Noemi Lemos França. Noemi Lemos França
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- Sandra Coelho Gonçalves
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1 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: NOÇÃO E FUNDAMENTO. ANÁLISE DO FENÔMENO CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO. CONCEITO DA NATUREZA DAS NORMAS JUSPRIVATIVAS INTERNACIONAIS. OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. RELAÇÕES JURÍDICAS ESPECIAIS Noemi Lemos França SUMÁRIO: 1. Introdução 2. Direito internacional privado: noção e fundamento 3. Análise do fenômeno conflito de leis no espaço 4. Conceito da natureza das normas jusprivativas internacionais 5. Objeto do direito internacional privado 6. Relações jurídicas especiais 7. Conclusões 8. Referências 1. Introdução Nesse artigo abordaremos conhecimentos teóricos básicos sobre direito internacional privado: noção e fundamento, análise do fenômeno conflito de leis no espaço, conceito da natureza das normas jusprivativas internacionais, objeto do direito internacional privado e relações jurídicas especiais. 2. Direito internacional privado: noção e fundamento As relações jurídicas de direito privado, na maioria dos casos, estão vinculadas estritamente ao território do Estado no qual os tribunais julgam uma eventual lide corrente entre duas partes. Mas, no mundo inteiro, cada vez mais são frequentes as relações jurídicas com conexão internacional a transcender as fronteiras nacionais (RECHSTEINER, p. 24, Cada Estado poderia, teoricamente, aplicar o direito interno, indistintamente, a todas as questões jurídicas com conexão nacional e internacional. Na realidade, porém, não é isso o que ocorre, pois todos os ordenamentos jurídicos nacionais estabelecem regras peculiares, concernentes
2 às relações jurídicas de direito privado com conexão internacional (RECHSTEINER, ps , Por vezes, a relação jurídica com conexão internacional está mais vinculada a um ou a vários ordenamentos jurídicos estrangeiros do que com o direito pátrio. Quando essa situação ocorre, contudo, cada Estado determina individualmente, conforme a sua própria legislação, sendo aplicado o direito no qual a relação jurídica com conexão internacional tenha seu centro de gravidade (RECHSTEINER, ps , Como já realçado, esse direito é representado por normas que definem qual o direito a ser aplicado a uma relação jurídica com conexão internacional, não resolvendo propriamente a questão jurídica, tão só indicando o direito aplicável (RECHSTEINER, p. 28, O conflito existe tão somente quando o direito internacional privado é visto através de uma perspectiva supranacional, ou seja, como cada Estado possui o seu próprio ordenamento jurídico, o direito aplicável a uma causa com conexão internacional é aquele que o juiz de um determinado país aplicar à lide sub judice, conforme a sua legislação (RECHSTEINER, ps , Dependendo da ordem jurídica do país em que se decide a lide, o direito aplicável à causa com conexão internacional poderá variar. Assim, o conflito de leis no espaço, assinalado pela doutrina, está fundamentado na possibilidade de o direito aplicável não ser o mesmo nos diversos países, e justamente essas normas resolutivas de conflito de leis no espaço, indicadas pela lei do foro (lex fori), são as básicas da nossa disciplina: o direito internacional privado (RECHSTEINER, p. 29, Como existe um vínculo estreito entre as normas do direito internacional privado que resolvem conflitos de leis no espaço (isto é, que designam o direito aplicável às relações jurídicas com conexão internacional) e as processuais correspectivas, estas, na realidade, também pertencem à disciplina do direito internacional privado. As normas resolutivas abrangem as processuais, fazendo assim parte do direito internacional privado lato sensu; as resolutivas,
3 por sua vez, são qualificadas como stricto sensu (RECHSTEINER, p. 30, 3. Análise do fenômeno conflito de leis no espaço O direito internacional privado resolve conflitos de leis de direito privado no espaço. Quando uma relação jurídica de direito privado tem conexão internacional, o juiz determina, em primeiro lugar, o direito aplicável, para poder, em seguida, decidir a lide sub judice materialmente. O direito aplicável será sempre o direito interno ou um determinado direito estrangeiro, designado pelas normas do direito internacional privado da lex fori (RECHSTEINER, p. 83, 4. Conceito da natureza das normas jusprivativas internacionais Normas jusprivatistas internacionais: a norma do direito internacional privado delimita a eficácia das normas de ordem interna e indica a lei estrangeira que deve reger uma [...] [determinada] relação jurídica internacional. Pode se dizer que trata de questões contaminadas por, pelo menos, um elemento estrangeiro (casamento, nacionalidade, local da morte, local dos bens etc.). Esse elemento estrangeiro é fundamental; é ele que diferencia o direito internacional privado do direito privado comum. As normas podem se classificar quanto a fonte, quanto a natureza e quanto a estrutura: (WIERZCHÓN, a) Quanto a fonte: pode ser legislativa, doutrinária e jurisprudencial, pode ainda ser interna ou internacional (tratados e convenções) (WIERZCHÓN, b) Quanto a natureza: geralmente é conflitual, indireta ou seja, não solucionam a questão em si, [...] [e sim] indicam qual direito deve ser aplicado.
