d i g i t a i s Teses e Disser tações originais em formato digital Programa de Pós-Graduação em Letras



Documentos relacionados
Insígnia Mundial do Meio Ambiente IMMA

Educação Patrimonial Centro de Memória

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB

FACULDADE EÇA DE QUEIROS. Edna Cristina do Nascimento. Marineide Gonçalves. Tâmara de Oliveira PROJETO PEDAGÓGICO JANDIRA

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

O profissional também tem um relevante papel em ajudar a família a se engajar no tratamento de sua criança, tanto oferecendo a ela recursos para

Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO)

TIPOS DE BRINCADEIRAS E COMO AJUDAR A CRIANÇA BRINCAR

13 Estudando as aulas do Telecurso 2000

APRENDER A LER PROBLEMAS EM MATEMÁTICA

Exercícios Teóricos Resolvidos

INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS III Curso do IAB Formação de Agentes Multiplicadores em Prevenção às Drogas

Avaliação da aprendizagem... mais uma vez

Hoje estou elétrico!

JOSÉ DE ALENCAR: ENTRE O CAMPO E A CIDADE

A LIBERDADE COMO POSSÍVEL CAMINHO PARA A FELICIDADE

Duração: Aproximadamente um mês. O tempo é flexível diante do perfil de cada turma.

Top Guia In.Fra: Perguntas para fazer ao seu fornecedor de CFTV

TIPOS DE RELACIONAMENTOS

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA GREICY GIL ALFEN A LUDICIDADE EM SALA DE AULA

CENCAL ALCOBAÇA UFCD 3245 FORMADORA FÁTIMA GOMES

REPRESENTAÇÕES DE AFETIVIDADE DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Deise Vera Ritter 1 ; Sônia Fernandes 2

Primeiro Setênio A constituição física da criança

5 Equacionando os problemas

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

BRINCAR É UM DIREITO!!!! Juliana Moraes Almeida Terapeuta Ocupacional Especialista em Reabilitação neurológica

7º ano - Criação e percepção - de si, do outro e do mundo

CÓDIGO CRÉDITOS PERÍODO PRÉ-REQUISITO TURMA ANO INTRODUÇÃO

A criança e as mídias

Organizando Voluntariado na Escola. Aula 1 Ser Voluntário

Manual de Instalação... 2 RECURSOS DESTE RELÓGIO REGISTRANDO O ACESSO Acesso através de cartão de código de barras:...

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

Categorias Temas Significados Propostos

Visão: Um pixel equivalerá a milhares de palavras

4Distribuição de. freqüência

CURIOSOS E PESQUISADORES: POSSIBILIDADES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Meu nome é Rosângela Gera. Sou médica e mãe de uma garotinha de sete anos que é cega.

Segurança e Saúde dos Trabalhadores

RELATÓRIO FINAL SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESCOLA ESTADUAL CÔNEGO OSVALDO LUSTOSA

GRUPOS. são como indivíduos, cada um deles, tem sua maneira específica de funcionar.

Pedro e Lucas estão sendo tratados com. Profilaxia

Balanço social: diversidade, participação e segurança do trabalho

O TRABALHO COM BEBÊS

A importância da audição e da linguagem

Tomada de decisão. O que é necessário para ser bom? Algumas dicas práticas: Por que ser bom? Como tomamos boas decisões?

Freelapro. Título: Como o Freelancer pode transformar a sua especialidade em um produto digital ganhando assim escala e ganhando mais tempo

Objetivo principal: aprender como definir e chamar funções.

A Epistemologia de Humberto Maturana

Óptica Visual e. Instrumentação

PROJETO DE LEI N.º 3.466, DE 2012 (Do Sr. Raimundo Gomes de Matos)

Conhecendo o Aluno com Deficiência Múltipla

AS CONTRIBUIÇÕES DO SUJEITO PESQUISADOR NAS AULAS DE LEITURA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS ATRAVÉS DAS IMAGENS

RÁDIONOVELA ALÉM DA PRODUTORA 1

46 Dona Nobis Pacem: alturas Conteúdo

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

9 Como o aluno (pré)adolescente vê o livro didático de inglês

UMA EXPERIÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO POR MEIO DO PIBID

Processo de Pesquisa Científica

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

INVESTIGAÇÃO DOS SENTIDOS NARRATIVOS ENCONTRADOS NO DISCURSO DE AFÁSICOS PARTICIPANTES DE GRUPO DE CONVIVÊNCIA

DESCRIÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA INICIATIVA

Estratégias adotadas pelas empresas para motivar seus funcionários e suas conseqüências no ambiente produtivo

Educação a distância: desafios e descobertas

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA CONSELHO ACADÊMICO DE PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO Nº 01/2014

SISTEMAS DE CALENDÁRIO. Guia para selecionar o tempo necessário de uso dos sistemas de calendário

Piaget diz que os seres humanos passam por uma série de mudanças previsíveis e ordenadas; Ou seja, geralmente todos os indivíduos vivenciam todos os

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010

Não é o outro que nos

A SEGUIR ALGUMAS DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO CIENTÍFICO

JOGOS MATEMÁTICOS PARA O ENSINO MÉDIO

REGULAMENTO DO 1º CONCURSO CULTURAL DE FOTOGRAFIA VARAL REVELADO: MEU OLHAR NA SAÚDE DO V CACUN 2015

O que Vês na Imagem?

Oração. u m a c o n v e r s a d a a l m a

Ficha Técnica: Design e Impressão Mediana Global Communication

medida. nova íntegra 1. O com remuneradas terem Isso é bom

SUMÁRIO 1. AULA 6 ENDEREÇAMENTO IP:... 2

Glaucus Saraiva - poeta gaúcho

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA DO DIA 09 DE JUNHO DE 2014 Às vinte horas do dia nove de junho de dois mil e quatorze, na sede da Câmara Municipal, reuniu-se

Todas as atividades que seu(sua) filho(a) realiza na escola, em todas as áreas de conhecimento, estão relacionadas aos objetivos de aprendizagem.

RELATO DE EXPERIÊNCIA: A PERCEPÇÃO DE LUZ E SOMBRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Palavras-chave: Conhecimentos físicos. Luz e sombra. Educação Infantil.

Breve histórico da profissão de tradutor e intérprete de Libras-Português

A escola para todos: uma reflexão necessária

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA As Fronteiras do Espaço

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

Construindo a câmara escura

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Profª Iris do Céu Clara Costa - UFRN iris_odontoufrn@yahoo.com.br

A consciência no ato de educar

Estratégia de escuta psicanalítica aos imigrantes e refugiados: uma oficina de português

XI Encontro de Iniciação à Docência

Módulo 9 A Avaliação de Desempenho faz parte do subsistema de aplicação de recursos humanos.

PEDAGOGIA EM AÇÃO: O USO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Módulo 14 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas Treinamento é investimento

Soluções Nível 1 5 a e 6 a séries (6º e 7º anos) do Ensino Fundamental

Motivação. Robert B. Dilts

Transcrição:

Letras d i g i t a i s Teses e Disser tações originais em formato digital A nteração Mãe-Beb ê: os primei ros passos Severina Maria Oliveir a Ferreira 1990 Programa de Pós-Graduação em Letras

Ficha Técnica Coordenação do Projeto Letras Digitais Angela Paiva Dionísio e Anco Márcio Tenório Vieira (orgs.) Consultoria Técnica Augusto Noronha e Karla Vidal (Pipa Comunicação) Projeto Gráfico e Finalização Karla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação) Digitalização dos Originais Maria Cândida Paiva Dionízio Revisão Angela Paiva Dionísio Anco Márcio Tenório Vieira e Michelle Leonor da Silva Produção Pipa Comunicação Apoio Técnico Michelle Leonor da Silva e Rebeca Fernandes Penha Apoio nstitucional Universidade Federal de Pernambuco Programa de Pós-Graduação em Letras

