Saúde e Segurança no Trabalho/Benefícios e Assistência Social



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Transcrição:

Saúde e Segurança no Trabalho/Benefícios e Assistência Social

Professora conteudista: Anabel Cruz Dionísio Revisor: Luiz Alberto Borcsik

Sumário Saúde e Segurança no Trabalho/Benefícios e Assistência Social Unidade I 1 INTRODUÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO...1 1.1 Prevenção...2 1.2 Ajustamento ao trabalho...3 1.3 Tratamento...3 2 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NAS EMPRESAS...4 3 CONCEITO E HISTÓRICO DA CIPA...7 4 A NR - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES...9 4.1 Da organização... 4.2 A CIPA e suas atribuições...11 4.3 A CIPA e seu funcionamento...12 Unidade II CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA...14 6 A ERGONOMIA E A EMPRESA...16 7 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)... 7.1 Cabeça... 21 7.2 Membros superiores...22 7.3 Membros inferiores...22 7.4 Tronco...22 7. Pele...23 7.6 Respiração...23 7.7 Ouvidos...23 8 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL...23 Unidade III 9 ACIDENTE DE TRABALHO...27 9.1 Definição...27 9.2 Atos inseguros...29 9.3 Condições inseguras...29 9.4 São também considerados acidentes de trabalho:...29 9. O acidente de trabalho e seu reconhecimento técnico...30 9.6 Os campos de aplicação da legislação referente aos acidentes de trabalho... 31 PREVENINDO O ACIDENTE DE TRABALHO... 31.1 Quais são as principais causas dos acidentes de trabalho?...32.2 Como prevenir os acidentes de trabalho?...33

11 INVESTIGANDO OS ACIDENTES DE TRABALHO...34 11.1 O Método Árvore de Causas (ADC)...3 11.2 O método...36 11.3 Como montar uma árvore de causas?...37 Unidade IV 12 A COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO AO INSS...39 12.1 Cuidados importantes no preenchimento da CAT...39 12.2 Quando informar o acidente e de que forma?...40 12.3 Comunicação de reabertura...42 12.4 Comunicação de óbito...42 12. Legislação pertinente...42 13 HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO...43 14 AS PRINCIPAIS NORMAS REGULAMENTADORAS...47 1 RESUMO... 1

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL Unidade I 1 INTRODUÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO Neste módulo iremos focar os objetivos e propósitos de um serviço de saúde ocupacional e as três áreas principais de abrangência, abordando suas características e peculiaridades. Fazendo uma análise crítica da origem e evolução da saúde e segurança no trabalho, no decorrer dos anos, podemos entender que um serviço de saúde ocupacional apresenta as seguintes finalidades abaixo: cuidar e proteger o colaborador contra qualquer risco à saúde que se origina do trabalho ou das condições físicas e psicológicas em que o trabalho é executado; buscar o equilíbrio e o ajustamento mental e físico dos colaboradores, primordialmente voltados para o trabalho e seu direcionamento para empregos por meio dos quais encontrem adequação e sintonia; 1 estabelecer e manter um alto grau de bem-estar físico e mental dos colaboradores. A definição dos objetivos e propósitos de um serviço de saúde ocupacional está formalizada na Recomendação 112 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 199. A maioria dos serviços de saúde ocupacional foca três áreas principais (que estudaremos a seguir, uma a uma, para a sua 1

