Direito Tributário (aula 4) Material confeccionado pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris)
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1 MAGISTRATURA FEDERAL Direito Tributário (aula 4) Material confeccionado pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris) Jurisprudência recente PEDÁGIO PREÇO PÚBLICO O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita. ADI 800, Min. Teori Zavascki
2 SANÇÃO POLÍTICA A exigência, pela Fazenda Pública, de prestação de fiança, garantia real ou fidujossória para a impressão de notas fiscais de contribuintes em débito com o Fisco viola as garantias do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (CF, art. 5º, XIII), da atividade econômica (CF, art. 170, parágrafo único) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). (...) O Colegiado consignou que o aludido dispositivo legal vincularia a continuidade da atividade econômica do contribuinte em mora ao oferecimento de garantias ou ao pagamento prévio do valor devido a título de tributo. Mencionou que, ante a impossibilidade de impressão de talonário de notas fiscais, salvo garantia prevista com base em débitos ainda não existentes, o contribuinte encontrar-se-ia coagido a quitar a pendência sem poder questionar o passivo, o que poderia levar ao encerramento de suas atividades. (...) Sublinhou que esse tipo de medida, denominada pelo Direito Tributário, sanção política, desafiaria as liberdades fundamentais consagradas na Constituição, ao afastar a ação de execução fiscal, meio legítimo estabelecido pela ordem jurídica de cobrança de tributos pelo Estado. (...) ademais, ressaltou o teor dos Enunciados 70 ( É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo ), 323 ( É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos ) e 547 ( Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais ) de sua Súmula. RE /RS, rel. Min. Marco Aurélio (RE )
3 SUCESSÃO TRIBUTÁRIA E IMUNIDADE RECÍPROCA A imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) não afasta a responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era contribuinte regular do tributo devido. Com base nessa orientação, o Plenário deu provimento a recurso extraordinário para reformar acórdão que considerara aplicável a imunidade recíproca a débitos tributários da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. RFFSA, sucedida pela União. (...) O Colegiado afirmou que a imunidade tributária recíproca seria norma constitucional de competência que proibiria a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos entes federados. Consignou que essa imunidade seria instrumento de preservação e calibração do pacto federativo, destinado a proteger os entes federados de eventuais pressões econômicas, projetadas para induzir escolhas políticas ou administrativas da preferência do ente tributante. (...) Registrou que, com a liquidação da pessoa jurídica e com a já mencionada sucessão, a União se tornara responsável tributária pelos créditos inadimplidos, nos termos dos artigos 130 e seguintes do CTN. RE /PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, (RE )
4 IR DEDUÇÃO DE GASTOS COM SAÚDE A dedução de despesa com serviço de saúde do contribuinte ou de seus dependentes pode ser feita na declaração de IR independentemente de o correspondente prestador estar, ou não, inscrito no conselho profissional pertinente. A lei tributária não faz tal ressalva e ao contribuinte não compete empreender pesquisa quanto à existência de tal registro, no momento em que toma os serviços de saúde e assume o custo respectivo. DIREITO TRIBUTÁRIO. DEDUÇÃO NA DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA DE GASTOS COM PROFISSIONAL DE SAÚDE NÃO INSCRITO EM CONSELHO PROFISSIONAL. Na declaração anual de imposto de renda, é possível a dedução de valor referente à despesa do contribuinte com profissional de saúde, mesmo que este não seja regularmente inscrito no respectivo conselho profissional. Isso porque o art. 8º, I, da Lei 8.134/1990 que estabelece rol de hipóteses de dedução do imposto de renda não fez qualquer restrição à devida inscrição nos respectivos conselhos profissionais. Ademais, o 1º, "c", do referido artigo exige apenas a comprovação do gasto por meio de recibo no qual conste nome, endereço, CPF ou CNPJ do emissor ou indicação do nome do profissional no cheque emitido pelo contribuinte. Assim, uma vez verificado que o contribuinte comprovou as despesas médicas nos termos da legislação de regência, é possível a dedução efetuada na declaração de ajuste anual do imposto de renda. AgRg no REsp RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/6/2013.
