Universidade Federal de Juiz de Fora Graduação em Educação Física e Desportos. Leonardo Rotondo Pinto

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Transcrição:

Universidade Federal de Juiz de Fora Graduação em Educação Física e Desportos Leonardo Rotondo Pinto FREQUÊNCIA CARDÍACA DO ÁRBITRO DE FUTEBOL DURANTE JOGOS DE EQUIPES AMADORAS Juiz de Fora 2010

Leonardo Rotondo Pinto FREQUÊNCIA CARDÍACA DO ÁRBITRO DE FUTEBOL DURANTE JOGOS DE EQUIPES AMADORAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para a conclusão do curso de Bacharelado em Educação Física e Desportos. Orientador: Prof. Dr. Jorge Roberto Perrout de Lima Juiz de Fora 2010

Leonardo Rotondo Pinto FREQUÊNCIA CARDÍACA DO ÁRBITRO DE FUTEBOL DURANTE JOGOS DE EQUIPES AMADORAS : Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para a conclusão do curso de Bacharelado em Educação Física e Desportos. Prof. Dr. Jorge Roberto Perrout De Lima Prof. Dro. Jefferson Macedo Vianna Prof. Dr. Mateus Camaroti Laterza Examinados em: / /.

AGRADECIMENTO A Deus que sempre esteve ao meu lado, iluminando meu caminho. Aos meus pais e minhas tias pelos ensinamentos para minha formação pessoal e incentivo por toda a vida. Aos primos, pelo companheirismo de sempre. Aos amigos que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste trabalho. A Carolina por sua dedicação, incentivo, apoio constante e carinho. Ao meu orientador Jorge Roberto Perrout de Lima, pelos ensinamentos, apoio, orientações e paciência. Aos membros da banca Matheus Camaroti Laterza e Jefferson Macedo Vianna e demais professores da faculdade que tiveram participação na minha formação profissional. Aos amigos colaboradores da pesquisa.

RESUMO Um bom árbitro de futebol, além de possuir boas qualidades técnicas em relação a interpretações dos acontecimentos no jogo, deve sempre estar próximo ao lance para que possa tomar suas decisões com maior precisão e sucesso, para isso, é preciso que esteja bem condicionado fisicamente. O objetivo do estudo foi conhecer o comportamento da freqüência de árbitros que atuam em jogos amadores de futebol no decorrer da partida. A amostra foi composta por 8 árbitros,com idade entre 22 e 30 anos sendo todos pertencentes ao quadro da Liga de Futebol de Juiz de Fora.Os 8 árbitros que participaram da pesquisa foram determinados pelo processo de amostragem aleatória simples (sorteio), de acordo com suas escalas de trabalho. Eles utilizaram o monitor cardíaco durante partidas realizadas na várzea, que tiveram duração de dois tempos de trinta minutos. O intervalo entre os tempos é somente o necessário para a troca de lado no campo.a pesquisa foi realizada em um torneio amador na cidade de Juiz de Fora. Foi utilizado um monitor cardíaco da marca Polar, modelo RS800 para aferição durante as partidas. O descarregamento dos dados foi feito em um computador com a utilização do software da Polar. a média da freqüência cardíaca durante todo o jogo foi de 148BPM, sendo 146BPM a média do primeiro tempo e 151BPM a média do segundo tempo, a freqüência cardíaca máxima encontrada foi de 165BPM, já a freqüência cardíaca mínima encontrada foi de 139BPM. Pode-se concluir o árbitro passa a maior parte da partida entre 70% e 80% da sua freqüência cardíaca máxima, porém existem momentos em que o árbitro estará com valores superiores aos da média encontrada, onde geralmente é o momento decisivo da partida,ou seja, é necessário que o árbitro tenha uma boa resistência aliada uma excelente velocidade de aceleração essas informações são valiosas para uma prescrição adequada de um treinamento feito para um árbitro. Palavras-chave: Freqüência Cardíaca. Arbitragem. Futebol

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 07 METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO ------------------------------------------- 11 ANÁLISE DOS RESULTADOS --------------------------------------------------------------- 13 DISCUSSÕES------------------------ ------------------------------------------------------------- 15 CONCLUSÂO---------------------------------------------------------------------------------------16 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------ 17

