PLANO DE CONTROLE DO BICUDO DO ALGODOEIRO DESDE SUA INSTALAÇÃO NA SAFRA 2002/2003 NA REGIÃO DE SANTA HELENA DE GOIÁS (*)
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1 PLANO DE CONTROLE DO BICUDO DO ALGODOEIRO DESDE SUA INSTALAÇÃO NA SAFRA 2002/2003 NA REGIÃO DE SANTA HELENA DE GOIÁS (*) Talita Nascimento e Silva (Fundação GO / talita@fundacaogo.com.br), Paulo Eduardo Degrande (UFMS), Walter Jorge dos Santos (Iapar), José Ednilson Miranda (Embrapa Algodão), Washington Luiz Posse Senhorelo (GO), Márcio Antônio de Oliveira e Silva (Fundação GO) RESUMO - A produção e a produtividade da cultura do algodoeiro no Cerrado brasileiro têm se elevado a cada safra. Neste cenário, destaca-se o Estado de Goiás como terceiro maior produtor brasileiro e com grande potencial para expansão. A integração da cadeia produtiva vem permitindo que a área se expanda e alcance excelentes níveis de qualidade e produtividade. Como parte integrante e fundamental para um desenvolvimento da lavoura de algodão há uma grande atenção para o controle de pragas que atacam a cultura, de modo especial ao bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), que quando não controlado é capaz de gerar prejuízos irreparáveis. Com o crescimento da área cultivada no Estado de Goiás e a elevação dos níveis de infestação de bicudo, foi constatada a necessidade de tomada de medidas urgentes para seu controle, sendo então criado o Plano Estratégico de Controle do Bicudo do Algodoeiro no Estado de Goiás. Este trabalho relata os resultados obtidos a partir da implementação do Plano na região de Santa Helena de Goiás. Os níveis de infestação da praga estão sendo reduzidos, fato observado através do armadilhamento pré-safra e das amostragens durante o curso do cultivo do algodoeiro. Palavras-chave: monitoramento, controle cultural, controle químico. PLAN OF CONTROL OF THE COTTON BOLL WEEVIL SINCE ITS INSTALATION AT THE 2002/2003 SEASON IN THE REGION OF SANTA HELENA DE GOIÁS* ABSTRACT - The production and productivity of the cotton crop in the Brazilian Cerrado have being increased at each crop. In this scenery, the State of Goiás stands out as the third cotton producer and with great potential for expansion. The integration of the productive chain is allowing the area to expand and reach excellent quality and productivity levels. As fundamental part for a development of the cotton farming there is a great attention for the control of pests that attack the crop, in a special way to the cotton boll weevil (Anthonomus grandis), which when not controlled it is capable to generate irreparable damages. With the growth of the cultivated area in the State of Goiás and the elevation of the infestation levels of boll weevil, the need of urgent measures was verified for the pest control, being created then the Strategic Plan of Control of the Cotton Boll Weevil of the State of Goiás. This work relates the results obtained starting from the implantation of the Plan in the area of Santa Helena de Goiás. The pest infestation levels are being reduced, fact observed through the pre-crop trapping and the samplings made during the course of the cotton crop. Key words: monitoring, cultural control, chemical control.
2 INTRODUÇÃO O bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) é praga chave da cultura, devido à sua elevada capacidade reprodutiva e de destruição. Os prejuízos relacionados à queda de botões florais e impedimento da abertura das maças podem afetar até 100% da produção se o produtor não adotar medidas de controle da praga (GALLO et al., 2002). A partir da constatação da necessidade de redução populacional do bicudo do algodoeiro na safra 2002/2003, a fim de garantir alta produtividade e sustentabilidade à cultura do algodão, foi criado o Plano Estratégico de Controle do Bicudo no Estado de Goiás. Esta ação uniu instituições públicas e privadas no intuito de evitar que o bicudo, principal praga da cotonicultura, comprometesse a rentabilidade da lavoura goiana. O Plano Estratégico de Controle do Bicudo iniciou-se com medidas emergenciais adotadas na safra 2002/03 e outras pré-definidas para médio prazo (Fundação Goiás, 2003). Como é um projeto de controle que visa reduzir as populações da praga em todo o estado, o trabalho de comunicação e cooperação é muito importante, sendo o objetivo final alcançar 100% de adesão entre os produtores. A participação dos produtores da região de Santa Helena (compreendendo os municípios de Santa Helena, Rio Verde, Montividiu, Turvelândia e Caiapônia) e os resultados obtidos são discutidos neste trabalho. MATERIAL E MÉTODOS O Plano Estratégico de Controle do Bicudo-do-algodoeiro no Estado de Goiás preconiza a utilização de medidas que levem à redução populacional do inseto. Entre estas medidas está o uso de armadilhas com pastilhas de feromônio para o monitoramento da infestação da praga no período que antecede a semeadura, em pelo menos 60 (sessenta) dias, com o objetivo de determinar o número de aplicações no estádio B1 da cultura, de acordo com as cores (vermelha, amarela, azul e verde) das zonas/talhões monitoradas. A determinação das