treinamento de força (musculação) a pelo menos 6 meses ininterruptos; Não participar de nenhuma outra atividade física sistematizada. Como critérios de exclusão: apresentar limitações físicas ou mentais que impedissem a execução dos exercícios de força propostos; estar em uso de qualquer outro tipo de ergogênico, seja suplementar ou farmacológico a pelo menos 6 meses; ter Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 29,9kg/m 2. Todos os indivíduos, após a assinatura do TCLE, foram submetidos a avaliação do estado geral de saúde, anamnese e avaliação física, a fim de delinear o perfil físico dos participantes e identificação dos critérios de inclusão e exclusão do estudo. Após, os indivíduos foram submetidos ao teste de 10 repetições máximas (RM) para definição da carga a ser utilizada para treinamento de força, nos seguintes aparelhos: Supino na máquina, puxada frontal com pegada supinada e Leg Press. Em seguida, os indivíduos receberam os suplementos em metodologia duplo-cego-placebo, onde 10 indivíduos receberam creatina (Grupo Experimental GE) e 10 receberam Maltodextrina (Grupo Controle GC), onde iniciaram a suplementação e o treinamento de força proposto. A suplementação foi realizada de acordo com o protocolo proposto por Hultman et al.(1996), que sugere uma dose inicial de 20g de creatina distribuídas em 04 doses por dia, por um período de 07 dias, o protocolo sugere ainda a utilização de doses de manutenção após este periodo, o que não foi utilizado nesta pesquisa. O suplemento foi pesado em uma balança bioprecisa, colocado em saches de única utilização por dose, visando a utilização correta da quantidade estipulada de suplementos pelos indivíduos da pesquisa nos diversos momentos e dias, e entregues de forma randomizada aos indivíduos. O GE utilizou 20 g de creatina monoidratada em pó por via oral, e o GC utilizou 20 g de maltodextrina (placebo) em pó por via oral, ambos em sucos de 3

frutas divididos em quatro doses diárias: no desjejum, almoço, lanche e jantar por sete dias. Durante um período de 14 dias, a partir do primeiro dia de intervenção suplementar, ambos os grupos (GE e GC) executaram o mesmo protocolo de treinamento de força de 3 exercícios para cada grupo muscular, onde foi realizado 3 séries de 10 repetições máximas de cada exercício proposto: supino reto, puxada frontal supinada e leg press, com descanso de 1,5 minutos de uma série para outra ou de um exercício para o outro. Após o término deste período, todos foram submetidos aos mesmos testes iniciais (Avaliação Física e Teste de 10 RM), e foi revelado qual suplemento foi entregue a cada individuo e a qual grupo estes pertenciam (GE ou GC). A avaliação do IMC foi realizada a partir da identificação da estatura, utilizando estadiômetro graduado em centímetros e precisão de 1 mm; e da massa corporal, a partir de uma balança digital de marca Plena. A avaliação do percentual (%) Gordura Corporal foi realizado por meio de um adipômetro científico de marca Cescorf, seguindo o protocolo de Pollock & Wilmore (1993) com sete dobras.as circunferências foram mensuradas a partir de uma fita métrica de marca Sanny, bilateralmente no corpo nas seguintes regiões: coxa proximal, coxa meso-femural, braço extendido relaxado, braço forçado (contraído) em 90 graus, e tórax, tendo como ponto maior perímetro. Foi utilizado para análise estatística o programa Statistical Package for the Social Sciences SPSS 18. O teste T-student para amostras pareadas foi utilizado para comparar os dados intragrupo, momento pré com o momento pós término dos 14 dias. Este mesmo teste foi utilizado para comparar os dados intergrupos, comparando as medias em cada momento entre os grupos (GE X GC). Os resultados foram apresentados em média e desvio padrão e definida significância estatística para valor de p<0,05. 3. Resultados: As características dos indivíduos participantes da pesquisa idade, peso, estatura e IMC estão descritas na tabela 1. 4