7 INTRODUÇÃO Com o passar dos anos e a evolução dos treinamentos físicos, o futebol vem se tornando cada vez mais dependente da preparação física de seus jogadores para conseguir o sucesso, o que gera grande preocupação dos comandantes das equipes no aprimoramento desta qualidade, Gasques Filho(2007) afirma que um jogador de futebol corre em média 10,8km em uma partida de futebol. Um bom árbitro de futebol, além de possuir boas qualidades técnicas em relação a interpretações dos acontecimentos no jogo, deve sempre estar próximo ao lance para que possa tomar suas decisões com maior precisão e sucesso, para isso, é preciso que esteja bem condicionado fisicamente. Fox et al (1991) afirma que a nutrição adequada é o alicerce para um bom desempenho físico. Da Silva et al (2003) fala sobre o vasto número de formas de avaliar a aptidão física dos árbitros através de diversos testes, e indica dificuldades na escolha ideal de um deles, porém através de seus estudos, chega a conclusão que deve se utilizar um teste de velocidade e resistência de velocidade em um dia, e em um dia diferente realizar um teste de resistência aeróbia. Segundo Rebelo et al (2002), o desenvolvimento da aptidão física do árbitro irá permitir que o mesmo esteja suficientemente próximo a jogada, tendo um maior controle de jogo, seja qual for o ritmo imposto pelas equipes. Añes e Silva (2001) citam que a melhora da performance física do árbitro evita decisões equivocadas, provocadas por esgotamento físico durante uma partida, fazendo com que o jogo tenha um bom desenvolvimento. De acordo com da Silva (2003), a mensuração da freqüência cardíaca é uma forma indireta para a estimativa da intensidade do exercício e da utilização de oxigênio pelo corpo, o controle da atividade física, através da freqüência cardíaca, é utilizado por diversos profissionais envolvidos no esporte. Como sabemos que uma partida é dividida em momentos oscilantes em relação a intensidade do esforço físico dos atletas, e conseqüentemente do árbitro, pode-se associar o comportamento da freqüência cardíaca com a intensidade e o esforço do árbitro no momento em que está sendo analisado.

8 Segundo Godik (1996), a freqüência cardíaca, como parâmetro de esforço, controla a carga do treinamento. O monitoramento da freqüência cardíaca fornece informações capazes de verificar as reações fisiológicas ou exigências físicas durante o exercício, e possibilita analisar a intensidade exigida da pessoa. Rebelo et al (2002) afirma que um árbitro corre em um jogo de equipes profissionais uma média de 10 km, realizando exercício de baixa e média intensidade (marcha, trote e corrida média) em dois terços do tempo total da partida, sendo dividida as formas de ação em: Parado (17,1%), Marcha (33,4%), Trote (25,9%), Corrida Média (3,4%), Sprint (0,8%), Deslocamento de lado (1,8%), Deslocamento de costas (17,7%). Em um estudo realizado com jogadores, Saraiva(2005) expõe as formas de deslocamento dos jogadores durante uma partida, sendo de 55% do jogo andando, 35% ritmo moderado, 6% em velocidade quase máxima e 2% em velocidade máxima. Segundo Añes e Silva (2001), o perfil antropométrico do árbitro de futebol de jogos de equipes profissionais é composto por uma maior estatura, massa corporal, massa óssea, massa residual e massa muscular, sendo o percentual de gordura apenas 0,24% menor do que o dos homens normais. Os árbitros que atuam em jogos de equipes profissionais são submetidos a testes físicos de duas a três vezes no ano; os reprovados ficam impossibilitados de atuar até que recebam uma nova oportunidade e sejam aprovados. Segundo a FIFA, são dois os testes que visam basicamente medir a velocidade média e a capacidade de rendimento aeróbio dos árbitros nas jogadas rápidas e repetidas durante uma partida. Os árbitros que atuam em jogos de equipes amadoras que atuam em campos de várzea, não são exigidos da mesma forma em relação a parte física, não realizam testes físicos, e a duração dos seus jogos possuem tempos diferentes dos jogos profissionais, de acordo com as regras de cada competição. Sabe-se que as condições de trabalho presentes nas situações expostas são bem diferentes. Enquanto jogos profissionais são realizados em campos gramados, totalmente fechado por alambrados, com vestiários à disposição, presença de policiamento e seguranças, ambulância com equipe de saúde,