Unidade I melhor compreensão do assunto): prevenção, ajustamento ao trabalho e tratamento. 1.1 Prevenção 1 2 A prevenção de doenças ocupacionalmente induzidas é cardinal para o trabalho de um serviço de saúde ocupacional e envolve não somente a proteção contra riscos bem conhecidos, mas também a identificação e a avaliação de novos riscos para a saúde (Waldron 03, p.173). Podemos entender que é preciso cooperação entre as diversas empresas e colaboração de departamentos de saúde para que sejam feitos estudos preventivos contra possíveis doenças ocupacionais. Com a globalização e a evolução incessante dos meios tecnológicos, a medicina nos últimos anos evoluiu e, consequentemente, novos estudos foram desenvolvidos. A grande dificuldade que existe é que algumas organizações não conscientizam seus colaboradores da responsabilidade no campo preventivo, pois é dever de todos zelar por uma boa saúde, segurança no trabalho e, consequentemente, por uma boa qualidade de vida. não há razão alguma pela qual um serviço de saúde ocupacional deva restringir seu programa educativo somente a doenças ocupacionais, ou seja, ele pode estender seu conceito para outros temas, provendo dessa forma a instalação no local de trabalho de serviços direcionados (Pacheco Jr., 04, p.89). Temos como exemplos de temas propostos o tabagismo, os hábitos alimentares, o alcoolismo dentre outros. 2

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL 1.2 Ajustamento ao trabalho Embora estudos sinalizem, principalmente, os efeitos do trabalho sobre a saúde do colaborador, não podemos esquecer que é tarefa primordial estudar os efeitos que a saúde pode ter sobre o trabalho. Podemos iniciar esse estudo pelo processo seletivo do candidato a determinado cargo, com o qual analisaremos a sua saúde e as suas aptidões. Algumas organizações realizam um procedimento de triagem com os candidatos por meio do preenchimento de um questionário de saúde elaborado por um médico e com o auxílio de um profissional da enfermagem. Esse questionário confirmará se o colaborador está apto ou não para desenvolver determinada tarefa no seu cotidiano. 1 No caso dos colaboradores admitidos para trabalhar em uma área que acarreta exposição a riscos específicos, metais pesados, radiações, barulhos etc., estes necessitarão ser examinados para que se estabeleçam dados clínicos de referência, com a complementação de alguns exames laboratoriais como, por exemplo, audiometria, hemograma completo, dosagem de chumbo no sangue dentre outros. 2 1.3 Tratamento Segundo Waldron (03, p.174): serviços de saúde ocupacional não oferecem normalmente um serviço de tratamento abrangente, completo, salvo para acidentes que podem ocorrer no trabalho. O que ocorre é que algumas empresas oferecem apenas medidas simples de primeiros socorros, apenas cuidando do colaborador nos casos graves de acidentes de trabalho, exigidos pela legislação. 3

Unidade I O serviço de saúde deve ser equipado com uma variedade completa de aparelhos de ressuscitação, com uma ambulância e profissionais da área. Podemos concluir que a grande função da saúde ocupacional nas organizações é assegurar que todos aqueles que possuem um papel a desempenhar na criação de um ambiente de trabalho seguro o façam em harmonia, já que a doença não respeita separações sociais e políticas e o progresso futuro será alcançado com a colaboração de todos os envolvidos. 2 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NAS EMPRESAS Neste módulo estudaremos a prevenção aos acidentes do trabalho como forma de evitar a incapacitação dos colaboradores nas empresas, abordando as causas dos acidentes e mostrando pesquisas e estudos recentes no nosso país. 1 2 A prevenção aos acidentes do trabalho é a única chance para evitar a incapacitação de milhares de colaboradores, apesar de muitas empresas ainda acharem que o custo para os seus negócios é irrecuperável. Infelizmente, enquanto essa postura equivocada não mudar, será difícil conseguir reduzir o número desses acidentes. A saúde e segurança do empregado são ameaçadas a todo o momento pelas condições inadequadas de trabalho, que geram um elevado número de acidentes, lesões, distúrbios e intoxicações, fazendo do nosso país um dos campeões mundiais de acidentes de trabalho. As causas dos acidentes de trabalho nas organizações estão diretamente relacionadas aos problemas pessoais e íntimos do colaborador, influenciando seu comportamento e trazendo como consequência: 30 problemas sociais e psicológicos; depressão, tensão, estresse; 4