Apresentação Criar um acervo é registrar uma história. Criar um acervo digital é dinamizar a história. É com essa perspectiva que a Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras representada nas pessoas dos professores Angela Paiva Dionisio e Anco Márcio Tenório Vieira criou em novembro de 2006 o projeto Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações. Esse projeto surgiu dentre as ações comemorativas dos 30 anos do PG Letras programa que teve início com cursos de Especialização em 1975. No segundo semestre de 1976 surgiu o Mestrado em Linguística e Teoria da Literatura que obteve credenciamento em 1980. Os cursos de Doutorado em Linguística e Teoria da Literatura iniciaram respectivamente em 1990 e 1996. É relevante frisar que o Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE de longa tradição em pesquisa foi o primeiro a ser instalado no Nordeste e Norte do País. Em dezembro de 2008 contava com 455 dissertações e 110 teses defendidas. Diante de tão grandioso acervo e do fato de apenas as pesquisas defendidas a partir de 2005 possuirem uma versão digital para consulta os professores Angela Paiva Dionisio e Anco Márcio Tenório Vieira autores do referido projeto decidiram oferecer para a comunidade acadêmica uma versão digital das teses e dissertações produzidas ao longo destes 30 anos de história. Criaram então o projeto Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações com os seguintes objetivos: (i) produzir um CD-ROM com as informações fundamentais das 469 teses/dissertações defendidas até dezembro de 2006 (autor orientador resumo palavras-chave data da defesa área de concentração e nível de titulação);

(ii) criar um Acervo Digital de Teses e Dissertações do PG Letras digitalizando todo o acervo originalmente constituído apenas da versão impressa; (iii) criar o hotsite Letras Digitais: Teses e Dissertações originais em formato digital para publicização das teses e dissertações mediante autorização dos autores; (iv) transportar para mídia eletrônica off-line as teses e dissertações digitalizadas para integrar o Acervo Digital de Teses e Dissertações do PG Letras disponível para consulta na Sala de Leitura César Leal; (v) publicar em DVD coletâneas com as teses e dissertações digitalizados organizadas por área concentração por nível de titulação por orientação etc. O desenvolvimento do projeto prevê ações de diversas ordens tais como: (i) desencadernação das obras para procedimento alimentação automática de escaner; (ii) tratamento técnico descritivo em metadados; (iii) produção de Portable Document File (PDF); (iv) revisão do material digitalizado (v) procedimentos de reencadernação das obras após digitalização; (vi) diagramação e finalização dos e-books; (vii) backup dos e-books em mídia externa (CD-ROM e DVD); (viii) desenvolvimento de rotinas para regularização e/ou cessão de registro de Direitos Autorais. Os organizadores

A nteração Mãe-Bebê: os primeiro s pas sos Severina Ma ria Oliveira Ferreira 1990 Copyright Severina Maria Oliveira Ferreira 1990 Reservados todos os direitos desta edição. Reprodução proibida mesmo parcialmente sem autorização expressa do autor.

Programa de pos-gradu2.y1io em LeLl'i\2 e Linguistica UFPE UNVERSDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNCACaO MESTRADO EM LETRAS E LNGUiSTCA Apresentada ao Programa de Pos-Gradua~io do Mestrado em Letras e Lingtiistica da UFPE para obten~io do Grau de Mestre em Lingtiistica.

Programa de P6s - G ~d rd Ufigao em Letras e Ljnf)'lJl'~t;c - 0... 1. H U1?PE --1------------------------ Profa. Ora. Marla da Concel~ao O. P. de Lyra

~ memo~ia do meu pai. ~ minha Mae. ~queles que esc~eye~am as p~i.ei~as linhas da minha histo~ia.

Os primelros passes para a real za~ao deste trabalho foram dados em 1987 quando em colabora~ao com Carmem Dolores de Castro colega do Curso de Mestrado em Letras e Llngulstlca empreendemos sob a supervisao da Profa. Ora. Marlgia Viana uma pesqulsa sobre as primeiras rela~oes desenvolvidas entre mae e bebe. A pesquisa consistlu na observa~ao e acompanhamento durante cinco meses de uma mae primipara e seu bebe uma crian~a do sexo femlnino chamada Juliana. 05 resultados da anal ise B interpreta~ao dos dados colhido5 atraves de grava~ao em flta cassete e de anota~oes reallzadas durante a refei~ao e banho da crian~a foram reunidos num trabalho que recebeu 0 titulo "A atlvidade conversacional na rela~ao mae-bebe". Nossos primeiros agradecimentos sao portanto para Juliana e sua mae bem como para 0 seu pal e ainda para a Profa. Ora. Martgia Viana que acolhendo urn projeto de nosso antgo nteresse - 0 estudo das rela~oes precoces entre mse e bebe - possibi tou nosso prlmelro contato com a pesquisa de campo na area da Pslcol ngustlca. Com a experlencia e conheclmentos entao adqulrldos nlciamos em 1988 sob a orlenta~ao do Prof. Dr. Lutz Antonio Marcuschl a coleta dos reglstros que pretendlamos reunlr para a elabora~ao desta Disserta~ao. Com esta flnalldade acompanhamos duas maes e seus bebes urn do sexo mascullno

(Wilsinho) e um do sexo femlnlno (Amanda) durante doze meses. o objetivo inicial era comparar a evolu~ao da rela~ao nterativa entre as duas dlades. Por motlvos superlore5 lsto nao fol posslvel e este trabalho trata apenas dos registros pertlnentes a uma das duplas observadas. Ainda assim desejamos agradecer tanto a Wilsinho como a Amanda as suas maes e aos seus pais a colabora~ao inestimavel que prestaram. Ao Prof. Or. Lulz Antonio Marcu5chl n0550s agradecimentos pela orienta~ao prestada na coleta organiza~ao - uma das tarefas mals arduas da pe5quisa - nterpreta~ao e processamento dos dado5. Agradecemos-he tambem a ajuda preclosa na 5upera~ao dos obstaculo5 que 5e nterpuseram a conclusao de5te trabalho. E he somo5 reconhecidos sobretudo por ter acreditado na sua real iza~ao. Somos gratos a Profa. Ora. Adair Pimentel Palacio e ao Prof. Humberto Lobo Novellno pela revisao crltlca da prlmelra vers80 do texto e pelas val losas sugestoes. Oe5ejamos agradecer a tantos outros que de uma forma ou de outra colaboraram para que 0 nosso objetlvo fosse flnalmente alcan~ado: aos pslcanal i5tas Lena Rodrigues e Joao Alberto Ca~valho pelo que 0 trabalho contem das marcas de suas contrlbul~6es (manifestas e latentes); ao Sr. Marcos Fernando Borges Oliveira pela paciencla com que produzlu as coplas das fitas de video-tape; a estudante Marcia Paula Borges 01 ivelra e as pslcologas Marla Jose Mendes de Almeida e Ana Marla Cabral

Gomes Carneiro pela prestimosa ajuda na transcrl~ao dos dados e organlza~ao da blbllografla; aos Srs. Fernando do Rego Pessoa de Macedo Marcos Antonio Rodrigues Silva Mauro Alberto Gomes Salles Fernando Clemente da Sliva e Perllo Humberto de lima cuja compreensao e apolo garantlram auxflio e meios para 0 prossegulmento do trabalho; aqueles que espontaneamente dedlcaram muitas horas de seu tempo na datllografia edi~ao dos manuscrltos e or9ani2a~ao do texto niclal Srs. Antonia Marla de Almeida Arlete Porto e Silva Eva Marla Oliveira Fatima Marla de Vasconcelos Ferraz Fernando Jose Raposo Guerra Josefa Pereira da Silva Jose Hernandes Manoel da Silva Mabel da Costa Silva Marla de Fatima Oliveira Maria do Rosario Oliveira Nagiclna Cardoso da Cunha Fllha e Valerio Gon~alves da Sliva; aos srs. Geraldo Aurel lane Junior e Martha Landlm pela edi~ao final do texto. Mas e com um sentlmento especial de gratidao que nos dirlgimos a RomildoF Daniela e Rodrigo que vlveram conosco as dlficuldades e alegrlas da travessia com dedlca~ao paclencla e encorajamento.

