PROJETO AFETIVO-SEXUAL
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- Theodoro Canto de Carvalho
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1 PROJETO AFETIVO-SEXUAL Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico Triénio 2017/2018 a 2019/2020
2 Projeto Afetivo-Sexual Índice 2 Equipa multidisciplinar de trabalho Professora 1º Ciclo: Verónica Pereira Educadoras de Infâncias: Lara Jorge Natália Barreto Sónia Alves Enfermeira: Cátia Cunha
3 Introdução.4 Enquadramento Legal 5 A Importância da Educação Sexual na Infância 10 Temáticas e Objetivos da Educação Sexual 12 Metodologias no Ensino da Educação Sexual.16 Temas e Objetivos a Trabalhar no Ensino Pré-Escolar e 1ºCiclo...18 Introdução 3
4 A sexualidade sempre foi um tema fundamental em todas as construções morais da humanidade, nomeadamente das religiões, dos costumes e das leis. Ao longo dos tempos e em todas as sociedades, a Educação Sexual assumiu em geral, uma transmissão de um conjunto de normas e rituais. A realidade mostra-nos que abordar temas como este nem sempre é fácil, atendendo às particularidades do mesmo, uma vez que gera normalmente algumas controvérsias por estar relacionada com ideologias pessoais, convicções morais, religiosas e políticas. Na nossa prática pedagógica deparamo-nos com a inevitabilidade de ter que abordar o tema, se partirmos do princípio que a evolução da criança deve ser feita de uma forma contínua e integrada, estimulando o seu desenvolvimento global, tendo em conta a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário e educando as crianças com a consciência de que a sexualidade é um direito e uma componente positiva, do nosso corpo, das nossas vidas e das relações que estabelecemos. A escola tem de assumir a sua responsabilidade na construção do currículo dos seus alunos e isso implica, que organize de uma forma coerente a oferta educativa dos alunos incluindo também a educação sexual, a qual deve estar contemplada segundo a Portaria n.º 100/2012 de 28 de setembro de Assim, este projeto surge como um documento orientador para que a abordagem da educação sexual seja uma realidade na nossa Instituição. 4
5 Enquadramento Legal Atualmente existe um consenso alargado quanto à importância da educação sexual em meio escolar. Dada a especificidade desta temática, as atividades de educação sexual na escola devem envolver e informar as famílias sobre as suas intenções e as suas práticas. As perspetivas de sexualidade que pautam o conhecimento das crianças envolvem o seu contexto de vida mais próximo e as suas experiências. A compreensão da sexualidade passa, por incluir dimensões que dizem respeito, não só à componente científico-biológica, mas também à vertente afetiva, aos valores e ao contexto sociocultural de cada realidade. A Educação para a Sexualidade é uma dimensão fundamental da personalidade humana e surge, como um campo onde ocorrem oportunidades de construção pessoal, de realização pelo amor e de transmissão da vida. Em épocas anteriores, o modelo de educação sexual praticado, era designado por modelo de negação. Havia a necessidade de separar fisicamente os rapazes das raparigas e de vigiar as suas relações, havendo escolas só para rapazes ou só para raparigas. Havia um silêncio e omissão total por parte dos pais e professores sobre a sexualidade e reprodução, tratados como tabus e considerados como inconvenientes tanto para temas de conversa ou perguntas como para matérias de aprendizagem escolar. Tudo isto contribuía para uma visão da sexualidade como algo negativo, sujo, pecaminoso, perigoso, algo a evitar e a silenciar. Este modelo educativo era reflexo de uma época da sociedade portuguesa, de um sistema político e de um ambiente moral, autoritário, fechado e conservador. Em Portugal, a implementação da Educação Sexual, teve início ainda antes do 25 de Abril. Em 1973, foi criada pela primeira vez em Portugal uma Comissão sobre Educação Sexual, composta por técnicos de ideias liberais quanto à sexualidade e que defendiam a integração das questões da Educação Sexual nas escolas. Apesar da sua curta duração, esta comissão conseguiu chamar a atenção para a importância da representação dos órgãos sexuais nos manuais e materiais escolares e para a 5
