EVOLUÇÃO DOS MERCADOS AGRÍCOLAS DE MOÇAMBIQUE

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1 EVOLUÇÃO DOS MERCADOS AGRÍCOLAS DE MOÇAMBIQUE Apresentação Oral-Comercialização, Mercados e Preços JÚLIO ANTÓNIO 1 ; LUIZ ANDREA FAVERO 2. 1.UNIVERSIDADE FEDERARL RURAL PERNAMBUCO, RECIFE - PE - MOCAMBIQUE; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL PERNAMBUCO, RECIFE - PE - BRASIL Evolução dos Mercados Agrícolas de Moçambique Grupo de Pesquisa: Comercialização, Mercados e Preços Resumo Este estudo fez uma analise da evolução dos mercados agrícolas em Moçambique usando o censo agropecuário e trabalho de inquérito agrícola de Moçambique (tia) Os resultados indicam que a maioria das explorações produz para o consumo próprio. A maior parte de excedentes de culturas alimentares que é vendido no mercado provém de explorações com menos de 3 hectares, que representam 90% de todas as explorações que vendem no mercado, e contribuem com 85% do volume total vendido no mercado. os principais canais de comercialização da produção das explorações são os comerciantes ambulantes. Com base nos resultados dos inquéritos, foram identificados os seguintes constrangimentos: baixa produção e mercados rurais subdesenvolvidos. Intervenções do governo que se concentrem na facilitação de integração de comerciantes informais ambulantes, promoção de instituições de finanças rurais, formação de associações e investimento em infra-estruturas rurais. Palavra chaves: Mercados, Culturas básicas, Intermediários ambulantes, crédito e Associações Abstract The study uses the agriculture and livestock census (CAP) and national agricultural household survey (TIA) 2006 to analyze the evolution of the agricultural markets in Mozambique. The result indicates that most holdings produce food crops for subsistence needs. the marketed surplus of basic crops comes from holdings with less than 3 hectares, which represent about 90% of all holdings selling, and account for about 85% of the total volume marketed. The main market outlets defined in terms of number of holdings served and volume handled are consumers and peddlers. From the results we identify the following constraints of basic crops: low production and underdeveloped rural markets. Government intervention to promote rural financial institutions, formation of farm associations, facilitating the integration of informal traders into formal trade and continued effort in investing in rural infrastructure. Keys Words: Agricultural marketing, basic crops, selling outlets, credit and associations. 1. Introdução A agricultura é a atividade mais importante da economia de Moçambique. Em 2005 a agricultura contribuiu com 20% do PIB e emprega mais de 78% da população ativa, (CASALINHO e CARVALHO, 2007). A maioria de atividades econômicas ocorre na área 1

2 rural (ARNDT AT AL, 2001) e a renda rural dos pequenos agricultores é baseada na agricultura (BENFICA, 2001). Em Moçambique a pobreza é um fenômeno generalizado. Aproximadamente 55% de Moçambicanos, na maior parte em áreas rurais, vivem na pobreza absoluta e têm insegurança alimentar (UNIVERSIDADE DE PURDUE E MPF- IFPRI 2004). O desenvolvimento da agricultura é parte integrante de um desenvolvimento integrado de qualquer economia. Sendo assim, existem um conjunto de ligações estruturais entre o sector agrário e outros sectores da economia. Um desenvolvimento sustentável da agricultura corporizado num aumento da produção e produtividade e na adoção de novas tecnologias sustenta-se na pesquisa e análise, que é um dos principais pilares de desenvolvimento agrário. O acesso dos produtores aos mercados de produtos e insumos agrários é um dos aspectos críticos para o aumento da produção e produtividade. Por essa razão qualquer intervenção com vista ao aumento da produtividade e ao incentivo à adoção de tecnologias e retorno dos investimentos feitos, deve tomar em conta a integração dos produtores no mercado. O mercado agrícola é base para o desenvolvimento (Drucker, 1958), redução da pobreza e segurança alimentar. Com suas funções da troca (compra e venda) as funções físicas (processamento, armazenamento e transporte) e funções completares (por exemplo, padronização e classificação, mecanismo de sustentação do risco, financiamento, pesquisa de comercialização, criação da procura e propagada e informações) do mercado fornecem os meios da coordenação entre produtores, distribuidores e consumidores, e aumentam a satisfação de consumidor de qualquer quantidade fornecida. Seus efeitos na renda, nos preços (preços baixos e estáveis) e nos fluxos dos produtos dos produtores aos consumidores são cruciais em determinar os níveis da produção e acesso do consumidor ao alimento adequado de qualidade em todo momento. Ao executar suas funções, o mercado gera os preços com que os agentes econômicos tomam decisões sobre o que, quando e quanto a produzir, e que tecnologia a se usar em produzir bens e serviços usando recursos. Os consumidores influenciam os produtores através de preços transmitidos no mercado e os produtores respondem produzindo o que os consumidores necessitam no tempo e espaço. A compra e vendas criam especialização na produção na base da vantagem competitiva que promove o crescimento e aumento de rendimentos. Os mercados podem ser usados como mecanismo de redução de risco: o risco da falha da produção da cultura é compartilhado quando a área é grande e aglomerações e armazenamento localizados de alimentos são eliminados no tempo e no espaço (TOSTÃO e MLAY, 2003). As principais culturas são: milho e mandioca no respeita às culturas de subsistência; açúcar, algodão e caju no âmbito das culturas de rendimento (CASALINHO e CARVALHO, 2007). Tabela: Principais culturas alimentares e de rendimentos de Moçambique Produção agrícola (unidade: ton) Variação % peso (%) 2005/ /07 Culturas básicas 77,2 6,5 34,4 Mandioca ,8 10,5 7,1 Milho ,6 12,7 3,5 Sorgo (mapira) ,5 124,2 0,0 2