RESUMO Este trabalho focal iza a lntera~ao mae-bebe entre um e nove meses. Basela-se na observa~ao e reglstro em vdeo-tape de sltua~oes de al lmenta~ao banho e brincadelra das quais partlclparam uma mae prlmfpara e 0 seu bebe. Tem por final idade mostrar que a lntera~ao mae-bebe se constr61 a partir de objetlvos buscados pelos dols nteractantes. Tendo em vista a satlsfa~ao das necessldades e demandas do bebe e 0 atendlmento do desejo materno e comprovado que se estabelece entre 05 partlcipantes da dfade uma especle de acordo por lntermedlo do qual ambos negociam modos de lntera~ao que vlsam a real za~oes mutuas. Atraves das negocia~5es que se desenvolvem no interior da rela~ao dladica os lugares pertinentes a mae e ao bebe vao sendo progressivamente determinados. A analise da organlza~ao e evolu~ao do processo interatlvo mae-bebe fol reallzada com base em categorias construldas no estudo da estrutura da ntera~ao conversacional entre adultos. Asslm no~oes como turno pares adjacentes topico contexto e atos de fala foram uti 1 izados para descrever e anal lsar as trocas interatlvas na rela~ao entre a mae e 0 bebe. As conclusoes desta pesquisa mostram que desde 0 inlcio a intera~ao mae-bebe e um esfor~o constante para a defini~ao e constru~ao de papeis que por um lado tem extrema relevancia nos estudos de aquisl~ao da lingua e por outro pode orlentar as atlvldades voltadas para a preven~ao de patologlas como a pslcose e 0 autlsmo.

p 1 2. A NTERACAO MAE-BEBf: PONTO DE PARTDA. 2.1 - Manlfesta~oes elementares da ntera~ao... 3. ASPECTOS METODOL6GCOS. 3.1 - Crlterlos de selel;ao do "corpus"...... 3.2 - Local rltmo e dural;ao das sess6es de observal;ao 3.3 - Sltua~oes observadas......... 3.4 - A rela~ao observadores/dfade.... 3.5 - Transcri~ao dos dados.............. 4. A NTERACAO COMO ATVDADE ORGANZADA. 4.1 - Surgimento do processo dialoglco......... 4.2 - ntera~ao nao-verbal........... P. 9 p. 17 p. 31 p. 32 p. 36 p. 36 P. 38 p 39 p. 45 P. 48 p 55 4.3 - Categorlas para analise do processo lnteratlvo na rela~ao mae-bebe............. p. 64 4.3.1 - Turno........... p. 68 4.3.2 - Pares adjacentes............... p. 70 4.3.3 - T6 pic 0............ p. 73 5. ANALSE DAS NTERACoES EM SEGUfNCAS T6PCAS CONTEX- TUAL ZADAS.... p. 98 5.1 - A nteral;ao mae-be be no prlmelro mes......... p.100 5.1.1 - Allmenta~ao................. p.100 5.1.2 - Banho............... p.124

7. CONCLUS5ES FNAlS.................... p. 343 BBLOGRAFA....................... p. 353 ANEXO 01 Sessao de observa~ao nq 01A (Transcr ~ao-f 1.1).. p.361 ANEXO 02 Sessao de observa~ao nq 016 (Transcr ~ao-f 1.1).. P.362 ANEXO 03 Sessao de observa~ao nq 02A (Transcr ~ao-f 1.1).. p.363 ANEXO 04 Sessao de observa~ao nq 02B (Transcr ~ao-f 1.1).. p.364 ANEXO 05 Sessao de observa~ao nq 03A (Transcrl~ao-F.1).. p.365 ANEXO 06 Sessao de observa~ao oq 036 (Transcr ~ao-f 1.1).. p.366 ANEXO 07 Sessao de observa~ao nq 04A (Transcrl~ao-F.1).. p.367 ANEXO 08 Entrevlsta (Mo del 0)........ p.368

NQ 1 - Folha de TranscrCao p. 44 NQ 2 - Cat ego ria sap 1cad a s a a n a 6 e do 6 dad 0 s : de fin 1- Ca0 ere ev~ nc a....... p. 88 NQ 3 - Modelo de an;11116e p. 92 NQ 4 - Resumo da 6eS6ao de ob6ervacao nq 01A (Allmentae a 0-0; 1 J 12) " p. 370 NQ 5 - Re6umo da sessao de observacao nq 018 (8anho- 0; 1 28)...................... p. 372 NQ 6 - R8sumo da S8SSS0 de observacao nq 02A (Alimenta- Ca0-0; 3 J 14).... p.374 NQ 7 - Resumo da 6e66ao de ob6ervacao nq 028 (8anho- NQ 8 - Resumo da 6essao de observacao nq 03A (Alimentacao - 0; 6 J 14) P. 378 NQ 9 - Resumo da sessao de observacao nq 038 (8rlncadelra - 0; 6 14) p. 379 NQ10 - Resumo da sessao de observacao nq 048 (8anho- 0; 9 J 3) p. 380

Entoa~ao Entoa~ao ascendente descendente Alongamento da vogal Alongamento prolongado da vogal (.) <.. ) (nc.) /... / Pausa de ate 05 segundo Pausa superior a 05 segundo Enunclado ou parte do enunclado que nao fol compreendtdo Descrl~ao de atos de fala Parte do ate de fala que nao fol transcrlto Fala pausada NETO grifo Palavras ou sflabas pronuncladas enfatlcamente Sflabas grlfada5 ndlcam acento mals forte r N REA FN Ato Ato Ato tnlclativo reatlvo final M Fala ftmanhes ft (fala caracterlstlca das maes que 5e d rig em a 0 sse u 5 fh05 P e que nos ) Fala normal (modalldade de fala usualmente empregada entre adultos) Enunciados maternos que contem caracterfsticas da fala ftmanhes ft e da fala ftnormarft.

Este trabalho ests centrado mae-bebe. Trata-se de verlficar no estudo da ntera~ao como se nlclam e se desenvolvem as primeiras rela~oes caracterlstlcamente dlstlntos. A dupla de lnteractantes composta por um adulto que como tal tem uma estrutura psfquica estabeleclda e por um bebe que de infclo e ainda um inacabado flsiologlco constrol uma rela~ao nteratlva que possul as marcas das contribui~oes dos dols parcelros. Embora se trate de uma rela~ao assimetrlca conslderando que 0 recem-nascldo e ndefeso e lncapaz de sobrevlver por meio de seus proprios recursos e que e 0 adulto quem val proporcionar 0 que he e indispensavel - verifica-se que se por um lado a mae satlsfaz o bebe por outro 0 bebe satisfaz a mae. Aflrmar que as necessldades demanoas e OeS6jOS dos partlcipantes da dfade mae-bebe podem ser satisfeltos pressupoe que 05 parcelros comunlcam um ao outro 0 que precisam real zar. ntenclonalmente ou nao mae e bebe comunicam 05 seus objetivos e os dols parceiros nteragem tendo em vista real i2a~oes mutuas. Asslm 0 bebe pode chorar espernear grltar e esses slnals serem interpretados pela mae como uma sol clta~ao para ser al imentado. A mae de sua parte pode efetuar insistentes olhares sobre 0 rosto do bebe ate obter 0 mesmo tlpo de

