PROJETO DE CRIAÇÃO DE UM SERVIÇO EDUCATIVO NOS MUSEUS DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

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1 UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROJETO DE CRIAÇÃO DE UM SERVIÇO EDUCATIVO NOS MUSEUS DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Natália de Jesus Sousa Rocha MESTRADO EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Área de especialidade em Desenvolvimento Social e Cultural Trabalho de Projeto Orientado pela Profª Doutora Ana Paula Caetano 2017

2 AGRADECIMENTOS Exercendo funções como Técnica Superior na Direção Académica do Instituto Superior Técnico (IST), da Universidade de Lisboa, propus ao Sr. Presidente, Professor Doutor Arlindo Oliveira, desenvolver um projeto educativo em torno dos museus do IST. Dirijo-lhe as minhas primeiras palavras de agradecimento pois desde o início mostrou interesse e abertura para desenvolver este projeto no IST. Em segundo lugar um agradecimento muito especial, pelo seu apoio, pela sua dedicação e encorajamento, à minha orientadora Professora Doutora Ana Paula Caetano por ter sido grande aliada na construção e realização deste projeto. O seu conhecimento, orientações, disponibilidade e amizade foram constantes durante este percurso. Perante a dimensão e a responsabilidade do projeto que tinha em mãos, as suas palavras de incentivo foram importantíssimas na superação de determinados obstáculos e foram fundamentais para organizar o trabalho e dar corpo às ideias que iam emergindo. Um agradecimento muito profundo aos Diretores dos Museus do IST, à Diretora do Museu de DECivil Professora Doutora Zita Sampaio e ao Diretor dos Museus de Geociências Professor Doutor Manuel Francisco Pereira, cujos seus contributos foram valiosos e proporcionaram os meios e condições necessários para a concretização do projeto. Agradeço à Doutora Marta Lourenço, Sub-Diretora do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), pelo incentivo ao tomar conhecimento deste projeto e o interesse demonstrado no decorrer de todo o processo. À Dra. Susana Medina do Museu da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, à Dra. Raquel Barata, responsável pelo Serviço Educativo de Educação e Animação Cultural do MUHNAC e ao Dr. José Cid Gomes do Museu da Ciência da Universidade Coimbra, pela forma como me receberam e pelo contributo que as informações e entrevistas concedidas tiveram para a realização deste trabalho. Registo a minha gratidão para com as minhas professoras do Mestrado Carmen Cavaco, Carolina Carvalho, Isabel Freire e Maria João Mogarro, todas conhecedoras e especialistas nas suas áreas, pela partilha e desafios propostos nas aulas. Um agradecimento a todas as pessoas do Instituto Superior Técnico que apoiaram este projeto. Deixo um agradecimento especial à colega do Museu DECivil 2

3 Maria José Silva que sempre demonstrou a máxima disponibilidade, procurando auxiliar nas necessidades que este projeto exigiu. Agradeço ainda aos meus colegas de Mestrado pela partilha de conhecimento e apoio durante este meu percurso académico. À minha mãe que me apoiou com as suas palavras de amor, dando-me coragem. A minha família e amigos merecem um agradecimento especial, não só pelo tempo da minha atenção que este projeto lhes negou, mas também pela compreensão e tolerância demonstrada ao longo desse processo. Foram um pilar muito importante nesta fase, pelo apoio, carinho e força que me deram. A Deus, por estar comigo, e ter-me dado sabedoria e força numa etapa marcante da minha vida entre acontecimentos pessoais e profissionais. A todos um muito OBRIGADA! 3

4 RESUMO O presente trabalho pretende ser uma proposta para implementação do serviço educativo nos Museus do IST. A pertinência de um serviço educativo nas instituições museológicas é hoje em dia um facto incontestável. Para construirmos o nosso projeto foi preciso fazer um enquadramento teórico que nos permitiu chegar ao conhecimento de algumas teorias e práticas comuns sobre a educação museal. Constatamos que no século XX os museus começaram a fazer parte do elenco das instituições educadoras. O próprio conceito de museu mudou ao longo dos anos, tendo sido introduzida a função de educação na definição da instituição. O trabalho educativo dos museus tem sofrido mudanças ao longo dos tempos, adaptandose às transformações sociais, políticas, culturais e económicas das sociedades onde se inserem. Esta evolução tem sido influenciada pelos progressos registados no domínio da psicologia, educação, sociologia e museologia. A partir dessas diferentes perspetivas os museus assimilam a educação e aplicam no seu trabalho educativo e no contacto diário com os seus visitantes. Assim, essas instituições têm criado programas educacionais e atividades que procuram melhorar a aprendizagem no espaço do museu. Tendo sempre presente a preservação e divulgação do património cultural. Percebemos também que apesar de atualmente se registar um interesse crescente nas funções educativas, os museus são também lugares onde se produzem diferentes dinâmicas sociais que contribuem para construir sociedades mais reflexivas e inclusivas. A ligação entre museus e educação das ciências é extremamente benéfica para o desenvolvimento de práticas educativas utilizadas pelos serviços educativos das instituições. Os museus do IST são instituições ligadas à ciência e à cultura, podem por isso ser aproveitados para a educação das ciências. Nesse sentido, apresentamos uma proposta para um serviço educativo a funcionar nestes espaços. Este projeto realça ainda a necessidade da preservação do património universitário e científico dos Museus do IST. Palavras-chave: Educação em Museus, Serviço Educativo, Público, Divulgação Científica, Aprendizagens formais e não formais em ciências, Função Social. 4

5 ABSTRACT The present project intends to be a proposal for the implementation of the educational service in the IST Museums. The relevance of an educational service in museological institutions is unquestionable at the present time. In order to delineate the Project it was necessary to make a theoretics that allowed us to get knowledge of some common theories and practices about museum education. We find that in the twentieth century museums began to be part of educational institutions. The concept of museum itself has changed over the years, and the role of education has been introduced in the definition of the institution. The educational work of museums keeps change over time, adapting to the social, political, cultural and economic transformations of the societies in which they are inserted. This evolution has been influenced by progress in psychology, education, sociology and museology. From these different perspectives museums assimilate education and apply in their educational work and daily contact with their visitors. These institutions have created educational programs and activities that seek to improve learning in the museum space, keeping in mind the preservation and dissemination of cultural heritage. We are also awared that, although there is a growing interest in educational functions, museums are also places where different social dynamics are produced that contribute to building more reflective and inclusive societies. The relation between museums and science education is extremely beneficial for the development of educational practices used by the institutions educational services. The IST museums are institutions linked to science and culture and can therefore be used for the education of the sciences. In this sense, we present a proposal for an educational service to function in these spaces. This Project also highlights the need to preserve the university and scientific heritage of the IST Museums. Key-words: Education in Museums, Educational Service, Public, Scientific Divulgation, Formal and Non-formal Learning in Sciences, Social Function. 5

6 ÍNDICE INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO Breve perspetiva histórica do conceito de museu Evolução da Nova Museologia Educação nos museus Conceito de Educação Papel educativo dos museus Relação Escola-Museu Serviços Educativos em Portugal O Educador e a Mediação nos Museus Museus e Público Museus das Universidades Portuguesas O papel dos museus e universidades na promoção e divulgação da cultura científica Os museus de ciência como os espaços de educação não-formal CAPÍTULO II CONTEXTUALIZAÇÃO Caraterização do IST Museus do IST Museu de Engenharia Civil (Museu DECivil) Museus de Geociências CAPÍTULO III - METODOLOGIA Pesquisa bibliográfica Recolha de dados Tratamento de dados CAPÍTULO IV - CONCEÇÃO DO PROJETO Origem Diagnóstico Justificação do Projeto Projeto serviço educativo nos Museus do Instituto Superior Técnico Objetivos do Projeto Estratégia Educativa do Projeto Enquadramento legal Recursos humanos Recursos Financeiros Ligação com a sociedade - Parcerias Património

7 4.8 Destinatários /Públicos-alvo Comunicação e Divulgação Atividades educativas, sociais e culturais Tipologia de Programação do Projeto Avaliação CAPÍTULO V CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclusão Considerações finais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS Anexo 1 - MOOC en Educación y Museos Anexo 2 - Guião de entrevista aos Diretores dos Museus do IST Anexo 3 - Guião de entrevista aos serviços educativos museus universitários Anexo 4 - Lista das reuniões, atividades e eventos Anexo 5 - Transcrição da entrevista à Diretora Museu DECivil Anexo 6 - Transcrição da entrevista ao Diretor Museu Geociências Anexo 7 - Transcrição da entrevista Coordenadora SE do MNHNAC Anexo 8 - Transcrição da entrevista à responsável do FEUP Museu Anexo 9 - Análise de Conteúdo da Entrevista à Diretora do Museu DECivil Anexo 10 - Análise de Conteúdo da Entrevista ao Diretor dos Museus de Geociências Anexo 11 - Regulamento Interno do Museu de Engenharia Civil Anexo 12 - Regulamento Interno dos Museus de Geociências Anexo 13 - Folheto Peça do mês Anexo 14 - Desdobrável Peça do mês Anexo 15 A - Guião da atividade educativa Escolas (vigor) Anexo 15 B - Guião da atividade educativa - Escolas Anexo 15 C - Guião da atividade educativa Escolas (atividade) Anexo 16 - Formulário on-line de inscrição de visita escolas Anexo 17 - Cartaz da sessão do Grupo de Cantares Tradicionais do IST 7

8 Anexo 18 - Inquérito Público Anexo 19 - Grelha registo recolha dados inquérito Anexo 20 - Grelha registo de recusas do inquérito ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Visitantes inseridos em grupos escolares (N.º) de museus por tipologia Tabela 2 - Serviço educativo dos museus em 2014, por tipologia Tabela 3 - Visitantes dos Museus, por tipologia ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Esquema dos diversos níveis de formalização ação educativa Figura 2 - Modelos de relacionamento entre museus e educação Figura 3 - Modelo Experiencial de Falk e Dierking Figura 4 - Modelo Experience Economy de Pine e Gilmore Figura 5 - Perspetiva histórica da criação do IST ( ) Figura 6 - Localização dos museus do IST dentro do campus Alameda Figura 7 - Museus de Geociências e evolução das coleções Figura 8 - Análise SWOT do contexto dos museus do IST Figura 9 - Parcerias externas do serviço educativo dos museus do IST Figura 10 - Segmentos de Público-alvo Figura 11 - Página do serviço educativo na rede social Facebook ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Museus com Serviço educativo por ano ( ) Gráficos 2 e 3 - Dados do estudo Eurobarómetro sobre acesso à cultura e participação cultural 8

9 LISTA DE ACRÓNIMOS APOM Associação Portuguesa de Museologia CCB Centro Cultural de Belém CE Comissão Europeia CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa CTN Campus Tecnológico e Nuclear DECivil Departamento de Engenharia Civil Arquitetura e Georrecursos DMC - Divisão de Museus e Credenciação DMCC - Departamento de Museus, Conservação e Credenciação EGEAC - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação IAVE Instituto de Avaliação Educativa IBRAM Instituto Brasileiro de Museus ICOM International Council of Museums ID & I Investigação Desenvolvimento e Inovação IICL - Instituto Industrial e Comercial de Lisboa IIL - Instituto Industrial de Lisboa ISEG Instituto Superior Economia de Gestão IST Instituto Superior Técnico MAB Museu Alfredo Bensaúde MDT Museu Décio Thadeu MINOM Movimento Internacional para a Nova Museologia MNAA Museu Nacional de Arte Antiga MUHNAC Museu Nacional de História Natural e da Ciência OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ONU Organização da Nações Unidas PE Plano Educativo PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes 9

10 RPM - Rede Portuguesa de Museus UC Universidade de Coimbra UL Universidade de Lisboa UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UP Universidade do Porto 10

11 GLOSSÁRIO Este Glossário tem como objetivo esclarecer os principais conceitos utilizados no trabalho de projeto. Alguns deles estão presentes na legislação, regulamentação e em documentos de políticas públicas. Outros foram de ideias retiradas de trabalhos académicos e em publicações de profissionais do campo da educação museal. Acervo É o conteúdo de uma coleção privada ou pública, podendo ser de caráter bibliográfico, artístico, fotográfico, científico, histórico, documental, é preservado e guardado em museus. Acessibilidade Universal O acesso, a participação, o entendimento e o convívio entre todas as pessoas nos domínios: físico, intelectual, cognitivo, atitudional e financeiro. Ação Educativa Processo e procedimentos que promovam a educação no museu visando a ampliação dos conhecimentos e possibilidades de expressão dos indivíduos, contribuindo para a integração entre museu e sociedade. Coleção Um conjunto de bens culturais e naturais, materiais e imateriais, passados e presentes. Coleção visitável Considera-se coleção visitável o conjunto de bens culturais conservados por uma pessoa singular ou coletiva, pública ou privada, exposto publicamente em instalações especialmente afetas a esse fim, mas que não reúna os meios que permitam o pleno desempenho das restantes funções museológicas que a lei em vigor estabelece para o museu. Comunidade Pode ser entendida como uma unidade dinâmica, onde se destacam os fatores de relacionamento, de delimitação geográfica e de função. As categorias de relações na comunidade referem-se aos vínculos básicos que correspondem aos laços mais resistentes na rede de relações, como a família, o trabalho e a vizinhança. Educação Museal Iniciativas de educação teoricamente referenciadas e desenvolvidas no âmbito de processos museais. Educação Patrimonial - Processo permanente e sistemático de trabalho educativo, que tem como foco a valorização do património cultural com todas as suas manifestações. Espólio Espólio significa património, isto é, todos os bens, direitos e obrigações deixadas por alguém. Exposição O termo exposição significa tanto o resultado da ação de expor, quanto o conjunto daquilo que é exposto e o lugar onde se expõe. A exposição apresenta-se atualmente como uma das principais funções do museu que, segundo a última definição do ICOM, adquire, conserva, estuda, expõe e transmite o património material e imaterial da humanidade. Gestão museológica A gestão museológica, ou administração de museus, é definida, atualmente, como a ação de conduzir as tarefas administrativas do museu ou, de forma 11

12 mais geral, o conjunto de atividades que não estão diretamente ligadas às especificidades do museu (preservação, pesquisa e comunicação). Nesse sentido, a gestão museológica compreende essencialmente as tarefas ligadas aos aspetos financeiros (contabilidade, controlo de gestão, finanças) e jurídicos do museu, à segurança e manutenção da instituição, à organização da equipa de profissionais do museu, ao marketing e também aos processos estratégicos de planeamento gerais das atividades do museu. Mediação - A mediação designa a ação de reconciliar ou colocar em acordo, favorecer a relação de duas ou várias partes através de intervenção, isto é, no quadro museológico, entre o público do museu com as coleções exibidas. As expressões mediação cultural ou mediação científica referem-se a um conjunto variado dispositivos e ações realizadas no contexto museal com a intenção de construir relações entre o que tem sido exposto e os significados que esses objetos e os lugares podem conter. Missão educativa do museu Para compreender a missão educativa do museu é preciso antes identificar qual a missão do museu, já que as duas missões estão intrinsecamente interligadas. A missão educativa deverá compreender que ação educacional é importante para o cumprimento do papel do museu, bem como o desenvolvimento do processo museológico, considerando o acervo institucional um referencial importante para o desenvolvimento das ações educacionais. Museal Sendo considerada como adjetivo ou como substantivo, a palavra apresenta duas aceções: (1) O adjetivo museal serve para qualificar tudo aquilo que é relativo ao museu, fazendo a distinção com outros domínios (por exemplo: o mundo museal para designar o mundo dos museus); (2) Como substantivo, o museal designa o campo de referência no qual se desenvolvem não apenas a criação, a realização e o funcionamento da instituição museu, mas também a reflexão sobre seus fundamentos e questões. Museologia Etimologicamente, a museologia é o estudo do museu e não a sua prática que remete à museografia. Museu O termo museu tanto pode designar a instituição quanto o estabelecimento, ou o lugar geralmente concebido para realizar a organização, a seleção, o estudo e a apresentação de testemunhos materiais e imateriais do Homem e do seu meio. Parceria/Parceiros Pessoas ou entidades com quem podemos trabalhar de modo a melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo museu (museus, instituições culturais, educacionais, patrocinadores, grupos de interesse, voluntários, organizações artísticas, órgãos de comunicação social, público visitante, etc.) para realizar ações de cooperação, visando alcançar objetivos e metas comuns, trocando experiências e conhecimentos, numa base comercial ou não comercial. Património O património é um bem público, que abrange as coleções de museus. Entende-se por património cultural imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e saber-fazer assim como os instrumentos, objetos, artefactos e espaços culturais que lhes são associados que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como fazendo parte de seu património cultural. 12

13 Política Educativa Nos últimos anos, vários museus delinearam políticas educativas. Esta expressão sintetiza, não só, uma abordagem teórica às questões educativas nos museus, bem como as práticas desenvolvidas em torno dessa função educativa, e ainda o modo como esta se relaciona com as outras funções. Uma política educativa abrange áreas como os utilizadores, pesquisa de mercado, necessidades educativas, tipos e qualidade de planeamento, desenvolvimento das exposições, avaliação, marketing, a gestão dos recursos, formação dos funcionários e voluntários, bem como trabalho em parceiras. Projeto Educativo Ação ou conjunto de ações educativas com metodologia, conteúdo, objetivos, justificação e duração definidos, realizados por serviços educativos de museus ou de outras instituições museológicas. Público de museus Conjunto de segmentos socioculturais formados por visitantes potenciais dos museus, frequentadores assíduos, além dos indivíduos que manifestam interesse e curiosidade pelas instituições museais. Aqueles que usam os serviços prestados pelo museu: crianças do ensino básico, estudantes do secundário, universitários, investigadores, artistas, ou qualquer um que se desloque ao museu com o objetivo de usufruir do que o museu tem para oferecer. 13

14 INTRODUÇÃO "Which museums will survive in the 21st century? Museums with charm and museums with chairs." Kenneth Hudson, (cit. Vlachou, 2013 p. 14) No âmbito do Mestrado em Educação e Formação - área de Desenvolvimento Social e Cultural, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, o trabalho final compreende a elaboração de uma dissertação de natureza científica, de um trabalho de projeto ou a realização de um estágio de natureza profissional, para a obtenção do grau de Mestre em Educação e Formação. A minha escolha incidiu no trabalho de projeto, pois, a nível pessoal e profissional, considero que a modalidade de projeto é uma oportunidade de consolidar e pôr em prática os conhecimentos obtidos no decorrer do Mestrado. Tendo como incentivo os trabalhos realizados no primeiro ano, na unidade curricular Educação, Cultura e Serviços Educativos, a escolha do tema de projeto recaiu sobre as temáticas da disciplina. Optei por escolher como instituição o Instituto Superior Técnico tendo em conta a ligação profissional de 24 anos. Desenvolver um projeto útil para a instituição onde trabalho faz-me sentir mais confortável e realizada. O título do projeto é Projeto de criação de um serviço educativo nos museus do Instituto Superior Técnico, cujo tema principal é a educação museal. O objetivo principal deste estudo consiste em criar um serviço educativo museológico, no Instituto Superior Técnico, que promova a divulgação científica, oferecendo programas de caráter educativo, social e cultural, no âmbito da educação formal e não-formal, para os mais variados públicos. Embora nos últimos anos o Instituto Superior Técnico tivesse inovado a oferta educativa não-formal no ensino das ciências (participação na escola de verão da UL, laboratórios abertos, BEST Summer Course, Escola Ciência Viva, entre outros), esta oferta poderá ser melhorada e ampliada, podendo os museus ser grandes impulsionadores. Os museus universitários (como é o caso do museus do IST) têm sido cada vez mais consagrados como espaços fundamentais para o desenvolvimento da educação não-formal das ciências e de ampla divulgação científica e podem dar uma luz 14

15 ao ensino de ciências nos vários níveis de ensino. No entanto, para que isso aconteça é preciso que estes sejam dotados de atividades educativas de diferentes naturezas e estratégias variadas de forma a gerara aprendizagem. Neste sentido, um dos objetivos deste projeto é desenvolver uma estrutura educativa com um projeto pedagógico para os museus do IST, para que os museus se convertam em espaços com utilização continuada e sistemática de ensino-aprendizagem, através da educação não-formal. Um outro desafio do projeto é incrementar e diversificar o público que visita os museus. A oferta de programas, atividades, formações, seminários e workshops a nível do ensino das ciências e tecnologia, atrás referida, no âmbito de uma educação nãoformal, é direcionada preferencialmente para jovens pré-universitários e/ou universitários, porém, todos devem ter a possibilidade de realizar atividades/experiências científicas. Essa oportunidade pode abrir portas e despertar interesse quer nas crianças quer nos adultos para as quatro áreas de desenvolvimento no IST: ciência, engenharia, arquitetura e tecnologia. Este projeto surgiu com a intenção de proporcionar uma maior proximidade dos museus do IST com os vários tipos de públicos. O serviço educativo é uma das melhores formas de trabalhar diretamente com estes públicos. Segundo Honrado, um dos instrumentos que permitiram essa relação de mediação assente numa relação de grande cumplicidade com os públicos foi indubitavelmente a criação do Serviço Educativo. (Honrado, 2007, p.21). O projeto tem o intuito de dinamizar a instituição e de criar condições, com vista a dar um contributo para a estruturação e a criação de um futuro serviço educativo dos museus do IST. De uma ótica profissional, espera-se que este projeto, e com o apoio da instituição, conceda a possibilidade de fazer parte do mesmo, dando continuidade ao trabalho desenvolvido. Numa perspectiva dinâmica, procurar-se-á a melhoria e o aperfeiçoamento constante. De uma forma geral, o desenvolvimento deste trabalho de investigação prende-se com o interesse pessoal em investir nesta área dos serviços educativos dos museus e explorar quais os contributos do acervo e espólio científico do IST para a literacia científica-tecnológica. A estrutura deste trabalho está dividida em seis partes: Na presente introdução, define-se o objeto de estudo e a estrutura. Para alcançar os objetivos propostos foi fundamental proceder ao enquadramento teórico do projeto no contexto museológico, educativo e universitário apresentado no capítulo I. 15

