Voltando para casa_01:layout :39 Page 1 PARTE I. na boca dos bebês

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1 Voltando para casa_01:layout :39 Page 1 PARTE I na boca dos bebês

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3 Voltando para casa_01:layout :39 Page 3 INTRODUÇÃO Tendo em casa um recém-nascido, sem dúvida, você vai passar bastante tempo prestando atenção ao que ele ingere. A tarefa frequente de alimentar um bebê tem o potencial de suscitar um grande número de questões, desde como saber se o leite desceu ou como preparar a mamadeira até dúvidas sobre a pega da mama e a sucção e se é recomendável o uso de chupetas. Antes de falar sobre esses assuntos, vamos ressaltar que a fase oral dos bebês não tem este nome à toa. Mesmo correndo o risco de fazer este livro parecer acadêmico, vale a pena saber o que os profissionais, inclusive o próprio Freud, disseram a respeito: o que vai à boca do bebê nessa fase representará uma grande parte da sua experiência de vida (sem falar da experiência dos próprios pais). Comer e crescer serão as grandes responsabilidades do bebê nos próximos meses; a boca terá um papel importante para ele se acalmar e descobrir o mundo à sua volta, muito antes de aprender a usar as mãos e explorar os outros sentidos. Sabendo disso, você vai olhar para a boquinha bonita do bebê com respeito e admiração renovados. Este capítulo é dedicado à realidade de alimentar seu recém-nascido não apenas uma necessidade nutricional, mas uma oportunidade maravilhosa para estabelecer um elo com a criança. Nosso objetivo maior é ajudar você a definir uma rotina confortável e lhe dar uma ideia clara do que pode acontecer. Também destacamos aspectos que você deve observar com atenção. Agora vamos passar à alimentação leite materno ou fórmulas infantis (antes conhecidas pelo nome genérico de leite em pó ). Por conveniência, tentamos separar a amamentação da alimentação por fórmula uma distinção clara no papel, mas nem tanto na vida real, porque muitas mães acabam utilizando uma combinação de aleitamento e fórmulas infantis. Depois de ler a parte do livro que tem a ver com o seu caso amamentação, fórmula ou ambos, continue

4 Voltando para casa_01:layout :39 Page 4 4 Na boca dos bebês lendo, pois, adiante, falamos sobre assuntos do interesse de todos. Tratamos de chupetas, horários de alimentação (ou a falta de horários) e suplementos vitamínicos. E você ficará a par de informações básicas a respeito de tipos de mamadeiras e técnicas de uso e limpeza numa seção útil a qualquer pessoa que pretenda usar uma mamadeira, o que quer que ela contenha. DINHEIRO E BOM-SENSO Se a decisão entre amamentar e oferecer fórmulas infantis à criança tiver por base apenas (ou em parte) a despesa, naturalmente é mais barato amamentar. Para a mãe, o aleitamento custa algumas calorias extras diárias (cerca de 25% a mais) e a compra de sutiãs específicos, bombas para extrair leite, protetores de mamilo e uma infinidade de acessórios. No caso das fórmulas, por outro lado, a maioria dos custos intrínsecos não é opcional. Nos Estados Unidos, estimativas recentes apontam uma despesa média anual com fórmulas entre e 4 mil dólares, dependendo do tipo utilizado (leia mais a respeito dos tipos no Capítulo 2).

5 Voltando para casa_01:layout :39 Page 5 CAPÍTULO 1 Em nossa modesta opinião, o mais importante para o sucesso na amamentação é começar com expectativas realistas. Para isso, abordamos muitos dos mitos e concepções erradas que costumam assustar quem acabou de ter um bebê. Achamos especialmente útil lembrar dois fatos tranquilizadores para grávidas e mães recentes: 1. Milhões de mães antes de você amamentaram sem problemas. 2. As primeiras duas semanas de amamentação não são, de forma alguma, representativas da totalidade da experiência de aleitamento. Algumas mães, logo que o bebê nasce, têm a sorte de amamentar como se tivessem nascido para isso e logo se sentem plenamente realizadas. Mas na verdade costuma haver um período de autoeducação e de treinamento para oferecer o peito. Considere essa época como de tentativa e erro, uma fase de conhecer o processo e se acostumar com ele, na qual a amamentação pode exigir mais tempo, reflexão e esforço do que será necessário em um futuro próximo. Com motivação e algumas precauções de segurança, você será capaz de ultrapassar muitos obstáculos comuns reais ou imaginários. Se você está lendo este livro já frustrada e resignada com a possibilidade de não conseguir amamentar, esperamos oferecer uma nova abordagem.

6 Voltando para casa_01:layout :39 Page 6 6 Na boca dos bebês Um comentário sobre amamentar é melhor Ao entrar no mundo da maternidade, você, sem dúvida, ouviu dizer que amamentar é melhor. Tornou-se um slogan quase universal, que está em todas as revistas sobre maternidade, websites, livros de medicina e propagandas de fórmulas infantis. Já que é impossível reproduzir o leite humano, cujos benefícios são inestimáveis, nós sinceramente apoiamos a recomendação da Academia Americana de Pediatria (AAP)* de amamentar o bebê pelo maior tempo possível o ideal seria por um ano ou mais. Com esse pano de fundo, o que temos a dizer sobre sua decisão de amamentar pode surpreender um pouco especialmente vindo de duas mães pediatras que têm plena consciência dos grandes benefícios da amamentação. É necessário mencionar que deparamos com situações em que o aleitamento não foi uma opção possível. Antes que essa afirmativa seja interpretada como desestímulo à amamentação, afinal recomendada por todos, deixe-nos explicar. A posição padrão a favor do aleitamento materno é indiscutível. Não há, na verdade, alimentação melhor para os bebês. Os anticorpos do leite, que lutam contra as infecções, não estão presentes nem na fórmula infantil mais cara e foi provado que reduzem as chances de o recém-nascido desenvolver problemas como infecções de ouvido, alergias, crises de vômito e diarreia, pneumonia, meningite e até, potencialmente, a síndrome da morte súbita do lactente. A saúde das mães que amamentam também se beneficia. A única ressalva é que algumas mães de primeira viagem não são bem-sucedidas ao passar da teoria à prática. Seja por uma questão de recato, atitude, problemas de saúde ou decepção pelas tentativas frustradas, a amamentação é uma fonte potencial de frustração para algumas mulheres que acabaram de dar à luz. Pior ainda, as dificuldades do aleitamento podem causar sentimentos de inferioridade, fazendo mulheres dedicadas se questionarem quanto à capacidade de serem mães. É grande o número das que acreditam por si mesmas ou influenciadas por outras pessoas ser imprescindível amamentar para ser uma boa mãe. * Essa recomendação também é feita pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). (N. da R. T.)