3 Feijão ,3-0,1 7,4 Arroz em casca ,0 42,6 14,3 Amendoim descascado ,5 2,7 5,3 Mexoeira ,4 Culturas de rendimento 22,8-5,4 13,7 Cana de açúcar ,7 0,0 166,7 Castanha de caju ,0-39,8 19,4 Algodão caroço ,0 38,8 11,2 Coco ,8 Tabaco (folha) ,5 6,3 0,0 Citrinos ,1 0,0 0,0 Chá (folha verde) ,6 Girassol ,3 Fonte INE, PES 2007 apud CASALINHO e CARVALHO, 2007 Os mercados rurais moçambicanos são subdesenvolvidos e caracterizados por uma escala de operação muito pequena e fracas ligações com outras regiões do País. (JICA & GPZ, 2001). A comercialização agrícola tem um papel fundamental na economia, pois vincula o setor produtivo e o consumidor final. O encaminhamento organizado da produção agrícola permite que os produtores finais obtenham produtos com as características desejadas. Desta forma, entender o funcionamento desse sistema, em mercado competitivo e globalizado, permite melhorar o processo de tomada de decisão, além de auxiliar a compreender os efeitos de diversas variáveis que afetam os mercados agrícolas. O presente estudo faz uma análise da evolução dos mercados agrícolas em Moçambique usando dados do Censo Agropecuário (CAP) de e Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA) de Os objetivos específicos do estudo consistem em identificar as principais culturas comercializadas; identificar os intermediários de mercado e analisar o nível de envolvimento das explorações pequenas e médias no mercado. O texto se divide em quatro partes. Primeiramente faz-se uma discussão sobre os conceitos de mercado, comercialização e canais de comercialização. A segunda apresentase metodologia de coleta e análises de dados. A terceira parte apresenta-se os resultados onde são focados a produção de culturas básicas e venda de excedentes; o tamanho das explorações agrícolas e participação no mercado; importância relativa de intermediários do mercado e acessos a serviços. Finalmente apresentam-se as considerações finais. 2. Referencial teórico A comercialização agrícola tem um papel fundamental na economia, pois vincula o setor produtivo e o consumidor final. O encaminhamento organizado da produção agrícola permite que os produtores finais obtenham produtos com as características desejadas. Desta forma, entender o funcionamento desse sistema, em mercado competitivo e globalizado, permite melhorar o processo de tomada de decisão, além de auxiliar a compreender os efeitos de diversas variáveis que afetam os mercados agrícolas. 3

