A contribuição metodista às políticas afirmativas no Brasil

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1 Inovar para transformar A contribuição metodista às políticas afirmativas no Brasil Methodist contribution to the affirmative policies in Brazil Almir de Souza Maia Doutor em Ciências pela UNICAMP - Campinas - SP; Reitor da UNIMEP Piracicaba, SP ( ); Presidente do COGEIME ( ), da ALAIME ( ) e da ABIEE ( ). Foi membro do Conselho Nacional de Educação. maia.almir@gmail.com Beatriz Helena Vicentini é jornalista, com vários livros publicados (entre os quais Ide e Ensinai: 120 anos do Colégio Piracicabano, Memória, encantamento e beleza, Além das crises, esperança e Construindo casas, reconstruindo vidas ). Foi assessora de imprensa da UNIMEP entre 1979 e behelias@ig.com.br RESUMO Este artigo integra a pesquisa 1 a respeito da contribuição metodista para a construção de políticas e estabelecimento de ações afirmativas no Brasil, movimento iniciado na década de Traz informações sobre a chegada dos afrodescendentes ao país e descreve a discriminação sofrida por eles ao longo de séculos. Trata do compromisso com os excluídos assumido pela Igreja Metodista. Evidencia a postura a favor da inclusão social liderada pela Universidade Metodista de Piracicaba e registra sua participação na formação da Faculdade Zumbi dos Palmares, em Palavras-chave: Igreja Metodista, políticas afirmativas, afrodescendentes, UNIMEP, UNIPALMARES. Abstract This article forms part of a research on the Methodist contribution to the construction of policies and the establishment of affirmative actions in Brazil, a movement which started in the 1970s. It gives information about the arrival of Africans in the country and describes the discrimination suffered by them over the centuries. It discusses 1 MAIA, A. S.; ELIAS, B. V. Methodist contribution to the affirmative policies in Brazil. Piracicaba: Centro de Documentação e Pesquisa, Pesquisa realizada em 2009 e patrocinada pela General Board of Higher Education and Ministry (GBHEM) of the United Methodist Church, EUA.

2 the commitment to the excluded assumed by the Methodist Church. It shows the posture in favor of social inclusion led by the Universidade Metodista de Piracicaba and records its participation in the formation of the Faculdade Zumbi dos Palmares, in Keywords: Methodist Church, affirmative actions, africans, UNIMEP, UNIPALMARES. O Brasil é considerado a quinta nação mais populosa do planeta cerca de 193 milhões de habitantes em 2010 e é o segundo país em população negra do mundo Resumen Este artículo integra la investigación sobre la contribución metodista para la construcción de políticas y el establecimiento de acciones afirmativas en Brasil, movimiento iniciado en la década de Trae informaciones sobre la llegada de los afrodescendientes al país y describe la discriminación sufrida por ellos a lo largo de siglos. Trata del compromiso con los excluidos asumido por la Iglesia Metodista. Evidencia la postura en pro de la inclusión social liderada por la Universidade Metodista de Piracicaba y registra su participación en la creación de la Faculdade Zumbi dos Palmares, en el Palavras clave: Eclesia Metodista, acciones afirmativas, afrodescendentes, UNIMEP, UNIPALMARES. Introdução Libertados, sem qualquer compensação pela escravidão, os negros tiveram à disposição apenas subempregos O Brasil é considerado a quinta nação mais populosa do planeta cerca de 193 milhões de habitantes em 2010 e é o segundo país em população negra do mundo. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008, 51,2% desses eram considerados negros, categoria onde se incluem também os mulatos ou pardos, confirmando projeção de que a quantidade de negros superaria a de brancos na população. 2 Entretanto, essa presença étnica marcante não é acompanhada por uma participação econômica e social, tendo se mantido, ao longo de toda a história do país, a marca da discriminação e de condições adversas para a sua ascensão social. Os negros chegaram ao país como escravos, trazidos da Guiné e Angola (África) a partir de Até 1850, entre três e cinco milhões de africanos tiveram como destino o Brasil, número que representa 37% do tráfico negreiro entre a África e as Américas. Quando houve a abolição da escravidão brasileira, em 1888, o país contava com 14 milhões de brancos, dois milhões de negros e seis milhões de pardos, o que mostra a composição étnica que marcaria o país ao longo das décadas seguintes. 3 Foi dessa origem de pobreza que a população negra se desenvolveu ao longo do século XX. Libertados, sem qualquer compensação pela escravidão, os negros tiveram à disposição apenas subempregos, sendo vistos como perigosos, inadequados como mão de obra dentro 2 Desafios do Desenvolvimento. Brasília, IPEA, maio LESSA, Carlos. Jornal da Ciência. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