7 Voltando para casa_01:layout :39 Page 7 Amamentação 7 Agora vamos dizer o que sugerimos para as grávidas ou mães que nos procuram com perguntas ou preocupações relativas aos primeiros dias de amamentação. Você precisa decidir se está à procura de ajuda ou se espera secretamente que alguém lhe diga que não há problema em não amamentar. Se você chegou à conclusão de que o aleitamento não é possível para você, com base em informações (após analisar os fatos e discutir o assunto com um profissional de saúde qualificado), tem nosso total apoio para passar direto ao capítulo sobre alimentação com fórmula infantil sem sentir uma culpa inconsolável. Se, por outro lado, você nunca pensou muito sobre aleitamento, questiona sua capacidade de amamentar com sucesso ou passou por algumas dificuldades, mas acha que vai conseguir, esperamos que continue a leitura. Queremos deixá-la mais confiante e assegurar que a experiência de amamentar será, além de bem-sucedida, um prazer. A AMAMENTAÇÃO AO REDOR DO MUNDO Em comparação com a situação de cerca de trinta anos atrás, quando não era comum as mães nos Estados Unidos amamentarem, o fato de que 57% das mulheres americanas tentaram fazê-lo em 1994 é prova de uma mudança significativa. A popularidade do aleitamento e o número de mulheres que passaram a amamentar nesse país continuaram a crescer nos últimos dez anos. Mas a situação não se compara a outras partes esclarecidas do mundo. Na Suécia, por exemplo, 98% das mães amamentam os recém-nascidos. Mas este sucesso não é tão surpreendente; afinal, na Suécia as mães têm quase dois anos de licença-maternidade (com vencimentos integrais durante um ano!). Aonde chegamos e como Qualquer pessoa que estude a amamentação nas décadas passadas vai perceber um fenômeno de flutuação esteve em alta nos anos 1970, em baixa nos anos 1980 e voltou a subir nos anos O que

8 Voltando para casa_01:layout :39 Page 8 8 Na boca dos bebês era considerado o melhor, além de socialmente aceito, variou bastante ao longo do tempo e foi influenciado por muitos fatores, como a região do país, a idade das mães e seus antecedentes. Foi longo o caminho percorrido desde a época em que o aleitamento era a exceção e mães que amamentavam eram desprezadas por sua escolha. AMAMENTAÇÃO E DIREITOS LEGAIS Na maioria dos estados americanos e também no Brasil, existem leis que protegem os direitos das mães que amamentam. As lactantes podem prolongar a licença-maternidade por 15 dias. Para solicitar esse benefício é necessária a apresentação de um atestado médico que comprove que a mãe amamenta exclusivamente no peito. Também terão direito a dois períodos de descanso de meia hora cada para amamentar seu filho durante a jornada de trabalho até o bebê completar 6 meses. As mães estudantes são amparadas pela lei 6.202/1979, que permite a obtenção de notas mediante a apresentação de trabalhos feitos em casa. Além disso, muitas empresas brasileiras já estenderam a licença-maternidade dos quatro meses obrigatórios para os seis meses sugeridos pela Associação Brasileira de Pediatria. No Brasil existe ainda a licença-paternidade, que facilita aos pais apoiar suas mulheres na fase inicial da amamentação. Essas e outras informações muito interessantes podem ser encontradas no site da SBP, em departamentos científicos e depois em aleitamento materno. Vale a pena conferir! Começando O que é natural nem sempre é espontâneo Sim, amamentar é natural, mas a verdade é que nem sempre é espontâneo. É muito comum a mãe esperar que o bebê pegue o peito com delicadeza, mame não mais que 15 minutos em cada lado a cada três horas e se delicie com um bom suprimento de leite materno em poucos dias. Embora possamos desejar à mãe essa situação

9 Voltando para casa_01:layout :39 Page 9 Amamentação 9 ideal, ter essa imagem feliz da amamentação pode levá-la ao fracasso. Se, porém, ela se preparar para a possibilidade de o bebê perder o interesse ou a capacidade de sugar, de cada mamada ser diferente e de seus mamilos ficarem machucados no princípio, poderá ficar agradavelmente surpresa. A amamentação é natural, mas é preciso ter em conta que é um processo de aprendizado para a mãe e a criança. Alguns bebês aprendem depressa; outros têm um ritmo mais lento. São muitos os conselhos Ao tentar se preparar para amamentar, você certamente vai descobrir que qualquer mulher que já tenha passado pela experiência (ou estado de alguma forma envolvida com aleitamento) se considera uma especialista no assunto. Alguns dos conselhos serão, sem dúvida, muito úteis, mas saiba que você também receberá sugestões que não pediu, além de conselhos contraditórios, confusos ou errados, às vezes dados por mães inteligentes, que amamentaram diversos filhos e têm as melhores intenções. Não se esqueça de que, no final das contas, são poucos os fatos universalmente aceitos a respeito do aleitamento. Tais diretrizes devem ser seguidas, mas, quanto ao resto, cada mãe vai decidir por si o que fazer e, assim, desenvolver seu próprio estilo de amamentar. Enviando um SOS, procurando apoio Amamentar tem suas recompensas, mas pode ser uma tarefa cansativa e exigente, que dura 24 horas por dia. Se você tiver sentimentos de frustração, isolamento, ou até mesmo se se considerar nu ma armadilha ainda mais que as mulheres do século XXI nem sempre têm suas próprias mães ou familiares por perto para pedir conselhos, uma das piores coisas a fazer é tentar lidar sozinha com a situação. Naturalmente, também não adiantaria muito ter a companhia de uma avó bem-intencionada, esperando apenas a oportunidade de lhe dizer que seria muito mais fácil dar a mamadeira ao bebê. Pare e diga a si mesma que não está sozinha, de forma alguma, e não precisa trilhar o caminho mais difícil! Nossa sugestão sincera é que, se você