4 Diferentes conceitos de comercialização têm sido utilizadas, mesmo na literatura especializada. Três possíveis definições de comercialização são apresentadas a seguir: Comercialização compreende o conjunto de atividades realizadas por instituições que se acham empenhadas na transferência de bens e serviços desde o ponto de produção inicial até que eles atinjam o consumidor final (PIZA & WELSH, P.1 apud BARROS, 2007). Comercialização é o processo social através do qual a estrutura de demanda de bens e serviços econômicos é antecipando ou ampliada e satisfeita através da concepção, promoção, intercâmbio e distribuição física de tais bens e serviços (STEELE, VERAF & WELSH apud BARROS, 2007). Para Hoffmann et all (1987), A comercialização é o conjunto das operações ou funções realizadas no processo de levar os bens e serviços desde o produtor primário até o consumidor final. A comercialização agrícola consiste no processo de transferência das matérias-primas agrícolas e alimentos desde o produtor até o consumidor (HOFFMANN et all. 1987). A comercialização envolve, conforme se depreende das definições apresentadas, uma série de atividades ou funções através das quais bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores. Essas atividades resultam na transformação dos bens, mediante utilização de recursos produtivos - capital e trabalho - atuam sobre a matériaprima agrícola. A comercialização trata-se, portanto, de um processo de produção e como tal poder ser analisado valendo-se dos instrumentos proporcionados pela teoria econômica (BARROS, 2007). A comercialização agrícola busca analisar os fluxos de produção entre as propriedades rurais e os mercados finais. Ela engloba identificação e análise de todas atividades e instituições necessárias à transferência dos bens e serviços dos locais de produção aos de consumo, envolvendo dois fluxos em sentido contrário: a) Fluxo físico (de bens e serviços ou no caso, de produtos agropecuários do produtor ao consumidor, ou de insumos dos locais de produção ao produtor agropecuário); b) fluxo financeiro (HOFFMANN ET ALL, 1987). Para análise dos sistemas de comercialização existem três principais alternativas: análise funcional, análise institucional e análise estrutural (MENDES e JÚNIOR, 2007). Para Mendes e Júnior (2007), a análise funcional é o estudo das várias atividades ou serviços que são executadas tendo como objeto os produtos agropecuários durante o processo de comercialização. A análise das funções de comercialização é útil para avaliar os custos de comercialização dos intermediários, comparar os custos de uma mesma categoria de intermediários e entender a diferença nos custos de comercialização entre os produtos. A análise institucional busca determinar quais são e quem são os principais agentes atuantes no sistema de comercialização e a análise da estrutura de mercado inclui as características de organização de mercados relacionadas à conduta de firmas e à eficiência industrial. Os elementos chaves são os de estrutura, conduta e eficiência de mercado (MENDES e JÚNIOR 2007). O aumento da eficiência é do interesse dos agricultores, dos comerciantes, dos processadores, dos atacadistas, dos retalhistas, dos consumidores e da sociedade em geral em Moçambique. 4

5 As instituições envolvidas na comercialização podem ser: intermediário (intermediários comerciantes e intermediários agentes), organizações auxiliares, indústrias de transformação. Intermediários comerciantes são os que adquirem para si os produtos que negociam. Entram na posse dos bens adquiridos. São os seguintes: comprador do interior, atacadista, varejistas e intermediários especuladores ( HOFFMANN et all, 1987). Segundo Hoffmann et all (1987), Intermediários agentes são os que não adquirem para si os produtos com que trabalham. Funcionam como representantes de seus clientes a quem vendem seus serviços. Trabalham na base de comissões e salários e não dos lucros da compra e venda. São os seguintes: corretor e comissário (Hoffmann et all, 1987). As organizações auxiliares são agências ou instituições que executam ou participam da execução de uma ou de várias funções de comercialização, mas que não assumem a propriedade das mercadorias nem negociam compras e vendas. Incluem-se as que policiam as práticas comerciais, avaliam e disseminam informações ou fazem pesquisa de mercado. São seguintes: as bolsas e mercados, inspetores e classificadores, bancos e organizações de financiamento agropecuário, companhias de transporte, armazéns gerais, contadores e expedidores, companhias de seguro, agências de propaganda, serviços de informação e pesquisa de mercado, associações produtores e comerciais (HOFFMANN et all,1987). O Canal de comercialização é o caminho percorrido pela mercadoria desde o produtor até o consumidor final (HOFFMANN et all (1987). O canal de comercialização mostra como os intermediários se organizam e se agrupam para o exercício da transferência da produção ao consumo. Para os produtores é importante escolher corretamente o tipo de canal de comercialização a ser utilizado para isso deve recorrer a informação de pesquisa de mercado. A classificação dos canais de comercialização se baseia no seu cumprimento e na sua complexidade. Os tipos mais comuns são: O produtor vende diretamente ao consumidor e as operações são executadas pelos intermediários (HOFFMANN et all 1987 e MENDES e JÚNIOR 2007). Os fatores que afetam a escolha do canal de comercialização: Natureza do Produto (especialmente perecibilidade e valor unitário), Natureza do Mercado (hábitos de compra dos consumidores, hábitos do produtor, volume médio de vendas por consumidor, volume total de vendas, tipo de distribuição, freqüência das vendas, caráter estacional das vendas e concorrência de outros produtores), Existência e Características dos Intermediários e Considerações Financeiras (HOFFMANN et all 1987). A comercialização é um processo social que envolve interações entre agentes econômicos através de instituições apropriadas. Uma importante instituição no sistema de comercialização é o mercado. Segundo Mendes e Júnior (2007) o mercado deve-se entender uma área geográfica (ou não), na qual vendedores e compradores realizam a transferência de propriedade de bens e serviços através de operações de compra e venda. O mercado agrícola é base para o desenvolvimento e o mecanismo que pode ser usado para integrar uma economia na sociedade para servir as necessidades humanas (Drucker, 1958). A produção orientada para comercialização no mercado é reconhecida cada vez mais como motor da mudança tecnológica, particularmente nos produtos de pouca importância econômica. (WALKER AT AL, 2005). 5