Tabela 1. Características dos participantes. GRUPOS IDADE (anos) PESO (Kg) ESTATURA (cm) IMC (kg.m -2 ) GE 22,2±3,77 71,5±6,8 175,0±0,04 23,47±1,98 GC 22,1±3,07 72±6,0 176,0±0,05 23,12±1,19 Na tabela 2 estão evidenciados os resultados obtidos na avaliação de massa corporal total (MCT), somatório de dobras cutâneas ( DC) e o percentual de gordura (%G). Analisando os resultados nesta tabela percebe-se que houve um ganho considerável de MCT e perda de %G, com nível de significância de p<0,01. Tabela 2. Resultados da Massa Corporal Total (MCT); Somatorio de Dobras Cutaneas (DC) e Percentual de Gordura (%G). MEDIDAS GRUPOS PRÉ PÓS P MCT (Kg) G.E G.C 71,5±6,8 72±6,0 72,8±7,3 71,3±6,0 0, 0001 0, 0044 DC (mm) G.E G.C 69,7±1,21 69,8±7,5 71,1±1,2 69,9±0,65 0, 0024 0, 1845 % G.C G.E G.C 12,6±3,7 13,8±3,5 10,9±3,8 12,7±3,5 0, 0001 0, 0001 A perda de gordura corporal foi significante para ambos os grupos, experimental e controle, apresentando nível de significância p< 0,01 no somatório de dobras cutâneas e percentual de gordura. O grupo controle apresentou uma pequena alteração na variável composição corporal, mas sem nível de significância. Para a análise da perimetria corporal foram verificados valores significantes nas variáveis: Braço D. tenso; Tórax, Tórax expandido; Coxa Proximal e Coxa Distal, do grupo experimental, suplementados com creatina, com nível de significância de p<0,01, no grupo controle também houve alterações, contudo não obtendo valores significativos. Tabela 3. Perimetria Corporal. VARIÁVEIS GRUPO PRÉ (média) GRUPO PÓS (média) GANHO (cm) 5

Braço tenso G.E 34,5 G.E 36,4 G.C 33,95 G.C 34,64 Tórax G.E 97,3 G.E 100 G.C 98,45 G.C 99,5 Tórax expandido G.E 99,9 G.E 103,05 G.C 101,1 G.C 102,25 1,9 0,69 2,7 1,05 3,15 1,15 Coxa proximal G.E 58,6 G.C 57,99 G.E 59,85 G.C 57,35 1,25-0,64 Coxa distal G.E 46 G.E 48,2 2,2 G.C 45,65 G.C 46,25 0,6 A análise da força muscular pode ser observada na tabela 4, os resultados foram obtidos a partir do teste de carga realizado antes e depois da suplementação e o do treinamento resistido. Foi observado ganho em todas as variáveis analisadas, Supino reto; Puxada frontal supinada e Leg press, porém valores significativos podem ser observados apenas nas variáveis Supino reto e Leg press no grupo experimental quando comparados ao grupo controle. Tabela 4. Análise da força muscular. VARIÁVEIS FORÇA GRUPO PRÉ (média) Supino Reto G.E 43,2 G.C 38,2 Puxada Frontal G.E 49,5 Supinada G.C 46,6 Leg Press G.E 142,3 G.C 111,7 GRUPO PÓS (média) G.E 52,2 G.C 43,1 G.E 56,3 G.C 52,8 G.E 164 G.C 128,5 GANHO (Kg) 9 4,9 6,8 6,2 21,7 16,8 Em concordância com o descrito acima, a metodologia do presente estudo consistiu em aumentar a força e a massa magra de praticantes de musculação quando estes foram submetidos à fase de saturação do suplemento juntamente com a intervenção de quatorze dias de treinamento de força. 6