10 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês precisa de um ombro amigo, ponha este livro de lado e procure um (ou vários). Talvez você não tenha tempo para isso, mas descobrir que não precisa aprender sobre aleitamento sozinha pode fazer toda a diferença. A La Leche League International tem sedes no mundo inteiro. Visite para ver esse trabalho. Você pode conhecer uma iniciativa de mães brasileiras em A Sociedade Brasileira de Pediatria mantém um departamento científico exclusivo para a promoção do aleitamento materno, que pode ser consultado em Além disso, todos os postos públicos de saúde estão habilitados a fornecer informações sobre o tema, bem como a maioria das maternidades públicas e privadas do país. Consiga ajuda no hospital onde vai dar à luz. Procure a equipe encarregada dos partos, enfermeiras da unidade de obstetrícia e especialistas em lactação; é um bom começo para explorar o tipo de apoio disponível na sua cidade antes, durante e após o parto. Peça conselhos e/ou ajuda ao seu pediatra. Em nossos consultórios, temos a oportunidade de observar mães amamentando e estamos muito acostumadas a dar conselhos práticos e dicas para a solução de problemas. Não tenha medo de pedir ajuda a seu marido ou companheiro, a amigos, familiares e vizinhos qualquer pessoa que você considere capaz de ajudar ou dar apoio emocional. Embora não possam amamentar no seu lugar, podem ajudar a limpar, cozinhar ou lavar roupa e a olhar o bebê um pouquinho para você descansar. No mundo interligado pela Internet, existem grupos de apoio, fóruns de discussão e salas de bate-papo sobre aleitamento; faça uma busca ou encontre-os em diferentes websites dedicados à maternidade. Como sempre acontece em relação à Internet, tenha cuidado para não divulgar informações pessoais e procure fontes confiáveis.

11 Voltando para casa_01:layout :39 Page 11 Amamentação 11 AMAMENTE E GARANTA A SAÚDE DO BEBÊ Com base em muitos estudos feitos nos Estados Unidos e em todo o mundo, sabemos que o aleitamento é uma decisão correta em termos de nutrição e diminui o risco da síndrome da morte súbita do lactente (SMSL), além de proteger o bebê contra resfriados, alergias e infecções, evitando dessa forma grande número de hospitalizações e consultas médicas. Isso acontece porque o leite materno contém proteínas protetoras, chamadas anticorpos, e outras células destinadas a combater infecções, que são continuamente transferidas da mãe para a criança durante a amamentação. Esse aumento de defesas contra bactérias e vírus é benéfico nos primeiros meses do bebê, quando o sistema imunológico ainda não está funcionando completamente. Meu bebê, minhas mamas e eu Amamentar traz uma mudança fundamental na visão de mundo da mãe, e um aspecto dessa mudança perdura a vida inteira: o deslumbramento de nutrir o próprio filho. No plano imediato, você verá que há uma mudança prática e concreta. De repente, você é tirada de um mundo em que o foco principal é eu e eu (ou talvez eu, meu marido e eu ) e lançada em outro que é estruturado em meu bebê, minhas mamas e eu. Ao decidir dominar a arte de amamentar, é provável que você passe a olhar para suas mamas de maneira diferente, dando-lhes mais atenção do que nunca (independente da importância que tinham para você no passado). De fato, acreditamos que, se o profissional de saúde que cuida de você não lhe perguntar, nos primeiros dias de amamentação, como estão o bebê, você e suas mamas, ele está totalmente equivocado. Primeiras tentativas Pressupondo que tudo correu bem no nascimento e que você e o bebê estão bem imediatamente após o parto e nas horas seguintes, o melhor momento para tentar a primeira mamada é o mais cedo

12 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês possível. Embora pareça óbvio, é quase certo que você vai sentir que não tem controle nenhum sobre o que acontece ainda no hospital, sobretudo na sala de parto. Para não ficar na dependência da orientação do hospital, que talvez não incentive a amamentação imediata, não fique à espera de alguém que lhe diga o que e quando fazer; tome a iniciativa. Ajuda no hospital O objetivo de amamentar na sala de parto (e durante a estada no hospital) deve ser o de assegurar que você e o bebê vão conseguir fazê-lo de modo correto. Em alguns hospitais, é procedimento padrão as enfermeiras não só entregarem as crianças às mães minutos depois do parto, mas também oferecerem instruções detalhadas sobre aleitamento, além de encorajarem as mães. Entretanto, em outros, ainda vigora o modelo antigo de levar os bebês à enfermaria para serem limpos e até receber uma mamadeira enquanto as mães descansam. Se quiser começar bem, não tenha medo de assumir o controle e pedir para amamentar ainda na sala de parto. Muitos bebês ficam temporariamente despertos logo depois do nascimento. Afinal, acabaram de passar por uma experiência marcante junto com a mãe. Se tiver oportunidade, tire vantagem desse estado temporário de alerta (que comparamos a uma lua de mel) porque, em algumas horas, o bebê estará muito sonolento. O BEBÊ NO QUARTO Dependendo da maternidade, o bebê poderá ficar no quarto com você a maior parte do tempo ou em um berçário, sendo levado ao quarto de vez em quando. Se você tem a intenção de amamentar, avalie as opções e, se possível, escolha um hospital que promova o aleitamento e o alojamento conjunto, atendendo ao seu desejo de ficar perto do bebê, amamentando-o com frequência.