16 O capítulo II é dedicado à contextualização do IST. Dentro deste capítulo é também apresentada a caraterização de cada um dos museus. O terceiro capítulo é constituído pela apresentação da metodologia, onde fundamentamos os métodos de recolha, análise e tratamento de dados que utilizamos para a conceção do projeto. Na quarta parte apresentamos os resultados do estudo, os trabalhos desenvolvidos durante este percurso e que servem como fundamento à proposta de criação de um serviço educativo, também aí apresentada. Por último, na quinta parte, são apresentadas as conclusões e considerações finais que incluem uma apreciação global de todo o trabalho desenvolvido, assim como os desafios e diretrizes para o futuro que podem aflorar com a implementação do serviço educativo. 16

17 CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO Que olhem para os museus e para além dos museus (Santos, 2002, p. 192) Neste capítulo pretende-se clarificar conceitos, princípios, modelos, fundamentos e apresentar trabalhos e estudos com base nos quais este trabalho de projeto foi realizado. É importante realçar que a fundamentação teórica referente à construção deste projeto não cessa neste capítulo, estando presente em todo o texto, com destaque para outras conceções que serão abordadas no capítulo IV reservado ao projeto. Para o desenvolvimento deste trabalho utilizamos bibliografia de alguns dos mais importantes teóricos e especialistas no âmbito da museologia e educação museal, provenientes de diferentes partes do mundo. 1 Breve perspetiva histórica do conceito de museu O museu é o lugar em que sensações, ideias e imagens de pronto irradiadas por objetos e referenciais ali reunidos iluminam valores essenciais para o ser humano. Espaço fascinante onde se descobre e se aprende, nele se amplia o conhecimento e se aprofunda a consciência da identidade, da solidariedade e da partilha. Por meio dos museus, a vida social recupera a dimensão humana que se esvai na pressa da hora. As cidades encontram o espelho que lhes revele a face apagada no turbilhão do quotidiano. E cada pessoa acolhida por um museu acaba por saber mais de si mesma. (IBRAM, 2016, site oficial) 17

18 Como definir o museu? Pela abordagem conceptual, por meio da reflexão teórica e prática, pelo seu funcionamento, pelos seus atores (profissionais, público), ou pelas funções que decorrem de sua ação? (Desvallées & Mairesse, 2013, p. 23). Como podemos verificar através do questionamento destes autores, existem diversas perspetivas possíveis de decomposição do conceito de museu. Vamos começar pela génese. A origem etimológica da palavra museu é proveniente do termo latim museum, que por sua vez deriva do grego mouseion, e que era o lugar das musas, as nove filhas de Mnemosine e Zeus, divindades mitológicas inspiradoras da criação artística ou científica (Antunes, 2015). Como refere Pérez (2009) Este sentido etimológico converte o museu num lugar de inspiração (p. 183). A partir de uma pesquisa sobre o conceito de museu, podemos notar que a definição do ICOM/UNESCO é uma referência na comunidade internacional e que tem evoluído, no sentido de uma maior precisão e abrangência. Segundo no site do ICOM, A definição de museu evoluiu, em consonância com a evolução da sociedade. Desde sua criação em 1946, o ICOM atualiza essa definição de acordo com as realidades da comunidade global de museus. Encontramos uma definição de 1956 do ICOM que nos define museu como: Uma instituição de caráter permanente, administrado para interesse geral, com a finalidade de recolher, conservar, pesquisar e valorizar de diversas maneiras um conjunto de elementos de valor cultural e ambiental: coleções de objetos artísticos, históricos, científicos e técnicos. Numa perspetiva alargada, o conceito abrange ainda jardins botânicos e zoológicos e aquários. Nos Estatutos do ICOM, adotados pela 16ª Assembleia Geral do ICOM (Haia, 1989) e modificados pela 18ª Assembleia Geral do ICOM (Noruega, 1995) a definição de museu passou a ser: O museu é uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que realiza investigações que dizem respeito aos testemunhos materiais do homem e do seu meio ambiente, adquire os mesmos, conserva-os, transmite-os e expõe-nos especialmente com intenções de estudo, de educação e de deleite (ICOM, 2016, site oficial) Na definição aprovada pela 20ª Assembleia Geral, Barcelona, Espanha, decorrida a 6 de julho de 2001 podemos ler: O museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e do seu entorno, para educação e deleite da sociedade (ICOM, 2016, site oficial). 18

19 De acordo com os Estatutos do ICOM, adotados na 21ª Conferência Geral, que se realizou entre os dias 19 e 24 de agosto de 2007 em Viena, Áustria, a definição do conceito museu que se encontra atualmente em vigor é: O museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite (ICOM, 2016, site oficial). De acordo com a legislação portuguesa, a Lei-Quadro dos Museus Portugueses Lei n.º 47/2004, de 19 de agosto estabelece, no artigo 3º a seguinte definição de museu: 1 Museu é uma instituição de carácter permanente, com ou sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos, dotada de uma estrutura organizacional que lhe permite: a) garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e valorizá-los através da investigação, incorporação, inventário, documentação, conservação, interpretação, exposição e divulgação, com objetivos científicos, educativos e lúdicos; b) facultar acesso regular ao público e fomentar a democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade. 2 Consideram-se museus as instituições, com diferentes designações, que apresentem as características e cumpram as funções museológicas previstas na presente lei para o museu, ainda que o respetivo acervo integre espécies vivas, tanto botânicas como zoológicas, testemunhos resultantes da materialização de ideias, representações de realidades existentes ou virtuais, assim como bens de património cultural imóvel, ambiental e paisagístico. Em análise, quer na evolução do conceito entre 1946 e 2007 do ICOM, quer na legislação portuguesa criada em 2004, podemos notar em todas as definições a abrangência do conceito de museu e alguns princípios que estão sempre presentes, tais como: o museu tem de ser uma instituição organizada, que conserva objetos (de valor histórico ou artístico), que não visa lucro e que tenha um caráter cultural e científico. Também é visível a inclusão de termos que nos revelam as novas tendências e preocupações museológicas ligadas ao público e à sociedade e com um caráter mais lúdico, que nos remetem para o museu e a sua função social. No entanto, destaca-se a introdução da função educativa como parte integrante da definição do termo. 19

20 2 Evolução da Nova Museologia Consta-se que nem sempre o termo museu foi aplicado em relação às coleções de objetos de valor histórico e artístico. Na Grécia Antiga o museu era um templo das musas, divindades que presidiam a poesia, a música, a oratória, a história, a tragédia, a comédia, a dança e a astronomia. Durante a Idade Média já existia uma coleção de objetos ativa, sendo vista como sinal de notoriedade, apesar de a noção de museu quase ter desaparecido. A partir do Renascimento é que este termo passou a ser aplicado em relação a coleções de objetos de valor histórico e artístico (Falcão, 2009). No entanto, desde tempos remotos (pré-história) o homem tem o hábito de colecionar objetos e reunir vários tipos de artefactos. Entre os séculos XVI e XVII, com a expansão do conhecimento através da Era dos Descobrimentos, formaram-se na Europa inúmeros gabinetes de curiosidades, que tiveram um papel importante na evolução da história e da filosofia natural, com coleções bastante heterogéneas de peças das mais variadas naturezas, tais como fósseis, esqueletos, minerais, objetos exóticos de países longínquos, obras de arte, máquinas e inventos e outras peças cultural ou cientificamente relevantes. Segundo Falcão (2009), alguns dos museus mais importantes da atualidade, constituídos na Europa do século XVIII surgiram dos acervos provenientes de coleções particulares ou reais a partir do surgimento das grandes navegações. Por esse motivo, os primeiros museus surgiram de coleções privadas, com um acesso restrito e as coleções de ciência e de história natural estavam só ao alcance das pessoas com interesses científicos, o que os tornava inacessíveis à população em geral. O primeiro museu universitário surge na Inglaterra no século XVII, a partir da doação da coleção de Elias Ashmole à Universidade de Oxford. Inaugurado em 6 de junho de 1683, o Ashmolean Museum, é considerado o primeiro museu público do mundo, ainda que fosse um local de pesquisa destinado prioritariamente aos alunos da universidade. 20

21 Outros importantes museus fundados no século XVIII foram o Museu Britânico 1, fundado em Londres em 1753 e o Museu do Louvre, em Paris, primeiro museu de arte do mundo, em 1793, com as suas coleções acessíveis a todas as pessoas, com finalidade cultural e lúdica e por iniciativa governamental. No século XIX o museu continuou em transformação e começaram a surgir museus modernos ligados a vários temas e áreas, expandindo os seus horizontes e abandonando progressivamente o simples colecionismo para destacar a exibição e catalogação. No decurso da sua história, as sociedades têm tido várias mudanças nas áreas política, económica e sociocultural, desse modo os museus são obrigados a dar uma resposta às novas estruturas, necessidades e sistemas de valores das novas sociedades. ( ) como instituição dedicada à memória e à celebração do passado, os museus desempenham um papel fundamental na construção de ideologias e identidades sociais (Falcão 2009, 12). As práticas museológicas antigas, caraterizadas acima de tudo por uma atitude passiva diante da sociedade, vigoraram até meados do século XX. É após a II Guerra Mundial, em Paris no ano de 1946, que foi criado o primeiro organismo internacional, sem fins lucrativos, que se dedica exclusivamente a elaborar políticas internacionais para os museus ICOM Conselho Internacional dos Museus, dependente da UNESCO. Desde esta altura até ao início da década de 70 que se desenvolveu um aprofundamento científico do termo ligado à interdisciplinaridade e atividade educativa dos museus. Segundo Santos (2002) os anos 60 foram marcados pelo movimento artístico-cultural, que destaca o novo, com participação da juventude, na recusa aos modelos estabelecidos e prepara o terreno lança as sementes. Também Paiva e Primon (2013) referem que nos anos 60 e 70 existiu um grande debate que contesta os conceitos e os modelos museográficos até então vigentes. Azevedo reforça a ideia desta época ser um marco histórico na museologia, afirmando: Assim, os anos 60 e 70 do século XX foram particularmente marcantes no campo da museologia, pelo debate que se assistia nos países industrializados e de cultura europeia ocidental e pelas novas aceções teóricas que colocavam em causa a museologia tradicional, a favor de uma museologia voltada para a comunidade e preocupada com o seu papel social. (Azevedo, 2010, p.42). 1 Foi mencionado pelo The art newspaper o segundo museu mais visitado do mundo em 2015 por ter recebido mais de 6,8 milhões de visitantes. Este museu é um marco em termos de estabelecimento do método museológico. Este foi também o primeiro grande museu público gratuito do mundo. 21

22 A autêntica revolução da conceção do museu público acontece entre as décadas de 70 e 80, que veio dar um novo impulso ao meio museológico. Estas décadas foram marcadas por trabalhos museológicos desenvolvidos em vários países, embora não existisse um intercâmbio internacional entre os diversos projetos e o reconhecimento e o apoio necessários (Santos, 2002).Não podemos deixar de invocar que os principais promotores de muitas iniciativas museológicas inovadoras foram George Henri Rivière 2 e Hugues de Varine 3, os dois primeiros diretores franceses do ICOM, que estabeleciam relações entre os responsáveis dos projetos, inclusive dos diferentes países. Essa nova prática museal, mais virada para o público, tem um conjunto de documentos fundadores, sendo o mais importante deles a Declaração de Santiago do Chile (Moutinho, 2015), e declarado pelos próprios participantes do movimento como o referencial básico. Consideramos como fundamentais quatro documentos, neste processo de mudança e novos caminhos no percurso das instituições museais: as conclusões do Seminário Regional da UNESCO sobre função educativa dos Museus (Rio de Janeiro, 1958); a Declaração da Mesa-Redonda de Santiago do Chile de 1972, que introduziu o conceito de museu integral, criando novas vertentes para as práticas museais; a Declaração de Quebec de 1984, que compilou os princípios básicos da Nova Museologia e a Declaração de Caracas de 1992, sinal da maturidade obtida em três décadas de esforços na construção de um novo papel para os museus (Araújo & Bruno, 1995). No Seminário do Rio de Janeiro foram focadas questões desde a conservação, manutenção e divulgação das coleções, até à reflexão sobre o conceito de museu e da museologia como um campo disciplinar. Um dos temas mais importantes discutidos foi o da exposição, através da qual o museu estabelece o seu vínculo com a sociedade, sendo considerado um elemento dinâmico no seio da mesma. Este seminário é parte de um projeto que tinha como objetivo discutir, em várias regiões do mundo, a função que os museus deveriam cumprir como meio educativo (Santos, 2002, p. 99). É nesta época, segundo a mesma autora, que começam a surgir algumas preocupações em relação aos aspetos pedagógicos, como por exemplo, avaliar a qualidade dos serviços oferecidos aos alunos e professores que visitavam os museus, e em transformar a visita guiada num momento de aprendizagem, estimulando o aluno a comparar estilos e 2 Georges Henri Rivière ( ) primeiro diretor do ICOM, foi um dos mais importantes curadores de museus e um dos geradores de uma das mais importantes correntes museológicas do século passado: a Nova Museologia, e do conceito de ecomuseu; 3 Hugues de Varine (1935-) sucessor de Rivière como diretor do ICOM de 1965 até 1974, consultor internacional nas áreas museológicas marcadas pela intervenção comunitária visando o desenvolvimento local. Viveu e trabalhou vários anos em Portugal à frente do Instituto Franco Português. 22

23 formas, a contextualizar e a realizar ligações entre arte e ciência. Ou seja, chamara atenção para a necessidade de criação de exposições com base na interdisciplinaridade (Santos, 2002) A "Mesa-Redonda que decorreu de 20 a 31 de maio de 1972 em Santiago do Chile organizada pela UNESCO, é uma referência na museologia. O objetivo era pensar sobre o desenvolvimento e o papel dos museus no mundo contemporâneo. Estiveram envolvidos doze diretores de grandes museus nacionais da América Latina (Varine, 2013), que acharam que os museus devem desempenhar um papel na educação da comunidade. Entre os postulados da declaração, estava a construção do conceito de Museu Integral 4, destinado a "situar o público dentro do seu mundo, para que tome consciência da sua problemática como homem-indivíduo e homem-social", por outras palavras, um museu como instrumento de desenvolvimento comunitário. Um novo conceito de ação dos museus ficou então definido: museu integral destinado a proporcionar à comunidade uma visão de conjunto do seu meio material e cultural (ICOM, 1972, cit. Gabriele, 2014). Ainda sobre esta ideia a museóloga Santos refere: ( ) a construção do conceito de museu integral foi um marco importante na museologia, pois evidenciou a importância de direcionar o olhar para a realidade social, bem como buscar a conscientização da cultura e da identidade nos discursos da instituição museológica (Santos, 1999, cit. Gabriele, 2014, 44). A Declaração de Santiago do Chile de 1972 é um marco histórico no conceito de museu, onde o movimento de nova museologia tem a sua primeira expressão pública e internacional. Como refere Antunes (2015) No século XX, na museologia, há um antes e um depois de Santiago do Chile de O mesmo autor refere que foi um virar de página no pensamento e prática da museologia, uma verdadeira rutura epistemológica. É de salientara influência do pensamento de Paulo Freire para este movimento de renovação da museologia, daí o convite de Hugues de Varine para este fazer parte da presidência da Mesa Redonda. Apesar do pedido ter sido inviabilizado por razões políticas da altura, o pensamento do educador brasileiro foi muito importante na museologia (apesar de serem poucos os estudos que tratam a relação de Paulo Freire com esta área de estudo), sobretudo no que se refere aos conceitos de conscientização e 4 Museu Integral fundamenta-se não apenas na musealização de todo o conjunto patrimonial de um dado território (espaço geográfico, clima, recursos naturais renováveis e não renováveis, formas passadas e atuais de ocupação humana, processos e produtos culturais, advindos dessas formas de ocupação), ou na ênfase no trabalho comunitário, mas na capacidade intrínseca que possui qualquer museu (ou seja, qualquer representação do fenómeno museu) de estabelecer relações com o espaço, o tempo e a memória e de atuar diretamente junto a determinados grupos sociais (Scheiner 2012, p.19). 23

24 a mudança, da transformação do homem-objeto em homem-sujeito. (Alves e Reis, 2013).Na opinião das mesmas autoras os princípios de base do museu integral proposto na Mesa de Santiago, ressaltando o papel decisivo dos museus na educação da comunidade, expressam bem a marca de Freire (Alves & Reis, 2013, p.129). O próprio documento refere que este movimento afirma a função social do museu e o carácter global das suas intervenções, podemos reforçar esta ideia com Rivière que refere: Os museus devem, por isso, cumprir funções sociais, educativas e culturais para uma comunidade e assumir esse compromisso porque têm um papel ativo nas ações sociais, económicas e culturais por meio de ações educativas (Riviére cit. por Carvalho, 2014, p. 53). Podemos ainda acrescentar que o curador de museus Georges-Henri Rivière define os museus como instituições que devem conservar, comunicar e expor o património, com a finalidade de desenvolver a educação e cultura, e defende que os grandes motores da mudança são os visitantes, como próprios atores das atividades museológicas. Para Hughes de Varine nos textos de Santiago é sempre possível reencontrar o seu sentido verdadeiro e inovador, senão revolucionário, e destaca duas noções: aquela de museu integral que considerada os problemas da sociedade e aquela do museu enquanto instrumento dinâmico de mudança social, referindo que: Esquecia-se assim, aquilo que havia-se constituído, durante mais de dois séculos, na mais clara vocação do museu: a missão da coleta e da conservação. Chegou-se, em oposição, a um conceito de património global a ser gerenciado no interesse do homem e de todos os homens. (Araújo & Bruno, 1995). Conforme refere Baldroegas (2013), esta nova corrente museológica defendia uma maior abertura por parte das instituições, procurando uma relação de diálogo efetivo com a comunidade, desenvolvendo ações dentro e fora do espaço museológico, recusando assim o modelo tradicional de museu, defendendo uma mudança de paradigma (p.15). Na verdade a museologia atravessa nesta época uma fase em que há uma rutura entre a museologia anterior e com a Nova Museologia (Carvalho, 2014), transita-se de uma museologia de coleções, preocupada com as questões administrativas e a preservação do objeto, para uma museologia com interesses de carácter social e virada para as comunidades. Como refere Pérez (2009) O museu passará a ser criado com a comunidade, respondendo assim às suas necessidades e realizando um exercício de cidadania (p.181). Moutinho (1995) ainda acrescenta que o público nestes novos museus passa a ter o lugar de colaborador, de utilizador ou de criador, mais do que 24

25 observador. Como podemos verificar com o discurso do movimento da nova museologia, os objetos perdem a condição de depositários de valores transcendentes e independentes das classes, grupos e categorias sociais (Paiva, 2013), no entanto a nova museologia propunha reflexão e intervenção. Destaca a autora referida que: Com esta nova abordagem o objeto passa a ser relacionado com o contexto fazendo com que as ações desenvolvidas saíam do edifício e passem a ser exercidas de forma participativa pela comunidade. Isso contribui para a criação de novas tipologias de museus como a dos ecomuseus, museus abertos, e outros. O acervo passa a ser utilizado como meio para uma leitura crítica do processo histórico, fazendo do museu um espaço dinâmico que reflete o quotidiano (Paiva & Primon, p. 7) Este movimento surge na França, através de um grupo de museólogos insatisfeitos com a forma como os museus desenvolviam o seu papel. Porém podemos assumir que nasce oficialmente no I Atelier Internacional Ecomuseus/Nova Museologia, que aconteceu no Canadá, na Declaração de Québec de 1984, onde estão mencionados os princípios que devem orientar as ações para a Nova Museologia mais interdisciplinar e social, face à museologia tradicional de coleções, onde se reconhece a ecomuseologia, a museologia comunitária, e as outras museologias alternativas que surgiram em vários países, como por exemplo Mali, República dos Camarões, Panamá, E.U.A., México, Suécia e Reino Unido (Moutinho, 1995). Segundo Santos (2002), os princípios básicos que orientam as ações da Nova Museologia, podem resumir-se nos seguintes pontos: reconhecimento das identidades e das culturas de todos os grupos humanos; utilização de memória coletiva como referencial básico para o entendimento e a transformação da realidade; incentivo à apropriação e reapropriação do património, para que a identidade seja vivida, na pluralidade e na rutura; desenvolvimento de ações museológicas, considerando como ponto de partida a prática social e não as coleções; socialização de função de preservação; interpretação da relação entre o homem e o seu meio ambiente e da influência da herança cultural e natural na identidade dos indivíduos e dos grupos sociais; 25