3 de um sistema de trabalho livre. O país preferiu os brancos para o seu desenvolvimento ao incentivar ondas migratórias nas décadas de 1940 e 1950, quando era dada preferência àqueles que atendessem a necessidade de se preservar e desenvolver na composição étnica da população as características mais convenientes da sua ascendência europeia. 4 A educação, durante anos, permaneceu como privilégio das elites. À época da escravidão, a legislação proibia que os negros frequentassem escolas públicas; 5 até poucos anos antes do início do século XX o único avanço foi autorizá-los a frequentarem aulas em escolas públicas no período noturno. 6 Até mesmo no que se refere à vida religiosa havia discriminação: somente a partir de 1960, quando uma lei de caráter nacional foi promulgada punindo atitudes de discriminação racial, é que as congregações religiosas católicas atuantes no Brasil tiraram de seus estatutos e normas internas a proibição de negros e mestiços de entrarem para a vida religiosa. 7 Ao contrário de sistemas de apartheid, com separação de espaços físicos para moradia, transporte, lazer e a proibição da miscigenação, como ocorreu em muitos países, a discriminação brasileira se consolidou nas esferas econômica e social. Com o passar dos anos, embora o Brasil tenha se caracterizado mundialmente como uma nação sem preconceito, a discriminação se desenvolveu de forma mais sutil, o que não impedia, no entanto, determinadas manifestações racistas, introduzidas nas piadas mais comuns, em expressões adotadas pela língua ou até mesmo na proibição de uso de elevadores sociais em prédios e a exigência de boa aparência para acesso a emprego. Em 1990, 65% da massa carcerária brasileira era constituída por negros. 8 Quinze anos depois, chegando a 400 mil presos, o Ministério da Justiça indicava que a maioria deles era formada por negros e pardos, entre 18 e 20 anos. 9 Em 2002, se consideradas as estatísticas da chamada linha da pobreza, 65,8% dos brasileiros nessa condição ainda eram os negros. Em 2007, o Ministério do Trabalho divulgou oficialmente que homens brancos tinham rendimentos médios 55,7% superiores aos dos negros em todo o país. Em 2008, uma pesquisa que mapeou o universo das 500 maiores empresas do país indicava que apenas 3,5% de negros ocupavam cargos executivos. 10 Segundo dados de 2009, 60% dos traba- 4 BRASIL. Decreto 7967, Art. 2º, de 18/9/ BRASIL. Decreto 1331, de 17/2/ BRASIL. Decreto 7031-A, de 7/9/ SANTOS, Frei David Raimundo. As religiões são importantes para os afrodescendentes. Disponível em: Acesso em: 16 ago USP. Pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo. 9 BRASIL. Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça, Pesquisa IBOPE/Instituto Ethos. Disponível em: br/2008/6/23/negros-tem-so-35-dos-cargos-de-chefia. Acesso em: 10 ago embora o Brasil tenha se caracterizado mundialmente como uma nação sem preconceito, a discriminação se desenvolveu de forma mais sutil Em 2008, uma pesquisa que mapeou o universo das 500 maiores empresas do país indicava que apenas 3,5% de negros ocupavam cargos executivos Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

4 Em 1988, com a promulgação da nova Constituição Brasileira, o racismo passou formalmente a ser considerado crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei Foi a partir dos anos 1980 que as ações afirmativas se ampliaram para a esfera pública, especialmente a área educacional e o mercado de trabalho lhadores negros brasileiros têm rendimento de aproximadamente US$ 500, 59,5% estão empregados na construção civil e 55,3% não possuem garantias trabalhistas. Em denúncia feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010, relacionada aos trabalhadores em condições degradantes ainda existentes no Brasil, três em cada quatro eram negros. 11 No entanto, conhecidos os números do PNAD de 2008, o que se verificou foi uma significativa melhora, se analisado o período dos 15 anos anteriores em termos de ascensão social: em 1993, apenas 23,8% dos negros estavam na classe média, com quase 80% nas classes D e E. Em 2008, o percentual subiu para 53,5%, incluindo-se nesse segmento as classes A, B e C, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas. 12 Ações afirmativas Em 1988, com a promulgação da nova Constituição Brasileira, o racismo passou formalmente a ser considerado crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei. 13 Nos anos seguintes, seus desdobramentos, vindos em forma de lei, levariam a indicar a pena de reclusão de um a três anos e multa. 14 Entretanto, as chamadas ações afirmativas foram iniciadas muito antes, a partir de iniciativas dos próprios negros. No começo do século XX (1931), a Frente Negra Brasileira teve, entre suas propostas, a educação como meio de ascensão social, levando à inclusão mais de 400 negros na Força Pública de São Paulo. O Teatro Experimental do Negro, criado na década de 1940 do século passado, contribuiu para a formação de atores negros. Em 1978, surgiu o Movimento Negro Unificado, a partir de uma manifestação de várias organizações negras nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em protesto contra a morte, sob tortura, de um trabalhador negro e a discriminação de atletas negros expulsos de um clube na capital paulista. Foi a partir dos anos 1980 que as ações afirmativas se ampliaram para a esfera pública, especialmente a área educacional e o mercado de trabalho. Até então, a discriminação do negro na sociedade brasileira se escondia adequadamente sob o conceito de democracia racial, que passou a ser considerado efetivamente como um mito. Do ideal 11 PAIXÃO, Marcelo. Pesquisa realizada pelo economista, da Universidade Federal do Rio de Janeiro diz que para a ONU, o trabalhador está sujeito a condições degradantes quando enfrenta jornadas exaustivas, mantém dívidas com o empregador e corre risco de morte. Disponível no Portal Nacional do Pacto contra Erradicação do Trabalho Escravo ( Acesso em: 4 jull DANTAS, Fernando. 53,8% dos negros já estão na classe média. Disponível em: blogdofavre. ig.com. br/2010/03/535-dos-negros-brasileiros-ja-estao-na-classe-media/ Acesso em: 25 jun BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Artigo 5º, Inciso XLII. 14 BRASIL. Código Penal Brasileiro, Art Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

5 do Brasil mestiço começaram a surgir ações que caminharam para o reconhecimento étnico-racial dos negros. A luta nos anos seguintes priorizava a garantia do acesso à educação para começar a romper a imensa distância até então existente entre brancos e negros na sociedade brasileira. Uma das primeiras entidades a se organizarem foi a Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (EDUCAFRO), uma rede de cursinhos pré-vestibulares comunitários que funcionava em forma de voluntariado e era coordenada pelo Serviço Franciscano de Solidariedade. Foi também nesse período (1997) a criação de uma organização não governamental denominada Sociedade Afro- -brasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural (AFROBRAS), que reunia artistas, intelectuais e profissionais liberais e teve como primeiro projeto concreto viabilizar duas mil bolsas de estudos na educação superior particular para afrodescendentes. A entidade teria papel fundamental na criação, anos depois, da primeira instituição de educação superior voltada prioritariamente para afrodescendentes em toda a América Latina: a Faculdade Zumbi dos Palmares (UNIPALMARES). Começaram, então, a se concretizar, a partir de 2001, várias iniciativas no que se refere ao sistema de reserva de vagas na educação superior pública por meio de cotas para negros. É também desse ano a reconhecida participação brasileira na Conferência das Nações Unidas Contra o Racismo, realizada em Durban, cuja declaração final, extremamente polêmica e subscrita pelo governo brasileiro, pela primeira vez admitiu formalmente a existência do racismo, em seu artigo 2º: Reconhecemos que o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e as formas correlatas de intolerância são produzidos por motivos de raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica, e que as vítimas podem sofrer formas múltiplas ou agravadas de discriminação por outros motivos correlatos, como o sexo, o idioma, a religião, opiniões políticas ou de outra índole, origem social, situação econômica, nascimento ou outra condição. 15 Começaram, então, a se concretizar, a partir de 2001, várias iniciativas no que se refere ao sistema de reserva de vagas na educação superior pública por meio de cotas para negros Reconhecemos que o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e as formas correlatas de intolerância são produzidos por motivos de raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica A Conferência, que contou com a presença de 18 mil participantes, incluindo 16 chefes de Estado, 58 ministros das Relações Exteriores e mil representantes de organizações não governamentais, teve resultados instáveis, na análise da Alta Comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Louise Arbour, oito anos mais tarde: os estados ainda resistem em reconhecer a existência do fenômeno do racismo. As leis nacionais e medidas para a sua eliminação são inadequadas ou ineficazes na maioria dos países ONU. Relatório da Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerância. Durban: Organização das Nações Unidas, Países da América Latina e Caribe preparam revisão da Conferência da ONU contra o racismo. Disponível em: Acesso em: 8 ago Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