13 Voltando para casa_01:layout :39 Page 13 Amamentação 13 Sentindo-se confortável Todas as mães vão se concentrar nas mamas (e nos bebês) na primeira vez em que se sentarem ou deitarem para amamentar, mas queremos lembrar que seu próprio conforto também é importante. Apoie-se em vários travesseiros, use roupas adequadas e confortáveis, tendo à mão tudo de que pode precisar ou querer (um copo de água, o telefone, um livro ou o controle remoto da televisão) antes de começar a amamentar e, assim, a experiência poderá ser mais prazerosa. Quanto à posição, depende só de você. Caso não as conheça, vamos descrever rapidamente as mais comuns. Posição sentada: clássica e/ou atravessada. É a posição com que a maioria das mães inicia, uma das preferidas. As exceções mais comuns são no caso de a mãe ter se submetido a uma cesariana, não desejando, naturalmente, que o bebê lhe pressione a barriga. Quando estiver sentada (de preferência com muitos travesseiros confortáveis e bastante apoio para as costas), deite a

14 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês criança no colo, de lado; o bebê deve ficar de frente para você, com a cabeça alinhada com a sua mama. Na posição sentada clássica, você usará o braço direito para apoiar a cabeça e o corpo do bebê enquanto ele mama no lado direito (posicione a cabeça dele na dobra do seu braço direito e apoie o corpo dele, por baixo, com o braço e a mão). Use o braço esquerdo para segurá-lo enquanto ele mama no lado esquerdo. Para aliviar a tensão nas costas, ombros e pescoço, tente usar um travesseiro para amamentação ou dois travesseiros no colo para ajudar a elevar a criança à altura de sua mama. Você ficará feliz em ter o bebê aninhado nos braços, mas saiba que travesseiros bem posicionados sob os braços funcionam às mil maravilhas, poupando-lhe dores desnecessárias. Enquanto você procura a melhor posição, também pode tentar o que os especialistas em aleitamento chamam de posição atravessada. Com a criança deitada atravessada em seu colo, pronta para sugar a mama esquerda, use o braço direito, em vez do esquerdo, como seria na posição sentada clássica, para apoiar a cabeça e o corpo do bebê. Na posição clássica ou na atravessada, o braço que você não usa para apoiar o bebê fica livre para ajudar a posicionar a boca da criança no seu mamilo. Posição sentada inversa. Para amamentar nesta posição, alguns livros sugerem que você imagine um jogador de futebol americano com uma bola sob o braço correndo pelo campo. A nosso ver, essa imagem não é suficiente para lhe dar uma ideia clara do que fazer. Temos uma explicação que, esperamos, seja mais prática para você se sentar e colocar o bebê na posição inversa. Diferente da posição sentada clássica, quando a criança fica atravessada no seu colo, a posição sentada inversa requer que você ponha o bebê de um lado ou de outro do seu corpo. Se você vai começar pela mama direita, posicione o bebê com o rosto na altura da sua mama e com o corpo dele apoiado no seu lado direito. Use o braço di-

15 Voltando para casa_01:layout :39 Page 15 Amamentação 15 reito como apoio para o corpo da criança. Ponha travesseiros sob o bebê ao longo da lateral do seu corpo, não atravessados no colo, como na posição anterior, aliviando assim o esforço do braço de apoio, do ombro e do pescoço. Não sabemos exatamente quantas mulheres preferem essa posição. Nós mesmas não tivemos muito sucesso com ela, mas o importante é que funciona para algumas mulheres; assim, tente você mesma. De lado ou deitada. Nesta posição, mãe e filho ficam deitados, um de frente para o outro, a boca da criança alinhada com a mama da mãe. Provavelmente, você vai usar um braço para apoiar a sua cabeça e o outro para ajeitar o bebê (ou a mama). Muitas mulheres preferem oferecer a mama que fica mais próxima da cama (isto é, deitadas sobre o lado direito, oferecem a mama direita), mas não

16 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês há regras rígidas. Se você se recupera de uma cesariana, ou se está cansada e não quer ficar sentada, pode ser uma oportunidade de amamentar com menos esforço principalmente depois que pegar o jeito. Espaço para respirar Qualquer que seja a sua posição preferida para amamentar, algumas regras servem para todas as posições. Após ter acomodado o bebê, deixe-o mover a cabeça à vontade, ao mamar, em vez de segurá-lo firmemente. A cabeça dele precisa de apoio, mas você deve relaxar um pouco o braço (e você mesma) quando ele pegar o peito e começar a mamar, permitindo que ele se ajeite. Você também deve verificar se o bebê tem espaço para respirar; ao menos uma narina deve estar visível e não completamente coberta por sua mama.

17 Voltando para casa_01:layout :39 Page 17 Amamentação 17 O QUE TEM PARA O JANTAR? Provavelmente suas mamas vão começar a produzir colostro mesmo antes de o bebê nascer às vezes, no segundo trimestre da gravidez. O colostro dá ao recém-nascido o que ele precisa nos primeiros dias de vida. No final da primeira semana, se não antes, o corpo da mãe deve começar a produzir mais leite, menos amarelo e mais aguado, o chamado leite de transição. Este leite certamente vai satisfazer a fome do recém- -nascido, ajudando-o a estabelecer um padrão de alimentação mais previsível. Depende de você a abordagem desse período de espera, mas sugerimos que o veja de maneira positiva, considerando que, quando produzirem colostro, suas mamas estarão meio cheias, e não meio vazias. A pega do peito Qualquer mulher que já tenha amamentado pode dizer que há uma grande diferença entre fazer o bebê aprender a pegar o peito e fazê-lo aprender a pegar o peito da forma correta. Para as mães que

18 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês amamentam, pode ser a diferença entre navegar em águas tranquilas e em águas revoltas. As dificuldades incluem mamilos feridos, rachados ou com bolhas. Para os bebês, pode ser a diferença entre conseguir leite e o equivalente a sugar a ponta fechada de um canudo. Para mamar de maneira eficaz, os bebês precisam usar a língua para sorver o leite. Para isso, a língua deve ser posicionada sob a mama, de maneira que ele possa colocar na boca o mamilo e a área escura que fica em volta (a aréola) quando sugar. Se o bebê começar a mamar apenas contraindo os lábios ao redor do mamilo e sugando, você logo vai se dar conta de dois fatos importantes: quanto mais força ele fizer para sugar, menos leite sairá e, provavelmente, em consequência seus mamilos sofrerão rachaduras. Ajuda Com alguma sorte, haverá pelo menos uma enfermeira ou outro profissional da saúde presente na sala de parto ou disponível na maternidade, preparado para ajudar as mães a fazerem os bebês pegar o peito de maneira correta. Se não houver, você pode facilitar a situação. Despertando interesse. Com delicadeza, esprema algumas gotas do seu leite no mamilo e à volta dele; isso pode fazer o bebê ir em direção ao alvo. O sucesso do carinho. Se o bebê ainda não parece interessado em abrir a boca, faça-lhe uma leve carícia na bochecha até a lateral da boca, para estimular o chamado reflexo de sucção, que vai fazê-lo abrir a boca e procurar o mamilo. Abrindo a boca. Se ele não abre a boca o suficiente, ajude-o, empurrando-lhe levemente o queixo para baixo. Se não der certo na primeira vez. Se ele não fizer certo da primeira vez, não creia que qualquer pegada é melhor do que nenhuma. Se parece que a boca do bebê não abriu o suficiente para a posição ideal de pegar o peito, se parece que ele está apenas com o mamilo na boca, ou se você continua a sentir dor quando ele suga, não hesite em afastá-lo e encorajá-lo a tentar mais uma vez.