26 ação comunicativa dos técnicos e dos grupos comunitários, visando o entendimento, a transformação e o desenvolvimento social. Partindo destes princípios Santos (2002) entende o tema da Nova Museologia do seguinte modo: Considero o Movimento da Nova Museologia um dos momentos mais significativos da Museologia Contemporânea, pelo seu caráter contestador, criativo, transformador, enfim, por ser um vetor no sentido de tornar possível a execução de processos museais mais ajustados às necessidades dos cidadãos, em diferentes contextos, por meio da participação, visando ao desenvolvimento social (Santos, 2002, p. 94). Em 1985 houve o II Encontro Internacional Nova Museologia/Museus Locais, em Lisboa, onde se reconheceu oficialmente como organização o MINOM (Movimento Internacional para a Nova Museologia), que mais tarde passou a ser reconhecido como organização afiliada do ICOM. Somente 10 anos depois é constituída a MINOM em Portugal que tem sido o principal difusor da nova museologia em Portugal, através da organização de jornadas anuais por todo o país. Segundo Moutinho: o Atelier de 1984 e a criação do MINOM devem ser entendidos como um todo coerente, que contribuiu desde então, para o reconhecimento no seio da museologia, do direito à diferença (Moutinho, 1995, p.29). Fazendo um breve balanço da Nova Museologia em Portugal, Manuel Antunes escreve: Este movimento tem desempenhado fundamental, procurando fomentar a reflexão sobre ideias e práticas museológicas, que coloquem os museus ao serviço das comunidades em que se inserem e das suas perspetivas de desenvolvimento. Com uma Museologia Social que encoraje a consciência política, o exercício da cidadania, a participação comunitária e o espírito de iniciativa, ao serviço da realização do ser cultural, enfim, do ser humano. (Antunes, 2015, p.153). O quatro documento - A Declaração de Caracas, na Venezuela, em 5 de fevereiro de 1992, fez uma atualização dos conceitos da Mesa Redonda, realizada 20 anos atrás, e uma reflexão sobre a situação museológica da altura e das alterações desde 1972, que revelam uma museologia dinâmica e integrante. Segundo Moutinho, esta mudança de atitude foi referida por Hugues de Varine no relatório de síntese da Conferência Geral do ICOM Canadá, 1992: Das reuniões dos comitês internacionais tornou-se claro que existe uma forte corrente voltada para a abertura e para a inovação ( ) levando profissionais dos museus a agir de forma não-tradicional e aceitarem ser influenciados por conceitos multiculturais. A cooperação interdisciplinar que está emergindo no 26

27 seio do ICOM, às pontes construídas entre várias disciplinas e projetos, e grupos como o MINOM são indicações deste espírito de abertura (Moutinho, 1995, p. 29). 3 Educação nos museus A Educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática. 3.1 Conceito de Educação Paulo Freire Durante muitos anos a Educação teve uma conceção muito restrita e quase sinónimo de Escola. Esta ideia estava ligada ao conceito de que a infância e a adolescência seriam os períodos ideais para adquirir conhecimento e competências e a idade adulta seria o momento para aplicar esses conhecimentos e competências adquiridas na idade escolar. Esta conceção de educação reporta para uma visão estática do conhecimento, já que se considera que os conhecimentos adquiridos num determinado período da vida, são os mesmos que necessitamos em etapas posteriores da nova vida. Porém a aprendizagem não se limita a um determinado período da vida de uma pessoa, a aprendizagem acontece durante todo o ciclo de vida da pessoa e tem lugar nos vários contextos onde a pessoa se desenvolve, como na família, nas atividades de lazer, no trabalho, etc. A importância da educação, entendida como um fator estratégico de desenvolvimento e de progresso, constitui, hoje, uma ideia relativamente consensual que não representa, contudo, uma novidade (Canário, 2000). A globalização do pensamento e da ação educativa, historicamente marcados pela emergência do conceito de educação permanente, conduz (entre outras dimensões) a encarar o processo educativo como um continuum que integra e articula diversos níveis de formalização da ação educativa: 27

28 Ação Educativa Formal Não Formal Informal Um nível de que o protótipo é o ensino dispensado pela escola, com base na assimetria professor aluno, na estruturação prévia de programação e horários, na existência de processos avaliativos e de certificação. Um nível caraterizado pela flexibilidade de horários, programas e locais, baseado geralmente no voluntariado, em que está presente a preocupação de construir situações educativas à medida de contextos e públicos singulares Um nível que corresponde a todas as situações de aprendizagem espontânea potencialmente educativas, mesmo que não conscientes, nem intencionais, por parte dos destinatários, correspondendo a situações pouco ou nada estruturadas e organizadas. Figura 1 - Esquema dos diversos níveis de formalização ação educativa (Canário 2000) Com efeito, estes três níveis de formalização, precisamente porque são um continuum, não se apresentam como estanques e rigidamente delimitados, podendo e devendo articular-se de modo fecundo, como podemos verificar pela seguinte descrição de Chagas (1993): A educação formal carateriza-se por ser altamente estruturada. Desenvolve-se no seio de instituições próprias escolas e universidades onde o aluno deve seguir um programa pré-determinado, semelhante ao dos outros alunos que frequentam a mesma instituição. A educação não-formal processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de diversa ordem, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito de ensinar ciência a um público heterogéneo. A aprendizagem não-formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo, num clima especialmente concebido para se tornar agradável. Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia-a-dia através de conversas e vivências familiares, amigos, colegas e interlocutores ocasionais (Chagas, 1993, p. 52). Deste modo o termo aprendizagem ao longo da vida faz menção a toda a atividade formativa que a pessoa realiza, a qualquer momento da sua vida, para adquirir conhecimentos e competências e/ ou ampliar os que já possui. Este entendimento é uma das grandes características das sociedades do século XXI. A 1 de janeiro de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, constituída por 17 objetivos, desdobrada em 160 metas. Relativamente à educação no objetivo 4 Garantir educação inclusiva, de qualidade e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos (ONU, 2016). Perante 28

29 estes desafios que apelam a uma sociedade inclusiva, tendo presente a noção de aprendizagem ao longo da vida, podemos afirmar que a educação não formal, como uma dimensão para a educação para a cidadania. Deste modo, na atualidade considera-se que a educação acontece em todas aquelas atividades e práticas sociais que promovem o desenvolvimento pessoal e social das pessoas. A propósito desta ideia podemos ainda referir que: considerar que esta variedade de iniciativas educativas reflete uma certa tendência da sociedade atual em valorizar a designada educação ao longo da vida, nomeadamente nos contextos de educação não formal, como são os museus, e em dirigir as suas iniciativas para qualquer indivíduo independentemente da sua faixa etária, situação económica e estatuto social ou proveniência cultural. (Azevedo, 2010, p. 5). 3.2 Papel educativo dos museus Como já foi referido, a maioria dos museus oferece oportunidades de aprendizagem e lazer, sendo a educação uma das funções centrais dos museus. Segundo Chagas (1993), os museus têm um interesse crescente, não só por parte de instituições ligadas à educação, quer governamentais quer privadas, como também por parte do público em geral. À medida que o museu passou a estar menos voltado para si próprio e mais voltado para o público, começou igualmente a dedicar-se mais atenção ao papel educativo dos museus (Mendes, 2013, p. 39). O papel educativo dos museus tem contribuído para o destaque que o museu tem tido cada vez mais, e que certamente continuará a ter nas próximas décadas, devido ao novo contexto social e científicopedagógico. A recomendação da UNESCO 5 aponta, como funções fundamentais dos museus, a preservação, investigação, comunicação e educação. Sobre a função educação, sugere o seguinte: A educação é outra função fundamental dos museus. Os museus atuam na educação formal e informal e na aprendizagem ao longo da vida, através do desenvolvimento e da transmissão do conhecimento, de programas educativos e pedagógicos, em parceria com outras instituições, especialmente as escolas. Os programas educativos nos museus contribuem fundamentalmente para 5 Recomendação relativa à proteção e promoção dos museus e das coleções, da sua diversidade e do seu papel na sociedade (UNESCO, 2015) 29

30 educar os diversos públicos acerca dos temas das suas coleções e sobre a cidadania, bem como ajudam a consciencializar sobre a importância de se preservar o património e impulsionam a criatividade. Os museus podem ainda promover conhecimentos e experiências que contribuem para a compreensão de temas sociais correlacionados. (ONU, Paris, 2015) Segundo (Sagüés, 2011), a educação formal, a educação não formal e educação informal formam uma rede que permite que as pessoas aprendam ao longo da sua vida através de vários meios, incluindo o museu e nesse sentido apresenta três modelos de relacionamento entre os museus e a educação: FORMAL O museu como instrumento de ensino-aprendizagem do currículo escolar. Tenta criar hábitos de consumo cultural entre o público escolar. Ex: visitas programadas pelos professores NÃO FORMAL O museu é um instrumento de difusão de conhecimento gerado por ele ou por investigadores, que complementa a educação formal escolar. Ex: palestras, cursos, ateliers, INFORMAL O museu propicia divulgação científica. O visitante dispôe-se a ser um participante ativo, voluntário, que assume uma educação não integrada nos currículos escolares oficiais MUSEU E EDUCAÇÃO Figura 2 - Modelos de relacionamento entre museus e educação (Sagüés, 2011) Como já aqui foi enfatizado, cada vez mais os museus ocupam um lugar central na sociedade e os seus espaços e funções educativas têm tido uma grande transformação desde a sua criação até aos nossos dias. Existem várias perspetivas de abordagem sobre este tema, mas sobre a educação nos museus Alves (2007) diz-nos: A educação nos museus foi-se tornando um serviço essencial que as políticas entendiam prestar-se a viabilizar os critérios sócio-culturais do museu, entre outros, enquanto finalidades e através de meios a concretizar para o público. Os museus e os serviços educativos que neles operam podem ser um contributo fundamental para uma educação atual como expressão de uma sociedade orientada por princípios capazes de contribuir para o desenvolvimento alargado e integral das várias dimensões do ser humano em qualquer situação e momento da sua vida. Eles começam a tornar-se um retrato das novas comunidades educativas emergentes, que sem pretenderem substituir, complementam e demarcam outros horizontes culturais para além da escola. A 30

31 escola hoje tem-se tornado uma instituição educativa entre outras e o museu consolida-se nesse quadro. (Alves, 2007, p. 3) Conforme Teresa Eça (2010), a interface entre o museu e o indivíduo pode gerar processos de aprendizagens significativas. A aprendizagem no museu é difícil de mensurar e pode não manifestar-se de imediato. A aprendizagem no museu é uma experiência subjetiva e individual. O público que frequenta o museu é heterogéneo e responde a múltiplos padrões de comportamento que depende de variáveis diversas como a frequência, os interesses, as suas expetativas ou o conhecimento prévio. Estas aprendizagens, parte integrante da experiência global, serão, portanto, aquelas que resultem da conjugação do património cultural, social e emocional que os indivíduos trazem consigo (a sua biografia), com aquilo que a instituição visitada (com os seus objetos, coleções, atividades, programas e serviços) é capaz de lhes proporcionar (Silva, 2006). Portanto para que os museus sejam espaços abertos a todos os públicos e cenários de encontro da comunidade e sua participação, as exposições e programas devem ser desenhados para responder a todos os públicos. Neste sentido o modelo experiencial de Falk e Dierking (1992) é relevante e constitui uma intenção de transformar os museus em espaços plurais de aprendizagem, afirmando que numa visita ao museu participam três contextos: o pessoal, o físico e o sociocultural, que se encontram em permanente relação. A aprendizagem no museu é um processo de diálogo do visitante em seu redor no seu tempo que vai trocando relações de interação entre os três contextos: Figura 3 - Modelo Experiencial de Falk e Dierking,

32 Para Falk e Dierking (1992) é justamente neste espaço de interseção que se constrói e define a experiência que perdurará na memória dos indivíduos, potenciando a construção de aprendizagens duradouras, significativas e efetivas. No contexto pessoal cada visitante entende os objetos e o seu mundo através da sua interpretação pessoal, cada visitante do museu é único. É neste contexto que se incluem as expetativas e respostas antecipadas à visita, o conhecimento prévio, os interesses, as motivações e as preocupações dos visitantes. As pessoas vão aos museus com expetativas que influenciam diretamente a aprendizagem. Também os interesses e valores prévios de cada indivíduo determinam em que partes dos conteúdos se vai centrar e o que para ele é mais atrativo. Finalmente a última variável deste contexto pessoal é a motivação com que aprendemos e está relacionada com as emoções que vão determinar a nossa atenção e a nossa memória. A visita ocorre num contexto sociocultural e o visitante normalmente partilha as suas experiências em grupo porque vai ao museu como uma atividade de caráter social, em que as pessoas e os visitantes interagem uns com os outros para decifrar a informação, reforçar crenças, dar sentido aquilo que vêm. As relações interpessoais que se estabelecem durante a visita implicam que a experiência museológica seja diferente em função da visita ao museu ser individualmente, em par, em família, em grupo, ou se também a interação com os profissionais do museu, os guias, quem está na receção, é diferente se é um museu com pouco público ou se é um museu com visitas guiadas. Do contexto físico faz parte a qualidade dos serviços, para além do edifício ou do objeto, outros aspetos podem influenciar a experiência museológica, como ter ou não uma cafetaria, uma livraria, uma loja para comprar uma lembrança, uma sala onde podem realizar-se atividades anteriores ou prévias à visita, um lugar de descanso para apreciar e ver o que o museu nos oferece, se existe cor e som, luzes, sombras, música de fundo ou como a exposição está desenhada. A construção e o suporte à identidade pessoal é a principal motivação dos visitantes do museu, que procuram experiências para a formação da sua identidade e que constroem significados a partir da sua experiência no museu. Assim para finalizar podemos dizer que a interação destes três contextos pode criar um quarto contexto: a experiência museológica de aprendizagem, conforme está identificado no esquema do Modelo Experiencial de Falk e Dierking. Portanto os museus são contextos da aprendizagem, possibilitam ao público adquirir conhecimentos e competências, sendo a 32

33 aprendizagem um processo de construção e reconstrução pessoal dos conhecimentos. Os museus podem ser vistos como um lugar de aprendizagem, prazeroso e agradável, um lugar de contemplação e de fruição do saber, um lugar de encontro com os sentimentos mais profundos e necessários, para reconhecimento das nossas condições como cidadãos de um universo cheio de contradições e oportunidades (Gabriele, 2014). 3.3 Relação Escola-Museu As instituições culturais e as escolas podem cruzar-se, sem confundir a educação cultural que existe nos dois lados (Eça, 2010). Nesse sentido, são centros de educação que ligam a educação formal, não formal e informal, em que aprender combina com entreter e desfrutar, onde o conhecimento e a cultura se ligam à sociedade. Maria Isabel Martins (2003), nas suas provas de agregação em educação, defende que a articulação do ensino formal com ambientes de educação não formal é de importância fundamental, para acentuar, sobretudo nos mais jovens, que as aprendizagens são úteis e se aplicam no dia-a-dia. Os grupos escolares são os principais clientes dos museus, com particular incidência para o 1.º ao 3.º ciclo e secundário, com menos variedade no pré- escolar e no ensino universitário. Silva (2006) afirma que o público escolar é dos mais representados nas estatísticas dos visitantes de museus e aqueles que mobilizam a maior parte dos recursos educativos destas instituições. No ano de 2015, o número de crianças/jovens em idade escolar, desde a pré-escolar até ao ensino secundário era cerca de 2 milhões 6 e o número de visitantes escolares a museus rondou o valor 1,7 milhões 7. Através destes dados podemos ver a expressão que têm as visitas das escolas aos museus. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística 8, em Portugal, entre 2012 e 2014, os museus de ciências e de técnica são os segundos mais visitados, a seguir aos museus de arte, conforme podemos verificar na tabela seguinte: 6 Fontes/Entidades: DGEEC/MED - MCTES, PORDATA Última atualização ; 7 Fonte INE; 8 Fonte: INE, Inquérito aos museus, última atualização 07 de outubro de

34 Tipologia de museus Nº (milhares) Nº (milhares) Nº (milhares) Museus de arte Museus de arqueologia Museus de ciências naturais e de história natural Museus de ciências e de técnica Museus de etnografia e de antropologia Museus especializados Museus de história Museus mistos e pluridisciplinares Museus de território Outros museus Total (Fonte: INE, 2015) Tabela 1 - Visitantes inseridos em grupos escolares (N.º) de museus por Tipologia Verificando-se então que os museus de ciência e de técnica são um dos destinos preferenciais do público escolar, é necessário analisar de que forma estas instituições lhes transmitem conhecimento científico. Dois veículos principais são identificados: as exposições e as restantes atividades promovidas pelos museus (Delicado, 2013, p.47). Os professores levam os seus alunos aos museus com o objetivo de ilustrar, no terreno, os conteúdos curriculares das suas disciplinas, e de proporcionar atividades pedagógico-lúdicas. A relação Escola/Museu continua a ser a combinação perfeita. A escola tem duas vantagens: os conteúdos de aula tornam-se mais dinâmicos e o aluno percebe diferentes formas de articulação entre os temas abordados (Marandino, 2001). Hooper Greenhill, (cit. por Oliveira, 2013) menciona que os professores estão a encontrar no museu uma valiosa fonte de aprendizagem e inspiração, não só para os seus próprios alunos, mas também para si próprios. A propósito desta ideia Hooper Greenhill também refere: Os museus estão bem posicionados para apoiar o aumento da ênfase nas políticas educacionais, para responder às necessidades individuais dos alunos e desenvolver um currículo que motive e envolva os alunos, incentive a sua curiosidade e o prazer em aprender e que os ajude a ter êxito. (citado por Oliveira (2013, p. 12) A análise dos relatórios do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de 2015 (PISA) da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) revela que os alunos portugueses nestes testes estão pela primeira vez acima da média da OCDE, em 15 anos de participação. Os estudantes nacionais ficaram 34

35 acima dos valores médios nos três domínios de avaliação: Leitura, Matemática e Literacia Científica 9 (IAVE, 2016). Sendo as políticas educativas introduzidas nestes últimos anos, apontadas como as principais causas destes resultados, como o próprio estudo indica existem outras correlações com os recursos dos departamentos de ciências nas salas e as atividades extracurriculares. Assumimos, de acordo com os dados que tínhamos referido anteriormente, que estas atividades devem ser em grande parte das visitas dos grupos escolares aos museus, e que, em conjunto com o incremento dos serviços educativos nos museus (que mais à frente iremos apresentar) tiveram alguma influência nos dados do PISA Convém analisar esta relação escola-museu de forma bilateral, uma vez que as instituições culturais e museológicas que se interessam pela educação também procuram na escola os referenciais para o desenvolvimento de suas atividades (Marandino, 2001). No entanto, os museus devem também ter algum cuidado para não tornar as suas atividades muito semelhantes às da escola. Como afirmam Van-Praet e Poucet (1992) Existe uma certa propensão deste fato nos serviços educativos dos museus a reproduzir, erroneamente, a escola no museu ( ) a solução é a busca de complementariedade e de parceria (cit. Marandino 2001, p.88). Podemos dizer que essa complementariedade está relacionada com as vivências, experiências e oportunidades de aprendizagem para os alunos, impossíveis de serem reproduzidas na escola (Marandino, 2001). Esta autora acrescenta que: Museus e escolas são espaços sociais que possuem histórias linguagens, propostas educativas e pedagógicas próprias. Socialmente são espaços que se interpenetram e se complementam mutuamente e ambos são imprescindíveis para formação do cidadão cientificamente alfabetizado. (Marandino, 2001, p.98). Esta relação Escola-Museus é apresentada por Caetano (2016) através de duas perspetivas: estética-poética que está relacionada com o museu como suplemento de aula e o papel da escola é visto como uma preparação de sensibilidade para a cultura e arte; e de uma perspetiva crítica onde o museu intervém no aluno na transformação social. Estas duas perspetivas levam-nos a entender que os museus como espaços não formais de educação podem ser bons aliados ao trabalho desenvolvido nas escolas (Falcão, 2009). 9 No caso da literacia científica, o domínio que esteve em destaque no PISA 2015, estão em causa a explicação de fenómenos cientificamente, conceber e utilizar o método científico para resolver um problema e interpretar dados e factos de forma científica. 35