re5po5ta. 0 contentamento que ela pode revelar quando 0 bebe 5e volta para contemplar 0 5eu ro5to e um indlclo de que ela con5egulu alcan~ar 0 objetlvo de ter a aten~ao do bebe voltada para ela. E5sas ocorrenclas supoem que as manlfesta~oes desses interactantes situam-se dentro de um sistema de comunica~ao ainda que comum apenas aos dols. As manifesta~oes (mensagens) sao pruduzidas por cada um dos parcelros e destlnados ao outro (destlnatarlo). Os modos lnteracionals sac proprios dos nteractantes e do momenta e sltua~ao em que se inserem. E interessante notar a prop6sito que se de um lado 0 bebe nao tem alnda a compreensao verbal de que necessltaria para entender os enunclados ngolstlcos maternos de inlclo a mae nao dispoe gualmente de melos atraves dos quais possa decodlflcar as mensagens do bebe pols 0 sistema ngustico de que dlspoe nao se apl ica a lnterpreta~ao do comportamento verbal e nao-verbal da crian~a. Neste sentido mae e bebe sao estrangelros um diante do outro e e 0 encontro entre eles que val possibl itar a crla~ao de um sistema comunlcativo indl5pensavel ao wfeedback w recproco dentro da dlade. 0 ate mutuo de dar e receber as constantes trocas entre os 'parcelros mostram que um interactante e complemento do outro. Esta obra se nlcla (Captulo 2) com 0 e5tudo da no~ao de intera~ao do papel e da fun~ao da lntera~ao humana no inlcio da exlstencla onde sac focallzados os aspectos biolo9ico cognltivo afetivo e social. Para responder a

questao fundamental "por que mae e bebe interagem" uma serle de poslcionamentos teorlcos sac apontados desde aquele que consldera a ntera~ao mae-bebe 0 resultado natural da lmaturldade fisiologica do recem-nascldo aquele que propoe a predomlnancla do afeto sobre a necessldade flslca compreendendo alnda 0 modelo etologlco que refere uma tendencla inata do bebe a flxa~ao materna. Dentro de uma otlca nteraclonal a partir da qual a intera~ao e vista como um processo que supoe a particlpa~ao efetlva dos nteractantes procuramos mostrar alnda no Capitulo 2 ndicando pesqulsas e estudos dlversos que em condi~oes normals 0 bebe desde a mals tenra dade revela habl idades nteracionais que fazem dele um particlpante ativo da rela~ao diadlca. A revlsao dos estudos sobre 0 comportamento do recemnascldo mostra que ele e dotado de capacldades sensorials motoras e pslqulcas que 0 tornam habi para interaglr nao somente como um ser dependente e passlvo mas como um parceiro que contrlbul declslvamente para a nteracao tornar-se um processo rico e dinamlco. o Capitulo 3 descreve os aspectos metodologlcos da pesqulsa: os crlterlos de selecao do "corpus" 0 local rltmo e dura~ao das se5soe5 de observa~ao as sltua~5es observadas a relacao observadores/dlade e a transcrl~ao dos dados. A e destacado que a observa~ao direta da dlade seleclonada - uma mae primipara e um bebe do sexo mascullno no perlodo compreendldo entre 0 prlmelro e 0 none mes em sltua~oes de allmentacao banho e brlncadelra - fol 0 metodo escolhldo para

o estudo da ntera~ao mae-bebe. 0 projeto de pesqulsa permltlu combinar as vantagens do metodo transversal com os do metodos longitudinal: se de um lado fol posslvel anallsar 0 comportamento nterativo em dadas sltua~oes num mesmo perlodo de outro fol posslvel acompanhar as mudan~as verlflcadas ao longo dos nove meses. o Captulo q procura mostrar que a ntera~ao mae-bebe e uma atlvldade organlzada gra~as ao tlpo de contrlbul~ao que cada particlpante da d(ade oferece. 0 bebe tem modes de a~ao e rea~ao que he sao caracterlsticos 0 que permlte ao parcelro fazer expectatlvas em torno do seu comportamento. Desse modo as manifesta~oes da crian~a podem modelar as respostas do adulto. Por outro lado pouco a pouco 0 bebe aprende que determinados comportamentos operam rea~6es especlflcas por parte da mae. As trocas reclprocas que se organlzam em torno do conjunto de respostas de ambos os partlclpantes da dlade maebebe fazem de cada nteractante um parceiro ativo da ntera~ao e da rela~ao nteratlva uma ativldade organlzada. fste poslcionamento encontra apolo na teorla soclolnteraclonista-construtivista desenvolvlda por C.T.G. De Lemos e colaboradores. De acordo com essa teorla exposta no mesmo Capitulo q a mae dirlge-se ao bebe dlaloglcamente elevando-o a categoria de parceiro da troca nteratlva. Como 0 bebe e incapaz de assumlr 0 papel do outro-falante no dlalogo a mae executa um trabalho interpretatlvo do fluxo comportamental de ambos os participantes da d(ade num movlmento especular constante e repetldo. E 0 movlmento especular que conslste na

proje~ao de um parcelro sobre 0 outro medlado pela atlvldade interpretativa materna que val permitir 0 reconhecimento dos partlclpantes um frente ao outro em seus dlstlntos papals. A diferencia~ao dos papsls desempenhados por um e outro nteractante a anallsada gualmente pela teorla do "estadlo do espelho" de J. Lacan. Este psicanallsta refere que e atravss de uma serie de dentlfica~5es que mae e bebe progresslvamente constroem os lugares que cada um val ocupar. A teoria lacanlana a relevante para mostrar que enquanto 0 Eu se constltui numa dlmensao imaginaria na rela~ao especular 0 sujelto se constltul atraves da inguagem numa dlmensao slmbollca. Como os dados da nossa pesqulsa foram colhldos durante os primeiros nove meses do bebe 0 "corpus" coletado no que diz respeito a crlan~a a composto pelas suas manifesta~5es nao-verbals e pre-lngufsticas. No se~ao 4.2 uti zando reglstros do proprio "corpus" procuramos mostrar que 0 comportamento do bebe representado pelo choro grlto con t r a ~ i5e 5 mu 5 cui are 5 V0ca iza~i5e 5 so r r i505 0 h are 5 etc. compreendem 05 sinais comunicatlvos que ele expressa na rela~ao com a mae. 0 comportamento do bebe nao se representa por simples a~i5es ou rea~i5es corporais ou organlcas mas na medlda em que sao desenvolvidas na rela~ao nterativa 0 parcelro (a mae) reage em fun~ao de uma lnterpreta~ao que a dada as manlfesta~i5es infantis entao transformadas pelo sentido que he e atribufdo. Orientados por esse posicionamento buscamos

desenvolver a hipotese de que a mae age com 0 bebe com base numa constante negocla~ao de slgnlflcados que surgem nas atlvldades de nterpreta~ao mutua. Neste processo de negocla~ao sac construldos nteratlvamente os papals de cada nteractante e determlnados os lugares (posl~oes) de onde se estabelecem os parceiros da intera~ao. Para organizar e interpretar os dados coletados em vdeo-tape e transcrltos de acordo com os crlterios ndicados no se~ao 3.5 fol adotado 0 modelo conversaclonal exposto por L. A. Marcushi (1986b) em seu trabalho sobre Analise da Conversa~ao. A Analise da Conversa~ao nlciada na linha da Etnometodologla e da Antropologia Cognltlva preocupava-se apenas com a descri~ao da conversa~ao e seus mecan/smos organlzadores pols se baseava no prlnclplo de que Wtodos os aspectos da a~ao e ntera~ao social poderiam eer examlnados e descritos em termos de organlza~ao estrutural convenclonal izada ou institucionalizada (L. A. Marcushi 1986b>' Com J. J. Gumperz (1982 citado por L. A. Marcushl 1986b) a Analise da Conversacao passou a preocupar-se tambem com os aspectos ingulsticos paraiinguisticos e socio-culturais que envolvlam as a~oes interativas. Tendo em vista essas duas perspectivas 0 modelo de analise e interpreta~ao das lntera~oes conversacionais espontaneas entre adultos exposta por L. A. Marcushl (1986b) utillza categorias como turnos pares adjacentes toplcos atos de fala e contexto para mostrar que a conversacao tem uma estrutura e descrever as elementos que a compoem. Atrav8s da

uti iza~ao dos conceitos menclonados L. A. Marcushl demonstra que a ntera~ao conversaclonal e um fen8meno altamente organlzado e um processo de cuja constru~ao partlclpam conjuntamente 05 falantes. o se~ao 4.3 faz menclonadas e refere como uma apresenta~ao das o modelo conversaclonal apllcado para descrever organlzar anal sar e interpretar 0 comportamento interativo da diade mae-bebe. A categoria de turno uma das no~oes mais fecundas e relevantes para a nterpreta~ao dos dados colhidos e transcritos e ndispens~vel para mostrar como a unldade nlclal mae-bebe se desfaz para possibi tar a independencia dos parceiros da diade com a deflnl~ao das posl~oes de cada um na rela~ao interatlva. o final do Capitulo 4 traz 0 modelo de an~1 se criado para organlzar e nterpretar as a~oes e rea~oes dos partlclpantes da diade. No Capitulo 5 sac anallsadas as sequenclas inter~tlvas agrupadas em torno do t6plco diretor al menta~ao banho ou brincadeira destacando-se as ativldades desenvolvidas no primeiro terceiro sexto e none meses de vida do bebe. Ao final das an~1 ses de cada periodo sao apresentadas as conclus5es correspondentes ~s nterpreta~5es efetuadas. No conjunto das nterpreta~6es 0 contexto em que se nsere a rela~ao nteratlva tem um papel fundamental enquanto determinante do proprio processo interatlvo ou dele resultante. Dai porque toda atlvidade interativa e nterpretada no Capitulo 5 a partir da situa~ao contextual em que e produzlda.