6 Em sete anos mais jovens negros entraram em universidades públicas do que nos 20 anos anteriores A implementação de ações afirmativas e, especialmente, a política do estabelecimento de cotas, vieram acompanhadas de muita polêmica, inclusive nos meios acadêmicos e universitários No Brasil, ao mesmo tempo em que alguns ministérios passavam a garantir 20% de suas contratações para afrodescendentes, a partir de 2002 o Ministério das Relações Exteriores começou a conceder 20 bolsas de estudos federais a afrodescendentes que se preparassem para o concurso de admissão ao Instituto Rio Branco, encarregado da formação do corpo diplomático brasileiro. 17 A partir de 2003, foi tornada oficial a exigência de adoção da disciplina História e Cultura Afro-Brasileira e da África para todos os estudantes do ensino médio. O governo federal criou, ainda nesse ano, a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, que propiciou, como desdobramento, a criação de superintendências e coordenações de promoção da igualdade racial em diversos Estados e municípios brasileiros. Várias cidades passaram a incluir cotas para negros em concursos para seleção de cargos públicos. Uma nova consciência de raça começava a crescer com a adoção opcional, em muitas cidades, do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. 18 Um novo programa de acesso a instituições particulares de educação superior criado pelo governo federal, em 2004, o Universidade para Todos (PROUNI), passou a garantir 30% de suas vagas anuais para negros e pardos. Segundo o Prof. José Jorge de Carvalho, da Universidade de Brasília, em sete anos mais jovens negros entraram em universidades públicas do que nos 20 anos anteriores. Somente em 2009 foram mais 50 mil universitários negros incorporados à educação superior pelo PROUNI, o que representou um acréscimo de 5% no sistema. 19 A implementação de ações afirmativas e, especialmente, a política do estabelecimento de cotas, vieram acompanhadas de muita polêmica, inclusive nos meios acadêmicos e universitários. Um dos principais argumentos utilizados era a sua inconstitucionalidade, levando juristas a repetirem debates já ocorridos em outras partes do mundo, até mesmo nos EUA, questionando se ações afirmativas caracterizariam a garantia de um direito ou o estabelecimento de um privilégio. O caso brasileiro, considerando-se a Constituição de 1988, teve diferentes interpretações. Os que defendem as ações afirmativas fundamentam-se no entendimento de que, para além da igualdade formal, a Magna Carta estabeleceu no seu texto a possibilidade do tratamento desigual para pessoas ou segmentos historicamente prejudicados nos 17 MOEHLECKE, Sabrina. Ação afirmativa: história e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, nov (versão on-line). 18 A data refere-se ao assassinato de Zumbi, líder do maior grupo de escravos negros fugidos que a história das Américas registrou. Foram cerca de 30 mil, que se mantiveram durante mais de 100 anos no chamado Quilombo de Palmares no Brasil. 19 José Jorge de Carvalho é professor da Universidade de Brasília, onde participou da elaboração dos parâmetros do sistema de cotas da UnB, o pioneiro do país. O docente também coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). Entrevista ao site Acesso em: 4 jul Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

7 exercícios de seus direitos fundamentais. 20 Até porque a própria Constituição estabeleceu a proteção do mercado de trabalho para a mulher por meio de incentivos específicos e a reserva de porcentual de empregos públicos para pessoas portadoras de deficiências. 21 Anteriormente, a legislação eleitoral brasileira já havia estabelecido uma cota mínima de 30% de mulheres para as candidaturas de todos os partidos políticos. Um dos argumentos dos que criticam a sua adoção é que as ações afirmativas desconsideram a ideia do mérito individual, favorecendo um grupo em detrimento de outro, o que também contribuiria para a inferiorização do grupo supostamente beneficiado, incapaz de vencer por si mesmo. Os principais opositores insistem que a questão das cotas não pode se restringir à questão racial, mas deve se ampliar para um problema de caráter socioeconômico, que abrangeria uma problemática ainda maior no Brasil. Seu principal argumento é a defesa em torno de políticas universalistas que gerassem maiores oportunidades e qualidade na educação básica oferecida e na expansão da educação superior. Por trás desse argumento se fixa a lógica de que, ao se beneficiar a população mais pobre, necessariamente estariam sendo beneficiados também os negros que seriam o maior porcentual desse universo. Lideranças negras rebatem o argumento indicando que ele reforça ainda mais a vinculação entre negro e pobreza. Neste contexto, o estigma atua reforçando uma ciranda perversa na qual a existência da pobreza surge como parte constitutiva e natural de nossa realidade, especialmente quando sua cor é negra [...] pobreza se enfrenta com um conjunto amplo de políticas de cunho universalista, tendo como pano de fundo o crescimento econômico e a distribuição mais equânime da riqueza. Racismo, preconceito e discriminação devem ser enfrentados com outro conjunto de políticas e ações. Conjunto esse que, infelizmente, ainda está por se consolidar. 22 O Estatuto da Igualdade Racial, aprovado em 20 de julho de 2010, é um documento amplamente negociado por políticos, governo e movimentos populares, que acabou por decepcionar a grande maioria dos movimentos negros organizados. A ele não se incorporaram Um dos argumentos dos que criticam a sua adoção é que as ações afirmativas desconsideram a ideia do mérito individual, favorecendo um grupo em detrimento de outro Os principais opositores insistem que a questão das cotas não pode se restringir à questão racial, mas deve se ampliar para um problema de caráter socioeconômico 20 MARTINS, Sérgio. In: MOEHLECKE, Sabrina. Ação afirmativa: história e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, nov (versão on-line). 21 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Título II Dos direitos e Garantias Fundamentais, capítulo II Dos Direitos Sociais, artigo 7º e Título III Da Organização do Estado, capítulo VII Da Administração Pública, Art THEODORO, Mário. À guisa de conclusão: o difícil debate da questão racial e das políticas públicas de combate à desigualdade e à discriminação racial no Brasil. In: THEODORO, Mário (org.). As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição. Brasília: IPEA, Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