36 Nesta linha de raciocínio José Carlos Ribeiro 10 (2016) na sua intervenção na Jornada de Reflexão sobre Desafios Contemporâneos da Educação Não formal nos Museus 11 refere: Nos museus podemos aprender valores humanos e questões de cidadania, direitos humanos, educação não-formal essa que não passa na escola e o museu pode colaborar em parceria com as escolas. Sendo os museus um veículo primordial na transmissão de valores, na formação das pessoas e de fazê-las pensar, trazem autonomia e faz com que tenham uma compreensão de um todo ( ). Trabalhar em conjunto escolas e museus podem criar experiências de aprendizagem impulsionadas pela perspetiva dos estudantes ajudando assim a criar um melhor futuro para a educação e cultura. (Ribeiro, 2016) 4 Serviços Educativos em Portugal Os dias em que a educação no museu era encarada como uma festa de crianças arrastadas ao longo das vitrinas há muito que terminaram. «Educação no museu» é um aspeto muito mais complexo do trabalho museológico e está rapidamente a tornar-se também no mais necessário. Eilean Hooper-Greenhill, 1994 (cit. Coutinho, 2006, p.168) Segundo Teresa Eça se encararmos as instituições e projetos culturais como mecanismos sociais, espaços de criação e diálogo, as justificações e as finalidades serão mais ambiciosas. A sociedade do conhecimento exige maiores responsabilidades aos seus cidadãos, ao assumir que todos os indivíduos são agentes ativos da sua própria construção de conhecimento. Os serviços educativos podem contribuir para a promoção desta consciência enquanto espaços de negociação e discussão participada e, neste sentido, permitem a expansão cultural nas suas múltiplas manifestações criativas, colocando-se ao serviço de todos como instrumentos de reflexão, mudança e intervenção (Eça, 2010, p. 277). Um reflexo da abertura dos museus à sociedade é a presença do caráter educativo dos museus (Figurelli, 2015). Para a realização deste trabalho foi feito um levantamento de informações referentes funcionamento dos serviços educativos e toda a documentação 10 Diretor do Palácio da Ajuda e Presidente ICOM Portugal; 11 Jornada de Reflexão sobre Desafios Contemporâneos da Educação Não formal nos Museus, organizada pela Câmara Municipal Vila franca de Xira, realizada no dia 2 de fevereiro de 2016, no Museu do Neo-Realismo. 36

37 relativa à regulamentação do exercício da sua atividade, entre outras questões formais e estruturais importantes para o planeamento e desenvolvimento de um projeto desta natureza dentro da área de educação museal. Detalhes sobre este procedimento será explicado no capítulo da metodologia. Para além das suas dinâmicas internas de funcionamento, é relevante a compreensão da trajetória histórica dos serviços educativos em museus portugueses. Este resultado começou com ações educativas desenvolvidas pelos profissionais de museus as quais aconteciam pontualmente, de forma espontânea e desassociadas das caraterísticas que têm atualmente. O primeiro serviço educativo a ser criado num museu português, há pouco mais de meio século, teve por detrás uma figura determinante na evolução do panorama museológico do século XX, João Couto, que ficou marcado na museologia portuguesa pela introdução da educação nos museus, conforme nos diz Madalena Costa: João Couto atribui desde cedo uma importância efetiva ao papel dos museus na educação, considerando-o absolutamente necessário em Portugal para a educação e elevação do país, sendo assim, preconizando-o desde logo para os mais jovens no âmbito escolar. (Costa, 2012, p. 140) Segundo a mesma autora, no contexto museológico nacional, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), localizado em Lisboa, afigura-se como a Casa-Mãe da formação do pessoal para a educação nos museus portugueses, com João Couto, que assim o poderemos chamar de Pai dos serviços educativos em Portugal, por esta ideia pioneira de atuação no museu que proporcionou o alargar de horizontes do sector museológico. Entre 1928 a 1930 foi criado no MNAA o serviço de extensão escolar tendo como conservador adjunto do museu João Couto. Em 1953, já como diretor do museu cria o serviço infantil também conhecido como centro infantil do museu, que com a evolução tornou-se num serviço educativo (anos 60 a 80), que o museu designou como Serviço de Educação, denominação até hoje utilizada: O Serviço de Educação estabelece a relação entre o MNAA e os seus diversos públicos através da realização de um programa de atividades centrado nas coleções e nos conteúdos das exposições temporárias, procurando corresponder aos interesses mais variados. O seu objetivo fundamental é, através de uma atitude lúdica de descoberta, motivar a observação e a reflexão, orientando e estimulando a participação individual. (MNAA, 2016, site oficial) 37

38 Segundo Graça Filipe (2011) ao MNAA, sob a direção de João Couto, coube o papel iniciador, em Portugal, a partir do início da década de 50 do século XX, da prestação de serviços de carácter educativo dirigido aos seus públicos (p. 1). Mais tarde, Madalena Cabral também teve um papel determinante na centralidade que progressivamente as atividades pedagógicas e formativas foram assumindo na programação do MNAA. O serviço infantil e o posterior serviço de educação muito focados sobretudo na relação museu-escola, sendo o modelo para os serviços educativos criados entretanto na maior parte dos museus nacionais, locais, regionais e noutras instituições culturais. Acerca deste novo serviço no espaço museológico João Mendes (2009) refere: É que, graças à destacada ação de João Couto ( ) primeiro como conservador e, posteriormente, como diretor do MNAA -, foi ali criado e desenvolvido, a partir dos inícios dos anos 1930, o Serviço de Extensão Educativa. Tratou-se de uma medida pioneira, em Portugal, que viria a ter repercussões noutros museus do país, promovendo e incentivando a colaboração destes com as escolas. Verifica-se, assim, que paralelamente à relevância então dada à conservação e estudo das coleções, voltava a equacionar-se o potencial educativo dos museus, embora de forma limitada. Com efeito, mais do que a população, em geral, procurava atingir-se preferencialmente, como público-alvo, o grupo escolar e, dentro destes, os mais novos, crianças e adolescentes (Mendes, 2009, p. 676). Ao longo das últimas décadas, tomando por referência a explosão museológica verificada no nosso país a partir da década de 80 do século XX, a preocupação dos museus relativamente a questões como a da cidadania ativa e inclusiva bem como da educação para a cultura, tem favorecido o desenvolvimento dos serviços educativos. Os profissionais dos museus portugueses têm dado relevância constante à função educativa dos museus. Esta temática é das mais abordadas e divulgadas no meio da museologia (Filipe, 2011), prova disso são as publicações, conferências, seminários e jornadas, que se têm realizado nos últimos tempos sobre os serviços educativos. Também o aparecimento de cursos de formação e especialização em museologia durante os anos 90 permitiu dar início a um processo de qualificação dos técnicos com reflexos expressivos na área da educação (Gomes & Lourenço, 2009). A política museológica também tem contribuído para a criação e expansão dos serviços educativos, vejamos os princípios definidos pela Lei-Quadro dos Museus Portugueses, nº 47/2004, de 19 de Agosto, a função de educação é definida como uma função museológica essencial e no artigo 42.º estabelece-se a obrigatoriedade de o museu desenvolver de forma sistemática programas de mediação cultural e atividades 38

39 educativas que contribuam para o acesso ao património cultural e às manifestações culturais. No ponto 2, do mesmo artigo menciona que o museu promove a função educativa no respeito pela diversidade cultural tendo em vista a educação permanente, a participação da comunidade, o aumento e a diversificação dos públicos. O ponto 3 ainda nos acrescenta os programas referidos no nº 1 do presente artigo são articulados com as políticas públicas sectoriais respeitantes à família, juventude, apoio às pessoas com deficiência, turismo e combate à exclusão social. De acordo, com os pressupostos da lei referida, consideramos a definição de Clara Camacho (2007) a que melhor define o conceito de serviço educativo em relação com a função de educação : ( ) uma estrutura organizada, dotada de recursos mínimos, designadamente pessoal, inscrita organicamente no museu em que se insere, mesmo que de maneira informal, que desenvolve ações dirigidas ao público, com objetivos educativos. Ao serviço educativo compete o cumprimento da função museológica de educação, uma das indispensáveis funções inerentes ao conceito de museu, que se articula com as restantes funções museológicas de estudo e investigação, de incorporação, de inventário e de documentação, de interpretação e de exposição. (Camacho, 2007, p.28). Segundo o estudo coordenado por José Neves (2013) O Panorama Museológico em Portugal: os Museus e a Rede Portuguesa de Museus na primeira década do Século XXI, o serviço educativo desempenha um papel cada vez mais relevante de mediação entre as atividades do museu e os seus públicos e, de modo mais geral, entre a instituição e a comunidade em que se insere. Dada a importância do serviço educativo na estrutura orgânica dos serviços do museu, um dos requisitos à credenciação dos museus pela Rede Portuguesa de Museus é a existência de um serviço educativo, regulamentado pelo Despacho Normativo n.º 3/2006 publicado no DR I série-b, 25 de Janeiro. Podemos verificar através do gráfico 1 como tem sido a evolução da criação dos serviços educativos durante um período de 10 anos. 39

40 Gráfico 1: Museus com Serviço educativo por ano (Fonte: Neves, 2013) As conclusões a que este estudo chegou foram que em 2009 são 62% os museus que afirmam ter este serviço, o que representa, relativamente a 2000 (44%) um crescimento de 18 pontos percentuais. Note se que, apesar da evolução positiva evidenciada, não deixa de ser relevante o facto de em 2009 cerca de 40% dos museus ainda não ter este serviço disponível. Com os dados do gráfico podemos certamente comprovar que a criação e evolução dos serviços educativos portugueses se relacionam com o quadro evolutivo dos próprios museus e na mudança de paradigma museológica dos últimos anos (Camacho, 2007). Na tabela seguinte podemos ver a distribuição do serviço educativo dos Museus, por tipologia Tipologia Tem serviço educativo O serviço educativo está formalizado na lei orgânica Total Sim Não Total Sim Não Total Museus de Arte Museus de Arqueologia Museus de Ciências Naturais e de História Natural Museus de Ciências e de Técnica Museus de Etnografia e de Antropologia Museus Especializados Museus de História Museus Mistos e Pluridisciplinares Museus de Território Outros Museus Fonte: INE - Inquérito aos Museus 2014 Tabela 2 - Serviço educativo dos museus em 2014, por tipologia 40

41 Apesar de existir uma evolução na implementação dos serviços educativos nos museus, e se compararmos com os dados do gráfico 1, pode-se dizer que houve um aumento de 16 % num período de 4 anos, no entanto ainda 24% dos museus considerados para este estudo, não têm um serviço educativo a funcionar. Por outro lado, dos 76% que possuem o respetivo serviço, 52% não estão formalizados na lei orgânica. A conclusão a que podemos chegar perante esta análise é que ainda existe algum caminho a percorrer na implementação dos serviços educativos nos museus. Para isso é preciso tomar consciência, que o serviço educativo nos museus funciona como um recurso, para melhorar o seu nível de comunicação na área da educação, através da dinamização de atividades, oficinas, ateliers e criação de materiais pedagógicos, mantendo também formas de colaboração e de articulação com o sistema de ensino. Estes recursos pedagógicos proporcionam aos participantes das atividades vivenciar um maior número de conhecimentos e de experiências como a imaginação, a criatividade, construindo o seu conhecimento. Podemos assim dizer que os serviços educativos dos museus podem ser considerados a ponte entre as instituições museológicas e a sociedade, e para cumprir com este papel trabalham estratégias que proporcionam e facilitam o intercâmbio de informação e conhecimento entre o museu e os visitantes. Só desta maneira se pode construir um espaço de educação permanente e simultaneamente com experiências sociais e culturais. Como já foi referido anteriormente, os museus eram vistos como locais de preservação do património cultural e de memória, com um público elitista. Os museus deixaram de ser espaço destinado apenas aos eruditos, especialistas e investigadores e começaram a ser frequentados por pessoas provenientes de diferentes grupos, independente do seu grau de instrução ou idade (Figurelli, 2015). A mudança de mentalidades no seio da sociedade, também se refletiu nas entidades museológicas, criando outras vertentes como culturais, científicas, educativas e sociais. O que nos permite afirmar que os museus abriram as suas portas para um público de massas. A mesma autora ainda refere que há estudiosos do tema que acreditam que foi justamente a criação de ações educativas que auxiliaram no processo de aproximação entre os públicos e as coleções. Assim sendo, uma nova competência é atribuída aos museus, planificar e organizar as suas atividades, preparar e criar materiais didático/pedagógicos para utilizar nas 41

42 visitas com os visitantes/públicos, não esquecendo os seus interesses e motivações, e compete ainda ao serviço educativo desenvolver estratégias de mediação artística e cultural, numa perspetiva de educação não-formal, onde os museus podem ser um espaço de aprendizagem, de interpretação e de construção social e cultural, e onde todos são construtores/geradores do conhecimento. 4.1 O Educador e a Mediação nos Museus Os novos tipos de museus com tendências para dar respostas às mudanças sociais, têm apostado no aumento da profissionalização e especialização da equipa de trabalho, quer para criar exposições multifacetadas quer para exposições mais vanguardas com abordagens tecnológicas. O resultado é que vemos neste novo conceito de museus, a responsabilidade pelo planeamento e desenvolvimento das exposições ser compartilhada entre vários profissionais, que através dos seus pareceres, tornam o processo inclusivo. Para além do curador (fornece experiência académica com base no conhecimento da coleção e define o conceito geral da exposição) e do designer (responsável pela aparência visual e que garante que o material é exposto de uma forma atraente, compreensível e divertida), o educador é um especialista que compreende as formas pelas quais as pessoas aprendem, as necessidades educacionais, bem como a relação entre o programa e as atividades de outras instituições de ensino, incluindo as escolas. Além do consenso, como parte de um processo, a parte mais inovadora da abordagem de equipa de exposições foi a inclusão e formalização do papel dos educadores de museus. Sobre o papel e a responsabilidade de um educador ou especialista em educação de museus, como alguns autores denominam, a Museums & Galleries Comission, refere: A responsabilidade pela criação, implementação e avaliação da política e do plano de trabalho deverá ser atribuída a um profissional integrante da instância diretiva do museu. Ele (a) deverá ocupar uma posição que inclua responsabilidade pelo cumprimento dos objetivos primordiais do museu e, idealmente, deverá ser um (a) especialista em educação em museus (Museums & Galleries Commission, 2001) Portanto, combinar os objetivos do museu, envolvendo toda a equipa na criação de estratégias para o desenvolvimento do público, garantem assim que os museus 42

43 continuem a adaptar-se a todos os diferentes grupos na comunidade. A contribuição do responsável pela área educativa é necessária em todas as atividades do museu (Museums & Galleries Comission, 2001). É na maioria dos casos a avaliação do plano de atividades do educador que irá verificar o sucesso da exposição no cumprimento dos seus objetivos em relação à comunicação com os visitantes. Os museus são centros de conhecimento, e a sua missão é oferecer uma experiência educacional, de acordo com os seus visitantes. Algumas pesquisas mostram que a qualidade da coleção não é o principal fator de decisão de visitar um museu que possa atrair potenciais visitantes. O que pesa mais nas decisões para fazer a visita tem mais a ver com o ambiente do museu como um todo, e a interação que o museu pode oferecer aos visitantes é um fator chave. Isto também significa que os museus são parte de uma indústria de serviços de lazer, que procuram a satisfação do cliente, sendo mais valorizados os serviços com as experiências de lazer que assegurem satisfação instantânea, e no caso dos museus momentos agradáveis em uma ambiente educacional. Atingir os sentimentos dos visitantes como forma de envolvê-los na exposição não é apenas uma manobra museológica usada para atrair e emocionar os visitantes é também uma caraterística de diferenciação de produtos e serviços fundamentada por um conceito denominado Economia da Experiência desenvolvido pelos autores Pine e Gilmore em 1999 (Silva e Santos, 2011). Este conceito foi concebido nos Estados Unidos com a publicação da obra The Experience Economy, como podemos ver na figura 4 revela que os componentes emocionais terão mais valor do que os racionais no momento da decisão da escolha de um produto ou serviço. Na economia da experiência um fornecedor de serviços deve incluir sensações memoráveis nas suas atividades. 43

44 Figura 4 Modelo Experience Economy, adaptado J. Pine and J. Gilmore, 1999 A combinação de diferentes dimensões experienciais delineadas pelos eixos horizontais e verticais como mostra a figura, definem os quatro domínios das experiências propostas por estes autores (Entretenimento, Estética, Escapismo e Educação) José Amado Mendes também indica causas para a regeneração educativa dos museus. As causas de ordem científica, que se relacionam com o progresso da ciência, psicologia, história e tecnologia, de ordem pedagógica, que se prendem com ideia de educação permanente, de ordem didática, que se relacionam com a evolução dos métodos educativos e, finalmente de ordem tecnológica e civilizacional, que se prendem com as novas tecnologias e o seu papel transformador nos museus (Mendes, 2013, p ). Teresa Eça (2010) refere o museu como espaço de diálogo, qualquer que seja o seu acervo, o tipo de diálogo é que pode ser diferente de instituição para instituição. Podemos ainda acrescentar que o diálogo entre o homem e objeto musealizado depende da abordagem escolhida pelos profissionais do museu para intermediar a ação (Gabriele, 2014). 44

45 4.2 Museus e Público Criar públicos que, mais que utilizadores, sejam participantes e revisitantes. (Silva, 2006) Os museus do Século XXI dão importância à comunicação com o seu público. Esta é uma das tendências mais significativas nas últimas décadas na teoria e na prática museológica, tem sido a orientação para os visitantes (Vlachou, 2013). Nos últimos 30 anos, o tema de maior interesse para os responsáveis dos museus tem sido o estudo de públicos, têm-se realizado vários estudos quer pelos próprios museus, organizações culturais ou entidades públicas 12 que têm como finalidade conhecer o seu público para melhorar serviços, exposições e programa de museus. No entanto, o conceito que o público tem dos museus é diverso, para algumas pessoas pode ser um visto como um lugar fechado, escuro e aborrecido, para outras o museu pode ser cultura, conhecimento, um espaço para aprender e apreciar. Mesmo assim porque alguns museus estão despovoados? Porquê muitas pessoas não vão aos museus? Segundo um inquérito do Eurobarómetro da Comissão Europeia (2013) sobre acesso à cultura e participação cultural, o primeiro nesta área desde 2007, de acordo com o gráfico 2, os portugueses são os cidadãos da União Europeia com taxas mais baixas de participação em atividades culturais. Conforme podemos verificar no gráfico 3, 51% da população aponta a falta de interesse de visitar um museu ou galeria, como a principal razão da baixa participação cultural. O segundo motivo com uma representação de 23% dos portugueses dizem não ter ido aos museus e galerias por falta de tempo. 12 Em dezembro de 2014 foi lançado o 1º grande estudo nacional de públicos de museus realizado pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC). Durante um ano, até Dezembro de 2015, 14 instituições da rede nacional de museus estiveram envolvidas no levantamento de dados através de um questionário online que um em cada dez visitantes foi convidado a preencher. 45

46 Gráfico 2 Gráfico 3 (Fonte: Jornal Público, 2013) Gráficos 2 e 3 Dados do estudo Eurobarómetro sobre acesso à cultura e participação cultural Androulla Vassiliou 13 comenta sobre este inquérito: A cultura é uma fonte de satisfação pessoal, criatividade e alegria. Preocupa-me o facto de um número reduzido de cidadãos da UE estar em envolvidos em atividades culturais, como artistas intérpretes ou executantes, produtores ou consumidores. Esta pesquisa mostra que os governos precisam repensar como eles apoiam a cultura para estimular a participação pública e o potencial da cultura como motor de emprego e crescimento. Os setores culturais e criativos também precisam se adaptar para alcançar novos públicos e explorar novos modelos de financiamento. (Vassiliou, 2013) Um dos principais objetivos dos museus atualmente é atrair este grande número de público que não frequenta os museus. A conjuntura económica desfavorável nos últimos anos atingiu também as instituições museológicas, forçando-os a reconsiderar uma gestão, por vezes, muito influenciada pela tradição, que não estimulava a visita aos museus. Daí a importância das pessoas, de todas as idades, que vão pela primeira vez aos museus, participarem em atividades próprias para elas. Hoje mais do que nunca, os museus abrem as suas portas, tentam sair para a rua e ir ao encontro das pessoas e satisfazer as suas expetativas. Dificilmente, e com grande esforço, a maioria dos museus mantem visitantes em três sectores clássicos: grupos escolares, aposentados e turistas. 13 Comissária Europeia para a Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude em

47 Visitantes, dos quais: Visitantes Tipologia Número de museus Total Inseridos em grupos escolares Estrangeiros Com entrada gratuita Em exposições temporárias Total Museus de Arte Museus de Arqueologia Museus de Ciências Naturais e de História Natural Museus de Ciências e de Técnica Museus de Etnografia e de Antropologia Museus Especializados Museus de História Museus Mistos e Pluridisciplinares Museus de Território Outros Museus Tabela 3 - Visitantes dos Museus, por tipologia (Fonte: INE- Inquérito aos Museus 2014) Com base nos dados da mesma fonte, do total de visitantes, 36,5% eram estrangeiros (4,3 milhões de pessoas) e 13% dos visitantes estavam inseridos em grupos escolares. Mais de metade (51,5%) visitou as exposições temporárias dos museus e 39,4% entraram gratuitamente. Desta forma, as instituições museais devem considerar que o seu público visitante pode ser constituído por uma infinidade de segmentos destacados pelos museum studies como: famílias, estudantes e professores, profissionais, especialistas, turistas, grupos organizados, nichos de público (aposentados, imigrantes, pessoas com necessidades especiais ou mobilidade reduzida), dentre outros, os quais se apresentam definidos por características específicas (Andrade, 2010). A propósito desta ideia: A noção de públicos culturais apresenta-se, assim, hoje talvez como nunca, no entrecruzamento de diversas problemáticas de mudança e permanência das sociedades contemporâneas em contexto de globalização (Santos, 2003 p.76). Silva (2011) referia que a Nova Museologia, com o grande enfoque que deu ao papel social dos museus e a esta necessidade de eles se voltarem para a sociedade que representam passaram a dirigir-se para a relação com os públicos. Esta corrente compromete-se com as questões sociais e concebe o museu como um lugar de encontro 47