5 IPI e Selo Declaração de incompatibilidade entre a disposição do art. 3º do Decreto-Lei 1.437/1975, que permitia ao Fisco cobrar pelo fornecimento do selo especial do IPI, e o texto da Constituição de 1988, especialmente à luz do princípio da legalidade. O dever imposto aos contribuintes de IPI consistente na aplicação de selo especial sobre produtos industrializados, para fins de controle quantitativo, tem previsão no art. 46, caput, da Lei nº e ostenta natureza de verdadeira obrigação tributária acessória. Com o julgamento do RE , em fevereiro de 2014 (Rel. Min. Marco Aurélio), o STF declara não recepcionada a norma do Decreto-Lei 1437/1975, que autorizava a cobrança pelo fornecimento do selo. IPI SELO DE QUALIDADE NATUREZA LEI Nº 4.502/64 E DECRETO-LEI Nº 1.437/75 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DELEGAÇÃO ARTIGOS 150, INCISO I, e 25 DA CARTA FEDERAL. Ante o princípio da legalidade estrita, surge inconstitucional o artigo 3º do Decreto-Lei nº 1.437/75 no que transferida a agente do Estado Ministro da Fazenda a definição do ressarcimento de custo e demais encargos relativos ao selo especial previsto, sob o ângulo da gratuidade, no artigo 46 da Lei nº 4.502/64. RE , julgado em 12/02/2014
6 A IMUNIDADE DO ART. 149, 2º, I E A TRADING COMPANY O STF irá se pronunciar sobre o pedido de extensão da imunidade do art. 149, parágrafo 2, inciso I da CF às receitas decorrentes de exportação realizada por empresa intermediária ou trading company. Como se sabe, a citada disposição constitucional afasta a incidência de contribuição social e de intervenção no domínio econômico sobre as receitas de exportação. Só que várias empresas não realizam exportação direta, mas através de empresas intermediárias (ou tradings) e o Fisco nega-lhes a aplicação da limitação do poder de tributar em exame, exatamente por este motivo. Na interpretação da fazenda pública, a imunidade aplica-se apenas à exportação direta. Tratando da mesma previsão constitucional,o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE (Min. Ricardo Lewandowski), sob o fundamento de que em se tratando de imunidade tributária a interpretação há de ser restritiva, decidiu que a CPMF não foi contemplada pela referida imunidade, porquanto a sua hipótese de incidência movimentações financeiras não se confunde com as receitas. Na mesma linha restritiva, a Corte Excelsa entendeu que a imunidade em questão não alcança a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), haja vista a distinção ontológica entre os conceitos de lucro e receita (RE , Min. Gilmar Mendes).
7 Esse histórico indicaria no STF uma tendência a prestigiar a tese do Fisco. Ainda assim, a notícia abaixo mostra que o relator estaria, s.m.j., propenso a estender a imunidade, na forma pretendida pelas empresas. A conferir. Leia a notícia: Imunidade de exportação realizada com empresa intermediária será analisada pelo STF O Supremo Tribunal Federal (STF) vai definir o alcance da imunidade tributária de exportadores que vendem no mercado externo por meio de tradings (empresas que atuam como intermediárias na exportação) e avaliar se nesse caso as operações estão sujeitas à incidência de contribuições sociais. O tema é tratado no Recurso Extraordinário (RE) , de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, e teve repercussão geral reconhecida pelo Plenário Virtual do STF, por unanimidade de votos. No caso em análise, uma usina de açúcar e álcool de São Paulo questiona regra estabelecida pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Previdenciária (IN/SRP) 03/2005, segundo a qual a receita proveniente de comercialização com empresa em funcionamento no país é considerada comércio interno, e não exportação. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) entendeu incabível no caso a aplicação da imunidade prevista no artigo 149, parágrafo 2º, inciso I, da Constituição Federal, o qual estabelece que as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidem sobre receitas decorrentes de exportação.
8 O tema é constitucional, uma vez que envolve o alcance da interpretação da imunidade prevista no artigo 149, parágrafo 2º, inciso I, da Constituição Federal. A limitação instituída pela norma infralegal também pode ser discutida diretamente à luz dos princípios da legalidade e da isonomia, tendo em vista a distinção entre exportadores diretos e indiretos, afirmou o relator do RE, ministro Luís Roberto Barroso. Ao se manifestar pelo reconhecimento da repercussão geral da matéria, o ministro afirmou que "a controvérsia é relevante do ponto de vista econômico e ultrapassa os interesses subjetivos da causa, por afetar todas as empresas brasileiras que exportam servindo-se da intermediação de uma trading company, o que significa dizer a maior parte dos exportadores, que não têm acesso direto ao mercado internacional. ---x---
Supremo Tribunal Federal
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