4 [...]. Há ainda as normas qualificadoras, que não são conflituais, nem substanciais, [e sim] [...] conceituais (WIERZCHÓN, c) Quanto a estrutura: são unilaterais, bilaterais ou justapostas. Unilaterais ou incompletas são aquelas que se preocupam apenas com a aplicação da regra do direito internacional privado aos nacionais, ou seja, a regra de direito interno, independentemente do direito estrangeiro. [...]. As bilaterais ou completas, são as que se destinam a todos os nacionais, tem um aspecto universal, multilateral, ocupando-se de todo[s] [...] (WIERZCHÓN, 5. Objeto do direito internacional privado O direito internacional privado indica [...], tão somente, qual direito, dentre aqueles que tenham conexão com a lide sub judice, deverá ser aplicado pelo juiz ao caso concreto (direito internacional privado stricto sensu). Como a aplicação desse tipo de norma jurídica depende de normas processuais específicas, isto é, das normas do direito processual civil internacional, considera-se que o direito internacional privado abrange também normas processuais correspectivas na sua disciplina (direito internacional privado lato sensu) (RECHSTEINER, p. 30, Enquanto as fontes jurídicas do direito internacional privado conforme a sua origem são principalmente de direito interno, o objeto da disciplina é internacional [...]. (RECHSTEINER, p. 31, Stricto sensu, o direito internacional privado refere-se às relações jurídicas de direito privado com conexão internacional. Todo direito que regula relações privadas é direito privado, não obstante esse direito, como o direito internacional privado, delimitar o âmbito de aplicação das diferentes ordens jurídicas de direito privado entre si, tratando-se de relações jurídicas com conexão internacional. Já o direito processual civil internacional pertence ao
5 direito público, como o direito processual em geral (RECHSTEINER, ps , Apesar de certas divergências, os doutrinadores [...] são unânimes em afirmar que as normas de direito internacional privado se destinam a resolver conflitos de leis no espaço, o que sempre pressupõe fatos, juridicamente relevantes, com conexão internacional. Controvertem-se, contudo, se a relação jurídica com conexão internacional se restringe, necessariamente, ao direito privado, ou se as regras do direito internacional privado são aplicáveis, também, a conflitos de leis no espaço, quando decorrentes do direito público (como direito penal, direito da previdência social, direito tributário ou fiscal etc.) (RECHSTEINER, ps , O juiz somente poderá aplicar o direito pátrio ou determinado direito estrangeiro, de acordo com a regra jurídica do direito internacional privado da lei do foro (lex fori), quando se tratar de uma relação jurídica com conexão internacional de direito privado. [...] Já no campo do direito público, o juiz não tem de escolher qual o direito aplicável, como faz ao julgar uma causa com conexão internacional de direito privado (RECHSTEINER, p. 33, Segundo Rechsteiner (ps , 2017) [...] o direito internacional privado direciona-se às relações jurídicas com conexão internacional, não abrangendo os direitos privados interlocal e interpessoal. Isso, porém, não significa, como assinala a doutrina, que não se notem semelhanças de fato, no método de aplicação do direito, entre o direito internacional privado e os direitos privados interlocal e interpessoal. 6. Relações jurídicas especiais Desde a Lei de introdução ao Código civil de 1916 que o direito nacional privado determina não os limites da lei e sim qual a lei mais conectada a determinadas relações jurídicas especiais (BASSO apud NICARETA, ps ,