48 que apela à participação ativa cultural. Na nova museologia as instituições museais com a aproximação à comunidade deixam de ser vistas como organizações imóveis, mas como agente de intervenção social. O alargamento da missão educativa do museu implicou também a ampliação e diversificação dos públicos-alvo aos quais dirigir os seus serviços e programas (Silva, 2011). É importante também analisar as orientações da Direção-Geral do Património Cultural - através do Departamento de Museus, Conservação e Credenciação (DMCC) e da Divisão de Museus e Credenciação (DMC) - referidas no formulário para credenciação de museus publicadas no Despacho normativo nº 3/ Como podemos verificar este documento exige o cumprimento de todas as funções museológicas enunciadas na Lei-quadro, defendendo de igual modo a democratização da cultura e a função de educar com vista ainda ao aumento e à diversificação dos públicos. O formulário de credenciação está dividido em itens, destacando-se aqui o segundo que se intitula Cumprimento das funções museológicas. Nas instruções de preenchimento é explicado ao museu candidato a informação que deve declarar. Sobre a função Educação, estes são os aspetos considerados: 16 Educação: 16.1 Colaboração com o ensino indicar quais as formas regulares de colaboração do museu com as escolas para efeitos da promoção de atividades educativas Tipos de público informar sobre os diferentes tipos de público nas atividades educativas habitualmente realizadas pelo museu (Despacho normativo n.º 3/2006). A verificação da qualidade técnica do cumprimento da função Educação nos museus valoriza a correlação com o público escolar. O segundo, e último ponto, Tipos de público informar sobre os diferentes tipos de público nas atividades educativas habitualmente realizadas pelo museu, estabelece uma ligação com os diversos públicos e as atividades educativas realizadas. Estas indicações podem servir para inspirar a organização dos serviços educativos e ajudar na elaboração do seu Plano de Ação Educativa (PAE). 14 De acordo com o artigo 110.º da Lei-quadro dos Museus Portugueses, a credenciação consiste na avaliação e no reconhecimento oficial da qualidade técnica dos museus, tendo em vista a promoção do acesso à cultura e o enriquecimento do património cultural, através da observância de padrões de rigor e de qualidade no exercício das funções museológicas. A qualidade nos museus constitui o objetivo axial da respetiva credenciação, aspeto com repercussão, seja na salvaguarda e valorização dos bens culturais neles incorporados seja no aumento e na diversificação dos públicos. 48

49 Atualmente existe a preocupação de diversas instituições em oferecer serviços e produtos acessíveis a todo o público. Como não poderia deixar de ser, os museus e instituições culturais têm procurado investir na melhoria da acessibilidade. Os museus precisam ser acessíveis, para atender às necessidades informacionais diversas do público que as procura. Para um museu ser acessível, é necessário que acolha um maior número de pessoas em atividades, que tenha instalações adequadas para atender cada um, conforme as suas diferenças físicas, sensoriais, linguísticas; incluindo a isso a acessibilidade digital e tecnológica de forma organizada. Os conceitos de acessibilidade e design universal são apresentados com os apoios na construção de espaços inclusivos. A acessibilidade no museu é fundamental para que todos os visitantes se sintam incluídos na sociedade, devendo existir uma preocupação, por parte dos profissionais dos serviços educativos, em adequar os seus espaços para acolher todas as diversidades de visitantes. À luz da Nova Museologia, o museu é um espaço que legitima, valoriza, conserva e promove bens culturais, mas permite também educar, gerar modos de ver e de vivenciar esse património o museu afirma-se hoje como um espaço de cultura e como agente educativo, cujas funções, a de comunicar e de educar, evidenciam uma crescente preocupação social. Segundo Vlachou (2011), no artigo publicado no seu blog Mudanças: Estaremos suficientemente atentos? : A existência de museus, galerias, salas de espetáculos, centros culturais não faria sentido se não houvesse público. São lugares de encontro entre os artistas e as pessoas. São espaços de estímulo, diálogo, confronto, emoções; espaços de descoberta, aprendizagem, entretenimento. São também espaços onde as pessoas entram de livre vontade e não por obrigação; e são também livres de gostar de experiência ou não, de voltar ou não. A preocupação em criar acesso a estas experiências para cada vez mais pessoas tem a ver com a missão desses espaços, a sua razão de existir; mas é também uma necessidade (Vlachou, 2011). Assim, poderemos considerar que os elementos básicos da criação de público são as ações que fazemos para envolver as pessoas, atender às suas necessidades e interesses, a fim de criar uma experiência que faça sentido para todas elas. 49

50 5 Museus das Universidades Portuguesas As universidades detêm uma larga tradição na constituição de museus e coleções (Marta Lourenço, 2005) As universidades são grandes fontes de património de ciência e tecnologia. O reconhecimento do valor patrimonial, histórico, científico, cultural e socioeconómico das coleções universitárias deve-se à imensa diversidade das mesmas. (Felismino, 2014). Por sua vez, guardam uma larga tradição na constituição de museus e coleções, destinadas inicialmente à produção e transmissão de conhecimento científico e reconhecendo desde o final do século XVI à atualidade, características e tipologias específicas que os distinguem dos restantes museus (Lourenço, 2005). Apesar dos problemas associados com museus e coleções universitárias e património universitário, terem sido identificados há bastante tempo, o surgimento de grupos organizados e associações é um fenômeno recente. Nos últimos 16 anos assistimos à criação de dois grupos internacionais dedicados à promoção e valorização dos museus e coleções das universidades: a rede Europeia UNIVERSEUM 15, criado pela Declaração de Halleem 2000, relacionada com o património universitário no seu conjunto apenas a nível europeu e o Comité para Museus e Coleções Universitárias (UMAC 16 ), fundada em 2001 pelo ICOM, com a especificidade coleções e museus universitários por todo o mundo. Segundo Felismino (2014) a valorização deste património não teria sido possível sem a emergência e afirmação, da investigação académica sobre museus e coleções universitárias, em particular no âmbito dos estudos de museologia, história de arte e história da ciência. No que diz respeito aos acervos universitários de natureza científica, é de realçar o trabalho de Fernando Bragança Gil 17. Atualmente podemos destacar os 15 European Academic Heritage Network acesso a 19 de dezembro de 2011; 16 acesso a 19 de dezembro de

51 estudos de Marta C. Lourenço 18 acerca do património da Universidade de Lisboa 19 e, de uma forma geral, sobre o património universitário português. Atravessa-se, na atualidade e à escala global, um momento-chave na história das coleções e museus das instituições de ensino superior que conhecem um crescente e renovado interesse por parte do público, dos governos e da academia (Felismino, 2014). As universidades de Lisboa, Porto e Coimbra possuem museus de ciência, que têm realizado importantes tarefas na divulgação do conhecimento científico entre a população (Granado e Malheiros, 2015). A Universidade de Coimbra é detentora de um importante e único património científico, que foi acumulando ao longo dos séculos (Mota, 2008). Assumindo particular relevância mundial, as coleções de instrumentos científicos e objetos de história natural da Universidade de Coimbra são as mais antigas e significativas em Portugal tendo o seu núcleo forte tido origem na Reforma Pombalina da Universidade ocorrida no último quartel do século XVIII, e que estabeleceu as bases para o ensino e investigação científica moderna em Portugal. A intervenção do Marquês de Pombal permitiu a criação de novas faculdades e a construção de equipamentos apropriados ao ensino das ciências, utilizando os edifícios jesuítas que reconstruiu e recriou. Assim, deu origem ao primeiro museu universitário português, o Gabinete de História Natural, localizado no Colégio de Jesus, juntamente com o Gabinete de Física, o Teatro Anatómico, o Dispensatório Farmacêutico e, noutros locais, o Laboratorio Chimico, o Observatório Astronómico e o Jardim Botânico (Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, 2016). Atualmente, o Museu de Ciência da Universidade de Coimbra inclui o famoso Laboratorio Chimico, o Gabinete de Física Experimental, o Gabinete de História Natural, além das coleções do Observatório Astronómico de Coimbra, das coleções de mineralogia e geologia, de zoologia, de botânica, de antropologia, de farmácia e de medicina. O Museu da Ciência recebeu já várias distinções e prémios nacionais e internacionais 20. Destacamos aqui alguns que consideramos ser relevantes: os atribuídos 18 Subdiretora dos Museus da Universidade de Lisboa. Responsável pelas Coleções Históricas. Coordenadora Nacional do PRISC (Portuguese Research Infrastructure of Scientific Collections) é atualmente presidente da UMAC, membro fundador da UNIVERSEUM; 19 Coordenadora do livro "Universidade de Lisboa: Museus, Coleções e Património", lançado em 13 de dezembro de 201;

52 pela APOM - Associação Portuguesa de Museologia (em 2016 a menção honrosa para o museu da ciência, em 2013 a menção honrosa ao serviço educativo do museu da ciência e em 2010 acumulou dois prémios: o de melhor serviço de extensão cultural e melhor aplicação e gestão de multimédia); Micheletti Award que distingue (entre cerca de 50 museus europeus) o melhor e mais inovador museu em ciência, técnica e indústria atribuído pelo European Museum Forum 22. Sobre este prémio, Paulo Gama Mota, na altura Diretor do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, escreveu: A atribuição do Micheletti Award foi motivo de grande satisfação pelo reconhecimento de que um museu universitário no sul da Europa pode realizar um trabalho qualificado, profissional, visualmente apelativo e museologicamente eficaz e ver esse trabalho reconhecido por um dos mais exigentes júris (Mota, 2008). O autor ainda refere que os juízes felicitaram ainda o museu pelo vivo programa educativo e pela sua preocupação em trabalhar com públicos com necessidades especiais. O Museu Nacional de História Natural e da Ciência é a designação pública da unidade Museus da Universidade de Lisboa, criada em outubro de 2011, que funciona na Rua da Escola Politécnica, em Lisboa. Integra as coleções dos seus museus antecessores, os antigos edifícios da Escola Politécnica, o Jardim Botânico (no mesmo local) e o Observatório de Lisboa (na Tapada da Ajuda, junto ao Instituto Superior de Agronomia). Atualmente os Museus são uma unidade especializada da Universidade de Lisboa, mas teve a sua origem no Real Museu de História Natural e Jardim Botânico, criado na segunda metade do século XVIII, na Ajuda (Lisboa). Foi depois alojado, por um curto espaço de tempo, na Real Academia das Ciências e finalmente transferido para a Escola Politécnica (1858), tomando primeiro a designação de Museu Nacional de Lisboa (1861). O Jardim Botânico de Lisboa foi inaugurado em Em 1911, com a criação da Universidade de Lisboa, o Museu foi declarado estabelecimento anexo à Faculdade de Ciências, tomando a denominação de Museu Nacional de História Natural (1926). O Museu de Ciência da Universidade de Lisboa fundado em 1985, tendo sido só reconhecido como instituição em 1990, foi a primeira instituição museológica criada em Portugal com características dos centros de ciência, ou seja, que se procura em 21 Os prémios Micheletti foram criados em 1996, com o objetivo de reconhecer publicamente a excelência dos museus europeus vocacionados para a ciência e a indústria, tendo surgido da cooperação estreita entre a European Museum Academy e a Fundação Luigi Micheletti, uma referência em termos de arqueologia industrial na Itália; 22 Atualmente é European Museum Academy EMA. 52

53 combinar o aspeto histórico das ciências exatas com a vertente participativa e interativa. Passou a partilhar o espaço do Edifício da Politécnica com o Museu Nacional de História Natural. Em 2003 passaram a ser tutelados diretamente pela Reitoria da Universidade de Lisboa. No Porto, podemos listar o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), estabelecido formalmente no final de 2015, como resultado da fusão do Museu de História Natural da Universidade do Porto e do Museu da Ciência/Núcleo da Faculdade de Ciências da mesma universidade (ambos originalmente a funcionar desde 1996) e o Museu da Faculdade de Engenharia do Porto fundado em O MHNC-UP encontra-se organizado segundo uma estrutura bipolar que integra um polo central localizado nas instalações do Edifício Histórico da Reitoria da U. Porto, e outro, que inclui a Galeria da Biodiversidade Casa Andresen e o Jardim Botânico do Porto. O Polo central do MHNC-UP alberga as coleções históricas de geologia, paleontologia, zoologia, arqueologia e etnografia, botânica e ciência. Neste momento está a decorrer um projeto de conceptualização e reestruturação do MHNC-UP, desenvolvido em plena articulação coma Agência Ciência Viva. É o primeiro a nível nacional que prevê e resulta do diálogo entre um Museu e um Centro Ciência Viva (CCV). Este projeto permitirá a abertura ao público em pleno século XXI de um museu universitário com décadas de história que renascerá como um híbrido entre um museu moderno e um CCV com objetivos claros ao nível de três eixos fundamentais: divulgação e educação, conservação e investigação (MHNC-UP, 2016). Segundo um artigo publicado no Jornal Público 23 No Museu de História Natural da Universidade do Porto, começará a ser criado um novo espaço "de divulgação científica de referência internacional, através do recurso a uma filosofia museográfica inovadora que prevê o cruzamento entre a ciência e a arte como formas de apreensão da natureza e da realidade (Público, 8 de setembro de 2016). O financiamento deste projeto é de fundos comunitários que apostam na criação de um novo museu de promoção da cultura científica e tecnológica da região norte, sendo visto como um potencial para atrair 200 a 300 mil turistas por ano para a cidade e região. Pretende-se assim assumir no futuro como um museu de portas abertas à comunidade a todos os níveis (Jornal Público, 2016)

54 6 O papel dos museus e universidades na promoção e divulgação da cultura científica No que respeita à promoção da cultura científica, através de museus e exposições, as primeiras iniciativas provêm do meio universitário e de docentes empenhados nesta área (Delicado, 2006). Podemos partir do exemplo de Fernando Bragança Gil, um pioneiro e visionário nos assuntos que ligados ao museu de ciência, e como referem Eiró & Lourenço (2010) 24 teve uma vida profundamente preenchida e totalmente dedicada à cultura e à educação, foi conhecido como professor, investigador, museólogo e divulgador de ciência. Concebeu e promoveu a criação do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, tendo sido integralmente responsável pelo programa científico, pedagógico e museológico deste museu, bem como seu diretor entre 1985 e Publicou vários trabalhos, cobrindo as áreas da física, física aplicada, ensino superior, divulgação da ciência, história da ciência, museus e museologia (Eiró e Corte- Real, 2010). O Professor F. Bragança Gil já mais abandonou a ideia de criar um museu de ciência em Lisboa que contribuísse para estimular a cultura científica da população, em particular a curiosidade dos jovens, e apresentasse, de uma forma acessível, os fundamentos da Ciência (Eiró e Corte- Real, 2010). Promover a divulgação científica sempre o cativou, como podemos ler no texto de apresentação do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, escrito pelo professor em 1997: O Museu de Ciência da Universidade de Lisboa é, assim, uma instituição, com o objetivo de promover a divulgação científica e sensibilização para a importância da Ciência na sociedade atual, não apenas como base da Tecnologia mas igualmente pelo seu valor como elemento essencial da cultura contemporânea. Quer dizer, ele procura promover o aumento da literacia científica, de essencial importância por razões de natureza intelectual, cultural e, mesmo, económica e social (Eiró e Corte- Real, 2010). Por considerar que os museus de ciência tradicionais e os centros de ciência são complementares, segundo os mesmos autores: ( ) foi dos primeiros autores da comunidade museológica internacional a integrar e contextualizar os centros de ciência na história dos museus. Chamava aos primeiros os museus de tipo contemplativo, que apresentam equipamento histórico-científico de forma mais tradicional museus de ciência de primeira geração e aos centros de ciência museus de ciência de segunda geração (Eiró e Corte- Real, 2010). 24 Nota de Abertura de Eiró, A.M., Corte-Real, L (orgs.) (2010). Fernando Bragança Gil e o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, Museu de Ciência da Universidade de Lisboa. 54

55 Segundo as mesmas autoras, para ele a solução estava em integrar estes dois tipos de museus para se conseguir um museu que contribuísse para a cultura científica dos cidadãos. Era o museu que desenvolveu teoricamente e tentou implementar no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa museu de ciência de terceira geração, que incorporasse coleções de objetos que ilustrassem a evolução histórica da ciência e tecnologia, a par de exposições de natureza interativa e participativa dirigidas para a compreensão pública da ciência (Bragança Gil, cit. por Delicado, 2006). Um outro impulsor da divulgação científica em Portugal, que não poderia esquecer de referir neste trabalho, é o Prof. José Mariano Gago. Licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica, em 1971 pelo Instituto Superior Técnico. Foi considerado um ativo promotor da ciência, do conhecimento da história dos processos e métodos científicos, da educação e da divulgação científicas em Portugal (Arquivo de Ciência e Tecnologia da Fundação de Ciência e Tecnologia, 2015). Ainda nessa qualidade de impulsionador, publicou diversos trabalhos resultado da sua participação por diversas iniciativas de difusão da ciência portuguesa na Europa. Em 1990 publicou o livro Manifesto para a Ciência em Portugal que propunha pistas de reflexão que a prática poderia e deveria trilhar para ultrapassar a situação nessa altura existente face à ciência (Fiolhais, 2011, p. 30). Desempenhou vários cargos entre os quais Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico, Ministro da Ciência e da Tecnologia, entre 1995 e 2002 e, entre 2005 e 2011, Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior do XVIIº Governo Constitucional. Durante estas suas funções foram promovidas atividades e iniciativas que são até hoje grandes marcos na história da promoção e divulgação científica, entre as quais destacam-se: O «Programa Mobilizador da Ciência e da Tecnologia», visando a inscrição da ciência portuguesa no contexto europeu e internacional bem como a consolidação de uma cultura de informação e de trabalho em rede entre cientistas e instituições de ciência; o «Programa Ciência» e outras iniciativas como a «Unidade de Missão Informação e Conhecimento» para o desenvolvimento da Sociedade da Informação em Portugal; O «Programa Ciência Viva», criado em 1996 para promoção da cultura científica e tecnológica da população portuguesa. (Arquivo de Ciência e Tecnologia da Fundação de Ciência e Tecnologia, 2015). Este programa foi criado especialmente para a melhoria da educação científica nas escolas portuguesas proporcionando aos alunos dos ensinos básico e secundário condições para uma aprendizagem viva das ciências (Departamento do Ensino Secundário, 1998). 55

56 O Professor Galopim de Carvalho é outro dos grandes nomes ligados à divulgação da ciência em Portugal. Foi responsável pela promoção das Ciências da Terra, através de uma ação incansável, ao longo de décadas, que passou pelas suas aulas, investigação na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, livros, palestras de divulgação por todo o país e no mundo, o diligente trabalho como Diretor nos dois Museus que antecederam ao atual MUHNAC o Museu Mineralógico e Geológico (entre 1983 e 1992) e o Museu Nacional de História Natural (entre 1992 e 2003), e noutros locais pelas suas sábias intervenções na imprensa escrita, na internet, na rádio e na televisão. Ficou sobretudo famoso pela organização da exposição sobre dinossauros-robôs que, em 1992, levou à Rua Politécnica mais de três centenas e meia de milhares visitantes e pela sua defesa das pegadas dos dinossauros de Carenque 25, às portas de Lisboa. Ganhou inúmeros prémios sendo um dos mais recentes, em 1 de julho de 2016, a distinção com a medalha municipal de mérito científico da Câmara Municipal de Lisboa. Se por um lado a ciência tem vindo a ser encarada por como um fator de interesse por muitos especialistas, por outro lado, observa-se um desinteresse por carreiras e disciplinas de ciências entre os alunos. Na lição síntese apresentada para as suas Provas de Agregação, Maria Isabel Martins (2003) faz referência a vários estudos que comprovam o desinteresse dos jovens pela aprendizagem das ciências e tecnologias, assim como estudos que comprovam o desinteresse do público face à ciência mesmo em sociedades de elevado nível económico e de escolarização. A mesma autora chama este fenómeno social de movimento anti - ciência que segundo ela tem merecido atenção de muitos cientistas dando destaque a Dias de Deus 26. Neste quadro de inquietação é emergente fazer uma articulação entre a ciência e a sociedade, ou seja, desenvolver a literacia científica que permita a qualquer cidadão conhecimento e compreensão de conceitos científicos bem como de processos necessários para a tomada de decisões a nível pessoal, para a participação em assuntos cívicos e culturais e ainda produtividade a nível económico (National Research Council, cit. Martins, 2003). 25 O Núcleo Monográfico da Necrópole de Carenque é um dos núcleos do Museu Municipal de Arqueologia e encontra-se aberto ao público, de forma permanente, desde 1999, na freguesia da Falagueira, concelho da Amadora; 26 Jorge Dias de Deus é professor catedrático IST (aposentado). Já publicou diversos artigos a nível nacional e internacional e tem sido um divulgador da ciência e das tecnologias no geral. Para além da sua atividade de investigação, preocupou-se sempre com o papel da ciência na sociedade. «Ciência, Curiosidade e Maldição», «Einstein...Albert Einstein. Homem, cidadão, cientista» e «Viagens no Espaço-Tempo» foram alguns dos livros que já escreveu. 56