o Capftulo 6 apresenta a analise comparativa entre os eventos ao longo dos nove meses destacando as mudan~as e evolu~ao na organlza~ao lnteratlva em cada sltua~ao. A analise demonstra como mae e bebe negoclam modos de ntera~ao tendo como objetivo real za~6es m6tuas e como 0 processo nteratlvo leva os partlcipantes da dfade a desenvolverem um codlgo de conduta que orienta a ativldade dos parceiros lnfluenciada progresslvamente pelo conhecimento que mae e bebe acumulam a respeito do outro. Atrav8s das negocla~6es que se desenvolvem no interior da dfade os lugares pertinentes a mae e ao bebe sao paulatlnamente determlnados. As conclus6es finals contidas no Capftulo 7 mostram como fol possfvel acompanhar a evolu~ao da atlvidade interatlva mae-bebe a partir do modelo conversaclonal proprio das ntera~5es entre adultos. o tftulo deste trabalho (A ntera~ao mae-bebe - os primelros passos) motlva uma ndaga~ao: os prlmelros passos em dire~ao a que? A ndaga~ao como toda fala chama uma resposta. A resposta a essa questio pode eer 8eeim formulada: os primelros passos em dlre~ao a independencla a autonomla: os prlmeiros passos que permltem ultrapassar a unldade nlclal (mae-bebe) e alcan~ar a dlferencia~ao (mae e bebe). A observa~ao e analise do percurso que mae e bebe fazem J atravessando as eta pas que conduzem de um ponto ao outro sac decerto mportantes para a compreensao preven~ao e tratamento de patologlas como a pslcose e 0 autlsmo.

A rrltabi ldade da substancia viva a capaclta a responder a a~ao dos estfmulos que a excltam mesmo antes que se possa notar nela urn rudimento do sistema nervoso. Em conformldade com E. Mira Y Lopez (1954) basta existir uma por~ao contratl no sarcoplasma para que qualquer ser unlcelular responda com movlmentos defensivos a qualquer estfmulo que comprometa seu rltmo vital. No ser humano possuidor desde os prlmeiros momentos de sua evolu~ao embrionarla de urn tecldo especiallzado na condu~ao e lntegra~ao das impressoes (flbras e celulas nervosas) tals a~oes sac reguladas pela fun~ao especffica do referido tecldo que mals tarde se estruturara em um verdadelro sistema (sistema nervoso). o ate funcional mals simples em que lntervem 0 tecido em questao e 0 chamado ato reflexo (diversos autores por exemplo E. Mira Y Lopez 1954). Dele partlclpam no mfnlmo duas celulas nervosas: a celula receptora e a celula ef~tora. A primeira recolhe mediante suas termlna~oes perlfericas (dendrltos) a energla do excltante e a transforma em corrente nervosa. Essa corrente e entao transmltida atraves do seu corpo celular e do seu prolongamento ax6nico (cl indro-eixo) ate as arboriza~oes dentrfticas da celula efetora. Esta por sua vez dara 0

uma a~ao especfflca seja posta em pratlca. 0 rec8m-nascldo 8 devldo a sua lmaturldade ncapaz de levar a cabo essa a~ao especfflca destlnada a atender a sua necessidade. Ela e efetuada por um adulto aquele que da assistencia a crlan~a na medlda em que e atrafdo pelo estado em que ela se encontra (5. freud 1977). Se 0 bebe sente fome ou sede ele expressa seu desconforto atraves de choro grlto inerva~ao vascular etc. Mas uma descarga dessa especie nao pode produzlr al fvio uma vez que 0 estfmulo endogeno continua a ser recebldo acumulando-se a tensao. Nesse caso a estimula~ao so pode ser abol ida por meio de uma nterven~ao que suspenda a descarga de tensao no interior do corpo do bebe. A mae da crian~a ou 0 seu substituto aproxlma- 5e allmenta 0 bebe que por meio de dlsposltlvos reflexos cumpre imedlatamente no interior de seu corpo a atlvidade necessaria para el mlnar 0 estfmulo endogeno. Conclul 5. Freud (1977) que se a via de descarga utilizada pelo bebe (0 choro por exemplo) nao elimina 0 acumulo de tensao ela tem no entanto uma fun~ao secundarla multo lmportante: a de comunicar ao adulto 0 seu de~conforto. Assim na medida em que 0 choro atrai a aten~ao do adulto para a necessidade e afl ~ao do bebe ele serve ao prop6sito da comunica~ao. A totalldade desse processo que se completa com a el imina~ao do desprazer causado pelo acumulo de tensao representa tambem uma experlencla interativa uma vez que 05

elementos ncluldos no processo exercem um sobre 0 outro num determlnado lapse de tempo nfluenclas reclprocas. No bebe essa experlencia de satisfa~ao traz al9m do mals consequenclas decislvas para 0 desenvolvlmento das fun~oes ndividuals: percep~ao memoria consclencla etc. (S. Freud 1977). Para R. Spitz (1983) na medlda em que a mae proplcla a crlan~a a satlsfa~ao das suas necessldades estabelece-se entre 05 dols uma rela~ao complementar ou seja uma dlade entre mae e bebe. R. Spitz defende que 0 creselmento flsleo e pslcol6gleo da erlan~a 9 essenclalmente dependente do estabeleclmento e progressive desdobramento das rela~oes mae-bebe as quais em seu interior sac 0 prototipo das rela~oes soclais posterlores. Ja H. Wallon <1956 cltado por C. Widner e R. Tissot 1987) considera mesmo a crlan~a rec9m-nasclda um ser social desde que ela 9 dependente do seu melo em sentido amplo e de sua mae em particular para a satlsfa~ao de suas necessldades. De acordo com esse autor embora durante os primelros dlas 0 bebe seja monopollzado por sua sensibilldade nteroceptlva ou visceral ou seja por suas fun c;5 e s a menta res e e responde tam b 9 m a n d a que em men 0 r grau a sua sensibilidade proprioceptiva: aos movlmentos as posi~5es mals ou mends compatlveis de seus membros e de seu corpo as atitudes. A observa~ao de necessldades igadas as mudan~as de posic;ao e de postura fez H. Wallon introduzir a no~ao de

movlmento conslderado nessa perspectiva nao apenas como uma rea~ao do bebe mas tambem como modo de expressao. Asslm e que determlnados movimentos do bebe por exemplo 0 movimento de rota~ao e ergulmento da cabe~a podem posi~ao resposta bebe. levar da aos a mee a intervir fisicamente e a modiflcar a crian~a. A interven~eo materna slnais (movimentos e posturas) A redu~ao ou abrandamento das tensoes do bebe somente e posslvel conforme J. Ajuriaguerra (1962) porque mee e fl ho estao engajados num processo de comunica~ao tonlco/emoclonal classlflcado dlalogo tonleo durante 0 qual a psieomotricidade tem 0 sentido e a fun~ao de uma certa inguagem. J. Ajurlaguerra fala entao de dois modos tonleoemocionais: a quietude que cor responde a distensao muscular ate mesmo a hipotonla e 0 desprazer que cor responde as rea~5es tonicas a tensao a hipertonia. As pesqulsas e reflexoes te6rieas mencionadas conduzem ao entendlmento de que a rela~ao nterativa que se estabeleee entre mae e bebe e resultante do estado de dependencla nicial da crian~a. Mas J. Bowlby (1969 citado por Rolf Schappi 1987) partindo da etologla definida como cieneia da intera~ao elaborou uma teoria segundo a qual existe no bebe humane uma tendencia prlmaria de fixa~ao. Esse comportamento de flxa~ao de aeordo com J. Bowlby esta multo proximo do que se observa por exemplo