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL conflitos e brigas familiares; dificuldade de adaptação às transformações e mudanças; utilização de substâncias tóxicas; alcoolismo etc. 1 De acordo com pesquisas recentes, os bancários e profissionais da área da saúde são os que mais se afastam por causa de doenças mentais. Dessas, % são doenças depressivas. As doenças relacionadas ao estresse e à fadiga física e mental também são sinalizadas por pesquisadores como as que mais afetam a saúde ocupacional do colaborador. Conforme afirma a pesquisadora Anadergh Barbosa na verdade, muitas outras profissões devem possuir um quadro relevante de afastamento por doenças mentais, mas as duas apontadas na pesquisa têm o diferencial de serem classes profissionais organizadas, que conseguem com mais facilidade relacionar essas doenças com o trabalho. A doença mental ocorre, na maioria das vezes, em decorrência de alguns fatores, tais como: conviver com os limites entre a vida e a morte (situação vivida pelos profissionais da área de saúde); comunicar-se com o público; pressão temporal, pressão da informatização; monotonia; trabalho em excesso etc. 2 30 Podemos entender que as organizações precisam constantemente ofertar para seus colaboradores algumas atividades destinadas à qualidade de vida destes, tais como academias, ginástica laboral, cinema nos horário de intervalo e palestras sobre temas diversos de qualidade de vida que, com certeza, melhoram a sua vida profissional.

Unidade I Com todo esse cenário negativo, graças a parcerias e convênios com entidades e empresas na área de prevenção de doenças, a promoção da saúde foi ampliada nos últimos anos. 1 2 30 O programa de saúde e segurança no trabalho recebeu atenção especial e foram consolidadas diversas parcerias e convênios com entidades e empresas. A seguir, temos alguns órgãos envolvidos nesses programas: Organização Internacional do Trabalho (OIT): é uma agência multilateral voltada às questões do trabalho, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU); Organização Pan-Americana da Saúde: é um órgão internacional de saúde pública. Seu objetivo é coordenar os esforços estratégicos de colaboração entre os estadosmembros e outros parceiros com o intuito de manter o equilíbrio na saúde, combater doenças, elevar a qualidade de vida e aumentar a expectativa de vida dos povos das Américas; Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério da Saúde: entidades do Governo Federal provedoras de políticas, programas e ações de sustentação permanente frente às necessidades e requisitos das suas áreas de atuação; Fundacentro: órgão que tem como finalidade a realização de estudos e pesquisas relativas aos problemas de segurança, higiene, meio ambiente e medicina do trabalho. Esse respectivo organismo está vinculado ao Ministério do Trabalho (MT); Sociedade Brasileira de Cardiologia (departamento de hipertensão arterial): organização que implementa planos e ações educativas e de apoio às pessoas em geral, além de profissionais de saúde, com o intuito de mostrar à população como aumentar a qualidade de vida por meio da prevenção contra doenças cardiovasculares. 6

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL Podemos concluir que é responsabilidade de toda a sociedade a prevenção contra doenças e acidentes de trabalho e a melhoria da qualidade de vida de todos. Dessa maneira, o Brasil sairá do ranking dos países campeões de acidentes de trabalho. 3 CONCEITO E HISTÓRICO DA CIPA Neste módulo estudaremos o conceito da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), abordando sua evolução histórica no decorrer dos anos por meio da sua institucionalização e legalização. 1 2 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é uma comissão formada por representantes do empregador e do empregado que tem a missão de preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores e de todos aqueles que interagem com a organização. A primeira manifestação das atividades preventivas de acidentes do trabalho no Brasil por intermédio da CIPA deu-se no final o século XIX e início do século XX, por meio da participação ativa dos empregados e empregadores. Os comitês de segurança ou comitês de fábricas instituídos nos países europeus que tomaram a dianteira do processo de industrialização representam, na verdade, o embrião da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), nos moldes em que se acha atualmente institucionalizada em nosso país (Gonçalves, 06, p.130). 30 Podemos entender que essa comissão foi um movimento de performance nacional e de caráter prático, tanto em função das autoridades que formularam a sua legalização e normatização como em função da parcela 7