57 Segundo Martins (2003) para despertar o gosto pelo consumo não formal da ciência, o ensino formal deve dar a conhecer ambientes de aprendizagem não formal das ciências: visitas a museus e centros de ciência, exposições, parques e Jardins temáticos, participação em debates e conferências, visionamento de filmes e documentários sobre ciência, leitura de livros e artigos de divulgação científica. Esta articulação do ensino formal com ambientes de educação não formal é fundamental para acentuar, sobretudo na população mais jovem, que as aprendizagens são úteis e se aplicam no dia-a-dia. A mesma autora ainda nos diz que nesta perspetiva, é necessária esta articulação, de modo a promoverem a criação de uma sociedade educativa, aquela onde existe uma circulação livre de saberes e onde cada indivíduo desenvolve as suas competências de literacia. 6.1 Os museus de ciência como os espaços de educação não-formal Inicialmente convêm aqui esclarecer que o termo de museu de ciência aqui utilizado é referente aos museus de ciência que englobam dois tipos: museus de história natural e museus de ciência e indústria (ou ciência e tecnologia). Os primeiros mais ligados aos ramos da ciência de zoologia, botânica, geologia e antropologia, enquanto os museus de ciência e tecnologia têm por objetivo ensinar princípios de física, química e matemática e mostrar artefactos e instrumentos que são fruto do engenho humano (Chagas, 1993). Conforme refere Jacobucci (2008), a diferença entre os centros de ciências e os museus de ciência é nítida, uma vez que os museus de ciência necessariamente possuem coleções de organismos ou minerais nos seus acervos e pessoal técnico direcionado à pesquisa científica, sendo muitas vezes possível ao visitante observar os laboratórios e vivenciar o dia-a-dia do cientista. Temos, por exemplo, o The Field Museum em Chicago 27 onde é possível usar a videoconferência numa sala de aula, interagir com um membro da equipe Field Museum e ver ciência acontecer ao vivo, através da câmara. Os museus de ciência são locais de educação não formal e de ampla divulgação científica, e por isso têm sido cada vez consagrados como locais fundamentais para o desenvolvimento não formal das ciências, sendo as atividades educativas desenvolvidas nesse espaço de diferentes naturezas e estratégias variadas. Segundo Jacobucci (2008), um museu de ciência precisa estruturar suas atividades de forma que o público possa interessar-se pelos assuntos tratados logo na primeira visita. Esta autora ainda acrescenta que os museus de ciência também são percebidos como locais de entretenimento e de diversão familiar e até dá como exemplos museus que ficam abertos 27 Museu da cidade Illinois, localizado no Grant Park e às margens do Lago Michigan. O museu abriga mais de 20 milhões de espécies em coleção 57

58 para visita à noite, oferecem atividades de férias e chegam a realizar eventos de festas académicas e festas de aniversário com temáticas científicas. O objetivo é contribuir para o fortalecimento do saber científico, histórico e universalmente acumulado, através do estímulo à curiosidade científica, da popularização de informações significativas de ciência e tecnologia. A educação em museus possui especificidades, as quais têm sido ressaltadas por diferentes autores (Marandino, 2001) e elementos como espaço, tempo e objetos são considerados alguns fatores que irão construir o diferencial da educação nesses espaços. As novas metodologias utilizadas pelos museus são reflexos do esforço em assegurar a relação do ser humano com o seu património natural e cultural e, no caso dos museus de ciência, em fazer a divulgação científica (Galopim de Carvalho, 1993). A visita aos museus de ciência poderá ser entendida enquanto figura de cidadania cultural, onde se pratica e partilha, não só a sociabilidade no quadro da receção e reformulação dos saberes científico-tecnológicos, mas igualmente a solidariedade, relativamente à formação sustentada de novos segmentos de cidadãos culturais. (Andrade, 2010). 58

59 CAPÍTULO II CONTEXTUALIZAÇÃO "Os museus não valem como depósitos de cultura ou experiências acumuladas, mas como instrumentos geradores de novas experiências". Carlos Drummond de Andrade (cit. Fontes & Gama, p. 17) Este capítulo irá de forma sintetizada apresentar o contexto da instituição, o Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e os Museus do IST (Museu DECivil e Museus de Geociências). A maioria da informação aqui exposta sobre o IST foi retirada do site oficial da instituição na internet: Apresenta-se uma breve história da Instituição que acolheu este projeto. Como iremos verificar, desde a sua fundação muita coisa mudou e essas mudanças fazem parte por ser um estabelecimento de ensino sempre em atualização constante, indo de encontro às necessidades da sociedade e por estar ligada à história do país, que de certa forma justificam a pertinência deste trabalho. 1 Caraterização do IST O IST foi fundado um ano após a implantação da República, em 23 de Maio de 1911, na Boavista ao Conde Barão em Lisboa. Surgiu pela necessidade da reforma do ensino industrial e comercial em Portugal que desdobrou o IICL em duas novas escolas, o IST e o Instituto Superior do Comércio, atual ISEG, herdando as instalações do extinto Instituto Industrial. O primeiro Diretor do IST ( ) foi o Engenheiro Alfredo Bensaúde que promoveu uma profunda renovação nos métodos de ensino da engenharia em Portugal. A criação do IST correspondeu assim a um desejo de mudança visível no estatuto inédito de autonomia que lhe foi concedido. Por parte de Alfredo Bensaúde houve uma preocupação clara de inovar, de criar desde logo uma escola com elevados padrões de excelência e exigência, desenvolvendo uma cultura muito própria, o espírito de escola que figura abundantemente nos primeiros números da revista Técnica e que perdura até hoje. 59

60 Mais tarde, com o Engenheiro Duarte Pacheco como Diretor do IST ( ), dá-se início à construção do atual campus universitário da Alameda, em Lisboa. Figura 5 Perspetiva histórica da criação do IST (Fonte: museus de geociências) Em 1930 surge a Universidade Técnica de Lisboa, e o IST, é uma das quatro Escolas que a integra. Entre 1952 e 1972 são criados em Portugal 12 centros de estudos, três dos quais sediados no IST, abrangendo os domínios da Química, Geologia e Mineralogia, e Eletrónica. Estes centros são responsáveis pela formação e qualificação científica do corpo docente do IST, nomeadamente através do fomento e realização de doutoramentos em universidades e centros de investigação no estrangeiro. Em 23 de Maio de 2011 o Instituto Superior Técnico comemorou o seu centenário, e no discurso da Cerimónia de Apresentação do Programa das Comemorações do Centenário do IST Eduardo Marçal Grilo (2010) refere: O Instituto Superior Técnico veio a tornar-se numa das mais prestigiadas escolas universitárias portuguesas. O IST, fazendo parte hoje em dia da Universidade de Lisboa, é reconhecido nacional e internacionalmente, como uma grande escola de engenharia, arquitetura, ciência e tecnologia. Integra atualmente os mais prestigiados laboratórios e institutos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I) e transferência de tecnologia existentes em Portugal, cujo impacto internacional é bem patente em diversos domínios da investigação científica. De acordo com os estatutos publicados em Diário da República, 2.ª série N.º de setembro de 2013, o Instituto Superior Técnico (IST) é uma pessoa coletiva de direito público, integrada na Universidade de Lisboa, e dotada de autonomia estatutária, científica, cultural, pedagógica, administrativa, 60

61 financeira e patrimonial, e como instituição que se quer prospetiva no ensino universitário, assegurar a inovação constante e o progresso consistente da sociedade do conhecimento, da cultura, da ciência e da tecnologia, num quadro de valores humanistas. O IST tem como missão contribuir para o desenvolvimento da sociedade, promovendo um ensino superior de qualidade nas vertentes de graduação, pósgraduação e formação ao longo da vida, e desenvolvendo atividades ID&I, essenciais para o progresso do conhecimento, e para ministrar um ensino ao nível dos mais elevados padrões internacionais. A sede do IST situa-se em Lisboa, no campus universitário da Alameda que foi construído, conforme já referido, sob a direção do Engenheiro Duarte Pacheco tendo a obra sido concluída em 1937 por Porfírio Pardal Monteiro, que concebe o primeiro campus autónomo de todo o sistema universitário português. O campus situa-se numa das zonas mais centrais de Lisboa, beneficiando da rede pública de transportes, o que facilita a mobilidade para todas as zonas da cidade. Na sua proximidade, encontram-se inúmeros espaços comerciais, de lazer, cultura, entretenimento e desporto. O IST dispõe de mais dois polos, no campus do Taguspark e no campus tecnológico e nuclear. Em 2001 é inaugurado o campus em Oeiras, localizado no parque de ciência e tecnologia do Taguspark, complexo que concentra mais de 120 empresas de base tecnológica, um dos mais importantes polos tecnológicos do país, sobretudo na área das tecnologias de informação e comunicação. Este campus está ligado à Alameda através de transporte próprio, com paragens em vários pontos da cidade de Lisboa. Neste campus está também localizada a Residência de Estudantes Prof. Ramôa Ribeiro. O Campus Tecnológico e Nuclear (CTN) situa-se no concelho de Loures e é um dos mais importantes pólos tecnológicos do país. Encontra-se mais vocacionado para a promoção e realização de atividades de investigação científica de desenvolvimento tecnológico, de formação avançada, de especialização e aperfeiçoamento profissional, para além do dever de apoiar científica e tecnicamente o governo nos domínios da segurança nuclear e proteção radiológica, ou os que envolvam aplicações de radiações e radioisótopos. De acordo com os Estatutos do IST, organiza-se em departamentos, que são unidades de ensino e investigação correspondentes a grandes áreas do conhecimento conjugando o ensino do 1.º, 2.º e 3.º ciclos, a especialização e a formação profissional com a 61

62 investigação fundamental e aplicada, o desenvolvimento tecnológico, a prestação de serviços científicos e técnicos à comunidade e a cooperação internacional. 2 Museus do IST No universo dos treze museus e núcleos museológicos da Universidade de Lisboa, neste momento estão identificados quatro polos museológicos dentro do campus Alameda: o Museu DECivil, o Museu Alfredo Bensaúde e o Museu Décio Thadeu (museus de geociências) e o recentemente inaugurado Museu Faraday 28. Figura 6 Localização dos Museus do IST dentro do campus Alameda No entanto, dadas as limitações temporais deste trabalho académico e, tendo em consideração que quando se iniciou este projeto o museu Faraday ainda estava em fase de organização, decidimos centrar a nossa atenção nos Museus do DECivil. Por esse motivo, quando neste trabalho nos referimos aos Museus do IST estamos a referir-nos ao Museu de Engenharia Civil e aos Museus de Geociências. 28 Foi inaugurado 6 de fevereiro em 2017, localizado no Pavilhão de Eletricidade. O Museu Faraday reúne um espólio cobrem de mais seiscentos instrumentos e equipamentos científicos históricos dos séculos XIX e XX 62

63 De acordo com o nº 1 do Artigo 1º da Capítulo I do Regulamento do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos este departamento designado por DECivil, é uma unidade de ensino e investigação do IST, nos termos do Artigo 18º dos Estatutos do IST. O DECivil tem por objetivos a realização de atividades no âmbito da Engenharia Civil, da Engenharia do Território, da Arquitetura, da Engenharia do Ambiente, da Engenharia de Minas e Georrecursos. A organização interna do DECivil assenta nas áreas científicas, secções, unidades de investigação e unidades de apoio. Estas últimas contêm as unidades técnicas especializadas, nomeadamente a biblioteca departamental, os laboratórios experimentais e oficinas, os laboratórios informáticos e os museus. No DECivil existem atualmente os seguintes museus: - Museu de Engenharia Civil; - Museus de Geociências: - Museu Alfredo Bensaúde (Mineralogia e Petrologia); - Museu Décio Thadeu (Geologia e Jazigos Minerais). 2.1 Museu de Engenharia Civil (Museu DECivil) O Museu DECivil foi inaugurado a 20 de Dezembro de 1993, situa-se no piso 0 do Pavilhão de Engenharia Civil, e teve como primeiro diretor o Prof. Artur Mendes Magalhães. O acervo do museu é composto pelas peças recolhidas e mantidas no Departamento, património didático que, até à formação do Museu, se encontrava nos gabinetes, laboratórios e salas de aula, e por peças, de interesse museológico, que têm vindo a ser doadas, relacionadas com as áreas de conhecimento desenvolvidas no DECivil. O acervo é composto, essencialmente, por peças nas áreas da Engenharia Civil como Urbanismo, Transportes, Estruturas, Construção, Geotecnia 29 e Arquitetura que inclui o Ateliê do Prof. Álvaro Machado 30, para além de livros, quadros, fotografias, estampas e 29 Coleção de Transportes; Coleção sobre Estruturas; Coleção de Pontes; Coleção de Cartografia; Coleção sobre Materiais; Coleção de Desenhos; Coleção sobre Hidráulica e Recursos Hídricos e Coleção de Instrumentos de Cálculo e Medida; 30 Um espaço que reproduz fielmente onde trabalhou Álvaro Machado ( ). Foi o 1º Professor de Arquitetura do IST que em 1911, aquando da criação do IST, é um dos sete professores do IICL convidados por Alfredo Bensaúde. O riquíssimo espólio foi oferecido pela família em junho de 2000 ao IST. 63

64 mapas. O património, exibido na sala de exposições do museu, tem um carácter pedagógico e é regularmente alterado de forma a permitir a divulgação de todo o seu espólio. No espaço de exibição são ainda efetuadas, com a eventual participação de entidades exteriores, exposições temporárias, o lançamento de livros, a atribuição de prémios, a realização de palestras e de outros eventos, sob temas afins às áreas da Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos com caráter científico, educativo, cultural e de lazer, contribuindo para a ligação do IST à sociedade. A sala de exposição do Museu é de entrada livre, no horário das 13h30 às 17h00, de segunda a sexta-feira. Existe ainda um website do museu ( 2.2 Museus de Geociências O antigo Departamento de Minas e Georrecursos do IST possuía três núcleos museológicos, sendo dois deles o Museu de Mineralogia e Petrologia Alfredo Bensaúde e o Museu de Geologia e Jazigos Minerais Décio Thadeu. Situam-se nos pisos 2 e 3 do Pavilhão de Minas do campus Alameda e são tutelados pela área científica das geociências. Um terceiro núcleo é composto por uma coleção de modelos de exploração de minas, que se encontra atualmente em exposição no Museu Mineiro do Lousal 31 (Pereira, 2010). O mesmo autor e atual diretor dos respetivos museus afirma que, existem ainda instrumentos e equipamentos diversos nos laboratórios e oficinas do Departamento que possuem elevado interesse museológico e que urge catalogar para poderem ser disponibilizados e investigadores, ou utilizados em exposições de carácter didático. A história dos museus de geociências do IST remonta ao IIL, criado em 1852 por Fontes Pereira de Melo e que a partir de 1869 passou a designar-se IICL. Funcionaram no edifício do Paço da Madeira, localizado na Rua da Boavista ao Conde Barão, tendo o mesmo edifício alojado o IST no seu período inicial de existência. Estas instituições de ensino, percursoras do atual IST correspondem à constituição dos primeiros acervos e espaço museológicos. O projeto de arquitetura das instalações dos museus é da 31 Esta coleção já se encontra catalogada no Livro Modelos de Minas do séc. XIX Engenhos de exploração mineira, composta por 49 modelos e segundo os autores do catálogo, a coleção foi adquirida pelo Prof. Alfredo Bensaúde, no período de fundação do IST. 64

65 responsabilidade de Pardal Monteiro, tendo estas sido inauguradas em 1936 e, segundo Pereira (2010), foram construídas e dimensionadas para acomodar os atuais museus. O espaço e os equipamentos expostos ainda preservam a sua conceção original, construindo por isso uma referência arquitetónica para o período em causa, evidenciando o grande valor da coleção, uma referência arquitetónica da fase inicial do Estado Novo, marcada por uma forte componente funcionalista. Conforme podemos verificar e de acordo com Pereira (2010) dado que alguns dos materiais que constituem o acervo dos museus têm uma origem anterior à instituição em que se inserem, optou por dividir a existência temporal dos diversos espaços museológicos e dos acervos em dois grandes períodos: um período inicial, que decorreu entre 1852 e 1911, e que corresponde ao aparecimento dos primeiros materiais e dos primeiros museus, e um segundo período, de 1911 até á atualidade, iniciado com a fundação do IST. Neste segundo período é distinguido por duas fases: fase 1 ( /37); fase 2 (1936/37 até a atualidade) (Pereira, 2010). A partir do momento em que terá transitado para o IST como Coleção Bensaúde e com o Prof. Alfredo Bensaúde como Diretor do IST, a coleção registou um desenvolvimento significativo subdividindo-se em dois núcleos, Museus Alfredo Bensaúde (Piso 3 do Pavilhão de Minas) e Décio Thadeu (Piso 2 do Pavilhão de Minas) (Pereira, Tomás, Carvalho, Craveiro, & Jacomini, 2010). Figura 7 Museus de Geociências e evolução das coleções (Fonte: museus de geociências) O MAB é dedicado essencialmente à mineralogia, cristalografia e petrologia. Inclui no seu acervo vasto material geológico, na sua maioria de proveniência nacional e da 65

66 CPLP e algum relativo a ocorrências mineiras históricas não está acessível atualmente. A coleção mais antiga de mineralogia e petrologia do MAB abrange a maior parte do acervo do Gabinete de Minerologia e da Chimica proveniente do IIL e IICL 32 (Pereira et al, 2010). Os autores ainda referem que a coleção de mineralogia contém cerca de 5000 exemplares nacionais e estrangeiros e a coleção de petrologia cerca de 1200 exemplares, sendo a grande maioria de rochas magmáticas de coleções estrangeiras. O património museológico ainda é composto por instrumentos e materiais didáticos, livros, mapas e fotografias de relevância histórica e pelo espólio científico e pessoal de professores, com destaque para Alfredo Bensaúde ( ), Amílcar Mário de Jesus ( ) e Luís Aires-Barros (1932). O MDT contém o espólio científico de Décio Thadeu ( ), professor de geologia e paleontologia do IST e importante estudioso dos jazigos minerais em Portugal, nomeadamente de estanho, volfrâmio e tungsténio que lhe trouxe reconhecimento internacional. Contem ainda o espólio de Ernest Fleury ( ), de origem suíça, professor e investigador responsável pelo laboratório de geologia e pela organização das coleções de geologia e paleontologia utilizadas no ensino. Os espólios pessoais foram oferecidos pelas suas famílias, que perfazem alguns milhares de itens (Pereira, 2010). O espaço museológico apresenta ainda uma importante coleção de estratigrafia e paleontologia, uma significativa amostragem das principais minas históricas portuguesas e equipamento datado de finais do século XIX e início do século XX. Para além de um repositório de espólio insubstituível do país, incluindo as suas particularidades arquitetónicas, e de um lugar de cultura, estes museus têm um enorme potencial em termos de temas de investigação científica. Sobre a importância e utilização de estruturas de suporte pedagógico-científicas, no processo de ensinoaprendizagem do ensino superior atualmente vigente no Processo de Bolonha, Pereira (2010) diz: Consideramos, por isso, que espaços museológicos de contexto universitário, tais como o Museu Bensaúde e o Museu Décio Thadeu, constituem uma maisvalia para a prossecução dos princípios e objetivos subjacentes ao referido tratado, uma mais-valia reforçada pelo fato de os referidos espaços museológicos se encontrarem associados a laboratórios de investigação. O acervo, reunido ao longo de várias décadas, constitui um auxiliar precioso para a aprendizagem científica, pelo seu conteúdo e pela sua fácil 32 Outra parte da coleção de mineralogia, petrologia e paleontologia, encontra-se no Museu de Mineralogia do atual Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. 66

67 acessibilidade em que se inclui a possibilidade de contato direto com muitos dos materiais expostos. (Pereira, 2010, p. 85) Para além do usufruto interno dos alunos e professores do IST, os museus organizam regularmente atividades de divulgação técnica e científica no âmbito da engenharia geológica e de minas e de outras áreas científicas e culturais principalmente dirigidas ao público escolar 33. Na vertente de divulgação digital os museus estão incluídos no portal do Roteiro das Minas e Pontos de Interesse Mineiro Geológico em Portugal 34, bem como em grupos na rede social Facebook. Atualmente, os grupos são dedicados aos Museus de Geociências do IST, aos Professores Alfredo Bensaúde, Décio Sequeira Santos Thadeu, Ernest Fleury e Amilcar Mário de Jesus. O grupo Mil e uma Águas - One Thousand and One Waters dedica-se ao tema das barragens e captações de água em Portugal e nos países da CPLP. É possível visitar os museus mediante marcação prévia, via ou telefone. 33 Encontros de Geologia no IST, Geopaper, Geokids, Laboratórios Abertos, Projeto entre outras; 34 Disponível a publicação "Serviços Educativos e Visitas Escolares ". O roteiro através das diferentes plataformas em que está presente, promove a oferta dos diferentes locais associados, onde os serviços educativos e as atividades dirigidas às escolas assumem especial relevância. Um dos locais são os Museus de Geociências 67