19 Voltando para casa_01:layout :39 Page 19 Amamentação 19 TOMANDO GOSTO Os recém-nascidos têm um instinto impressionante e inato para mamar. Foi demonstrado que têm a incrível capacidade de se mover da barriga à mama da mãe, em busca de alimento, poucos minutos depois de nascer. Sendo este livro focado na prática, entretanto, não fique sentada esperando que o bebê vá até sua mama antes de oferecer-lhe a oportunidade de ser amamentado. Fazendo a coisa certa É fácil dizer para afastar o bebê da mama e fazê-lo tentar novamente até que acerte; difícil é fazer. Na falta de uma analogia melhor, muitos recém-nascidos são como sanguessugas quando se trata de pegar o peito. Quando conseguem, não largam mais. Assim, tentar afastar o bebê pode parecer um mau conselho e é potencialmente doloroso, mas existe uma solução (que não envolve o uso de sal ou de fósforos, em geral recomendados para soltar sanguessugas). Com delicadeza, ponha um dedo na boca do bebê para separar mama e lábios. Feito isso, vai ser muito mais rápido e fácil, além de menos doloroso, afastá-lo para recomeçar. Você pode usar essa técnica sempre que precisar interromper ou terminar a mamada. É verdade que a maioria dos recém-nascidos não gosta de ser apartada da mama no meio ou até mesmo no início da refeição, mas isso pode ser uma vantagem para você. Se ele começar a chorar, reclamando, é garantido que vai abrir mais a boca, com maior possibilidade de pegar o peito da maneira correta na tentativa seguinte. Sensibilidade nos mamilos Nos primeiros dias e semanas de amamentação, certo grau de sensibilidade nos mamilos é normal, pois eles estão se acostumando à sucção e à estimulação repetidas. Como saber a diferença entre o desconforto associado a um novo fato em sua vida e a dor e a sensibilidade causadas porque o bebê não pega o peito de maneira correta?

20 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês Além de prestar atenção ao modo como ele pega o peito, tente também ver se a sensibilidade diminui quando a criança começa a sugar de forma ritmada. Uma leve irritação ou desconforto que acontece apenas no início de cada mamada em geral está associada à novidade de amamentar. À medida que você e seus mamilos ficam mais fortes com a passagem dos dias e das semanas, você vai descobrir que esse tipo de sensibilidade logo acaba (ainda bem!). Por outro lado, se a dor dos mamilos persistir ou piorar com as mamadas, talvez isso seja sinal de que o recém-nascido não pegou o peito de maneira correta, provocando rachaduras e bolhas nos mamilos só de pensar nisso, qualquer mulher fica aflita (principalmente as que amamentam). Cuidados com os mamilos Com a intenção de sermos honestas e prepararmos você para o que pode acontecer mais à frente, a má notícia é que os mamilos podem apresentar rachaduras ou bolhas depois de uma única mamada. Mas a boa notícia é que vão ficar bons. Com cuidado, paciência e uma atenção extra, melhoram em poucos dias. Como nenhum prazo parece rápido bastante para quem sofre com o problema pela primeira vez, seguem-se algumas sugestões para você tentar se estiver com os mamilos machucados, ressecados, rachados ou com bolhas. Mantenha-se firme. Amamentar não é só sofrimento. Como diz o ditado: Tudo passa. Avaliação da pega. Antes de qualquer coisa, ajeite a pega do bebê. Às vezes, em vez de colocá-lo direto junto ao mamilo, tente uma pega assimétrica, com a boca do bebê centrada na parte inferior da aréola. O menor de dois males. Ofereça a mama menos machucada em primeiro lugar, porque os recém-nascidos tendem a sugar com mais força no início da mamada. Cremes. Considere o uso de cremes não tóxicos, como lanolina (disponível na maioria das lojas de produtos para bebês), depois de amamentar, ou coloque algumas gotas do seu leite sobre as mamas, deixando-os descobertos por um tempo.

21 Voltando para casa_01:layout :39 Page 21 Amamentação 21 Procure ajuda. Se a dor não diminuir, apesar de seus esforços, ou se você tiver dúvidas, procure logo em um dia, no máximo a ajuda de um profissional que dê conselhos sobre aleitamento. Existem opções. Vale a pena lembrar que existem muitas opções, técnicas e truques à disposição das mães que estão machucadas, frustradas e cujas mamas parecem não colaborar. Entre elas, bombas para extrair o leite, protetores de mamilos e sistemas suplementares de nutrição. ARDÊNCIA NOS MAMILOS Se você ficar com os mamilos irritados, com uma sensação de comichão ou ardor, pode estar sofrendo de uma infecção por levedura ou cândida. Pode acontecer em áreas úmidas, seja a boca do bebê (ver Ataque de sapinho, na página 244), o bumbum (ver Dermatite da fralda, na página 133) ou seus mamilos. As chances de infecção diminuem se você deixar que os mamilos sequem ao ar livre antes de recolocá-los no sutiã ou sob protetores de mamas. No caso de infecção por levedura, consulte o médico. Às vezes basta uma medicação a ser aplicada nos seus mamilos e na boca do bebê para tudo ficar bem e seus mamilos logo se recuperarem. Cólicas uterinas Talvez você tenha ouvido outras mães contarem histórias sobre mamas e mamilos machucados, mas elas podem ter se esquecido de mencionar que a mulher pode sentir cólicas uterinas nos primeiros dias de aleitamento. Neste ponto do capítulo, você deve estar se perguntando se o desconforto jamais acabará, mas saiba que ao amamentar não se deve sentir dor. O fato é que, ao oferecer o peito, você vai sentir cólicas (descritas por algumas mães como uma contração) porque o sinal bioquímico que causa as contrações é o mesmo que faz o leite ser liberado. A cólica não é exatamente prazerosa, mas uma opção é encará-la de maneira diferente, considerando-a um bom sinal de que o bebê está pegando o peito de maneira correta e enviando ao