8 A questão do racismo só recebeu das igrejas evangélicas brasileiras espaço específico de atuação e preocupação a partir dos anos 1980 as políticas públicas de saúde específicas para o negro, inicialmente previstas, nem a garantia de cotas no serviço público, partidos políticos e universidades, largamente debatida, mas o governo defende o Estatuto, com seus 65 artigos, como uma nova ordem de direitos para os negros brasileiros. Ao sancioná-lo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva declarou que a democracia brasileira parece mais justa e representativa com a entrada em vigor do Estatuto da Igualdade Racial. Estamos todos um pouco mais negros, um pouco mais brancos e um pouco mais iguais. 23 A Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), também criada em 20 de julho de 2010, é uma instituição pública concebida para atender às demandas dos integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Seus campi estão instalados em Acarape e Redenção (Ceará), a última a cidade que pioneiramente aboliu a escravatura em 1883, e terão capacidade para atender a cinco mil alunos, sendo metade deles originários de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A outra metade é reservada para alunos brasileiros. Segundo Paulo Speller, reitor da UNILAB, o projeto prevê o desenvolvimento de ações com outras instituições sociais e comunitárias que se destacam na integração étnico-racial e na cooperação com países africanos e asiáticos, entre as quais a Faculdade Zumbi dos Palmares ocupa lugar de destaque. 24 Em seu primeiro vestibular, em 2011, a UNILAB ofereceu 360 vagas, igualmente divididas para brasileiros e estrangeiros e distribuídas em seis cursos. Houve três mil estudantes brasileiros inscritos e as aulas se iniciaram em março daquele ano. 25 Em 1982, a Igreja Metodista aprovou um documento referencial para o seu posicionamento, denominado Plano para a vida e missão da Igreja (PVMI) Em 26 de abril de 2012 o Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, que as cotas raciais nas universidades são constitucionais. Naquela data, segundo a Advocacia Geral da União, 13 universidades brasileiras já possuíam políticas de cotas raciais e outras 20 combinavam o critério de raça com a questão social para fazer a seleção dos candidatos Lula diz que democracia fica mais justa com Estatuto. Agência Brasil de Notícias. Acesso em: 21 jul SPELLER, Paulo. A universidade Afro-Brasileira e a ousadia na integração internacional. Afirmativa Plural, Ano 6, n. 31, p UNILAB: número de brasileiros inscritos no processo seletivo supera expectativas. Disponível em: br/noticias/2011/02/01/unilab-numero-de-brasileirosinscritos-no-processo-seletivo-supera-expectativas. Acesso em: 25 jun. / STF decide, por unanimidade, pela constitucionalidade das cotas raciais. Publicado em 26/4/2012. Disponível em: globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2012/04/ stf-decide-por-unanimidade-pela-constitucionalidade-das-cotas-raciais.html 72 Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

9 A Igreja Metodista compromisso com os excluídos 27 A questão do racismo só recebeu das igrejas evangélicas brasileiras espaço específico de atuação e preocupação a partir dos anos A Igreja Metodista, entretanto, sempre apresentou como uma de suas marcas de fé o comprometimento com a justiça social, a defesa e promoção social dos mais fracos e oprimidos vistos como vítimas da estrutura socioeconômica. Também prega a tolerância e respeito às diferentes culturas e religiões. O Credo Social da Igreja Metodista, já com mais de cem anos, estabelece de maneira mais ampla: De modo especial, os metodistas se preocupam com a situação de penúria e miséria dos pobres A Igreja Metodista não só deplora os problemas sociais que aniquilam as comunidades e os valores humanos, mas orienta a seus membros [...] a propugnar por mudanças estruturais da sociedade que permitam a desmarginalização social dos indivíduos, grupos e das populações [...] Em 1982, a Igreja Metodista aprovou um documento referencial para o seu posicionamento, denominado Plano para a vida e missão da Igreja (PVMI) e que em 2012 completa 30 anos. Nele, ao expor a herança wesleyana, é feita menção ao compromisso permanente metodista com os aspectos sociais que envolvem o ser humano: De modo especial, os metodistas se preocupam com a situação de penúria e miséria dos pobres. Como Wesley, combatem tenazmente os problemas sociais que oprimem os povos e as sociedades onde Deus os tem colocado, denunciando as causas sociais, políticas, econômicas e morais que determinam a miséria e a exploração e anunciando a libertação que o Evangelho de Jesus Cristo oferece às vítimas de opressão. Reforçando sua preocupação social e de inclusão, o PVMI define como missão da Igreja atuar em qualquer situação onde a opressão e morte negaram a realidade da vida com a qual Deus se compromete desde o começo do mundo; as estruturas sociais que se tornaram obsoletas e desumanizantes, opressoras e injustas. Nesse contexto surge, então, uma menção específica ao negro, indicando como meios de atuação, entre outros, criar estruturas e instrumentos que visem ao O documento Diretrizes para a educação na Igreja Metodista, também aprovado em 1982, deteve-se no tema ao indicar que o racismo é um mal social que merece a atenção de toda ação educativa 27 Esse item do artigo contou com a contribuição de Diná da Silva Branchini, Coordenadora do Ministério de Ações Afirmativas Afrodescendentes da 3ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista São Paulo. Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