9 presença de profissionais qualificados compondo as comissões técnicas, atletas exercendo sua profissão e, conseqüentemente, melhor preparados na parte física, técnica e tática, os jogos amadores são realizados em campos em condições precárias, nem sempre são fechados por alambrados, quando há vestiários, estes se encontram em condições degradantes, nem sempre há policiamento e equipe médica, as comissões técnicas nem sempre são formadas por profissionais qualificados, os jogadores não usam da pratica de futebol como profissão e sim como lazer, e conseqüentemente a parte física, técnica e tática, são inferiores a dos jogadores profissionais. Todas as diferenças citadas se estendem a preparação e a formação do árbitro que trabalha em jogos de equipes profissionais e amadoras. Segundo Almeida (2003), a freqüência cardíaca possui comportamento diferente entre pessoas bem condicionadas e mal condicionadas durante o exercício físico, porém é importante ressaltar que a ação da freqüência cardíaca também sofre interferências de outros fatores além do condicionamento físico, como o stress causado pela importância de uma partida, pela falta de segurança encontrada em um jogo ou pelo comportamento das equipes na partida. Rebelo et al (2002) coloca como valor médio da freqüência cardíaca do árbitro que atua em jogos de equipes profissionais é 150BPM, tendo o mínimo de 127BPM e o máximo de 186BPM, sendo importante ressaltar que a freqüência cardíaca não sofre variação apenas pelo esforço físico, também são notadas variações em momentos de tomada de decisão, que podem vir acrescidos de nervosismo, pressão psicologia ou até uma discussão com um jogador. Nestes momentos, o tempo de experiência do árbitro no ramo, pode ser um fator importante para o controle de suas emoções e, conseqüentemente, na tomada da decisão correta. São conhecidos na literatura trabalhos realizados com árbitros que atuam em jogos de equipes profissionais, identificando o comportamento da freqüência cardíaca durante as partidas, porém, como se comporta a freqüência cardíaca do arbitro que atua em jogos de equipes amadoras?

10 Desta forma, o seguinte estudo tem como objetivo, conhecer o comportamento da freqüência cardíaca do arbitro amador durante uma partida disputada por equipes amadoras.

11 METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO Sujeitos O Universo da pesquisa foi composto pelos árbitros do quadro da Liga de Futebol de Juiz de Fora (LFJF). A amostra foi composta por 8 árbitros,com idade entre 22 e 30 anos sendo todos pertencentes ao quadro da Liga de Futebol de Juiz de Fora. Os 8 árbitros que participaram da pesquisa foram determinados pelo processo de amostragem aleatória simples (sorteio), de acordo com suas escalas de trabalho. Eles utilizaram o monitor cardíaco durante partidas realizadas na várzea, que tiveram duração de dois tempos de trinta minutos. O intervalo entre os tempos é somente o necessário para a troca de lado no campo. A pesquisa foi realizada em um torneio amador na cidade de Juiz de Fora, existiram jogos com características diferentes, alguns decisivos, outros sem valor de classificação, alguns cadenciados e também jogos com muita corrida por parte dos jogadores. Os árbitros analisados não possuem nenhuma exigência física por parte da Liga de Futebol de Juiz de Fora, podendo o árbitro se preparar fisicamente para os jogos ou não. Vale destacar que todos trabalham com arbitragem como uma função extra, ou seja, possuem outros empregos fixos, o que faz com que não possam se dedicar exclusivamente a arbitragem. Vale destacar que os árbitros, na maioria das vezes, atuam em até três jogos por dia, desempenhando também a função de árbitro assistente, quando não estão como árbitro central, a aferição porém só foi realizada no árbitro central, essa troca de funções gera um desgaste maior, que também pode ser um fator influente no comportamento da Freqüência Cardíaca. Coleta de dados Foi utilizado um monitor cardíaco da marca Polar, modelo RS800 para aferição durante as partidas. O descarregamento dos dados foi feito em um computador com a utilização do software da Polar.

12 Poucos minutos antes da partida o monitor cardíaco era colocado no árbitro e só era retirado no final do jogo, estando o árbitro com o monitor cardíaco durante o intervalo. O monitor cardíaco foi programado para registrar a freqüência cardíaca a cada 5 segundos. O tratamento estatístico foi realizado calculando a média e desvio padrão dos valores obtidos pelos 8 árbitros, sendo a freqüência cardíaca registrada no intervalo de 5 segundos. Foram calculados a média de cada tempo do jogo, e dos dois tempos juntos, para encontrar as diferenças entre os tempos da partidas foi aplicado o teste T de Sterdent para dados independentes (p > 0,05). O teste T apontou uma diferença significativa entre os tempos.

13 ANÁLISE DOS RESULTADOS Figura 1 Frequência cardíaca média de 8 árbitros durante uma partida de futebol. Média do primeiro tempo = 146 bpm, do segundo tempo = 151 bpm. 110 100 90 80 70 Frequência 60 50 40 30 20 10 0 135 140 145 150 155 160 165 FC (bpm) Figura 2 - Histograma das médias da freqüência cardíaca durante uma partida de futebol

14 Como foi ilustrado pela figura 1, a média da freqüência cardíaca durante todo o jogo foi de 148BPM, sendo 146BPM a média do primeiro tempo e 151BPM a média do segundo tempo, a freqüência cardíaca máxima encontrada foi de 165BPM, já a freqüência cardíaca mínima encontrada foi de 139BPM. Os resultados demonstraram semelhanças em jogos de equipes amadoras e profissionais em relação à média da freqüência durante o jogo. A média da freqüência cardíaca no primeiro tempo foi menor do que no segundo tempo. Em relação ao valor máximo e mínimo atingido pela freqüência cardíaca, houve uma diferença significante, nos jogos amadores a variação da freqüência foi menor. De acordo com a figura 2 o árbitro de futebol passa a maior parte do jogo com a freqüência cardíaca entre 145 e 150 BPM, tento a freqüência em valores menores que 140 MPM em poucos momentos, a freqüência cardíaca aponta valores maiores que 155 BPM também em poucos momentos, porém com uma incidência um pouco maior, que pode ser explicada por momentos decisivos na partida.