Unidade I de empresas privadas que passaram a utilizá-la em seus estabelecimentos. A institucionalização iniciou-se no ano de 1921, quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou a recomendação, informando que todas as entidades industriais que tivessem regularmente empregados 2 trabalhadores deveriam possuir um comitê de segurança. Por meio do Decreto-Lei nº. 7036 de /11/1944, conhecido como Nova Lei da Prevenção de Acidentes, foi formalizada a obrigação das empresas brasileiras de criar organismos internos, utilizando-se da colaboração de todos os envolvidos na busca da prevenção de acidentes. A seguir, temos o artigo 82 do Decreto-Lei nº. 7036 de /11/1944, que foi o nascedouro da CIPA: 1 Os empregadores, cujo número de empregados seja superior a 0, deverão providenciar a organização, em seus estabelecimentos, de comissões internas, com representantes dos empregados, para o fim de estimular o interesse pelas questões de prevenção de acidentes, apresentar sugestões quanto à orientação e fiscalização das medidas de proteção ao trabalho, realizar palestras instrutivas, propor a instituição de concursos e prêmios e tomar outras providências tendentes a educar o empregado na prática de prevenir acidentes. 2 30 A obrigação legal de instalação da CIPA nas empresas passou a integrar em 1967, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por força do Decreto-Lei nº. 229, de 26 de fevereiro de 1967, modificando profundamente o texto do capítulo V, Título II, que trata de assuntos de segurança e higiene do trabalho, enfatizando a organização de CIPA empresas, pois agora passou a fazer parte de lei maior de proteção ao trabalhador. 8

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL Dentre os objetivos da CIPA temos: observar e relatar condições de risco nos ambientes de trabalho; solicitar medidas para reduzir até eliminar ou neutralizar os riscos existentes; discutir os acidentes ocorridos, encaminhando relatório ao SESMT e ao empregador; solicitar medidas que previnam acidentes semelhantes; orientar os demais trabalhadores quanto à prevenção de acidentes. Posteriormente, por meio da Lei nº. 614 de 22/12/77 é que se firmou, de forma sistemática e rígida, a comissão preventiva nas organizações com um número superior a cinquenta empregados. 1 Podemos entender que o grande marco da prevenção de acidentes se deu com a conscientização da iniciativa privada em se preocupar com a saúde e segurança do trabalhador no seu ambiente profissional. Dessa forma, a CIPA foi fortalecendose no decorrer dos anos, aumentando o interesse contínuo das organizações pela busca da qualidade de vida do seu trabalhador. 2 No módulo XIII iremos estudar a normatização da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) por meio das Normas Regulamentadoras da Higiene e Segurança do Trabalho (NR). 4 A NR - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES A CIPA é uma comissão que tem como objetivo principal evitar a ocorrência de acidentes de trabalho, bem como as 9

Unidade I doenças decorrentes do mesmo, de modo a garantir que trabalho, segurança e promoção da saúde estejam sempre em perfeita sintonia e complementação. 1 As empresas que admitirem trabalhadores como empregados deverão estabelecer e manter suas comissões em perfeito e regular funcionamento. Incluem-se, nesse caso, as empresas públicas, privadas, cooperativas, associações recreativas, sociedades de economia mista dentre outras. Vale lembrar que a NR também se aplica aos trabalhadores avulsos, bem como às empresas que lhe tomarem serviço. No caso de uma empresa possuir em um mesmo município mais de um estabelecimento, cada um destes deverá ter constituída, de forma independente e em funcionamento, sua própria comissão. Porém, a integração e a harmonia das políticas de segurança e de saúde dos trabalhadores devem ser garantidas pela empresa. Não haverá uma relação de dependência entre as CIPAs e sim uma uniformidade de esforços. A CIPA visa a desenvolver as ações de prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho, principalmente nas empresas instaladas em parques industriais e centros comerciais. 4.1 Da organização 2 Toda e qualquer Comissão Interna de Prevenção de Acidentes deverá ser composta por membros representantes do empregador e do quadro de empregados; os representantes dos empregadores, tanto os titulares como os suplentes, serão designados por eles próprios. 30 No caso dos representantes dos empregados, estes serão eleitos por meio de votação secreta pelos demais empregados interessados.