10 Da Comissão Nacional de Combate ao Racismo resultaram as versões regionais, existindo atualmente pastorais em várias regiões Esses movimentos também geraram grupos atuantes fora do território metodista na década de 1980 do século passado, sob as lideranças negras evangélicas e católicas desenvolvimento da consciência nacional para promoção dos discriminados e marginalizados: o negro, o índio, a mulher, o idoso, o menor, deficientes, aposentados e outros. 28 O documento Diretrizes para a educação na Igreja Metodista, também aprovado em 1982, deteve-se no tema ao indicar que o racismo é um mal social que merece a atenção de toda ação educativa: Toda a ação educativa da Igreja deverá proporcionar aos participantes condições para que se libertem das injustiças e males sociais que se manifestem na organização da sociedade, tais como: [...] o racismo [...] a usurpação dos direitos do índio [...]. 29 Em 1985, a Igreja criou a Comissão Nacional de Combate ao Racismo, a partir do I Encontro Nacional Negro Metodista, realizado no Rio de Janeiro, com apoio financeiro da Junta de Mulheres Metodistas dos Estados Unidos e do Programa de Combate ao Racismo do Conselho Mundial de Igrejas. Houve a participação de 42 metodistas negros vindos de várias partes do país. 30 Seu objetivo era identificar as posturas racistas dentro da própria Igreja, como na hinologia e na literatura adotadas na escola dominical, e promover lideranças para atuar em programas de inclusão e diversidade. Da Comissão Nacional de Combate ao Racismo resultaram as versões regionais, existindo atualmente pastorais em várias regiões. Na 3ª Região Eclesiástica foi instituído o Ministério de Ações Afirmativas Afrodescendentes desde 2005, voltado para a sensibilização das igrejas em relação ao racismo, preconceitos e discriminação raciais e também para o resgate do valor cultural afro-brasileiro, a autoestima étnico-racial e a releitura bíblica a partir da presença africana. Esses movimentos também geraram grupos atuantes fora do território metodista na década de 1980 do século passado, sob as lideranças negras evangélicas e católicas, facilitando o surgimento de uma movimentação ecumênica em torno do tema. No Rio de Janeiro, com o apoio do Instituto Superior do Estudo das Religiões (ISER), 16 afrodescendentes metodistas, batistas e católicos organizam um grupo de trabalho objetivando produzir uma Teologia Negra de Libertação, a partir do trabalho dos líderes populares IGREJA METODISTA. Vida e Missão. 3a. ed. Piracicaba: Ed. UNIMEP, 1983, p. xx, xxi, xxii. (Plano para a vida e missão da Igreja, aprovado pelo 13º. Concílio Geral da Igreja Metodista em julho de 1982.) 29 IGREJA METODISTA. Vida e Missão. 3a. ed. Piracicaba: Ed. UNIMEP, p. xiv. (Diretrizes para a educação na Igreja Metodista, aprovado pelo 13º. Concílio Geral da Igreja Metodista em julho de 1982.) 30 Entrevista com Antonio Olympio de Sant Anna, parcialmente reproduzida no jornal Expositor Cristão em maio de Disponível em: jsp?conteudo8479. Acesso em: 10 ago SANTOS, Frei David Raimundo. As religiões são importantes para os afrodescendentes. Disponível em: Acesso em: 16 ago Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

11 Em 1986, foi criada a Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (CENACORA) reunindo representantes das igrejas que então compunham o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil Metodista, Episcopal, Evangélica de Confissão Luterana, Presbiteriana Unida, Católica. Uniram-se, ainda, ao órgão recém-criado, a Igreja Católica Ortodoxa Siriana e a Igreja Evangélica Luterana. Em São Paulo surgiu, em 1988, o Coral Resistência Negra, que nasceu da proposta de uma mulher metodista, Benedita de Oliveira, e do valioso comprometimento do maestro Moisés da Rocha, também metodista. Esse grupo, cuja proposta é promover discussões e denunciar o preconceito, inicialmente foi acolhido na Igreja Metodista da Luz. Hoje, é um grupo ecumênico e independente. No Rio Grande do Sul, a Organização não Governamental (ONG) Centro Ecumênico de Cultura Negra começou em 1987 nas dependências da Igreja Metodista de Porto Alegre. Atualmente, tem como uma de suas ações a viabilização de cotas raciais, por meio de convênio com o Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA), que possibilita bolsa integral de estudo para o acesso de pessoas negras à Universidade. 32 Foram criados também Fóruns Permanentes de Mulheres Negras Cristãs no Rio de Janeiro e São Paulo em 2000, por iniciativa da CE- NACORA, tendo na liderança mulheres negras metodistas. No Rio de Janeiro, essas mulheres têm participado de movimentos políticos e busca de direitos das mulheres contra o sexismo e o racismo. Em 2005, durante a Consulta Nacional da Igreja Metodista sobre Racismo, várias conclusões foram formalizadas e encaminhadas a órgãos diretivos nacionais metodistas. Entre elas destaca-se a que afirma: que a Igreja Metodista assuma uma postura pública contra o racismo e a favor das ações afirmativas e inclusivas e em relação aos afrodescendentes e outros grupos minoritários, que a questão raça e etnia sejam abordadas em todos os encontros e eventos promovidos pelas igrejas e instituições metodistas, de maneira a promoverem desmistificação da igualdade racial e a explicitação das manifestações de racismo, que seja criado um fórum para acolher e tratar os casos de racismo na Igreja, que se inclua no Código de Ética da Igreja estrutura de justiça eclesiástica que garanta sanções em casos de posturas e atitudes racistas. 33 Foram criados também Fóruns Permanentes de Mulheres Negras Cristãs no Rio de Janeiro e São Paulo em 2000, por iniciativa da CENA- CORA, tendo na liderança mulheres negras metodistas Em 2005, durante a Consulta Nacional da Igreja Metodista sobre Racismo, várias conclusões foram formalizadas e encaminhadas a órgãos diretivos nacionais metodistas Segundo o bispo Luiz Vergílio, 34 o 16º Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado em 1997, aprovou, por proposta da Comissão Nacional 32 Disponível em: Acesso em: 28 ago IGREJA METODISTA. Recomendações à Igreja Metodista. Consulta Nacional sobre Racismo. São Paulo, SP, 29/4 a 01/5/ ROSA, Luiz Vergílio Batista. Igreja, Ações Afirmativas e Políticas de cidadania. In: Identidade. Boletim do Grupo de Negr@s da EST/IECLB, v. 9, jan./jun Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