6 vantagem de haver uma educação mista em que rapazes e raparigas pudessem conviver. Foram poucos os professores que passaram a abordar este tema e até 1984 não se verificou qualquer tentativa de introduzir a Educação Sexual nas escolas nem sequer em termos legislativos. Assim, até à década de 80, não era feita referência à reprodução humana nos currículos do ensino básico. O Ministério da Educação dava a orientação que no 1º ciclo tal assunto deveria ser falado na disciplina de Meio Físico e Social no contexto das ciências da natureza como uma função biológica. No entanto, os manuais reduziram as funções biológicas às funções vitais excluindo assim a função reprodutora humana. Em 1984 foi aprovada pela Assembleia da República a primeira legislação sobre Educação Sexual a Lei 3/84 onde o Estado se compromete a colaborar com as famílias nas tarefas da Educação Sexual, a introduzir o assunto nos currículos escolares e a promover a formação dos docentes nestas matérias. Nesta altura a A. P. F. 1 realizou um seminário sobre educação sexual nas escolas que teve a adesão de cerca de 1000 professores dos vários graus de ensino, inclusive do 1º ciclo e do pré-escolar. Resultante do trabalho realizado neste seminário, a A. P. F. entregou ao Ministério da Educação, em maio de 1984, a primeira proposta de integração da educação sexual nas escolas. No entanto, nada aconteceu ao nível do sistema educativo. Somente a partir de 1986 é que se verificaram alguns avanços legislativos nesta matéria, mas na prática não são implementados, devido ao facto de existirem diversos obstáculos à concretização do processo de aprendizagem sexual nas escolas. (Veiga, Teixeira, Couceiro, 2001, p. 7) Houve a aprovação da L. B. S. E. 2 e a reforma educativa de da qual surgiu a criação da disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social, que, salvo raras exceções, nunca foi lecionada. Introduziu-se no nº 2 do Art. 47 da L. B. S. E. referência a uma nova área de objetivos e ação pedagógica que pode incluir a Educação Sexual. 1 Associação para o Planeamento da Família 2 Lei de Bases do Sistema Educativo. 6
7 Embora envolvida numa componente mais ampla, pela primeira vez, o sistema educativo assume que tem responsabilidade na Educação Sexual mostrando a vontade da escola em abrir-se a temáticas não apenas académicas mas também ligadas ao desenvolvimento e à vida das crianças e dos jovens. Começa-se também a ver a Educação Sexual como um conceito mais amplo que abarca também o desenvolvimento pessoal e social e não apenas os aspetos biológicos. No final dos anos 80, inicia-se um novo processo de reforma educativa e de reorganização curricular. A A.P.F. apresenta uma nova proposta ao Ministério da Educação baseada no novo conceito mais amplo de Educação Sexual, atrás referido. A nova proposta de Educação Sexual refere um conjunto diversificado de temas, que no 1º ciclo se agrupam em quatro grandes áreas: o corpo sexuado; a sexualidade e as relações interpessoais; as expressões da sexualidade e o nascimento. Em 1989, é criada a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social e o programa do 1º ciclo, passa a integrar nos seus objetivos e conteúdos a temática da educação sexual. Continuando a refletir esta preocupação de incluir a temática da educação sexual, as orientações curriculares para o 1º ciclo aprovadas em 1990 referem também as questões da sexualidade ao nível dos objetivos de ensino. A função reprodutora/sexual aparece pela primeira vez na parte relativa ao Estudo do Meio, integrada na abordagem das funções vitais do corpo humano, embora os conteúdos se refiram apenas à reprodução humana. Apesar da referência à existência da disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social esta é omitida dando-se relevo à educação religiosa o que leva ao seu declínio. Consciente do esquecimento do Desenvolvimento Pessoal e Social a A. P. F. propôs em 1995 ao Ministério da Educação uma parceria para a realização de um projeto experimental de educação sexual, durante três anos letivos com o objetivo de tornar esta ideia mais credível. O projeto foi realizado entre 1995 e julho de 1998 e das cinco escolas em que o projeto decorreu uma era do 1º Ciclo. 7