15 DISCUSSÕES Através da analise dos dados, não foi notado nenhuma diferença considerável entre a média do comportamento da freqüência cardíaca dos árbitros que atuam em jogos profissionais e amadores, levando em consideração a média geral na partida, o que pode ser justificado também pela diferença do ritmo de jogo, que na várzea é menor, exigindo menos da capacidade física do árbitro. Em relação ao comportamento da freqüência máxima e mínima atingida, percebe-se uma diferença significativa entre o jogo amador e o profissional, segundo Rebele et al (2002) a freqüência cardíaca mínima encontrada entre os árbitros que atuam em jogos de equipes profissionais foi de 127BPM e a máxima foi de 186BPM, de acordo com os dados aferidos neste estudo com árbitros que atuam em jogos de equipes amadoras a freqüência cardíaca máxima foi de 165BPM e a mínima de 139BPM, sendo a variação da freqüência cardíaca em um jogo profissional maior do que em uma partida amadora. Quando é feita a comparação do comportamento da freqüência cardíaca entre os dois tempos jogados na partida, percebe-se que a média da freqüência cardíaca no primeiro tempo é menor do que a média do segundo tempo. Estudos sobre o comportamento da freqüência cardíaca em jogadores, indicam que a média no primeiro tempo é superior ao segundo tempo. Estudos indicam que o jogo no segundo tempo se torna mais lento para os jogadores e conseqüentemente para os árbitros, porém é neste período do jogo que é decidido o resultado final. Este estresse do momento pode ser um fator determinante para a freqüência cardíaca de um árbitro ser maior no segundo tempo.

16 C O N C L U S Ã O Levando em consideração a média de idade dos árbitros avaliados, e com base nas médias obtidas pela freqüência cardíaca, percebe-se que o árbitro passa a maior parte da partida entre 70% e 80% da sua freqüência cardíaca máxima, porém existem momentos em que o árbitro estará com valores superiores aos da média encontrada, onde geralmente é o momento decisivo para a partida,ou seja, é necessário que o árbitro tenha uma boa resistência aliada uma excelente velocidade de aceleração essas informações são valiosas para uma prescrição adequada de um treinamento feito para um árbitro.

17 R E F E R Ê N C I A S ALMEIDA, M. B.; ARAÚJO, C. G. S. Efeitos do Treinamento aeróbio sobre a freqüência cardíaca. Rio de janeiro, v.9, n.2, mar/ abr. 2003. DA SILVA, C. A. I. ; FRÓMETA, C.E. R. ; FERNANDEZ, R. ; MENSLIN, R. Análisis de um test más específico para evaluar la capacidad aeróbica del árbitro de fútbol. Buenos Aires, v.9, n65, out. 2003. DA SILVA, C. A. I; RODRIGUES, A. C. R. A freqüência cardíaca e a intensidade da atividade física do árbitro assistente durante a partida de futebol. Maringá, v.14, n.1, jul. 2003 FILHO, O. M. G. Ações Motoras durante um jogo de futebol. São Paulo, fev. 2007. FOX, E.L; BOWERS, R. W; FOSS, M. L. Bases fisiológicas da educação física e dos desportos. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A., 1991. GODIK, M. Futebol: preparação dos futebolistas de alto nível. Londrina: Grupo Palestra Sport, 1996 REBELO,A. ; SILVA,S ; PEREIRA,N ; SOARES, J. Stress físico do árbitro de futebol no jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v.2, n. 5, p.24-30, 2002. RODRIGUES, A. C. R.; SILVA, A. I. Perfil antropométrico e da composição corporal de árbitros de futebol. Buenos Aires, v.7, n43, dez. 2001 SARAIVA, P. Força, o suporte condicional do futebolista. Promocion, abr. 2005. SILVA, A. I.;RODRIGUES AÑES, C. R.; ARIAS, V. D. C. Níveis de aptidão física de árbitros de elite da Federação Paranaense de Futebol. Brasília, v.12, n1, p. 63-70, jan/mar. 2004.