12 de Combate ao Racismo e à Discriminação, uma política de cotas para negros e negras em nossas escolas, como resgate de uma dívida histórica e a favor da formação de lideranças sociais. No entanto, até hoje a proposta conciliar não vigora formalmente nas instituições da Igreja. Foi nesse mesmo Concílio que o bispo Adriel de Souza Maia, então presidente do Colégio Episcopal, também distinguiu a questão dos negros de forma clara na mensagem distribuída à nação brasileira ao final do encontro: Lideranças negras que hoje atuam na própria Igreja entendem, entretanto, que a temática da desigualdade sociorracial, do racismo e seus desdobramentos preconceito de cor e discriminação racial ainda estão em processo de assimilação dentro da Igreja Metodista brasileira Sob discurso de igualdade constitucional, as iniciativas compensatórias sempre encontram resistência da comunidade branca Não é possível transpor o término destes cinco séculos sem nos darmos conta das dívidas sociais que contraímos para com os povos que aqui viviam. Eles foram dizimados ou reduzidos em número e cultura a meros espectros [...] temos dívidas para com aqueles que foram trazidos para esta terra na humilhante condição de escravos. Há que confessar este nosso débito assumido por toda a sociedade, inclusive as igrejas. 35 Em 2006, encontros regionais caminharam na mesma direção, aprovando outros documentos que expressam reivindicações e anseios de grupos de pessoas negras metodistas em relação à inclusão cultural e valorização da negritude no meio metodista, como a inclusão da temática racial dentro da programação das igrejas e dos currículos educacionais das instituições metodistas; programas de inclusão de negros na educação; mapeamento dos negros metodistas; elaboração de uma Carta Pastoral que aponte as diretrizes da Igreja Metodista em relação à questão racial. O Colégio Episcopal assumiu a prioridade de elaborar essa manifestação em forma de Carta Pastoral. Lideranças negras que hoje atuam na própria Igreja entendem, entretanto, que a temática da desigualdade sociorracial, do racismo e seus desdobramentos preconceito de cor e discriminação racial ainda estão em processo de assimilação dentro da Igreja Metodista brasileira. Entretanto, de maneira pessoal, ao longo dos últimos anos, bispos metodistas, inclusive afrodescendentes como o bispo Luiz Vergílio, têm se manifestado a respeito do o tema, escrevendo sobre a questão das ações afirmativas: Mais do que a triste herança de sermos os primeiros sem-terra e sem-teto, com o advento da abolição, é a dor de sabermos que o silêncio e a negação desta realidade têm sido instrumento ideológico de perpetuação de nosso lugar social, e, em alguns, casos, da negação de nossa negritude. Por isso, sob discurso de igualdade constitucional, as iniciativas compensatórias que minimamente oferecem possibilidades de resgate de condições históricas determi- 35 IGREJA METODISTA. Plano Nacional: Ênfases e Diretrizes & Mensagem da Igreja Metodista à Nação. 16º Concílio Geral. Biblioteca Vida e Missão/Documentos, n. 4, Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

13 nantes da situação de empobrecimento e exclusão social da imensa maioria da população negra sempre encontram resistência da comunidade branca; aliada a uma minoria negra sem consciência deste processo histórico de cooptação e negação. 36 Em maio de 2008, as chamadas igrejas evangélicas históricas, entre as quais a Metodista, receberam do Movimento Negro brasileiro que reúne vários movimentos distintos entre si um documento indicando que elas devem pedir perdão ao povo negro por sua participação e cumplicidade na escravidão, assim como seu silêncio diante do racismo. 37 Em 2010, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista escreveu uma Carta Pastoral sobre o racismo, lançando um desafio de remover de nossos relacionamentos toda sombra de parcialidade, de discriminação e de acepção de pessoas, particularmente o racismo. Assim, manifestaremos o Reino de Deus nos nossos relacionamentos. 38 Qualificando o racismo como pecado, a Carta Pastoral exorta que as igrejas metodistas apoiem e promovam ações afirmativas como caminho para a sua própria restauração. UNIMEP postura e contribuição a favor da inclusão Também nas escolas metodistas de educação superior a exclusão do negro ocorria, como no restante da sociedade, até praticamente o final do século XX. Programas de inclusão não foram identificados ou implementados, apesar da ênfase dada ao comprometimento religioso de valorização e luta pelas minorias. Em 1988, a Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) foi a primeira instituição onde a AFROBRAS foi buscar apoio para conseguir bolsas de estudos para beneficiar negros que fossem aprovados no exame de ingresso aos seus cursos. A UNIMEP já era reconhecida como uma das instituições que mais se identificaram no país, nas décadas anteriores, por sua luta contra a ditadura militar, de apoio a organizações populares, de posicionamentos políticos de solidariedade internacional e de defesa dos marginalizados, como favelados, prostitutas, mulheres, indígenas, idosos e negros. Criada em 1975, sua compreensão de educação sempre envolveu uma relação e comprometimento com a comunidade, tratando de forma indissociável o ensino, a pesquisa e a extensão, funções básicas da universidade. Apesar desse esforço, o Também nas escolas metodistas de educação superior a exclusão do negro ocorria, como no restante da sociedade, até praticamente o final do século XX Em 1988, a Universidade Metodista de Piracicaba (UNI- MEP) foi a primeira instituição onde a AFROBRAS foi buscar apoio para conseguir bolsas de estudos para beneficiar negros que fossem aprovados no exame de ingresso aos seus cursos 36 ROSA, Luiz Vergílio Batista. Sobre homens e mulheres negras metodistas. Disponível em: Acesso em: 10 ago Disponível em: Acesso em: 13 maio Texto integral em: Acesso em: 25 maio Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