8 Este projeto foi muito importante pois mostrou que a Educação Sexual podia e devia ser desenvolvida pelos professores, que deveriam ser devidamente formados e apoiados e mostrou também que os pais não só não se opunham como podiam colaborar no processo de Educação Sexual. O projeto serviu também para se ter uma noção das necessidades das crianças e dos jovens nesta temática. Em junho de 1998, deu-se no nosso país o referendo sobre a questão do aborto que reforçou a necessidade da Educação Sexual como algo urgente. O final do projeto experimental levado a cabo pela A. P. F. e o Ministério da Educação, um mês após o referendo, veio reforçar ainda mais esta necessidade. Em outubro de 1998, foi publicado o Plano Interministerial de Ação em Planeamento Familiar e Educação Sexual, onde o Ministério da Educação se compromete a generalizar a Educação Sexual nas escolas num prazo de cinco anos. Em maio de 1999, a Assembleia da República aprovou uma nova legislação sobre educação sexual a Lei 120/99 que reafirma a necessidade de ser desenvolvido um programa de Educação Sexual nos ensinos básico e secundário. Em outubro de 2000 foi publicada a regulamentação desta legislação, através do Decreto-Lei 259/2000 em que se estabelece na segunda e terceira alienas, do artigo primeiro, do capítulo primeiro que o Projeto Educativo de cada escola, deve integrar estratégias de promoção de saúde sexual, como também o plano de trabalho de turma, deve ser harmonizado com os objetivos do projeto educativo de escola e compreender uma abordagem interdisciplinar de promoção da saúde sexual, por forma a garantir uma intervenção educativa integrada Ainda em outubro de 2000 é publicado o documento produzido no âmbito do projeto experimental. Este documento clarifica o conceito, o quadro ético de referência e a metodologia da Educação Sexual, além de fornecer informação para o desenvolvimento de programas para a formação de professores e articulação entre a escola e a família. Há ainda a referir o Decreto-Lei 6/2001, que estabelece as Novas Áreas Curriculares e que refere a Área de Projeto e a Formação para a Cidadania como novas 8
9 oportunidades para levar a cabo o que é referido na L. B. S. E. quanto ao papel da escola na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Este Projeto seguiu as orientações consagradas na Portaria n.º 100/2012 de 28 de setembro de 2012 e que fixa o regime de educação para a saúde em meio escolar, e aprova as orientações curriculares para os diferentes níveis de ensino. 9
10 A Importância da Educação Sexual na Infância A infância é um dos períodos de maiores descobertas, descobertas que desenvolvem aprendizagens e conhecimentos tanto mentais como físicos. É uma fase propícia a curiosidades e dúvidas constantes, sendo a sexualidade um dos temas fulcrais que causa grandes ansiedades e angústias na sua descoberta. Deste modo, é fundamental que a Educação Sexual se inicie na infância, visto que a sexualidade surge no exato momento em que um indivíduo nasce e não bruscamente durante a puberdade, sendo esse desenvolvimento lento e progressivo até que o mesmo atinja a maturação sexual. A sexualidade não constitui um campo particular e distinto da personalidade humana, está sim intimamente ligada à afetividade, podendo até afirmar-se que esta intervém em quase todos os aspetos da nossa personalidade. Neste sentido é essencial ser abordada e discutida desde cedo pela família e após a entrada para a escola ser acompanhada pelos agentes educativos, de modo a que o seu desenvolvimento seja o mais natural e saudável. O facto de pertencermos a um dos dois sexos, de termos um corpo sexuado e de nos relacionarmos sexualmente com os outros torna-nos, inevitavelmente, sensuais e sexuais, influenciando quer os pensamentos quer as ações individuais e coletivos, neste domínio tão importante de relações é indispensável desmistificar a sexualidade de todos os seus tabus, silêncios e omissões e transformá-la numa das aprendizagens mais essenciais para uma construção da identidade consistente e equilibrada. Esta necessidade de Educação Sexual foi reforçada pela O.N.U., quando referenciou a Educação Sexual como um Direito Humano, considerando que uma grande parte da população mundial é criança e jovem e que é necessário muni-los de conhecimentos essenciais para uma vida sexual e reprodutiva saudável. Outro dos aspetos que vem reforçar esta importância foi o facto de termos assistido a uma 10
11 evolução científica e tecnológica avassaladora, que veio provocar mudanças extremas no nosso quotidiano. Os meios de comunicação evoluíram de tal forma que difundem a informação quase instantaneamente, estando essa informação cada vez mais acessível às crianças e na maioria das vezes com pouca qualidade a nível pedagógico. Sendo assim, cabe às escolas adequarem-se à evolução e garantir que os agentes vocacionados para a educação se unam para uma melhor construção de indivíduos livres e responsáveis, tanto a nível académico, como afetivo e sexual, colaborando e complementando sempre o processo educativo que é efetuado pela família. 11