nos prlmatas nfra-humanos: ao nascerem os pequenos gorllas se agarram as maes e diante da minima amea~a de perigo flcam em contato dlreto com elas. J. Bowlby descreve outros comportamentos de flxa~ao observavels no mundo animal: onde estiverem estao sempre juntos as vacas e seus bezerrlnhos os jumentos e seus potri hos as ovelhas e seus cordeiros etc. o que esse autor tenta mostrar ap cando 0 mode 10 etol6gico animal ao estudo das rela~oes mae-bebe e que a f xa~ao e uma tendenc ia pr mar a ndependente da ora dade e das necessldades al mentares. Para demonstrar que nao sao as necessldades al imentares as responsavels pelo comportamento de fixa~ao J. Bowlby menciona ademais as experiencias realizadas por H. F. Harlow (1958) cujos trabalhos centraram-se nas rela~oes entre as maes e 05 f hos macacos. H. f. Harlow desejava comparar as rea~oes do fi hote macaco a tres varledades de maes: a mae natural a mile forrada e a mae de arame. Fol constatado que os fllhotes al imentados artlflclalmente pela mae de arame desenvolvlamse mal do ponto de vista das rela~5es socials e preferlam vl;ver com a mae forrada a despelto de nao serem allmentados por ela. Esses fllhotes em situa~5es de perigo aproxlmavam-se sempre da mae forrada e se agarravam a ela. Rolf Schappl (1987) crltlca 0 erro metodol6glco que conslste em transpor simples e unitarlamente as observa~5es tiradas da vida animal para 0 domlnlo das

rela~5es entre 0 bebe e sua mie. A crltica e dlrlgida a J. Bowlby quando esse autor. por exemplo. con5ldera como um resto fl logenetico do movlmento do macaco que estende os bra~os para subir no lombo da mae. 0 comportamento observado na crlan~a de sels meses. que estende os bra~os quando a mie se aproxima. No caso do bebe humano. nao se trata slmplesmente de um comportamento programado e f ogenet i camente nse r to. J. Ajuriaguerra (1962) 0 considera um sinai de que a crian~a reclama ser tomada nos bra~os da mae. Nesse sentldo esses e outros movlmentos observados entre mae e bebe constltuem um c6digo nao-iingulstico. que permite 0 estabeleeimento de reals ftprotoconversa~5esft/ desde os primeiros dlas de vida da crlan~a. Relativamente a teorla da fixa~ao defendlda por J. Bowlby (1969) Rolf Schappi (1987) entende que em sendo garantido durante um perrodo prolongado 0 contato flslco entre mae e filho 0 bebe dispora de tempo para se vincular a mae. 0 v(nculo - termo uti izado por Rolf Schappl - e pois. resultante de um processo de ntera~ao nao 5e tratando exatamente de uma flxa~ao inielal indelevel. Esse estudioso concorda em que a intera~ao nao e unicamente 0 fruto da satlsfa~ao das necessldades allmentares. Mas 0 conceito de fixa~ao de acordo com as suas conclusoes. nao da conta do processo de desenvolvimento que tem lugar no nterior da rela~ao interativa. M. H. Klaus e J. H. Kennell (1976. eltado por

M.H.Klau5 e P.Klau5 1989) adotam 0 concelto de flxa~ao para ju5tlflcar comportamento5 observavels no recem-nascldo durante a primelra hora de vida. Esses pesqulsadore5 veriflcaram que 05 bebes normals durante urn perfodo medio de quarenta minuto5 olham dlretamente para a face e para 05 olhos da mae e parecem responder a vozes. Para M. H. Klaus e P. Klaus (1989) esse estado de alerta especial revela uma capacidade de comunica~ao que pode ser a prepara~ao inicial para 0 bebe tornar-se 19ado a outros seres humanos. A prop6slto asseguram C. Widner e A. Tlssot (1987) que 0 corpo do bebe esta preparado para uma "conversa" multo antes de ter aprendido a dizer as palavras. 05 seus gestos mfmicas vocal iza~6es contor~6es nao sao aleat6rios e sem significado. Desses ultimos estudos sobrevem a no~ao de que 0 bebe nao e somente urn ser de rea~ao mas tambem urn ser de a~ao. De acordo com B. Cramer (1987) 0 recem-nascldo ja tern uma organiza~ao em 51 mesmo. Alem do mals possul imperativos que 0 fazem agir tornando-o urn ser de nlclatlva. E5ta no~ao caracterlza a rela~ao mae-bebe como urn autentico processo interativo uma vez que dele particlpam atlvamente 05 dois elementos da dfade. Portanto a rela~ao mae-bebe nao e exclusivamente 0 fruto do5 cuidados maternos pols sendo 0 recem-nascldo portador de lnumeras possibi dades perceptivas e de muitas possibi lldades de a~ao e rea~ao ele 5e torna urn parceiro na ntera~ao.

atencao multo mals em certos estfmulos do que em outros. P. H. Mussen observou que estfmulos com alta taxa de mudan~a - os que 5e movem os que apresentam marcantes contrastes de claro escuro ou contornos bastantes deflnldos (flguras negras sobre fundo branco) - tem maior probabl idade de atrair e manter a aten~ao do recem-nascido. P. H. Mussem verlficou alnda. que 0 recem-nascido nao somente reage aos estfmulos que 0 circundam mas quando seus olhos estao abertos fica esquadrinhando 0 amblente ate encontrar contornos bem definidos e entao os focal lza. Pelo fato de buscar ativamente e dar diferente atencao a diversos estfmulos 0 recem-nascido parece estar absorvendo e acumulando informa~6es. Embora a aten~ao visual a movimentos e contrastes seja no entender desse autor claramente nao aprendlda a experiencia desde multo cedo comeca a desempenhar um papel importante na aten~ao. Se se mostrar a um recem-nascldo de uma ou duas semanas de idade sl huetas em preto e branco de um rosto humane e de um desenho sem sentldo ele olhara por 19ual tempo para cada um dos dols pols ambos contem contrastes multo fortes. Mas aos quatro meses de dade 0 bebe presta mais atencao ou seja demonstra fixa~oes multo malores em si huetas de faces (estfmulos fami lares e signlflcatlvos) do que aos pad roes sem Significado. No entanto Carpenter (1974 cltado por M. H. Klaus e P. Klaus 1989) ja tinha observado desde a segunda semana de vida da crlan~a uma atencao maior pelo rosto da mae do que pelo

rosto do estranho. Ela notou tambem que uma aten~ao malor e dad a ao rosto da mae quando acompanhado da V02. Ademais 0 mau entrosamento do rosto e da voz provocam no lactante nltldos desvlos da cabe~a. Para P. Osterrleth (1987) a repetl~ao frequente de alguns quadros lntroduz certa conslstencla no universe visual de come~o indiferenclado fazendo com que alguns deles ganhem um valor particular. E notadamente 0 caso do rosto das pessoas que cui dam da crlan~a que forma um quadro ao mesmo tempo colorido movel sonoro fortemente assoclado ao conjunto de sensa~oes lgadas as necessldades nutrlcionais do bebe. o recem-nascldo possul sensibl idade para a UZ pois os reflexos visuals ja estao estabelecidos no momenta do nasclmento. De acordo com numeras ob5erva~oes 0 recemnascldo e capaz de perceber cores e embora seu aparelho visual nao esteja ntelramente desenvolvido - a retina do recem-nascido e mals delgada do que a do adulto e as celulas visuals sao menores e mals afi ladas - para 0 bebe 0 mundo nao e um amontoado de formas desorganizadas como afirmaram alguns auto res (M. T. C. Coutlnho 1978). Ha provas evldentes conforme essa autora de que o recem-nascldo algum tempo apos 0 nasclmento ja percebe os objetos do meio ambiente fazendo ate dlstln~ao entre figura e fundo (v. por exemplo P. Salapatek e W. Kersen 1966). A las durante an os muitas maes vem dlzendo aos pediatras que logo ap6s 0 nascimento 05 seus bebes podem ver e