6 Essa é a chamada teoria da sede da relação jurídica de Savigny. Essa teoria secundariza as normas e volta-se para os fatos da vida, do Estado e da pessoa humana (BASSO apud NICARETA, os , 7. Conclusões a) Direito internacional privado - noção e fundamento: a.1) cada [...] Estado poderia, teoricamente, aplicar o direito interno, indistintamente, a todas as questões jurídicas com conexão nacional e internacional. Na realidade, porém, não é isso o que ocorre, pois todos os ordenamentos jurídicos nacionais estabelecem regras peculiares, concernentes às relações jurídicas de direito privado com conexão internacional (RECHSTEINER, ps , 2017); b) análise do fenômeno conflito de leis no espaço: b.1) o [...] direito internacional privado resolve conflitos de leis de direito privado no espaço. Quando uma relação jurídica de direito privado tem conexão internacional, o juiz determina, em primeiro lugar, o direito aplicável, para poder, em seguida, decidir a lide sub judice materialmente. O direito aplicável será sempre o direito interno ou um determinado direito estrangeiro, designado pelas normas do direito internacional privado da lex fori (RECHSTEINER, p. 83, 2017); c) conceito da natureza das normas jusprivativas internacionais: c.1) normas [...] jusprivatistas internacionais: a norma do direito internacional privado delimita a eficácia das normas de ordem interna e indica a lei estrangeira que deve reger uma [...] [determinada] relação jurídica internacional. Pode se dizer que trata de questões contaminadas por, pelo menos, um elemento estrangeiro (casamento, nacionalidade, local da morte, local dos bens etc.). Esse elemento estrangeiro é fundamental; é ele que diferencia o direito internacional privado do direito privado comum. As normas
7 podem se classificar quanto a fonte, quanto a natureza e quanto a estrutura (WIERZCHÓN, 2017); d) objeto do direito internacional privado: d.1) o direito internacional privado indica [...], tão somente, qual direito, dentre aqueles que tenham conexão com a lide sub judice, deverá ser aplicado pelo juiz ao caso concreto (direito internacional privado stricto sensu). Como a aplicação desse tipo de norma jurídica depende de normas processuais específicas, isto é, das normas do direito processual civil internacional, considera-se que o direito internacional privado abrange também normas processuais correspectivas na sua disciplina (direito internacional privado lato sensu) (RECHSTEINER, p. 30, 2017); e) relações jurídicas especiais: desde a Lei de introdução ao Código civil de 1916 que o direito nacional privado determina não os limites da lei e sim qual a lei mais conectada a determinadas às relações jurídicas especiais (teoria da sede de Savigny) (BASSO apud NICARETA, os , REFERÊNCIAS NICARETA. Flávia Carina Túlio. A autonomia da vontade nos contratos internacionais nos países do Mercosul. PUC SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Mestrado em direito, Disponível em < a&uact=8&ved=0ahukewji6okxhaxvahwmezakhe_5angqfgg9mau&url=ht tps%3a%2f%2fsapientia.pucsp.br%2fbitstream%2fhandle%2f5836%2f1%2 FFlavia%2520Carina%2520Tulio%2520Nicareta.pdf&usg=AFQjCNHIfHDuhVLr h6jlnlo4htpwae2q9w>. Acesso em: 25 jul RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prática. 15. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, Disponível em < Beat-Walter-Rechsteiner>. Acesso em: 24 jul WIERZCHÓN, Silvana Aparecida. Resumo de Direito Internacional Privado. Disponível em < Acesso em: 25 jul.2017.
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