12 Temáticas e Objetivos da Educação Sexual Nos nossos dias a Educação Sexual em meio escolar é cada vez mais importante e necessária. No que se refere ao Pré-Escolar e ao 1º Ciclo do Ensino Básico, existe uma grande hesitação na escolha dos temas a desenvolver, uma vez que predomina ainda uma visão limitada à dimensão biológico-reprodutiva da sexualidade. Continua-se a não se ter em conta os interesses e características próprios das crianças desta idade. Na Educação Sexual, a sexualidade é multidimensional indo para além da dimensão biológico-reprodutiva a que se limitam alguns manuais. É necessário que sejam introduzidos conteúdos da Educação Sexual que abranjam as outras dimensões (psicoafetiva, relacional, sociocultural e ética) da sexualidade, estando esses conteúdos referenciados nas Orientações Curriculares da Educação Pré- Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico. Na educação Pré-Escolar estes conteúdos estão patentes na Área de Formação Pessoal e Social, abrangendo a temática «Construção da identidade e da autoestima», na qual a criança aprende a reconhecer e aceitar as características individuais, identidade e igualdade de género e os laços de pertença social e cultural. Tendo em conta esta temática, os objetivos a trabalhar na Educação Sexual no Pré-Escolar são: a) Compreender as principais componentes do corpo humano e da sua originalidade em cada sexo (masculino/feminino) b) Identificar os papéis sexuais e as necessárias exceções; c) Compreender os mecanismos básicos da reprodução humana, compreendendo os elementos essenciais acerca da conceção, da gravidez e do parto, maternidade e paternidade; -os cuidados necessários ao recém-nascido; d) Identificar as diferentes relações de parentesco e de tipo de família; 12
13 e) Adequar as várias formas de contacto físico nos diferentes contextos de sociabilidade; f) Adquirir informação sobre sexualidade humana; g) Capacitar para a comunicação interpessoal sobre a sexualidade; h) Desenvolver nas crianças atitudes positivas e com o tempo comportamentos responsáveis i) Ajudar as crianças a crescer com normalidade, a conhecer-se e à aceitar-se a si mesmo enquanto homens e mulheres, e a aprender a relacionar-se uns com os outros de forma respeitosa; j) Potenciar o desenvolvimento da responsabilidade e correta tomada de decisões, por meio de um processo educativo que permita às crianças dispor da formação e informação necessárias, sempre ajustadas à sua idade e necessidades. (Marques, António e outros, 2002; Ministérios da Educação e da Saúde, A.P.F., 2000) Em relação ao 1º ciclo, os conteúdos da Educação Sexual estão expressos no Programa Curricular através da articulação nas áreas de Português e Estudo do Meio, Expressões e Educação Dramática, Plástica, Musical e Físico-Motora. Tenta-se, assim, que os temas relacionados com a Educação Sexual sejam tratados de forma interdisciplinar, fazendo uma abordagem global e natural inserida em outras aprendizagens e contextos. Deste modo, as áreas temáticas fundamentais em Educação Sexual são: a) Noção do corpo; b) O corpo em harmonia com a natureza; c) Noção de família; d) Diferenças entre rapazes e raparigas; e) Proteção do corpo e noção dos limites; f) Prevenção dos maus tratos e das aproximações abusivas. 13
14 Estas áreas operacionalizam-se num conjunto de objetivos, e procuram cobrir as esferas do conhecimento/informação, do desenvolvimento de valores e atitudes positivos face à sexualidade e de competências promotoras da responsabilidade e do bem-estar. A Educação Sexual não se pode limitar a aspetos meramente informativos. Ela exige um debate de ideias sobre valores pessoais e deve facultar aos seus destinatários os dados necessários para que construam o seu próprio quadro de referências, definidor das suas opções individuais. Com base nas temáticas da Educação Sexual definiram-se os seguintes objetivos: Aumentar e consolidar os conhecimentos acerca: a) Das diferentes componentes anatómicas do corpo humano, da sua originalidade em cada sexo e da sua evolução com a idade; b) Dos fenómenos de discriminação social baseada nos papéis de género; c) Dos mecanismos básicos da reprodução humana, compreendendo os elementos essenciais acerca da conceção, da gravidez e do parto; d) Dos cuidados necessários ao recém-nascido e à criança; e) Do significado afetivo e social da família, das diferentes relações de parentesco e da existência de vários modelos familiares; f) Da adequação dos diferentes contatos físicos nos diversos contextos de sociabilidade; g) Dos abusos sexuais e outros tipos de agressão. Desenvolver atitudes: a) De aceitação das diferentes partes do corpo e da imagem corporal; b) De aceitação positiva da sua identidade sexual e da dos outros; c) De reflexão face aos papéis de género; d) De reconhecimento da importância das relações afetivas na família; 14 e) De valorização das relações de cooperação e de interajuda;