14 Até o ano 2000, sequer existiam nas universidades estatísticas para registrar oficialmente a presença dos negros porcentual de negros entre seus estudantes e professores era insignificante, à semelhança do que ocorria no universo acadêmico brasileiro. É nesse contexto que deve ser entendida a importância do convênio assinado em 1999, entre a Universidade Metodista de Piracicaba e a Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural, o primeiro em todo o Brasil que garantia bolsas de estudo específicas para negros. Eram 20 bolsas, que seriam distribuídas a alunos que fossem previamente aprovados nos exames e indicados a critério da própria ONG. Este era um sinal de que poderia dar certo o projeto para que a AFROBRAS havia lançado, pretendendo garantir a presença de mais dois mil negros nas universidades do Estado de São Paulo no ano Anos mais tarde, o presidente da organização, José Vicente, afirmaria seu reconhecimento à iniciativa da reitoria da Universidade: A UNIMEP foi pioneira e isso é que a caracteriza. Em seguida, outras universidades tiveram a mesma atitude, também concedendo bolsas de estudo. Depois que as coisas estão acontecendo, é fácil. A grandeza está quando não existe nada, quando se precisa ser pioneiro. Só mesmo os que crêem realmente é que são capazes de assumir tal posição. 39 Se considerado o número de professores, a situação ganha, inclusive, outro tipo de preocupação, analisada em vários artigos: os negros praticamente inexistem no universo acadêmico como docentes O raciocínio e o reconhecimento de José Vicente têm fundamentos. Em apenas 10 anos, o panorama de inserção dos afrodescendentes na educação superior brasileira seria amplamente alterado. Dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENAD) 2000, exame obrigatório realizado no Brasil pelos formandos de cursos superiores, mostram a presença de apenas 1,6% de novos administradores negros, 2% de advogados, 1,1% de veterinários, 0,7% de dentistas, 1% de médicos, 2,9% de jornalistas, 1,6% de psicólogos. Os porcentuais levavam à indicação de que, naquele período, pelo menos 80% dos universitários brasileiros eram brancos. 40 Até o ano 2000, sequer existiam nas universidades estatísticas para registrar oficialmente a presença dos negros. O I Censo Étnico-Racial realizado na Universidade de São Paulo (USP), maior instituição pública brasileira, ocorreu apenas em 2000, e indicava que 8,3% de seus 34 mil estudantes de graduação eram negros ou pardos, para um porcentual de 27,4% de negros em todo o Estado. No mesmo ano, pesquisa denominada A cor da Bahia, também mapeando o porcentual de negros na Universidade Federal da Bahia, indicou a presença de 42,6% de 39 Entrevista concedida à jornalista Beatriz Elias, em junho de 2007, durante a preparação do livro Além das Crises, esperança. Almir Maia: educação como compromisso (Piracicaba: Ed. Equilíbrio, 2009). 40 Dados do INEP-MEC. Provão revela barreira racial no ensino. Folha de S. Paulo. São Paulo, SP, 14/1/ Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

15 estudantes para um porcentual de 74,36% na constituição de sua população. 41 Se considerado o número de professores, a situação ganha, inclusive, outro tipo de preocupação, analisada em vários artigos: os negros praticamente inexistem no universo acadêmico como docentes. Em 2002, quando a Universidade de Brasília possuía professores, 14 eram negros, mas apenas quatro se reconheciam como tal, mesmo sendo Brasília a terceira região metropolitana do país de porcentual negro mais alto na composição de sua população. Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, de 504 professores, apenas um era negro e esse era africano, dados que levaram José Jorge de Carvalho, proponente do estabelecimento de cotas na Universidade de Brasília, a lembrar que a principal faculdade de referência, que escreve continuamente livros sobre a nação, sobre a sociedade brasileira, sobre o pensamento social brasileiro, é branca! É uma faculdade branca, esta é a leitura que os brancos estão fazendo da história do Brasil, dos bandeirantes, da cordialidade brasileira, da mestiçagem brasileira, da modernização, das características da literatura brasileira. É um grupo de 504 brancos que descrevem o Brasil. 42 Nessa mesma manifestação, Carvalho sinaliza a iniciativa da UNI- MEP, lembrando que tanto ela quanto a Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), duas grandes universidades particulares do Brasil, já haviam reservado vagas e bolsas anuais para negros. 43 Em 2003, a UNIMEP também concluiu seu Censo Étnico-Racial, o primeiro realizado em uma instituição privada de educação superior do país, envolvendo professores, funcionários e estudantes. 44 Entretanto, o efeito do convênio firmado entre a UNIMEP e a AFROBRAS ia além das 20 vagas garantidas na instituição. Dentro da universidade o debate sobre o racismo e a inclusão dos afrodescendentes cresceu com a promoção de simpósios, a realização de uma pesquisa interna sobre a sua presença na instituição e o apoio a movimentos organizados na cidade e na região. Segundo José Vicente, o a principal faculdade de referência, que escreve continuamente livros sobre a nação, sobre a sociedade brasileira, sobre o pensamento social brasileiro, é branca! Quando a AFRO- BRAS foi criada, não existia no Brasil o sonho da existência de uma instituição universitária que atendesse preferencialmente a afrodescendentes [...] reitor, deu uma contribuição fundamental ao movimento negro, num momento em que a polêmica sobre as ações afirmativas ganhava 41 GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. O acesso de negros às universidades públicas. Revista FAAEBA, vol. 12, p Salvador, BA, CARVALHO, José Jorge. As propostas de cotas para negros e o racismo acadêmico no Brasil. Sociedade e Cultura. V. 4, n. 2, jul./dez. 2001, p CARVALHO, José Jorge. As propostas de cotas para negros e o racismo acadêmico no Brasil. Sociedade e Cultura. V. 4, n. 2, jul./dez. 2001, p SOUZA, Telma Regina de Paula. Censo Étnico-Racial da UNIMEP: para uma política de reconhecimento identitário, Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