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL Os eleitos terão mandato de um ano, podendo ser reeleitos para um próximo mandato subsequente. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o empregador deverá garantir que seus indicados tenham a representação necessária para a discussão e encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho analisadas na CIPA. 4.2 A CIPA e suas atribuições 1 No interior das organizações a CIPA possui, hoje, uma gama de atribuições importantes na prevenção de acidentes e promoção da saúde do trabalhador. Podemos citar como as mais relevantes: a identificação prévia dos riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pelos empregados. A comissão, com a ajuda de alguns trabalhadores, elabora um mapa dos riscos detectados para tentar eliminá-los; realizar um trabalho de detecção dos problemas de segurança e saúde no trabalho e, posteriormente, desenvolver uma estratégia para minimizá-los e, se possível, solucioná-los; realizar periodicamente a verificação das condições de trabalho com o intuito de identificar possíveis riscos à saúde e à segurança dos empregados; 2 realizar a divulgação de todas as informações relativas à segurança e à saúde no trabalho; participar das discussões do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) acerca das avaliações dos impactos do meio ambiente, bem como dos processos de trabalho; 11

Unidade I colaborar com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional da empresa; colaborar com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; promover, anualmente, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho(SIPAT); participar das campanhas de prevenção de doenças como a AIDS. 1 Para que todas as atribuições descritas, acima, possam ser realizadas é imprescindível que os demais empregados participem de todo o processo, que tem início na própria escolha dos membros da comissão. Os empregados precisam ter a consciência de que se trata de uma comissão formada para garantir a sua integridade física, sendo importante que esta comissão seja acompanhada e auxiliada pelos demais colaboradores. 2 Para auxiliar o trabalho da CIPA os demais empregados poderão indicar as situações de risco que sejam detectadas, bem como poderão sugerir ações para eliminá-las. De grande auxílio à CIPA será também o uso correto dos equipamentos de proteção individual, bem como o seguimento correto das normas de segurança no trabalho. Algumas comissões deixam de realizar feitos importantes por perderem tempo na fiscalização de comportamentos adequados dos trabalhadores. 4.3 A CIPA e seu funcionamento A CIPA realizará reuniões mensais, com datas preestabelecidas, em local apropriado e sempre no horário do expediente. Uma vez encerrada a reunião, uma ata da 12

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL mesma deverá ser assinada por todos os participantes e uma cópia deverá ser enviada para todos os membros presentes ou ausentes à reunião. Estas atas deverão estar sempre à disposição dos agentes de inspeção do trabalho. Vale lembrar que apesar das datas das reuniões serem previamente fixadas, em caso de necessidade, reuniões extraordinárias poderão acontecer. São motivos para a convocação de reunião extraordinária: 1 denúncia de situação de risco grave ou iminente; acidente fatal ou grave; solicitação expressa de uma das representações. Antes de tomarem posse, os membros da CIPA recebem treinamento especializado, cujo conteúdo programático contempla: 1. um estudo completo de seu ambiente de trabalho, incluindo os riscos que ele apresenta; 2. a apresentação das metodologias de investigação das doenças do trabalho e dos acidentes de trabalho; 3. medidas de prevenção da AIDS e algumas noções sobre a doença; 4. noções básicas de legislação trabalhista e previdenciária, no que diz respeito à segurança e à saúde no trabalho;. medidas de controle de riscos ambientais; 2 6. princípios gerais de higiene do trabalho; 7. procedimentos de organização da CIPA. 13