15 f) De aceitação do direito de cada pessoa a decidir sobre o seu próprio corpo. Treinar e adquirir competências para: a) Expressar opiniões e sentimentos pessoais; b) Comunicar acerca de temas relacionados com a sexualidade; c) Cuidar de modo autónomo, da higiene do seu corpo; d) Atuar de modo assertivo nas diversas interações sociais (com os familiares, amigos, colegas e desconhecidos); e) Adequar os contactos físicos aos diferentes contextos de sociabilidade; f) Identificar e adotar respostas assertivas em situações de injustiça, abuso e perigo e saber procurar apoio, quando necessário (Ministério da Educação e da Saúde, A.P.F., 2000). 15
16 Metodologias no Ensino da Educação Sexual Para que todos estes objetivos e conteúdos sejam postos em prática é necessário criar metodologias e estratégias em Educação Sexual. É importante que a prática pedagógica apele à participação, iniciativa e desenvolvimento da consciência individual dos alunos, usando metodologias ativas favorecedoras do processo de ensino/ aprendizagem, que: a) Promovam a participação de todas as crianças, mesmo das que possam oferecer maior resistência a exporem-se; b) Aproveitem e potenciem os conhecimentos, experiências e sentimentos dos participantes; c) Aumentem a motivação e o bem-estar no grupo; d) Facilitem a tomada de decisão e a resolução de problemas; e) Facilitem a comunicação em temas difíceis, íntimos e polémicos. Os alunos devem ser os protagonistas ativos no processo de ensino/ aprendizagem. Este protagonismo pressupõe uma atividade motora (manipulação, de movimento), uma atividade participativa (decisão, organização, implicação, valorização) e uma atividade operatória (processamento da informação, interiorização, simulação e comparação). A criança poderá mostrar um sentimento de pudor ou embaraço que desaparecerá se o professor/educador agir com naturalidade e tolerância ao tratar os assuntos da sexualidade de modo natural e espontâneo. O clima da sala de aula deverá ser de confiança e as crianças deverão ser motivadas e encorajadas a desenvolverem as suas potencialidades, a dialogarem e exporem as suas dúvidas e a participarem na construção do saber. É importante que o professor/educador responda a todas as perguntas, de forma natural, neutra e verdadeira adequando-as 16
17 à faixa etária dos alunos, abstendo-se de emitir juízos de valor para que os alunos possam criar os seus próprios valores pessoais. É importante que se tome como ponto de partida aquilo que é próximo à criança, as suas vivências, experiências, interesses, curiosidades e conhecimentos. As aprendizagens significativas devem desenvolver-se a partir do conhecimento contextual pois promovem a motivação e interesse dos alunos. Como nestas idades se verifica uma maior dificuldade em manter a atenção, será importante gerir moderadamente o recurso a aprendizagens expositivas, que apelem ao uso da memória. Estas, quando utilizadas, devem fazer-se através do recurso a situações lúdicas, canções, lengalengas, histórias, etc. O grande enfoque deverá ser dado a aprendizagens que fomentem a experimentação, em que o grau de complexidade/profundidade deverá ser adaptado à idade, interesses e necessidades das crianças, procurando desenvolver a tomada de consciência, a reflexão e o espírito crítico. Deverá pôr-se à disposição das crianças livros, folhetos, fotografias, imagens e revistas pois permitem a exploração e o diálogo que deverá ser orientado pelo professor/educador, tendo em conta os conteúdos que pretende trabalhar. Todas as metodologias referidas operacionalizam-se num vasto conjunto de técnicas, partindo dos conhecimentos individuais e do grupo e das suas experiências para a aquisição de novos conhecimentos e para a discussão e problematização, que conduzam à descoberta de respostas e soluções para as necessidades que sejam detetadas. As técnicas mais utilizadas têm como objetivos: a) Identificar/avaliar as necessidades e interesses; b) Descontrair ou desinibir; c) Clarificar valores e atitudes. A avaliação deve ser feita transversalmente a todo o processo, isto é, com um caráter contínuo. Começando por se fazer um diagnóstico da situação e acompanhar o desenvolvimento da ação até ao momento de avaliação final, onde se deverá procurar avaliar o sucesso do programa, permitindo programar as ações seguintes. 17