16 muita força em todo o país. Precisávamos dele acima de tudo como formador de opinião. E a UNIMEP foi, através de sua pessoa e de sua assessoria, a parceira moral e institucional de todos os nossos trabalhos. Ela seria a sustentação de formadores de opinião, ajudando a vencer as muitas resistências ao trabalho inicial da AFROBRAS. 45 O surgimento da Faculdade Zumbi dos Palmares Para elaboração do projeto a ser encaminhado ao Ministério da Educação, era essencial a participação da UNIMEP que, com a UMESP, assegurou à AFROBRAS o trabalho de consultoria especializada Começava a se desenhar aquela que seria a primeira instituição de educação superior na América Latina voltada prioritariamente para afrodescendentes Quando a AFROBRAS foi criada, não existia no Brasil o sonho da existência de uma instituição universitária que atendesse preferencialmente a afrodescendentes. Na medida em que o tempo foi passando, e se consolidando a importância de ampliação das possibilidades de acesso à educação superior, a ONG começou a trabalhar nesse sentido, servindo-se, inclusive, das relações amadurecidas nos anos anteriores com outras instituições educacionais do país e com o governo. Nesse momento, suas relações com a UNIMEP se tornaram fundamentais. Quando José Vicente entendeu que as mediações, as parcerias, os contatos já haviam se ampliado o suficiente para tentar criar uma instituição própria de ensino, foi junto à UNIMEP que a AFROBRAS buscou auxílio para formulação do projeto de instituição de educação superior. O objetivo era criar essa instituição voltada prioritariamente para afrodescendentes em São Paulo, garantindo uma mensalidade inferior à média cobrada por outras instituições particulares, de forma a atender, preferencialmente, jovens negros carentes e trabalhadores. Para elaboração do projeto a ser encaminhado ao Ministério da Educação, era essencial a participação da UNIMEP que, com a UMESP, assegurou à AFROBRAS o trabalho de consultoria especializada, tanto na academia como na administração, proporcionando-lhe a estrutura e experiência por elas acumuladas. Foram seis meses de trabalho direto, com idas e vindas de São Paulo a Piracicaba. Do debate com vários professores e a assessoria da UNI- MEP foi possível se montar o projeto da UNIPALMARES encaminhado ao Ministério da Educação, que nos foi entregue, inclusive, em mãos, trazido pelo motorista da reitoria, relembra José Vicente. 46 Além disso, a UNIMEP intermediou contatos nos Estados Unidos junto a universidades metodistas que já tinham experiência de muitas décadas na criação de universidades para afrodescendentes para que a AFROBRAS fosse buscar parcerias e apoio à sua iniciativa. O projeto foi bem acolhido e, em poucos meses de tramitação, o processo foi aprovado pelo Ministério da Educação e autorizado o 45 Almir de Souza Maia foi reitor da Universidade Metodista de Piracicaba entre 1986 e Entrevista concedida à jornalista Beatriz Elias, em junho de 2007, durante a preparação do livro Além das Crises, esperança. Almir Maia: educação como compromisso (Piracicaba: Ed. Equilíbrio, 2009). 80 Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho 2012

17 funcionamento da Faculdade Zumbi dos Palmares. Seu primeiro curso, o de Administração de Empresas, começou a ser oferecido em Começava a se desenhar aquela que seria a primeira instituição de educação superior na América Latina voltada prioritariamente para afrodescendentes. O crescimento da UNIPALMARES aconteceu rapidamente. Nos anos seguintes, foram sendo criados os cursos de Administração, Direito, Pedagogia, Publicidade e Propaganda, Tecnologia de Transportes. Parcerias foram firmadas para viabilizar seu funcionamento. Cinquenta por cento das vagas eram reservadas para afrodescendentes e era dada preferência a professores negros. À sua grade curricular foram agregadas disciplinas que compensassem a defasagem dos alunos, a maioria vinda de escolas públicas e com eventuais deficiências de formação no ensino básico. Foi criado o Laboratório de Reforço Extracurricular, além de oferecer um Centro de Apoio Pessoal, com psicólogo, assistente social e orientador educacional disponíveis para atendimento aos novos universitários. Em 2011, foram acrescidos outros cursos: Gestão em Recursos Humanos, Gestão em Logística, Gestão em Finanças, Contabilidade, Letras, Enfermagem e Educação Física. Recebendo delegações de educadores de universidades metodistas norte-americanas e líderes negros metodistas com certa frequência nos seus campi, a UNIMEP usou cada oportunidade para incluir contatos com a nascente UNIPALMARES. O conhecimento da experiência de universidades metodistas norte-americanas que puderam apoiar a inclusão de negros em seus quadros docentes também serviu como estímulo para os sonhos da crescente AFROBRAS. Afrodescendente de origem humilde, filho de trabalhadores rurais, José Vicente era policial antes de concluir o curso de Direito. Considerando a proposta e a qualidade acadêmica da UNIMEP, optou por fazer Mestrado e Doutorado em Educação (em fase de conclusão) nessa universidade. Ele é insistente em afirmar: O conhecimento da experiência de universidades metodistas norte-americanas que puderam apoiar a inclusão de negros em seus quadros docentes também serviu como estímulo para os sonhos da crescente AFROBRAS Em cerimônias anuais, a AFRO- BRAS reúne a elite intelectual negra do país, homenageando aqueles que se destacam nas artes, na ciência e na educação pelos serviços a ela prestados Não somos racistas! Essa foi a expressão que mais tive que repetir nos últimos anos para justificar e defender junto a pessoas e instituições a oportunidade e a necessidade da criação e da consolidação de uma instituição de ensino com o caráter e os fundamentos da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares fundeada no acesso universal, na excelência do ensino, na promoção da inclusão ao mercado do trabalho, na cultura da tolerância, do diálogo interracial, na valorização da diversidade racial, no resgate da auto-estima e na elevação do protagonismo dos jovens negros. Entendíamos que fazer essa universidade era o pouco que nos restava como forma de sinalizar um novo tempo, um novo caminho, uma nova esperança Revista de Educação do Cogeime Ano 21 n. 40 janeiro/junho

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