68 CAPÍTULO III - METODOLOGIA O que conta não é o que um museu tem, mas o que pode fazer com aquilo que tem George Brown Good, 1888 Esta parte é dedicada à apresentação da metodologia utilizada no trabalho. No âmbito dos objetivos deste projeto, optou-se por uma pesquisa bibliográfica especializada sobre a temática museal. Os recursos bibliográficos utilizados para a estrutura do enquadramento teórico foram livros, teses e dissertações, revistas científicas, boletins informativos, informação de organizações/instituições nacionais e internacionais. O acesso a estes recursos foi realizado em duas modalidades: manual e eletronicamente. 1 Pesquisa bibliográfica Podemos constatar pelas datas das referências bibliográficas e pelos recentes dados estatísticos apresentados, que a pesquisa bibliográfica foi um processo continuum durante todo o trabalho. Para além das temáticas abordadas no enquadramento teórico, foram feitas pesquisas sobre legislação, normas, regulamentos, com interesse para o trabalho que podem ser consultadas nas referências bibliográficas. Tornaram-se também uma fonte de recolha de informação fundamental, o visionamento de filmes, documentários (na rede social Youtube), a consulta de informação sobre museus e serviços educativos nacionais e estrangeiros, assim como visitas em algumas instituições ligadas à museologia e educação. Um meio valioso para recolha de informação, foi a minha participação em algumas atividades ligadas á educação museal, tais como: o curso sobre educação e museus, a minha participação como voluntária no Festival Aproxima-te e na Acesso Cultura. - Curso MOOC Educación y Museos (2.ª edición) O curso foi ministrado pela Universidade de Murcia, em Espanha, na modalidade de ensino à distância. Esta formação foi relevante no que diz respeito ao conhecimento de autores citados na bibliografia do curso e referenciais teóricos presentes nas temáticas do programa (Anexo 1), que propunha como objetivos: apresentar os conceitos que definem o museu como um contexto educacional e interdisciplinar. Um lugar para discussão de uma perspetiva social e de 68

69 desenvolvimento. Um museu para todos com tendências atuais de um museu participativo onde as pessoas aprendem de maneira diferente. Lugar de conhecimento, lazer e cultura que combina os interesses de muitas minorias diferentes. - Festival APROXIMA-TE O APROXIMA-TE, é um festival pioneiro que agregou, em 4 dias, a oferta existente no campo da educação patrimonial e artística, com ações dirigidas às famílias, escolas e profissionais do sector. O espaço onde decorreu o festival foi o MUHNAC que se encheu com os serviços educativos de instituições públicas e privadas, departamentos de educação e cultura de municípios, empresas e associações prestadoras de atividades extra e de enriquecimento curricular. Paralelamente, também existia uma programação cultural com foco na educação patrimonial. A programação recorreu a vários meios expressivos para transmitir conteúdos patrimoniais ao público infantil e juvenil: dança, poesia, narração oral, literatura histórica, música, performances/teatro, visitas interpretadas e uma variedade de ateliers em contínuo. Estive presente 3 dias do festival como voluntária, onde prestei várias tarefas de apoio à equipa da organização. No entanto, a mais relevante foi no último dia do evento, ter ficado a prestar informações aos visitantes sobre os monumentos e museus da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). A DGPC tem a seu cargo a gestão direta de 23 monumentos e museus, onde se incluem 5 monumentos inscritos na lista do património mundial da UNESCO e 15 museus nacionais 35. A possibilidade de estar neste stand foi muito enriquecedora em termos de conhecimento quer a nível de contato com o público interessado nestas ofertas educativas, quer pelo acesso direto às dinâmicas dos serviços educativos dos museus. A participação neste festival simplificou a recolha de informação sobre serviços educativos e alguns materiais pedagógicos (alguns até disponíveis para oferta aos visitantes). Proporcionou a comunicação com os colaboradores/responsáveis de serviços educativos de diversas instituições, tais como: Cinemateca, Museu da Água, museus da gestão da EGEAC, Jardim Zoológico, Museu Marítimo de Ílhavo, Fundação de Aljubarrota, Parques de Sintra, Arquivo Municipal de Lisboa, Museu de Lisboa. Foi uma experiência positiva que recomendo a quem estiver interessado em desenvolver esta temática. 35 DGPC 69

70 - Acesso Cultura A Acesso Cultura 36 é uma associação que promove a melhoria das condições de acesso nomeadamente físico, social e intelectual aos espaços culturais e à oferta cultural, em Portugal e no estrangeiro. A participação como voluntária nesta associação iniciou em 2015 e desde então vou colaborando com tarefas possíveis de realizar à distância. Até ao momento prestei o meu contributo em algumas solicitações que ajudam a Acesso Cultura a cumprir com a sua missão e objetivos. Esta associação organiza formações nas áreas ligadas à acessibilidade; realiza auditorias e consultorias técnicas em espaços culturais (em construção ou existentes), no sentido da promoção e aplicação dos princípios de acessibilidade e apoio na implementação das consequentes recomendações; organiza seminários, conferências e workshops, com o objetivo de criar um fórum de debate e de promoção de boas práticas; participa em projetos que procurem promover a reflexão e as boas práticas relativas à acessibilidade e divulga notícias e estudos relativos à acessibilidade. Esta colaboração foi muito gratificante neste projeto, pois acabou por ser uma forma de estar atenta às boas práticas desenvolvidas nos espaços museológicos no que diz respeito à acessibilidade. A nível pessoal também foi um prazer enorme dar o meu contributo para a criação de uma sociedade mais inclusiva. 2 Recolha de dados Foram realizadas um total de 4 entrevistas, duas aos diretores dos museus do IST, e duas aos responsáveis dos serviços educativos dos museus da Universidade de Lisboa e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Estava prevista uma terceira entrevista ao responsável do serviço educativo do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, mas por motivos alheios à nossa vontade, não foi possível realizar. No entanto, também foi possível a recolha de informação sobre o espaço museológico e suas atividades educativas, através de uma conversa durante uma visita guiada ao respetivo museu. O método utilizado para as entrevistas, foi o da entrevista semiestruturada, com questões abertas e fechadas, baseadas em dois guiões distintos: a) Destinado aos diretores dos museus. Este foi constituído por 8 partes (Anexo 2), que visou recolher informação sobre:

71 - Apresentação do diretor do museu; - Funcionamento e Orgânica do museu; - Público-alvo e programação; - Divulgação e imagem; - Financiamento/receita - Serviço educativo b) Destinado aos Coordenadores responsáveis dos serviços educativos dos museus da Universidade de Lisboa e Porto. Neste caso o guião da entrevista foi constituído por 4 partes (Anexo 3), que visou recolher informação sobre a estrutura geral do serviço, a metodologia de trabalho e a relação com o público: - Funcionamento do serviço educativo - Atividades/Público - Relação entre o serviço educativo e as escolas - Acessibilidade Para além das entrevistas, as conversas informais com os responsáveis e colaboradores dos museus foram fontes de informação indispensáveis e muito importantes para a construção do projeto. Gostaria igualmente de salientar algumas reuniões e a participação em várias atividades e eventos, que estão elencadas no Anexo 4. As reuniões com membros ligados aos museus com cargos de direção, foram sem dúvida momentos de aprendizagem e crescimento na área da museologia e outras áreas afins ligadas às instituições museológicas. Estes encontros provocaram uma tomada de consciência do papel dos serviços educativos dentro de um museu e como se posicionam face aos outros serviços existentes num museu. A participação nas atividades e eventos realizados nos museus no IST permitiu recolher dados para o diagnóstico e posterior análise e reflexão sobre a qual se orientou a conceção do projeto. A presença nestas atividades permitiu de igual modo um contato e um envolvimento mais direto com os museus do IST, como com as pessoas que a eles estão ligados direta ou indiretamente. De certa forma acabou por também divulgar este projeto e perceber qual a recetividade e sensibilidade por parte da comunidade académica, sobre a criação do serviço educativo para os museus do IST. 71

72 3 Tratamento de dados Depois das entrevistas realizadas foi necessário transcrevê-las (Anexos 5, 6,7 e 8) para posteriormente fazer a análise de conteúdo. Decidiu-se que só as entrevistas dos Diretores dos Museus do IST seriam tratadas através da análise de conteúdo, uma vez que só usaríamos estas entrevistas para o diagnóstico. As informações recolhidas com as duas entrevistas e o registo da conversa aos responsáveis dos serviços educativos dos museus Lisboa, Porto e Coimbra, serviram para ajudar a construir a parte prática do projeto. Foi criada uma grelha estabelecendo uma ligação com o guião inicialmente elaborado para que fossem utilizados os mesmos termos e organização. Tendo por base este método, foi bastante mais fácil elaborar a própria grelha, inserindo os indicadores e as unidades de registo da entrevista em cada bloco de categorias e respetivas subcategorias. Esta grelha é importante porque permitiu fazer uma leitura mais sistemática e objetiva de todas as entrevistas, onde estão expressas todas as ideias e opiniões dos entrevistados, sem ser necessário ler a transcrição da entrevista (Anexos 9 e 10). Na próxima parte, dedicada à apresentação de um projeto para o serviço educativo dos museus do IST, tentaremos desenvolver uma triangulação entre as três fontes de informação ao longo do estudo: o aprofundamento teórico em torno da educação em museal; a análise que nos permitiu caraterizar os museus e as dinâmicas desenvolvidas, principalmente educativas, e os dados recolhidos através das entrevistas. 72

73 CAPÍTULO IV - CONCEÇÃO DO PROJETO Construir-se um projeto é já procurar fazê-lo acontecer Barbier, Origem Foram colocadas algumas questões de partida para este projeto: - Uma das funções museológicas dos museus é a função educativa. Até que ponto os museus do IST cumprem essa função? - Qual o papel dos museus na comunidade onde se insere? - Como se caraterizam os utilizadores dos museus? - Que impacto têm as exposições sobre os visitantes na divulgação da cultura científica? - Existe algum programa educativo nos museus, sendo este um complemento essencial para a educação nas escolas? Ao procurar encontrar as respostas entendemos que a criação de um serviço educativo, com um Plano Educativo/Programação Cultural, constitui a chave para o funcionamento de qualquer museu. Apuramos que nestes museus têm sido realizadas não de forma contínua e sistemática, algumas atividades educativas, palestras, lançamentos de livros, exposições temporárias e outros. Assumimos desta forma que os Museus do IST têm uma ação educativa pontual (Camacho, 2007). A fim de apresentar uma proposta exequível, foi necessário observar, analisar e perceber o funcionamento dos museus do IST. Dessa forma desde setembro de 2015, temos vindo a acompanhar a atividade destes museus, com o objetivo de elaborar uma proposta para a melhoria do seu funcionamento e que contribuísse para estes desempenharem as suas funções museológicas. Como base teórica para a elaboração do estudo seguimos as linhas orientadoras da Sara Barriga 37 para a estruturação e gestão de um programa coerente que responda aos desafios quotidianos do serviço educativo (Barriga e Silva, 2007). 37 Barriga, S. (2007) Plano de ação educativa: alguns contributos para a sua elaboração, Serviços Educativos na Cultura, Setepés 73

74 2 Diagnóstico Recorremos à análise SWOT 38 porque permite identificar fatores internos - Strenghts (Pontos Fortes), Weaknesses (Pontos Fracos) e fatores externos - Opportunities (Oportunidades), Threats (Ameaças) da instituição/projeto. Esta ferramenta é um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da organização no ambiente em questão, permite assim fazer uma análise do contexto. Para esta análise foram considerados os museus e a instituição, uma vez que estes funcionam sob sua dependência. Com base nos dados recolhidos, principalmente das análises de entrevistas aos diretores dos museus do IST, criamos um conjunto de domínios que identificamos como os mais relevantes, tais como: recursos humanos e financeiros, ligação com a sociedade, património científico, atividades educativas, público-alvo, enquadramento legal e divulgação, o que permitiu identificarem: Figura 8 - Análise SWOT do contexto dos museus do IST 38 A Análise SWOT é uma ferramenta de gestão muito utilizada pelas empresas para o diagnóstico estratégico. Fonte: IAPMEI 74

75 Este diagnóstico possibilitou identificar como aspetos positivos a forte identidade histórico-cultural do acervo dos museus e imagem conhecida do IST a nível nacional e internacional; existência de atividades relevantes no ensino das ciências; concentração de recursos humanos relevantes com características multiculturais devido à presença de diversificada população estrangeira e que participam em políticas atuais de educação nas modalidades de educação, formação e voluntariado; concentração de laboratórios e de centros de investigação; oferta de eventos culturais, alguns com dimensão internacional e existência de espaços emblemáticos na zona periférica do campus Alameda. Também foram identificadas algumas fraquezas que podem ser ultrapassadas através da implementação deste projeto, tais como: falhas aos níveis da informação e comunicação dos objetos com o público e da divulgação dos espaços museológicos; fraca dinâmica associativa e articulação entre instituições públicas e privadas; desfasamento entre a oferta e a divulgação das atividades dos museus, o que leva a falhas de equidade no acesso e participação da comunidade, em particular do IST; elevada dependência dos apoios do IST, fraca sustentabilidade própria dos museus e falta de cultura de mecenato e de patrocínios, inexistência de uma estratégia orientadora comum para as iniciativas de cada museu que promova o efeito de escala. No entanto, a identificação de oportunidades estratégicas começam pela existência de elementos e condições de base para fazer crescer e desenvolver o serviço educativo, orientado também para a função social; possibilidade de desenvolver um PE de excelência através do potencial existente para o desenvolvimento de atividades educativas quer para o público interno quer para o externo; a existência de um ambiente cosmopolita com capacidade de atração de atividades que associem a valorização de património, divulgação científica, criação cultural, lazer e turismo; posicionamento geoestratégico privilegiado enquanto ligação/intermediação entre a UL e a cidade de Lisboa; a viabilidade de captação de atividades e serviços com ambientes universitários, culturais e com mão-de-obra qualificada e desenvolvimento de projetos estruturantes ou inovadores com impacto na sociedade; aproveitamento de elementos históricos e educacionais para promover a marcar Técnico não esquecendo que é uma escola empenhada na captação de novos alunos, esta seria uma viabilidade de divulgação da sua oferta formativa junto do público-escolar. Identificamos alguns constrangimentos derivados dos aspetos menos positivos como o horário reduzido de funcionamento, em particular os museus de geociências que só 75

76 podem ser visitados mediante marcação prévia, o que pode ser também um dos fatores que leva à falta de conhecimento da existência dos museus. A inexistência de uma equipa qualificada nas áreas de museologia como a conservação, inventariação e curadoria de exposições. A falta de divulgação dos museus, que leva a um desconhecimento da sua existência junto da sociedade. 3 Justificação do Projeto Desde a mesa redonda de Santiago de Chile de 1972 que o compromisso da museologia social tem vindo a ter cada vez mais relevância nos museus. Neste espírito, entende-se os museus como instituições dinâmicas, vivas e promotores de encontros interculturais, como espaços que trabalham com a educação no seu sentido mais amplo, e na valorização da função social dos museus, no reconhecimento de que os museus estão a serviço da sociedade e seu papel importante no processo de democratização e de desenvolvimento social. Um dos avanços mais importantes dos últimos anos em museus tem sido a incorporação de programas educacionais, isto quando falamos de inovação associada aos museus. E são estas ações que realmente aproximam o público dos museus, para que os visitantes se deleitam enquanto participam e assimilam conhecimentos, ou seja, se os museus não oferecem atividades atraentes para as pessoas, as pessoas não visitam o museu. Entendemos que essa é a verdadeira função do museu: a aprendizagem de forma descontraída. Hoje em dia é notória que há uma necessidade urgente de trazer cultura à sociedade (conforme já referimos aqui através dos dados apresentados pelo Eurobarómetro), e os museus podem expressar-se sobre este aspeto. Segundo Santos (2011), a integração e a comunicação são elementos fulcrais e devem constar das agendas e programação dos museus deste século, dada a ligação à sociedade diversificada e heterogénea e consumidora cultural. No nosso entender, a solução está numa programação educativa e social adequada para proporcionar experiências envolventes e atrativas, que em simultâneo favoreçam a continuação e aprofundamento de conhecimentos e competências para um melhor entendimento do planeta, e que desafiem as comunidades que servem e ao mesmo tempo enriqueçam a vida das pessoas através do seu envolvimento. Os museus do IST são um lugar público e um recurso educativo que estabelecem um diálogo entre ciência, tecnologia, arquitetura. Podem oferecer um projeto de educação não-formal e de divulgação da ciência em parceria com estabelecimentos de ensino 76

77 (básico, secundário e superior) e com outras instituições culturais e museológicas ou não, com temas focados nas várias áreas mencionadas. Consideramos que este projeto poderá: colocar as necessidades da sociedade no centro de reflexão de pesquisadores, cientistas, professores e estudantes, ou de pessoas que se sintam envolvidas pelas questões levantadas e possam contribuir para ampliar ou complementar o diálogo; fortalecer os laços entre investigadores estrangeiros e nacionais e a comunidade discente do IST; sensibilizar as gerações mais jovens para as profissões ligadas à investigação e à ciência em geral; divulgar os caminhos que estes trabalhos têm tomando no meio académico para promover o debate, a reflexão e a participação dos jovens nas discussões relativas à ciência e tecnologia em nossa sociedade; favorecer a apropriação dos museus, enquanto espaço de descobertas, discussão, pesquisa e informação para o público. Pretendemos, assim utilizar o património cultural como suporte fundamental para o desenvolvimento social e para o exercício da cidadania, (Santos, 2002), através da criação de novos museus e de reformulação dos existentes A maioria do património dos Museus do IST permanece desconhecida ao público. Como foi já referido, atualmente os museus do IST têm ação educativa pontual, o que não abrange as singularidades que esse património apresenta para a sociedade, desta forma não cumpre os critérios dos artigos 42º e 43º da Lei-Quadro dos Museus Portugueses nº 47/2004, de 19 de Agosto 77

78 Este projeto surgiu com a intenção de proporcionar uma maior proximidade com os públicos e também para melhorar a sua valorização, preservação, manutenção e gestão do património científico e cultural patente nos museus do IST. Compete a todos que diretamente ou indiretamente estejam a contribuir para a valorização, salvaguarda e divulgação do património e para a educação da sociedade criar para o desenvolvimento destes espaços museológicos. A criação de um serviço educativo é uma forma de comunicar e tornar os museus mais abertos ao público, especialmente ao público mais jovem que frequenta as infraestruturas do IST. Os museus do IST, devido ao seu acervo e grande coleção, constituem um grande recurso a explorar, pela sua importância para a comunidade local e para a história do país. O serviço educativo é um recurso que pode ser utilizado numa perspetiva de aprendizagem ao longo da vida, que pode complementar as atividades organizadas pela escola e reforçar a ligação entre as instituições educacionais e empresas, através da organização de eventos que envolvam parceiros estratégicos. Quando entrevistados, sobre a ideia da criação de um Serviço Educativo, algumas das expressões utilizadas pelos diretores dos museus do IST foram: Eu acho que era mais do que desejável a criação de um serviço educativo ; Isso é ótimo ; os contributos do serviço educativo são imensos ; penso que o serviço educativo é uma aposta importante. 4 Projeto serviço educativo nos Museus do Instituto Superior Técnico Este projeto apresenta-se mais sobre a forma de estudo para a criação de um serviço educativo, através da apresentação de objetivos e de estratégias de uma tipologia de programação de atividades dos recursos humanos e financeiros e a avaliação. Propõe-se uma programação organizada, regular e sistemática (com base nas atividades já existentes ou que já foram desenvolvidas nos museus do IST e com base num contexto educativo, social e cultural). As propostas estão em consonância com teorias e conceitos apresentados no enquadramento teórico fazendo a ponte com os domínios que serviram como base para o diagnóstico. Para desenvolvimento deste estudo, tivemos também em conta que os Museus do IST nunca tiveram nenhum serviço educativo a funcionar, o que significa que este projeto de mestrado será de grande utilidade num futuro próximo, 78

79 caso o IST pretenda implementar um serviço educativo e seguir estas linhas de orientação. 4.1 Objetivos do Projeto Objetivo geral: - Criar um serviço educativo museológico, no Instituto Superior Técnico, que promova a divulgação científica, oferecendo programas de caráter educativo, social e cultural, no âmbito da educação formal e não-formal, para os mais variados públicos. Objetivos específicos: - Desenvolver um projeto pedagógico para os museus do IST; - Promover a educação não formal nos museus universitários, como espaços de ensinoaprendizagem; - Promover a cultura científica nos espaços museológicos, em particular para as crianças e jovens; - Facilitar a ocupação dos museus, enquanto espaço de descobertas, discussão, pesquisa, informação para o público em geral. Objetivos operativos - Definir a política educativa dos museus do IST; - Elaborar documentos para o funcionamento do serviço educativo; - Criar meios de divulgação do serviço educativo; - Produzir materiais pedagógicos de apoio às atividades; - Desenvolver materiais educativos com base no acervo património científico. 79