18 Temas e Objetivos a Trabalhar no Ensino Pré-Escolar e 1ºCiclo Pré-Escolar Temas Objetivos - Identificar e expressar as emoções; Corpo em Relações interpessoais crescimento - Explorar o conceito de família (manifestações de afeto, amizade, comportamentos de ajuda e de colaboração, desenvolver conceitos de respeito, verdade e hierarquia); - Conhecer e aceitar as suas características pessoais e a sua identidade social e cultural, situando-as em relação às de outros; - Saber cuidar de si e responsabilizar-se pela sua segurança e bemestar; - Consciencializar para a prevenção dos maus tratos e das aproximações abusivas. - Reconhecer o corpo e as suas partes; - Identificar e nomear as diferenças de género; - Identificar as várias etapas inerentes ao desenvolvimento do ser humano. Cabe ao educador de infância de cada sala adaptar os objetivos à faixa etária do grupo de crianças. 18
19 1ºCiclo Temas Objetivos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano - Identificar as alterações físicas e psicológicas ao longo do seu desenvolvimento; - Identificar as alterações físicas e psicológicas ao longo do seu desenvolvimento; - Identificar as alterações físicas e psicológicas ao longo do seu desenvolvimento; - Identificar as alterações físicas e psicológicas ao longo do seu desenvolvimento; Noção de corpo - Reconhecer-se em diferentes fases do seu desenvolvimento; - Reconhecer as diferentes partes do corpo; - Identificar diferenças físicas entre cada um (cor do cabelo, olhos ); - Desenvolver a noção de esquema corporal; - Reconhecer as diferenças entre sexos; - Entender que existe uma evolução anatómica e psicológica ao longo do crescimento. - Reconhecer-se em diferentes fases do seu desenvolvimento; - Reconhecer as diferentes partes do corpo; - Identificar diferenças físicas entre cada um (cor do cabelo, olhos ); - Desenvolver a noção de esquema corporal; - Reconhecer as diferenças entre sexos; - Entender que existe uma evolução anatómica e psicológica ao longo do crescimento. - Reconhecer-se em diferentes fases do seu desenvolvimento; - Reconhecer as diferentes partes do corpo; - Reconhecer as diferenças entre sexos; - Entender que existe uma evolução anatómica e psicológica ao longo do crescimento. - Reconhecer as diferentes partes do corpo; - Reconhecer as diferenças entre sexos; - Entender que existe uma evolução anatómica e psicológica ao longo do crescimento. 19
20 Temas Objetivos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano - Analisar, identificar e apresentar as suas caraterísticas pessoais; - Analisar, identificar e apresentar as suas caraterísticas pessoais; - Analisar, identificar e apresentar as suas caraterísticas pessoais; - Sensibilizar para a importância de respeitar as diferenças; - Desenvolver a consciência de si próprio(a) e a autoconfiança; - Desenvolver a consciência de si próprio(a) e a autoconfiança; - Desenvolver a consciência de si próprio(a) e a autoconfiança; - Aceitar de forma positiva e confortável o corpo sexuado e a afetividade; O corpo em harmonia com a natureza - Sensibilizar para a importância de respeitar as diferenças; - Reconhecer a existência de dois sexos e saber identificar o seu; - Identificar partes principais do corpo humano; - Aceitar de forma positiva e confortável o corpo sexuado e a afetividade; - Aceitar as suas características físicas e psicológicas, que conduzam a uma autoestima positiva. - Sensibilizar para a importância de respeitar as diferenças; - Reconhecer a existência de dois sexos e saber identificar o seu; - Identificar partes principais do corpo humano; - Aceitar de forma positiva e confortável o corpo sexuado e a afetividade; - Aceitar as suas caraterísticas físicas e psicológicas, que conduzam a uma autoestima positiva. - Sensibilizar para a importância de respeitar as diferenças; - Reconhecer a existência de dois sexos e saber identificar o seu; - Identificar partes principais do corpo humano; - Aceitar de forma positiva e confortável o corpo sexuado e a afetividade; - Aceitar as suas caraterísticas física e psicológicas, que conduzam a uma autoestima positiva. - Aceitar as suas caraterísticas física e psicológicas, que conduzam a uma autoestima positiva. 20