22 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês corpo da mãe os sinais adequados. De fato, essa resposta dupla também tem o importante papel de ajudar seu corpo a se recuperar de maneira mais rápida da gravidez e do parto diminuindo a probabilidade de sangramento uterino e encurtando o tempo necessário para o útero voltar ao tamanho normal. Seguindo a maré Uma simples questão de oferta e demanda Resolvida a questão da pega do peito, muitas mães se preocupam em saber se a alimentação é suficiente para a criança. Se quiser saber a verdade, a resposta pode ser não. Vamos esclarecer. Sim, seu bebê vai receber alimento suficiente até que sua produção de leite chegue à plenitude. Porém, o que ele está recebendo é uma substância leitosa e amarelada chamada colostro, rico em proteínas, mas pobre em gorduras, açúcar e calorias, sendo de pouco volume. O fato de o corpo da mãe produzir colostro faz todo o sentido. A natureza faz isso para que os recém-nascidos obtenham apenas os nutrientes necessários para os primeiros dias, mas, ao mesmo tempo, eles ficam com fome logo depois de comer. Por isso, querem mamar com mais frequência, assegurando-se, assim, de que a produção do leite materno, em resposta, vai aumentar. Durante os primeiros dias de aleitamento e ao longo do período em que você amamentar, quanto mais o bebê mama, mais o corpo da mãe sente o aumento da demanda, respondendo com maior produção de leite e fazendo crescer a oferta. UMA QUESTÃO DE TAMANHO Talvez você fique aliviada em saber que a produção de leite não é proporcional ao tamanho das mamas. É certo que o busto sempre aumenta durante a gravidez, em preparação para o aleitamento. Mas fique sossegada, porque, no que diz respeito ao sucesso da amamentação, mulheres que usam sutiã 40 ficam em pé de igualdade com as que usam sutiã 48.

23 Voltando para casa_01:layout :39 Page 23 Amamentação 23 O ponto crítico: como saber que o leite está descendo? Talvez você ache que a descida do leite é uma coisa difícil de explicar, que só se pode descrever ao passar pela experiência, mas é quase certo que, quando suas mamas receberem a mensagem e responderem com maior volume de leite, a mudança logo será percebida. Não temos uma forma melhor para descrever a não ser contando o que meu marido (o de Laura) disse quando meu leite desceu. Ele falou: Uau! Você não tinha essas mamas quando nos casamos. É comum, portanto, que a descida do leite cause uma mudança nada sutil no tamanho das mamas. Para algumas mães, o colostro passa a leite de transição em poucas horas. Para outras, em um dia ou dois. Em qualquer um dos casos, a maioria das mulheres sente um aumento no tamanho das mamas e um sentimento de completude. As mães, às vezes, podem se enganar pensando estar produzindo leite suficiente antes que as mamas sejam capazes de fazê-lo. Se as suas mamas não aumentaram significativamente, ou se você tem dúvida se o leite já desceu e se o bebê está se alimentando suficientemente bem sobretudo nos primeiros dias e semanas, fale com o pediatra sem demora. Produção progressiva A mudança do colostro para o leite de transição e depois para o leite maduro dá a você e ao pediatra a certeza de que tudo está bem. Entretanto, a transição nem sempre é tão clara, já que algumas mulheres percebem pouca mudança nas mamas quando a produção do leite aumenta. Por isso é importante ter outras dicas para ajudá-la a saber se tudo está correndo bem. Entre elas: Seu leite é branco e não amarelo e parece mais ralo ou mais claro. O bebê suga com mais vigor e faz barulho quando mama. O bebê começa a fazer cocô e xixi com muito mais frequência (ver O que entra tem de sair, na página 61). O bebê não está mais perdendo peso nem mantendo o mesmo peso. Ele começa claramente a engordar (ver Ganho de peso, na página 31).

24 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês O MOMENTO ESPERADO Quem amamenta percebe um claro aumento na produção de leite diz-se que o leite desceu em geral entre dois e cinco dias após o parto. A quantidade de líquido que a mãe ingere, a capacidade de o bebê pegar o peito corretamente e o número de vezes que a mãe amamenta nos primeiros dias, além de outros fatores, poderão desempenhar importante papel na descida do leite. Se o seu leite não desceu em quatro ou cinco dias (ou você não tem certeza se isso aconteceu), se o bebê está dormindo mais e mamando menos, é necessário pedir ajuda ao pediatra. Depois de avaliar a situação, o médico poderá orientá-la para resolver o problema ou tranquilizá-la, assegurando que está tudo bem. A comichão do leite Embora a sensação típica que acompanha a descida do leite não seja a mesma para todas as mães (às vezes nem ocorre), a maioria experimenta algo descrito como uma comichão, um formigamento ou mesmo uma sensação de choque nas mamas. Essas sensações no início da amamentação podem significar, mas não necessariamente, que o leite começou a descer. Além disso, você vai descobrir (se é que ainda não descobriu) que há diversos outros fatores que fazem o leite descer, além de apenas o bebê sugar: o choro de um bebê (o seu ou outro), uma bomba para extrair leite, o estímulo do mamilo, excitação sexual ou uma chuveirada quente. Às vezes, o leite desce espontaneamente, sem nenhum tipo de estímulo específico. Aliviando o desconforto da inturgescência das mamas Para algumas mães, estar cheia de leite será apenas uma forma eufemística de descrever a inturgescência das mamas, palavra familiar para muitas mulheres que começam a amamentar. As mamas estarão cheias até o ponto máximo, causando dor e congestão. Sim, o corpo da mãe vai passar por um processo de ajuste nos primeiros dias