cores das áreas é feita após o monitoramento présafra, da seguinte maneira: capturas de mais de dois bicudos/armadilha/semana definem áreas vermelhas, capturas de um a dois bicudos/armadilha/semana define áreas amarelas, capturas entre zero e um bicudo/armadilha/semana define áreas azuis, e não captura define áreas verdes. Com base neste critério, adotam-se as recomendações para o controle na fase B1 (três, duas, uma e zero aplicações para zonas vermelha, amarela, azul e verde, respectivamente). Outras medidas adotadas são o plantio concentrado (30-40 dias) em cada região, aplicações em bordadura a partir do estádio V2, monitoramento constante dos talhões, adoção do nível de controle de 5% de botões florais atacados, realização de aplicações na fase cut-out, uso de inseticida juntamente com maturador/desfolhante e destruição de soqueira (DEGRANDE, 1991; SANTOS, 1999). As armadilhas são doadas aos produtores de todo estado, que recebem uma armadilha para cada cinco hectares e com 60 dias antes do plantio. As armadilhas são instaladas nas bordaduras da área, com espaçamento de cinco metros de onde será implantada a futura lavoura, com uma distância mínima de 150 m e máxima de 300 m entre si. No momento da instalação é colocado um feromônio no interior da armadilha, que é responsável pela atração do inseto que estão alojados nos refúgios (matas, represas e capinzais). Coube aos monitores do projeto levar estas metodologias de controle aos produtores e conscientizá-los de sua importância e eficácia para abaixar os níveis de infestação da praga.
3 Na região de Santa Helena, foi feito um trabalho de divulgação com todos os produtores, trabalho que exigiu persistência e dedicação, pois se tratava de uma metodologia nova a ser adotada pela coletividade. Foram realizadas visitas técnicas nas áreas, acompanhando todo o processo de controle do bicudo durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, em todas as etapas, procurando-se orientar produtores e técnicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O programa está em sua terceira safra de implantação e nota-se adesão cada vez maior por parte dos produtores, os quais se tornam por sua vez agentes disseminadores do Plano (Fig. 1). Adesão (%) / / /05 Safra Armadilh. Bordadura B1 Cut-out Figura 1. Adesão (%) de produtores da região de Santa Helena às etapas do projeto de controle do bicudo no Estado de Goiás nas safras 2002/2003 a 2004/2005.
4 Com a instalação do plano, os níveis de infestação da praga foram reduzidos. Como resultado do controle do bicudo, a produtividade média obtida nos municípios de Santa Helena e Montividiu nas últimas safras aumentou consideravelmente em comparação aos anos anteriores à implementação do Plano (Fig. 2). 2003/04 Safra 2002/ /02 Montividiu Santa Helena 2000/ Produtividade (@/ha) Figura 2. Produtividade de algodão em caroço (@/ha), obtida nos municípios de Santa Helena e Montividiu (GO) antes e depois da implementação do Plano de Controle do Bicudo (Safras 2000/2001 a 2003/2004). O acompanhamento no campo tem visado à orientação e o auxílio à amostragem, etapa considerada fundamental, por permitir a estimativa das infestações da praga e auxiliar a tomada das decisões de controle. Em safras anteriores ao programa constatava-se com freqüência aplicações de inseticidas de forma errônea. Após a implantação do Plano e a adoção de sua metodologia, as orientações corretas de amostragem e determinação do nível de infestação contribuíram para que as tomadas de decisão de controle fossem feitas em momentos adequados. O produtor entendeu que para realizar tal controle era necessário observar e amostrar sua área, o que, juntamente com as pulverizações em bordadura e na fase B1, contribuiu significativamente para a redução do número de aplicações de inseticidas para o controle do bicudo (Fig. 3), e consequentemente a redução dos custos de produção, além da menor agressão ao meio ambiente.
5 / / / /05 Numero de aplicações para bicudo Figura 3. Número de aplicações realizadas para controle do bicudo no município de Santa Helena de Goiás, nas safras 2001/2002 a 2004/2005. CONCLUSÔES 1. O projeto de controle do bicudo do algodoeiro vem sendo adotado na região de Santa Helena de Goiás de forma gradativa e positiva; 2. As etapas do projeto vêm sendo executadas satisfatoriamente, notando-se o envolvimento de todos os profissionais envolvidos no processo produtivo; 3. Os níveis de infestação da praga estão sendo reduzidos, fato observado através do armadilhamento pré-safra e das amostragens durante o curso do cultivo do algodoeiro. (*) Trabalho financiado pelo Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão de Goiás FIALGO. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEREIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C.. Entomologia Agrícola. São Paulo: FEALQ, v p. DEGRANDE, P. Bicudo do algodoeiro: Manejo Integrado. Dourados: UFMS p. FUNDAÇÃO GO. Medidas de controle do Bicudo do Algodoeiro em Goiás. Goânia: Fundação GO, Folder. SANTOS, W.J. (Ed.). Cultura do algodoeiro. Piracicaba: Potafos, p
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