21 Temas Objetivos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano - Reconhecer a existência de dois progenitores para dar origem a outro ser; - Reconhecer a existência de dois progenitores para dar origem a outro ser; - Reconhecer a existência de dois progenitores para dar origem a outro ser; - Reconhecer a existência de dois progenitores para dar origem a outro ser; - Identificar que é através da mãe que se realiza o seu nascimento; - Identificar que é através da mãe que se realiza o seu nascimento; - Identificar que é através da mãe que se realiza o seu nascimento; - Identificar que é através da mãe que se realiza o seu nascimento; - Consolidar a noção de família; - Consolidar a noção de família; - Consolidar a noção de família; - Consolidar a noção de família; - Conhecer diferentes tipos de família; - Conhecer diferentes tipos de família; - Conhecer diferentes tipos de família; - Conhecer diferentes tipos de família; - Conhecer e perceber outras formas de afinidade familiar; - Conhecer e perceber outras formas de afinidade familiar; - Conhecer e perceber outras formas de afinidade familiar; - Conhecer e perceber outras formas de afinidade familiar; Noção de família -Desenvolver capacidades de relacionamento a nível familiar e social, com gradual autonomia e participação; - Compreender os mecanismos básicos da reprodução humana; - Estabelecer diferentes relações de parentesco; -Desenvolver capacidades de relacionamento a nível familiar e social, com gradual autonomia e participação; - Compreender os mecanismos básicos da reprodução humana; - Compreender os elementos essenciais acerca da conceção, da gravidez e do parto; - Desenvolver capacidades de relacionamento a nível familiar e social, com gradual autonomia e participação; - Compreender os mecanismos básicos da reprodução humana; - Compreender os elementos essenciais acerca da conceção, da gravidez e do parto; - Desenvolver capacidades de relacionamento a nível familiar e social, com gradual autonomia e participação; - Compreender os elementos essenciais acerca da conceção, da gravidez e do parto. - Conceber a existência de vários modelos familiares. - Estabelecer diferentes relações de parentesco; - Conceber a existência de vários modelos familiares; - Conhecer os órgãos reprodutores masculino e feminino, o seu funcionamento e as células reprodutoras de ambos os sexos. - Conceber a existência de vários modelos familiares; - Conhecer os órgãos reprodutores masculino e feminino, o seu funcionamento e as células reprodutoras de ambos os sexos. 21
22 Temas Diferenças entre rapazes e raparigas Objetivos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano - Identificar e nomear as diferenças entre a menina e o menino; - Reconhecer as diferenças anatómicas entre cada sexo; - Aceitar e respeitar as diferenças físicas dos outros e do próprio corpo; - Diferenciar os papéis de género. - Identificar e nomear as diferenças entre a menina e o menino; - Reconhecer as diferenças anatómicas entre cada sexo; - Aceitar e respeitar as diferenças físicas dos outros e do próprio corpo; - Diferenciar os papéis de género. - Identificar e nomear as diferenças entre a menina e o menino; - Reconhecer as diferenças anatómicas entre cada sexo; - Aceitar e respeitar as diferenças físicas dos outros e do próprio corpo; - Diferenciar os papéis de género. Temas Proteção do corpo e noção dos limites Objetivos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano - Desenvolver atitudes de aceitação do direito de cada pessoa decidir sobre o seu próprio corpo. - Desenvolver atitudes de aceitação do direito de cada pessoa decidir sobre o seu próprio corpo. - Desenvolver atitudes de aceitação do direito de cada pessoa decidir sobre o seu próprio corpo. - Desenvolver atitudes de aceitação do direito de cada pessoa decidir sobre o seu próprio corpo. 22
23 Temas Prevenção dos maus tratos e das aproximações abusivas Objetivos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano - Adequar os diferentes contatos físicos nos diversos contextos sociais; - Reconhecer atitudes abusivas em relação ao seu corpo e outros tipos de agressão. - Adequar os diferentes contatos físicos nos diversos contextos sociais; - Reconhecer atitudes abusivas em relação ao seu corpo e outros tipos de agressão. - Adequar os diferentes contatos físicos nos diversos contextos sociais; - Reconhecer atitudes abusivas em relação ao seu corpo e outros tipos de agressão. - Adequar os diferentes contatos físicos nos diversos contextos sociais; - Reconhecer atitudes abusivas em relação ao seu corpo e outros tipos de agressão. 23
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