25 Voltando para casa_01:layout :39 Page 25 Amamentação 25 e semanas do aleitamento para aprender a controlar a produção de leite e poupá-la do desconforto do excesso de distensão. Até a produção de leite satisfazer às necessidades do bebê suas mamas produzindo o que ele precisa, quando precisa, sem vazar, você poderá sentir desconforto. Mas, felizmente, os problemas da inturgescência podem ser aliviados. Uma das maneiras é usar um sutiã que dê apoio às mamas (uma espécie de freio para diminuir a produção de leite). A outra é extrair um pouco de leite, quando necessário, e aliviar a dor. Mas evite extrair muito leite. Pense no conceito de oferta e demanda mencionado; você verá que existe uma linha tênue entre esvaziar as mamas um pouco para aliviar a dor e espremer uma quantidade de leite que envie ao seu corpo a mensagem não desejada de que produza ainda mais. Além da extração de uma pequena quantidade de leite, usar compressas quentes e alimentar o bebê com mais frequência podem aliviar os sintomas da inturgescência. MASTITE Se você está amamentando, tenha cuidado com a mastite, causada por bactérias que infectam os dutos de leite. As mamas ficam doloridas, vermelhas e inchadas. Talvez você não perceba logo que está com uma infecção, pois a dor, a vermelhidão e o inchaço podem aparecer só um dia ou dois após o surgimento de dores pelo corpo, enjoo e/ou febre. Se ficar atenta, você poderá detectar esses sintomas logo no princípio e consultar seu médico, que prescreverá antibióticos para combater a mastite. Não vale a pena chorar sobre o leite derramado Tendo passado pela experiência, admitimos que ocorre vazamento de leite com frequência durante o processo de adaptação do corpo à amamentação. Embora não passe de um pequeno desconforto para

26 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês algumas mães, para outras isso pode representar fonte de frustração e de grande constrangimento. Não se sabe ao certo por que o corpo de algumas mulheres parece ter um bom controle da produção do leite as mamas vazam apenas pequenas quantidades e somente alguns dias após a descida do leite, sem maiores problemas. As mamas de algumas mulheres, no entanto, vazam com frequência durante semanas (ou meses). Queremos oferecer a você conselhos e algumas palavras de incentivo que, esperamos, vão ajudá-la a lidar com esses vazamentos de leite com tranquilidade. O poder da perspectiva. Você pode ouvir falar de mulheres cujas mamas vazaram durante todo o tempo da amamentação. Em termos estatísticos, no entanto, as chances de recuperação são muito boas. Qualquer vazamento do início pode diminuir ou acabar ao longo do tempo. Além disso, só porque o leite vaza com o primeiro bebê não significa que o mesmo vai acontecer com outros filhos. Talvez não sirva de grande consolo, mas, ao menos, há luz no fim do próximo túnel! Discos protetores de mamilo. São uma invenção de grande utilidade. Não hesite em usar os discos descartáveis feitos de finas camadas de algodão se suas mamas vazam pouco; se não forem satisfatórios, passe direto para o tipo lavável não descartável (em geral são mais absorventes). Algumas mães colocam um pano, uma fralda de pano ou uma toalha na mama para manter a situação sob controle durante o sono ou em casa. Pressão nas mamas. Se suas mamas começarem a vazar (ou se você tiver a sorte de receber algum tipo de aviso, como um formigamento), pressione-as para diminuir ou extinguir o fluxo. Em lugares públicos, você pode sutilmente cruzar os braços sobre o peito e apertar com firmeza. Use sutiã. Usar um sutiã adequado durante o tempo de amamentação, além de diminuir as chances de você ficar com mamas caídas depois desse período, evita a inturgescência das mamas e o

27 Voltando para casa_01:layout :39 Page 27 Amamentação 27 vazamento. Embora não se fale muito sobre o assunto, saiba que muitas mães (especialmente as que tendem a ter inturgescência e vazamento) têm o hábito de usar sutiã dia e noite para evitar esses problemas. Se o sutiã servir... Como regra geral mesmo antes da gravidez e da amamentação, acreditamos que investir em um sutiã confortável e de boa qualidade vale o dinheiro empregado. Você já sabe que a gravidez e o aleitamento são responsáveis pelo aumento do busto. Isso varia de mulher para mulher, mas é provável que os sutiãs que você usava antes da gravidez não sejam muito úteis por algum tempo. Tendo isso em mente e diante da tarefa de comprar novos sutiãs, sugerimos: Pense em conforto e conveniência. Antes de tudo, procure estas duas qualidades em um sutiã. Afinal, no início você vai amamentar até doze vezes por dia e vai usar sutiã dia e noite! Vai lidar o tempo todo com as mamas, e a última coisa de que precisa é outra fonte de desconforto ou irritação. O aumento das mamas. Lembre-se de que as mamas vão aumentar até que o leite seja produzido. Você pode até investir em sutiãs maiores durante a gravidez, mas não pense que serão os últimos que vai comprar. Avalie a facilidade de uso. Os sutiãs para amamentação, hoje em dia, têm conveniências modernas, como abas que podem ser abertas em cada bojo, permitindo um acesso mais fácil e discreto. Experimente alguns para ver se são confortáveis, se vestem bem e se suas abas são fáceis de abrir e fechar. Compre o que der certo. Os sutiãs comuns são outra opção. Para algumas mulheres, usar um sutiã comum, abaixar as alças (e o bojo) ou usar um sutiã de abertura frontal é tão fácil quanto usar um sutiã próprio para amamentação, sem falar que é mais barato e, em alguns casos, mais confortável.

28 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês Quanto é suficiente? Quanto é demais? As mães que fazem uso da mamadeira podem consultar as marcas nas laterais para saber quanto a criança mamou. No caso do aleitamento, porém, é comum as mães se preocuparem se a quantidade de leite ingerida pela criança é suficiente. Para falar dessa ansiedade, compreensível mas muitas vezes desnecessária, é útil fazer uma distinção entre os dias antes da descida do leite e o período posterior a esse momento decisivo. Como já falamos, o período entre dois e cinco dias antes da descida do leite será uma experiência diferente para você e para o bebê daquilo que vai acontecer quando o leite realmente descer. Se amamentar o maior número de vezes possível durante os primeiros dias, sem deixar os mamilos excessivamente irritados ou doloridos, você poderá evitar que a criança fique desidratada antes que seu corpo alcance a produção total de leite. Em termos práticos, amamente com mais frequência durante o dia (ao menos a cada duas ou três horas, ou mais vezes se o bebê quiser e puder), diminuindo um pouco à noite (programe o despertador com intervalos de quatro a cinco horas, no máximo, se o bebê dormir tudo isso). Se o bebê ficar com a pele amarelada, ou seja, se tiver icterícia (ver Tudo amarelo: icterícia, na página 273), ou se você suspeitar que ele está desidratando (moleira muito baixa), com certeza deve levá-lo ao médico, com quem poderá discutir recomendações e expectativas a respeito da alimentação. Definindo uma rotina Quando o leite tiver descido, prepare-se para uma nova fase da amamentação, mais parecida com a imagem que as mães têm a que inclui mamadas frequentes, acompanhadas de muitas fraldas molhadas e de cocô mole ou líquido (ver mais a respeito em O que entra tem de sair, na página 61). Mas não espere que você e o bebê estabeleçam uma rotina definida, com um horário certo para as mamadas. Mesmo depois da primeira ou da segunda semana, haverá dias em que ele vai querer mamar a cada uma ou duas horas um padrão que frequentemente sinaliza um estirão de crescimento (ver Es tirões de crescimento, na página 55). Em outros momentos, tal-