4. DISCUSSÃO: A musculação pode provocar alterações neuromusculares como aumento da força, potência muscular, resistência de força, dentre outras. Segundo Flek, Kramer e Volek (2000) e ACSM (2002) essas melhoras no condicionamento físico estão diretamente relacionadas com os ajustes fisiológicos e funcionais impostos pelo treinamento resistido. Tais efeitos podem tornasse ainda mais rápidos através da suplementação com creatina como aliada para ganhos tanto de força quanto de hipertrofia muscular (SOUZA JUNIOR, 2007). Ambos os grupos, G.E e G.C, obtiveram ganhos que são comprovados estatisticamente conforme os resultados obtidos, sendo que no Grupo Controle somente os valores de perimetria do quadril e coxa distal não alcançaram valores significantes. Contudo, a partir da análise dos efeitos do treinamento e suplemento utilizado, foi possível observar que o grupo experimental, que fez uso de creatina, apresentou aumentos expressivamente maiores para massa corporal e força, além disso, também apresentou alterações significativas no perfil de gordura corporal quando comparado ao grupo controle, que fez uso de maltodextrina. Os efeitos da suplementação de creatina sobre a massa corporal vêm sendo muito discutida em diversos estudos, alguns mencionam que a ingestão de creatina em curto prazo, fase de saturação do suplemento de 05 a 07 dias de suplementação, com altas doses (20-25g/dia) (FELDMAN, 1999; JACOB et al, 2000), é acompanhada de aumento de massa corporal total (MCT), principalmente em indivíduos do sexo masculino, cujo ganho chega a ser entre 0,07 a 2,0 kg de peso após a suplementação. Resultados semelhantes, também, foram encontrados na referida pesquisa ocorrendo ganho significativo de massa corporal total com p < 0,01. Como no estudo de Ferreira (2008), além do ganho de MCT houve diminuição dos valores de porcentual de gordura (%G) o que pode evidenciar um aumento de massa corporal magra. 7

O ganho de peso pode estar associado a duas hipóteses, a primeira consiste em retenção hídrica decorrente do alto poder osmótico da creatina, e a segunda seria um aumento da taxa de síntese de proteínas contráteis e diminuição da degradação proteíca (MAUGHAN, 1999). Apesar do efeito da suplementação aguda de creatina ser predominantemente relacionada à retenção hídrica, quando em longo prazo, o aumento da hidratação celular pode ser um sinal anabólico. Além do efeito agudo da creatina sobre a retenção hídrica, ela por si só, pode estimular a síntese de proteínas miofiblilar em culturas de músculos cardíacos e esqueléticos isolados (VOLEK et al, 1997). Em estudo realizado por Donatto et al (2007) mostrou que a suplementação de creatina (20g/dia durante 5 dias) não obteve efeitos significativos na composição corporal e na execução de uma repetição máxima (1RM), no exercício supino, em praticantes de musculação, contudo em uma pesquisa realizada com 22 mulheres, utilizando o mesmo protocolo de suplementação, dividas em dois grupos (experimental e placebo), observou-se ganho significativo do desempenho muscular, porém, também, não apresentava resultados significantes em termos de volume muscular e composição corporal (KAMBIS E PIZZEDAZ, 2003). No entanto, em uma revisão bibliográfica realizada em cinqüenta estudos que utilizaram a suplementação aguda de creatina, descreve que destes trinta e três pesquisas demonstraram aumento de massa muscular e os dezoito restantes tiveram ganho de massa magra, contudo sem ser significativo (FONTANA apud FERREIRA, 2008). A utilização da dosagem de 20g/dia divididas em 04 doses diárias de 0,5g por sete dias caracterizando a fase de saturação do suplemento junto ao treinamento de duas semanas de musculação proporcionaram ganho significativo de força e massa magra, sugerindo assim uma resposta aguda nos parâmetros avaliados. O ganho de força foi observado no grupo suplementado com creatina quando comparado com grupo placebo, ocorrendo maior expressão do aumento de força nos exercícios supino reto e leg press. Resultados semelhantes foram 8