80 4.2 Estratégia Educativa do Projeto A estratégia educativa do museu define quais as metas que o museu pretende atingir e os objetivos de curto prazo que tem de alcançar para cumprir essas metas. Santos (2009) apresenta no seu artigo duas estratégias museais, mas aquela com a qual nos identificamos mais e nos pareceu mais adequada para este contexto foi a de uma museologia com ênfase na relação homem-património global, que apresenta 23 estratégias. No entanto, como algumas estão mais relacionadas com a gestão dos museus, só vamos aqui referir aquelas em que consideramos pertinentes para a criação do serviço educativo: - Promover a participação dos cidadãos-beneficiários, realizando reuniões para definição da missão e dos objetivos a serem alcançadas; - Constituir grupos de trabalho, buscando a definição de temas e de problemas e das estratégias a serem utilizadas, a partir da reflexão sobre o património cultural local, de acordo com o interesse e a iniciativa do grupo; - Promover uma constante ação de comunicação entre os técnicos e os cidadãosbeneficiário; - Buscar parcerias para apoio científico e financeiro; - Promover a apropriação e a reapropriação do património cultural, por meio das ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação, tornando possível ao cidadão, desde a sua formação, considerá-lo como um referencial para o exercício da cidadania; - Formar o professor para o planeamento e a execução de projetos, tendo como referencial o património cultural; - Aplicar as ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação, com a participação dos cidadãos-beneficiários, socializando-as, partindo da heterogeneidade, o domínio do conhecimento sistematizado, para a homogeneidade, ou seja, o domínio desse mesmo conhecimento pelos grupos com os quais estamos atuando, buscando a troca e o enriquecimento; 80

81 - Utilizar o património cultural como referencial para a realização de atividade pedagógicas, buscando a melhoria da qualidade do ensino; - Potencializar os recursos educativos da comunidade, realizando o intercâmbio necessário entre o ensino formal e o não-formal, um alimentando o outro; - Aplicar as ações museológicas, considerando como ponto de partida a prática social e não somente as coleções; - Promover a participação dos moradores locais nas atividades a serem desenvolvidas, contribuindo para a construção do conhecimento, a partir das suas histórias de vida, qualificando-as como parte do património cultural; - Elaborar os instrumentos a serem utilizados na ação documental, de acordo com as características do acervo a ser musealizado, envolvendo os participantes na confeção e na aplicação da ação documental; - Planear e executar exposições, musealizando o conhecimento produzido em interação com os cidadãos-beneficiários; - Promover o intercâmbio com outros museus e processos museais em andamento, nos âmbitos local, nacional e internacional; - Sistematizar os dados coletados, a partir das ações desenvolvidas nos diversos projetos, realizando um trabalho contínuo de ação reflexão. Os museus devem estar permanentemente a recriar-se, a criar programas de interesse para o visitante, como novos programas visitas guiadas, eventos, workshops que espelhem os museus como locais dinâmicos e interativos. Devem ser um espaço de convívio que se frequente com os amigos, para uma visita ou para frequentar um evento. Também pode-se criar uma ligação próxima ao turismo, que ajude a criar sinergias e a aumentar o número de visitantes dos museus. Os museus devem esforçar-se por se aproximar da comunidade, através de eventos dirigidos a públicos específicos e da promoção de atividades profissionais relacionadas com a comunidade em que os museus se inserem para isso é indispensável o acesso antecipado e personalizado aos programas que os museus oferecem, conforme já foi referido. 81

82 As visitas guiadas são uma forma de possibilitar a aprendizagem, sendo também um fator importante para aumentar a frequência de visitas aos museus. No que respeita à requalificação dos espaços há necessidade dos museus serem espaços amplos, arejados, bem iluminados e de atribuírem uma maior relevância aos serviços disponibilizados, visto que são fatores importantes para a (re) visita de um museu. Entende-se também, ser importante para os museus aderirem às novas tecnologias. Com base nos domínios do diagnóstico e da análise e sistematização de dados e tendo em conta o referencial teórico acima referido, consideramos que os elementos estratégicos podem ser: 4.3 Enquadramento legal É extremamente importante a existência de um regulamento que estabeleça as normas gerais das atividades para que o serviço educativo prestado seja mais qualificado e simplificado em termos de apoio logístico. Com a elaboração deste projeto, um dos objetivos foi definir a política educativa dos museus, assim como a criação de um regulamento para cada um dos mesmos, para que se afirmem como instituições museológicas reconhecidas, e possam no futuro serem certificadas pelas entidades reguladoras de credenciação. A Lei-Quadro dos Museus Portugueses é um instrumento fundamental para a organização e valorização dos museus, mesmo estando sob a tutela de uma universidade, os museus do IST devem seguir esta legislação. De acordo com os artigos nº 52 e nº 53 da lei atrás referida, para os Museus do IST ainda não está definida uma Estrutura Orgânica, com o respetivo regulamento. Nesse sentido elaborámos uma proposta de regulamento que posteriormente foi trabalhada com os Diretores dos museus. Esta proposta do regulamento contempla os seguintes capítulos: disposição gerais; estrutura orgânica dos serviços do museu; gestão do acervo; acessibilidade do museu; instrumentos de divulgação e informação e disposições finais. Elaborámos um regulamento quer para o Museu DECivil (Anexo 11), quer para os Museus de Geociências (Anexo 12). Nestes regulamentos contemplamos a existência de um serviço educativo na estrutura orgânica dos serviços dos museus. 82

83 4.4 Recursos humanos Para implementação das medidas a que nos propomos neste projeto é necessário possuirmos recursos humanos. O museu tem o importante dever de desenvolver o seu papel educativo e de chamar a si um público cada vez mais numeroso, de todos os sectores da comunidade, localidade ou grupo em que está inserido. Deve facultar ao público oportunidades para se envolver e apoiar os seus objetivos e atividades. A interação com a comunidade que compõe o seu público é parte integrante da missão educativa do museu, no entanto tornar-se necessário para este efeito o recrutamento de pessoal especializado. A nível dos recursos humanos para o serviço educativo é, em primeiro lugar, imprescindível que exista um especialista educador responsável em exclusivo por estas funções. Prevê-se um progressivo aumento das atividades pelo que acreditamos ser necessário aumentar o número de colaboradores afetos ao serviço educativo. No que diz respeito a outras necessidades de logística, deverá recorrer-se preferencialmente aos diversos Núcleos e Gabinetes do IST, como por exemplo Gabinete de Comunicação e Relações Públicas, o Núcleo de Arquivo, Editora IST Press, Núcleo de Apoio ao Estudante, Biblioteca e Núcleo de Multimédia e E-Learning. A colaboração interna com a UL através do MNHNAC, também será de extrema importância para efetivar a criação deste serviço. As atividades educativas podem ser desenvolvidas por várias pessoas, algumas das quais que podem ser afetas ao serviço educativo e outras podem ser colaboradores externos, como artistas, professores aposentados 39, alumni, cientistas, especialistas, etc., tendo em consideração que diferentes atividades exigem diferentes níveis e tipos de especialização. Formar alguns monitores para apoio às atividades (como já acontece em alguns serviços do IST e é também pratica comum noutros museus), também deve ser um processo a considerar para apoio às atividades. O voluntariado é um recurso humano que normalmente é benéfico tanto para o museu como para os próprios voluntários. Por exemplo, os voluntários em museus geralmente fazem parte de uma associação "amigos do museu". As associações de amigos são explicitamente referidas na Lei-Quadro dos Museus Portugueses (Artigo 47º, nº 1), que defende o estímulo à sua constituição. De uma maneira geral estas 39 Por exemplo, a Professora Clementina Teixeira, Aposentada do Departamento de Química do IST, colabora com alguma regularidade nas atividades educativas nos Museus de Geociências. 83

84 entidades têm entre os seus principais objetivos colaborar e apoiar o museu através da promoção e dinamização das atividades destes, bem como proporcionar o enriquecimento das coleções. O recurso de voluntários é também uma maneira dos museus poderem alcançar novos públicos. Uma outra forma de angariar recursos humanos é no âmbito dos estágios curriculares, através da celebração de protocolos de colaboração com estabelecimentos de ensino superior. Esta variante permite uma colaboração vantajosa para todos os intervenientes. Sendo também uma prática muito comum no contexto museológico. 4.5 Recursos Financeiros Tendo em conta que os museus do IST têm acesso livre, não estando por isso sujeito à aquisição de qualquer bilhete de ingresso com um valor associado, coloca-se logo de parte, como fonte de financiamento, as receitas de bilheteira dos visitantes. No entanto, sugerimos algumas práticas existentes e de uso recorrente por parte de outros museus, quer nacionais ou internacionais, como forma de conseguir verbas na viabilização de um programa de reabilitação de uma sala ou do espaço museológico, no apoio à programação e exposições dos museus, para intervenções de conservação e restauro de peças das coleções, ou no apoio a projetos educativo se eventos culturais, entre muitos outros. Pensamos que fará sentido para a implementação deste projeto recorrer a diversas estratégias de financiamento, pois verifica-se que através do mecenato institucional, de patrocínios, de doações, da colaboração institucional ou particular é possível abrir uma porta para o estabelecimento de parcerias com a sociedade civil e o tecido empresarial 40. As mais comuns são o contributo através mecenato e/ou patrocínio, estes dois processos estão interligados com as políticas culturais, associadas a uma conjunto de princípios, operações, práticas e procedimentos de gestão e administração de recursos e orçamentos, que servem como base à ação cultural. O mecenato cultural em Portugal é enquadrado pelo estatuto dos benefícios fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei nº 215/89 de 1 de Julho. Conforme já foi referido o recurso ao mecenato e ao patrocínio poderão auxiliar a diminuição dos valores relacionados com o melhoramento dos serviços, instalações dos museus e apoio ao projeto educativo. 40 A Fundação EDP é um dos exemplos de mecenas que apoia a cultura assim como a Fundação Banco Santander tem apoiado a cultura e dada a sua estreita ligação às universidades, muitos projetos desenvolvidos no seio académico. 84

85 A disposição do material de merchandising do IST para venda dentro dos museus, pode servir como uma significativa fonte adicional de receitas, sendo também uma boa forma de divulgação da instituição e dos seus produtos 41, assim o visitante terá a oportunidade de adquirir de imediato um souvenir. Uma outra prática recente de alternativa e estratégia de financiamento utilizada pelos museus 42 é crowdfunding (financiamento colaborativo). A ainda fraca tradição de crowdfunding em Portugal pode ser um obstáculo, no entanto na área da museologia esta prática está ligada ao conceito de Museu Participativo Ligação com a sociedade - Parcerias Numa primeira fase será proveitoso estabelecer articulações com outras instituições para desenvolver e oferecer, em parceria, projetos educativos. Parcerias educativas por meio do intercâmbio com outros museus e instituições culturais, por exemplo os Museus Universitários no âmbito local, nacional e internacional, principalmente o MUHNAC, Pavilhão do Conhecimento 44, Museu Rafael Bordalo Pinheiro 45, e pela sua relativa proximidade com o IST, o Museu Anastácio Gonçalves, Culturgest e Fundação Calouste Gulbenkian. Também será de apostar e/ou reforçar nas parcerias estratégicas com a Câmara Municipal de Lisboa, juntas de freguesia, estabelecimentos de ensino, instituições culturais, ordem dos engenheiros e arquitetos, associações 46 empresas. 41 O IST oferece uma vasta gama de produtos de merchandising Técnico, que podem ser adquiridos na sua Loja (no átrio da entrada principal do Pavilhão Central campus Alameda). Na Loja disponibilizam-se também alguns produtos da U Lisboa e das Tunas do IST; 42 Exemplos: O Museu Palazzo Madama, na Itália usou para comprar e manter uma coleção de entidade de porcelana; em Portugal, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) lançou o crowdfunding com o objetivo de adquirir a obra A Adoração dos Magos e o Museu do Caramulo, em Portugal lança campanha para restaurar o automóvel Messi ; 43 Conceito de museu participativo envolve diretamente a comunidade na construção dos conteúdos museológicos; 44 Escola Ciência Viva foi no dia 15 de abril de 2016 ao IST visitar e participar em atividades no Museu de Geociências; 45 Encontra-se instalado na Moradia do Campo Grande, um projeto da autoria do arquiteto Álvaro Machado e que recebeu a menção honrosa do Prémio Valmor em 1914; 46 Associação Portuguesa de Geólogos, Associação Professores de História, Clube Português de Mineralogia já têm feito atividades/visitas aos museus de geociências. 85

86 Instituições Públicas e Privadas Redes Muséológicas Ordem dos Engenheiros e Arquitetos Estabelecimentos de Ensino Serviço Educativo Museus do IST Associações Profissionais Munícipio Freguesias Locais Organizações Culturais e Artísticas Figura 9 Parcerias externas do serviço educativo dos museus do IST 4.7 Património Para a execução deste projeto também foi necessário conhecer o acervo e o espólio, para melhor entender o que poderíamos utilizar como referencial para a realização de atividades pedagógicas. Os objetos expostos nos museus podem ser utilizados, também, como referencial para compreensão do presente. Nesse sentido, podem ser planeadas atividades, a partir dos temas das coleções, nas quais o público é convidado a participar, realizando atividades práticas, contextualizando e construindo a relação passadopresente. A participação da comunidade académica nas atividades contribui para a construção do conhecimento, a partir das suas histórias de vida, fazendo dos museus meios facilitadores de desenvolvimento e transformação social. Toma para si esta tarefa, com base nas ciências, procurando fomentar por meio de atividades pedagógicas e educacionais, práticas reflexivas sobre o património cultural (Gabriele 2014). Um dos aspetos apontados como negativos é a reduzida informação documental sobre as peças em exposição, o que pode prejudicar a organização das atividades. Neste percurso criamos uma iniciativa da Peça do mês onde a intenção é destacar todos os meses uma peça/objeto/coleção através da criação de materiais informativos (folheto, desdobrável e no site). Os conteúdos são referentes à identificação, descrição, origem/historial, autoria, produção, informação técnica, dimensões, incorporação, 86

87 exposições e documentação associada 47. A peça escolhida para o mês de setembro de 2016 do Museu de DECivil foi o Modelo de locomotiva MBV 1, por ser umas das emblemáticas do museu (Anexos 13, 14). Esta iniciativa foi aplicada pela Diretora do museu nos meses de outubro, novembro e dezembro, que só elaborou o folheto das peças. Pretende-se alargar esta prática aos outros museus. Com esta iniciativa pode-se criar materiais de registo do património existente, assim como recursos pedagógicos para as atividades. 4.8 Destinatários /Públicos-alvo Os museus do IST, para além de uma componente ligada à investigação, possuem também uma forte componente pedagógica, que pode e deve ser explorada por aqueles que frequentam a instituição enquanto professores e alunos, mas também por alunos e professores de outros graus de ensino, assim como pelo público em geral que se interessa pelos seus temas específicos. Os museus do IST têm potencial para oferecer oportunidades educacionais para pessoas de todas as habilitações académicas, capacidades, competências, classes sociais e etnias. No entanto, será necessário decidir quais os públicos-alvo que se deseja atingir a curto prazo. Segundo Barriga (2007), reconhecer quem são os públicos-alvo é um dos exercícios-chave para a elaboração do plano de ação educativa e para assegurar a qualidade da oferta, recomendando a seleção de públicos e a programação de fases sequenciais. Os públicos a conquistar são de dois segmentos: público interno e público externo. Do público interno fazem parte os docentes e alunos, que podem utilizar os museus num âmbito mais pedagógico, de apoio às aulas, e os funcionários não docentes e colaboradores, que podem usufruir dos espaços num contexto mais de lazer. No entanto pensamos que em ambos os casos apreciam o seu desenvolvimento pessoal, o alargar de horizontes, a vivência de uma experiência nova e desafiante, estar com os amigos e frequentar atividades culturais. O segundo segmento, conforme já referimos, diz respeito ao público externo, onde identificamos um grupo escolar composto por professores e alunos desde o ensino básico ao ensino superior e um público geral. 47 Com base nas Normas de inventário Ciência e Técnica Normas Gerais, 2010 do Instituto dos Museus e da Conservação. 87

88 Figura 10 - Segmentos de Público-alvo 4.9 Comunicação e Divulgação Seria de extrema importância melhorar a comunicação e a acessibilidade dos museus, antes de colocar este projeto em prática. Para isso sugerimos a solicitação de uma auditoria ou consultoria técnica feita por especialistas na área que possam dar o seu parecer e apoio na implementação das consequentes recomendações. Pensamos que essa consultoria poderia ser feita pela Acesso Cultura 48. Conforme já foi referido, pretende-se consolidar o contato com o público escolar a nível da zona geográfica do IST (campus Alameda) e das instituições escolares que nos costumam visitar, sem esquecer os outros segmentos de público-alvo mais alargado que se pretende conquistar para os museus. Pretende-se nesta fase inicial manter e aprofundar o contacto com instituições e associações que já frequentam os museus, mas que é sempre necessário continuar a manter fidelizadas. Para que isso aconteça é preciso criar mecanismos de comunicação e decidir como informar os públicos sobre as atividades oferecidas. Para que qualquer tipo de serviço tenha impacto junto do público é essencial que se faça uma boa divulgação, de forma a dar a conhecer as iniciativas que se desenvolvem nos espaços museológicos atrás de uma mensagem atrativa. A estratégia mais visível é uma forma de publicidade e marketing pensada com um fim educativo. Os museus, como já foi referido, têm atualmente outras responsabilidades sociais, nomeadamente o de tornarem-se um meio de comunicação entre os vários públicos, 48 O valor aproximado de uma consultoria/auditoria a um museu é de 1500 euros. 88

89 através da utilização de novas ferramentas comunicacionais e novos instrumentos tecnológicos e informáticos. No século XXI, o uso das novas tecnologias é um recurso essencial para a visibilidade do serviço educativo e dos respetivos museus e para a dinamização destes espaços. Existem diversos suportes e canais digitais que permitem aos museus colocarem em prática estas vertentes comunicacionais. As mais utilizadas são o , página web, app. e redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube, Twitter, LinkedIn). A presença digital nos museus faz parte da participação ativa, através do desenvolvimento de ferramentas e aplicações para dispositivos móveis, captação de recursos em formato eletrónico e muito mais. Como um bom exemplo temos a Parques de Sintra, que recebeu uma menção honrosa no Prémio Acesso Cultura 2016 com o projeto da aplicação mobile Talking Heritage Sintra É através destes meios de comunicação que se consegue uma maior divulgação tanto do espaço físico e do seu acervo, como das atividades culturais e educativas e de todas as dinâmicas existentes e informações de interesse dos museus, contribuindo assim para uma maior afluência de público. Meios de Comunicação e Divulgação que devem ser utilizados: - Meios de comunicação internos do IST ( , newsletter semanal, página web, página institucional da rede social Facebook); - Divulgação através de com base numa mailing list das instituições de ensino e grupos com contato estabelecido; - Folheto (serviço educativo e museus); - Páginas próprias do serviço educativo e museus na rede social Facebook; - Página na internet do serviço educativo e museus; Durante a realização do projeto foi criada uma página do serviço educativo na rede social Facebook, com o nome Serviço Educativo Museus do Técnico, mas que não está publicada. Durante estes meses todas as atividades e informações relacionadas com os museus, referente ao serviço educativo, têm sido publicadas, o que foi uma forma também de ter um registo documental em formato virtual/digital. 49 A App TalkingHeritage Sintra é uma aplicação interativa que oferece uma experiência única nas visitas ao património natural e edificado sob gestão da empresa Parques de Sintra. No início de junho, foi lançada a versão 3.0, que dispõe de um conjunto de novas funcionalidades de apoio à inclusão tais como língua gestual, vocalização de conteúdos, controlo de ações por movimento e localização por GPS. 89

90 Figura 11 Página do serviço educativo na rede social Facebook A inclusão do nome dos museus em itinerários culturais/turísticos locais ou nacionais (roteiros de instituições, agendas culturais, imprensa, etc., em suporte papel ou eletrónico) é importante. Os Museus de Geociências aparecem no Roteiro das Minas e Pontos de Interesse Mineiro e geológico de Portugal. O turismo é, atualmente, um dos principais setores da economia portuguesa, principalmente da cidade de Lisboa, e a integração de um espaço histórico universitário nos circuitos turísticos e culturais da cidade pode levar os polos museológicos de divulgação científica a tornarem-se uma referência internacional Atividades educativas, sociais e culturais O plano será realizar várias atividades com práticas recreativas, pedagógicas e de caráter científico, as quais podem ser aplicadas para contexto escolar (com crianças do ensino pré-escolar até ao ensino superior, envolvendo e capacitando os respetivos professores e educadores) como em outros segmentos de público. As atividades educativas são um meio bastante eficaz de divulgação da ciência e de aumentar o interesse dos visitantes, visto que a ciência não necessita de experiências caras ou complexas para ser feita, podendo também ser feita com objetos e materiais do quotidiano. Este tipo de atividades podem dar uso à plataforma e-escola um portal de ciências básicas e de ciências da engenharia do Instituto Superior Técnico (IST) com 90

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