responder visualmente a elas. As pesquisas atuals mostram que essas maes tinham razao (M. H. Klaus e P. Klaus 1989). Um elemento importante nessas investlga~6es dlz respeito a lnlciatlva do bebe no processo interatlvo. A cada dla aumenta a convic~ao de multos pesquisadores de que na maiorla das vezes 0 recem-nascido tem a nten~ao de aprender e tem iniclativa na aprendizagem. Por exemplo J. Bruner (cltado par P. H. Mussen 1982) descobrlu que recemnascidos podlam "regular" ou "controlar" uma resposta reflexa como sugar para obter mudan~as agradavels em seus amb/entes. Acredlta esse investigador que quando os recemnascidos tomam a nlciatlva e sao ativos no processo de aprendlzagem aprendem com multa rapidez. P. Osterrieth (1987) confirma a precocidade no desenvolvimento da capacidade visual do recem-nascido. E como dlsse A. Gesell (1960)0 bebe pega com as olhos bem antes que a preensao esteja instalada e he permita pegar com as maos. A capac dade de ver e foca j zar obj etos pode passar desperceblda porque ocorre de acordo com R.L. fantz (1961 citado por R. Spitz 1983) prlnclpalmente durante 0 estado de lnatividade alerta quando a ativldade motora do bebe e suprimida seus olhos ficam abertos luminosos e br i hantes e toda a sua energ ia parece can a i zada para ver e ouvir. Como os bebes naseem m(opes a visao do reeemnascido e melhor a uma distancia de 20 a 25cm da face.

(Helen Bee 1977 e M. H. Klaus e P. Klaus 1989). Conforme observam M. H. Klaus e P. Klaus curiosamente esta e aproxlmadamente a mesma dlstancla da qual um bebe ve a face da mae durante a amamenta~ao. Pesquisas mals recentes uti izando camaras infravermelhas confirmaram que os recem-nascldos tendem a examinar 05 contornos exterlores de padroes ao inves de olhar os detalhes interiores. Do mesmo modo quando os bebes olham para faces humanas geralmente examlnam 0 contorno e entad movem-se para OS olhos e a boca. De acordo com essas lnvestlga~oes os othos sao partlcularmente absorventes para o bebe. No estado de lnatlvidade alerta os curtos perfod05 de aten~ao visual dos primeiros momentos apes 0 nascimento levam 0 recem-nascldo ao contato olho-a-olho. 0 exame de fotografias feitas por C. V. MOSby Co. e David Klaus mostra bebes em sua prlmelra hora de vida em prolongado estado de inativldade alerta olhando dlretamente para a face e para os olhos da mae (M. H. Klaus e P. Klaus 1989). As pesquisas revel am alnda que os recem-nascidos sio capazes de reconhecer suas maes. Se os dados coletados em tals estudos estao adequadamente nterpretados pode-se supor que os elementos de percep~ao e memoria visual revelados pelos bebes conslstem nao apenas no movlmento ocular de reflexo mas tambem em urna fun~ao cerebral superior. Relativamente a capacidade audltiva do recemnascido acreditava-se ate pouco tempo que estando 0 ouvldo

submerso em quido amnlatico 0 bebe era surdo ao nascer. Atualmente observa-se que alnda no utero 0 feto reage a vlbra~oes audltlvas provlndas das batidas do cora~ao da respira~ao da dlgestao e de todo funclonamento do organlsmo materno (M.T.C. Coutinho 1978). o recem-nascldo e capaz de perceber diferen~as de intensidade e altura de dlstlnguir vozes diferentes de reconhecer sons fami lares e de responder a sons nanlmados. Consoante observa~5es de M. Klaus e P. Klaus (1989) 05 recem-nascldos preferem vozes agudas. 0 fato e que as maes geralmente usam vozes agudas quando falam com seus bebes pela primelra vez apas 0 parto. C. A. Ferguson (1977) verlflcou a esse respelto que maes de sels nacional idades diferentes passam a fazer sons semelhantes e a usar sllabas sem sentldo usando frases curtas e vozes de falsete sejam quais forem suas fnguas nativas quando se dirigem a seus bebes. A las os dados coletados em nossa pesqulsa contem abundantes elementos dessa ordem. As observa~oes de A. J. DeCasper (1980 cltado por M. H. Klaus e P. Klaus 1989) confirmam a preferencia do bepe por vozes femlninas. DeCasper descobrlu tambem que os bebes preferem a voz de suas maes a vozes de outras mulheres. 0 reconheclmento da voz do pai vem pouco mals tarde. Para M. H. Klaus e P. Klaus (1989) a preferencla pela voz materna pode ser resultado da sua escuta contnua durante a vida fetal. Ja as vozes mascullnas sao menos

facllmente distlngufvels atraves da parede uterlna em vlrtude de seu tom mals grave. Uma serle de estudos reallzados por DeCasper indicam que os bebes tem memoria do que ouvem no utero. De acordo com a experlencla dos obstetras M. H. Klaus & P. Klaus (1989) e sempre surpreendente para medicos recemformados 0 entusiasmo da resposta que os bebes recemnascldos dao as suas maes comportamento nao observado quando e um estranho que fala ao bebe. 0 recem-nascldo torna-se sereno ao som da voz materna e quase imedlatamente come~a a virar a cabe~a em sua dlre~ao. A las outros autores ja tinham observado a capacldade do bebe de distlnguir a voz da mae da voz de uma pessoa estranha desde a primeira semana de vida (C. Widmer e R. Tissot 1987). Nas duas prlmelras semanas 05 bebes ja conseguem coordenar visao audi~ao e memoria consoante demonstrou um estudo efetuado com bebes que revelaram angustla e confusao quando ouvlam a voz da mae vlndo aparentemente do rosto de uma outra mulher ou vlam 0 rosto da mae enquanto ouvlam a voz de uma outra mulher. 05 bebes podem fazer associa~ao entre som e outros sentidos. Eles podem por exemplo determinar a dire~ao do som. 0 recem-nascldo desde 05 prlmeiros instantes apos 0 nascimento pode ao toque de uma slneta virar 05 Olhos e em seguida a cabe~a para a direita se 0 som vem da direita e para a esquerda se 0 som vem da esquerda. 05 nervos que gam visao e audl~ao ja estao desenvolvldos no

recem-nascldo (A. Gesell 1960 M. H. Klaus e P. Klaus 1989>- Mas os bebes sac mals responslvos a vozes humanas (Helen Bee 1977). M. H. Klaus e P. Klaus (1989) documentaram atraves de tomadas fotograflcas bebes recemnascldos em estado de natlvidade alerta voltando a cabe~a para suas maes quando elas hes falam a uma certa distancla em uma voz aguda. As sucessivas tomadas fotograficas mostram 05 olhos dos bebes vlrando na dlre~ao da voz e quase slmultaneamente a cabe~a se voltando na mesma dlre~ao a face brllhando e os olhos se abrlndo multo mals. A presencra de sens i b ldade tat l nos recemnascldos e fate incontestavel. A pele e 0 malor 6rgao sensorial do corpo. o sentido do tato e acionado cedo uma vez que os bebes estao cercad05 e fquidos mornos desde 0 gostar de ser abracrados aninham e se moldam a05 sao acarlclados por tecldos e infclo da vida fetal. Eles parecem e frequentemente seus corpos se corpos de suas maes desde os primeiros momentos de vida. o recem-nascldo reage as varlacroes de temperatura. As rea~oes a estfmulos frlos na face sao geralmente de desagrado com movimentos de afastamento enquanto que 05 estfmulos quentes de 43 a 45QC produzem movlmentos de aproximacrao e de procura da boca. Os bebes respondem tambem a outros aspectos do tato: texturas umldade pressao dor. 05 fabios e maos tem 0 malor numero de receptores