encontrados no estudo de Souza Junior et al (2007), contudo no protocolo de suplementação foi utilizado 30g de creatina monoidratada dividida em 5 porções/dia durante uma semana, além disso nessa pesquisa foi utilizado a suplementação de 5g/dia durante 4 semanas, referente a fase de suplementação. Na referida pesquisa, ocorreu ganho de massa corporal no grupo experimental suplementado com creatina, o que certifica que o ganho de massa magra é devido à diminuição do %G.C. o grupo controle suplementado com maltodextrina obteve ganho de massa corporal embora não tenha sido tão expressivo em relação ao grupo experimental ocorrendo também à diminuição no %G.C. A partir disso, observa-se que os resultados obtidos nesta pesquisa estão em conformidade com os estudos encontrados na literatura consultada (WILLIANS; KREIDES; BRANCH, 2000), ou seja, um programa de duas semanas de treinamento de musculação em associação a suplementação de creatina aumentam a composição corporal e força. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da análise dos resultados percebe-se que a utilização de creatina em uma semana possibilita aumento na composição corporal. Os valores encontrados através da perimetria indicam que houve ganho de massa magra e diminuição no %G.C. em ambos os grupos, contudo em algumas variáveis (quadril e coxa distal) do grupo controle o ganho não foi estatisticamente significante. A suplementação de creatina como um método de aperfeiçoar o desempenho esportivo, deve ser tomada com ponderação, de acordo com a necessidade e indicação de cada indivíduo. Foi observado que não ocorreu nenhum efeito maléfico relacionado à saúde dos indivíduos com a suplementação de uma semana, no período estudado dando indicações da segurança da utilização deste suplemento nos moldes do protocolo utilizado e adaptado. Os resultados apresentados e analisados no presente estudo evidenciam os prováveis efeitos ergogênicos da utilização da creatina como suplemento alimentar, contudo mais pesquisas devem ser realizadas com este 9

suplemento na fase de saturação com protocolos semelhantes para confirmarem tais efeitos. REFERÊNCIAS: ALVES, R. C. et al. Resposta da suplementação de creatina em praticantes de exercícios resistidos. Educação Física em Revista. V. 2, n. 1, 2008. Disponível em: www.portal revista.ucb.br; ISSN: 1983-6643 FRY, A. C. The role of resistance exercise intensity on muscle fibre adaptations. Sports Med 2004; 34(10): 663-79. SOUZA JÚNIOR, T. P. DUBAS, J. P. PEREIRA, B. OLIVEIRA, P. R. Suplementação de creatina e treinamento de força: alterações na resultante de força máxima dinâmica e variáveis antropométricas em universitários submetidos a oito semanas de treinamento de força (hipertrofia). Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 13, n. 5, 2007. BENZI, G. M. STERNIERI, E. GECI, A. Creatina e prestazione sportive. Revista di cultura sportiva, [SL] anno XVII, N. 41/42, P. 1-12, 1998. DOMINGUES, S. F. MARINS, J. C. B. Utilização de recursos ergogênicos e suplementos alimentares por praticantes de musculação em Belo Horizonte- MG. Revista Fitness Performance. V. 06, n. 04, 2007. ISSN: 16765133. GREENHAFF, PL. The nutritional biochemistry of creatine. The Journal of Nutritional Biochemistry. V. 8, n. 11. 1997. GREENHAFF PL, BODIN K, SODERLUND K, HULTMAN E. Effect of oral creatine supplementation on skeletal muscle phosphocreatine resynthesis. American Journal of Physiology. 1994; 29: E725-30. VANDENBERGUE K, GORIS M, VAN HECKE P, VAN LEEMPUTTE M, VAN GERVEN L, HESPEL P. Long-term creatine intake is beneficial to muscle performance during resistance training. J Appl hysiol. 1997; 83:2055-63. HARRIS, R. C. SODERLUND, K. HULTMAN, E. Elevation of creatine in resting and exercised muscle of normal subjects by creatine supplementation. Clin Sci (Lond). 1992 Sep;83(3):367-74. HULTMAN, E. SODERLUND, K. TIMMONS, J. A. CEDERBLAD, G. GREENHAFF, P. L. Muscle creatine loading in men. Journal of Applied Physiology. Bethesda, v.81, n.1, p.232-237, 1996. FLECK, S. J. VOLEK, J. S. KRAEMER, W. J. Efeito da suplementação de creatina em sprints no pedalar e na performance de sprints repetitivos no pedalar. Revista Brasileira de Ciência e movimento. Brasilia. V. 8, n. 3. 2000. 10

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