29 Voltando para casa_01:layout :39 Page 29 Amamentação 29 vez o bebê durma por quatro horas ou mais e não mostre sinal de que vai acordar para comer. Essas considerações mostram como podem ser irreais os padrões rígidos de alimentação às vezes descritos em alguns livros para mães. Por outro lado, não é errado tentar estabelecer um horário razoavelmente previsível para amamentar, exceto se você tentar obrigar o bebê a acatá-lo desde o primeiro dia. No geral, é razoável que você amamente pelos menos a cada duas ou três horas como base, com o objetivo de fazer um intervalo maior, de quatro horas ou mais (de preferência à noite), dentro de algumas semanas. Lembre-se de que esse é um processo que vai se estender por diversas semanas, possivelmente por meses. Amamentação em lugares públicos Muitas mães se sentem à vontade para amamentar num banco do shopping, no avião ou na casa de uma amiga como se estivessem na própria casa; porém não há nada de errado ou de puritano no fato de você não se sentir disposta a amamentar em público agora ou em qualquer outro momento. O importante é que você se sinta confortável em qualquer uma dessas situações. Há, com certeza, uma sensação de liberdade quando se aprendem alguns truques que permitem amamentar discretamente em lugares públicos (vamos partilhá-los com você neste livro). A não ser que você esteja pronta, não se preocupe em dominá-los agora. Para muitas mães, essa é uma das muitas diferenças entre o primeiro filho e os seguintes. AMAMENTAÇÃO RADICAL Em nome da precaução, vale a pena falar de mulheres que querem amamentar a qualquer custo como a que apareceu nos noticiários dos Estados Unidos em 2003 por amamentar o filho de sete meses enquanto dirigia a quase 100 km numa estrada em Ohio. Esperamos que o bom-senso prevaleça e que você não decida agir de maneira tão arriscada em prol da boa nutrição!

30 Voltando para casa_01:layout :39 Page Na boca dos bebês Amamentação e números Aqui estão algumas definições úteis e regras gerais para serem usadas ao estabelecer a rotina de amamentação: Intervalos. Se você ainda não começou o aleitamento, talvez seja difícil imaginar que os intervalos entre as mamadas possam ser uma fonte de confusão. O problema é como determinar o momento a ser usado como base para calcular os intervalos o início de uma mamada ou o momento em que o bebê termina a refeição. Quanto mais lentamente o bebê mamar há crianças que levam mais de uma hora para completar uma mamada, mais esse assunto ganha importância. O padrão é considerar o tempo entre o início da primeira mamada e o início da mamada seguinte. Isso pode significar começar a mamada seguinte uma ou duas horas depois de terminar a anterior. O que isso significa na vida real? Se quer ter certeza de que seu bebê se alimente pelo menos a cada duas ou três horas e ele começa a mamar às 10 da manhã, precisa ser despertado diversas vezes durante a mamada, exige trocar a fralda às 10h30 e você precisa fazer diversas tentativas para ele pegar a segunda mama antes de terminar por volta das 11 horas, você poderá ter de se sentar para outra mamada ao meio-dia ou à uma da tarde. Algumas mães nos confessaram que esse esquema parece uma prisão perpétua, mas tenha certeza de que não vai durar mais que algumas semanas. Frequência. O mais recomendado é alimentar o bebê a cada duas ou três horas, o que significa uma média de oito a doze mamadas num período de 24 horas. É importante dividir as mamadas ao longo do dia para ter certeza de que a criança está recebendo alimentação suficiente para ganhar peso e não desidratar. Bebês que ainda esperam o leite da mãe descer ou que são lentos para pegar ou sugar a mama, mesmo depois que o leite é abundante, podem acabar tendo menos energia, estando mais interessados em dormir. Quando começam a fazer intervalos maiores entre as

31 Voltando para casa_01:layout :39 Page 31 Amamentação 31 mamadas especialmente quando ainda não aprenderam a mamar direito e não voltaram ao peso do nascimento, correm o risco de mamar cada vez menos, tornando-se mais cansados, caindo assim num círculo vicioso. É preciso estar alerta e evitar essa situação; é por isso que você está amamentando dia e noite. Ganho de peso. Você vai descobrir que as pessoas falam muito sobre o ganho de peso dos bebês nos primeiros dias ou semanas após o nascimento. É porque assim se pode medir e determinar, de forma objetiva, se estão recebendo quantidade suficiente de alimento. É normal os recém-nascidos perderem 10% do peso do nascimento até a primeira ou segunda semana (a maior parte em forma de água). Uma regra geral é que recuperem essa percentagem com duas semanas de vida. Com isso, se o bebê for para a consulta de rotina das duas semanas com peso maior que o do nascimento, saiba que a amamentação está indo bem. Por outro lado, se você está preocupada porque acha que ele manteve o peso 10% mais baixo ou continua a perder peso, não espere a consulta das duas semanas e procure o médico. Em nada afeta você ou seu sucesso como mãe ligar para o pediatra diversas vezes na primeira semana. Afinal, esse é o trabalho dos pediatras! PULANDO REFEIÇÕES A sabedoria popular diz que não se devem pular refeições. Quando o recém-nascido decide pular duas ou mais refeições seguidas, seja por desinteresse, letargia ou dificuldades de se alimentar, consulte o pediatra para investigar a causa. Uma mama ou ambas Discute-se muito se é melhor oferecer ao bebê uma mama ou ambas, mas não há, na verdade, uma resposta unânime. Alguns especialistas recomendam que se dê uma mama, permitindo que a criança a