do tatoo E comum observar-se recem-nascldos chupando os dedos. magens de ultra-som mostram que ainda no utero os bebes chupam 0 polegar antes de vinte e quatro semanas (M. H. Klaus e P. Klaus 1989>' o sentido do tate e uma forma mportante de os bebes satisfazerem-se explorarem seu mundo e niciarem contato. A regiao oral (extremidade rostral facel boca {ngua ~blos nasofaringe) e a prlmeira superffcie na vida a ser uti izada para explora~oes t~teis e sua consequencia e 0 desenvolvimento da percep~ao. A reglao oral e a cavidade oral tern portanto duas fun~oes muito dlferentes mas ambas de fundamental mportancia para a sobrevivencla. Uma e assegurar a entrada do al imento indlspens~vel a sobrevivencla ffsica imediata do lndlvfduo. A segunda fun~ao que de acordo com R. Spitz (1983) e decorrencia da prlmeira e 0 desenvolvlmento da percep~ao que no recemnasc do come~a na extremi dade rostra a reg ao ora e na cavldade oral. A partir daf a percep~ao se subdlvldir~ em suas cinco modal idades executivas: tato paladar olfato viseo e audi~ao. A percep~ao tati (percep~ao de contato) se segue a percep~ao visual (percep~ao a dlstancla l conforme a se9uinte observa~ao (R. Spitz 1983): num bebe que est~ sendo amamentado nao olhar~ para 0 pelto mas para a face da mae. Quando a mae se aproximal ele olha para a sua face e continua a olha-a enquanto tern seu mami 10 na boca e esta manipulando 0 selo. A partir do

momento em que a mae entra no quarto ate 0 flm da amamenta~ao ele flxa 0 olhar na face da mae" (p. 62). Durante a amamenta~ao 0 bebe fixa 0 olhar no rosto da mae ao mesmo tempo em que sente 0 bico do seio em sua boca. A repeti~ao dessa experiencia leva ao desenvolvimento da percep~ao visual (percep~ao a distancia) processo que ja estara intimamente igado ao afeto. Como nossas pesquisas consideram bebes a partir do inlclo do primeiro mes de vida e importante frlsar que nessa dade a face humana ja se tornou um privlleglado objeto de percep~ao visual. dlstlnguldo e preferldo entre todos 05 outros objetos do ambiente do bebe. Mesmo 0 recem-nascldo conforme investlga~6es ndicadas por M. H. Klaus e P. Klaus (1989) prefere 0 rosto humane a desenhos abstratos. Quando serenos e alertas 05 bebes frequentemente fixam 0 olhar no rosto da mae e parecem responder ao que veem nesses rostos. Conforme Olga Maratos (1973 citado por S. lebovicl 1987) 05 bebes sac capazes de imltar as expressoes faciais de suas maes: focal zando seus olhos nos olhos e bocas do adulto enquanto observam suas expressoes 05 bebes vag modiflcando seus pr6prlos olhos e bocas de acordo com 0 que veem. Se 05 recem-nascldos experimentam sentimentos nterlores relacionados as expressoes que estao imitando Olga Maratos nao conseguiu determlnar. Mas. 0 fate e que a medlda que flcam mals velhas as faces das crlan~as mostram

esclarecer a mportancla de sse fen6meno. 0 observador pedlu que as maes conservassem um rosto mpasslvel e 0 quanto poss/vel desprovldo de toda expressao durante tres mlnutos quando entrassem numa sala onde se encontrava seu bebe sentado num "baby-relax". Um bebe de dois meses e melo reagiu da seguinte forma: quando sua mae entrou "ele ergueu 05 olhos para ela olhou-a nos olhos e sorriu. Seu olhar foi acolhido por um rosto que parecia uma mascara. Rapldamente ele olhou para 0 lado e flcou movel com um ar serlo no rosto. Depols seu olhar retornou para 0 rosto da mae: as sobrancelhas e as palpebras estavam erguldas 05 bra~os e as maos come~aram a se lan~ar em sua dlre~ao. Rapldamente ele balxou os olhos depois olhou de novo 0 rosto da mae. De novo 0 bebe desvlou rapldamente 05 othos. Ele acabou por se dobrar completamente sobre sl seu corpo se curvou e se enroscou. Ele nao olhou mals para sua mae e seu rosto tomou uma expressao desesperada e fechada"(p. 150-151). Rea~5es semelhantes a essa foram observadas nos bebes a partir de duas ou tres semanas. Como observa S. Stoleru (1987) os tres mlnutos em presen~a de um rosto movel tem um efelto claramente desorganlzador sobre 0 bebe como mostram sua rea~ao distbnlca e seu encolhimento sobre 51 mesmo. A rea~ao do bebe lembra 0 encolhimento dos bebes que sofrem de hospital smo e as crlan~as auti5tas (R. Spitz 1983). o tempo todo 0 bebe esta come~ando a descobrir-se no rosto da mae. Para D.W. Winnlcott (1975) as maes sao um

uti lze as palavras. Ele pode ncl inar um tornozelo levantar um cotovelo ou uma sobrancelha quando a mae acentua uma stlaba ou fazer uma pausa para resplrar. Ou ao contrarlo nao apresentar nenhuma atlvldade motora correspondente a sons de batidas leves incoerentes. Observa-se uma harmonia entre motora do bebe e as pausas e altera~oes nos padroes do som emitido pela mae. Se ela rompe 0 carater rrtmico da intera~ao 0 bebe apresenta movimentos irregulares desvia 0 rosto e se suas tentativas de entrar de novo em contato com ela continuam infrutrferas ele adota uma atltude de retra~ao e de impotencla (W. S. Condon e L. W. Sander 1974). 05 movimentos sincr6nlcos apresentados pelo bebe em coordena~ao com a fala do adulto sao conforme C. Widner e R. Tissot (1974) uma forma nao-verbai de resposta. D.N. Stern (1980) adverte no entanto sobre a curta dura~ao desse tlpo de sincronla interaclonal que somente ocorre segunda suas observa~5es em momentos de alto grau de vigl la nao se constituindo num fen6meno geral e permanente. Podemos enflm supor como S. Stoliru (1987) que as habi idades competencias e capacidades sensorials do bebe fazem com que os comportamentos da mae a seu respeito nao sejam apenas cuidados mas gualmente 05 fundamentos lniciais das prlmelras sltua~oes lnterativas.

Esta pesqulsa esta centrada na ntera~ao mae-bebe que constitui 0 nosso campo de interesse. Uti zando 0 metodo da observa~ao direta acompanhamos durante doze meses duas maes primparas e seus bebes. Em visitas peri6dicas real zadas no domicl 10 de cada dlade observamos sistematlcamente sltua~oes naturals de al menta~ao banho brincadeiras e pequenos passeios. As sltua~oes observadas foram gravadas em fitas de vdeo-tape e nforma~oes complementares acerca da evolu~ao dos bebes foram colhldas atraves de entrevlstas regularmente real zadas com as maes. Atraves das entrevlstas era possivel controlar a sua motlva~ao para 0 nosso trabalho refor~ando-a quando necessarlo e acompanhar 0 desenvolvlmento pslcomotor e social dos bebes. Com raras excecoes a presen~a dos pals nao fol registrada nas fltas de video. Mas muitas vezes eles assistiram as sessoes de observa~ao e tiveram um papel lmpnrtante no curso da pesquisa porquanto se mostraram completamente sensfveis as nossas sol icltacoes e as demandas da esposa e fi ho por ocaslao das nossas vsltas. Varias vezes percebemos 0 desejo e ansiedade dos pais em serem fl mados com seus bebes. No caso de um deles esse desejo fol verbalmente comunlcado e atendldo tendo em vista que 0 seu bebe uma