6 A estratégia do Governo de Moçambique para promover o desenvolvimento sócio econômico sustentável, reduzir insegurança alimentar e a pobreza, é baseada: (a) no desenvolvimento do capital humano,; (b) na reabilitação de infra-estruturas bases; (c) aumento da produção agrícola,; (d) criação de ambiente favorável para o desenvolvimento do setor comercial (Governo de Moçambique, 1998). A Política Agrária e a Estratégia em Execução (PAE) aprovadas em 1995 (MAPA, 1995), estabelecem objetivos a médio e longo prazo para o desenvolvimento do setor agrário. O Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário (PROAGRII) é um dos instrumentos para executar PAEI. A fim de garantir um esforço coordenado de lutar contra insegurança alimentar, uma Estratégia Nacional de a Segurança Alimentar e Nutrição foi aprovada em 1998 (GOVERNO DE MOÇAMBIQUE, 1998) e está sendo executada. A política de Comércio e a Estratégia Nacional (Governo de Moçambique, 1999) fornecem o ambiente para promoção do comércio (interno e externo) sob a estrutura do mercado econômico. O Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) define áreas de ação e medidas para conseguir os objetivos fixados (GOVERNO DE MOÇAMBIQUE, 2005). Todas as políticas e estratégias citadas acima reconhecem o papel crucial de promover o crescimento agrícola sustentável e rápido, a fim de reduzir a pobreza e a insegurança alimentar. O desenvolvimento do mercado rural é reconhecido como um dos elementos cruciais no alcance dos objetivos da Política Agrária e a Estratégia em Execução (PAE). Este estudo irá dar uma visão parcial da situação corrente dos mercados agrícolas de Moçambique e poderá servir como input no acesso do impacto das políticas que vêm sendo implementadas e a possibilidade de uma futura intervenção. 3. Metodologia 3.1. Coleta de dados Para avaliar e conhecer os mercados agrícolas de Moçambique foram usados dados brutos do Censo Agro-pecuário e Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA). A análise considera o período entre 1999 a O objetivo principal é analisar a evolução dos mercados agrícolas em Moçambique, com ênfase nos seguintes objetivos específicos: identificar as principais culturas comercializadas; identificar as diferentes formas de intermediação; analisar a relação entre o acesso ao crédito e formas associativas para a comercialização, nível de inserção das pequenas e médias pequenas unidades de produção no mercado. O TIA é questionário nacional, representativo, administrado a explorações agrícolas rurais em 80 dos 128 distritos rurais de Moçambique. A pesquisa foi executado pelo Ministério da Agricultura, Departamento de Estatística. O questionário pesquisa informação detalhada sobre a produção agropecuária, fontes do rendimento e fontes de rendimento não agrícolas, inclusive remessas de valores. Foram usados dados do TIA, 2002, 2003, 2005 e O Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA) é uma sub-amostra do Censo Agropecuário (CAP) é um inquérito por amostragem probabilística bi e tri-etápica. No TIA, 2006 foram selecionadas nas Pequenas Explorações 7 (UPAs) em cada distrito e 8 Agregados 6

7 Familiares. No total foram inquiridas cerca de 5260 Agregados Familiares, todas as médias explorações nas UPAs selecionadas e todas as grandes explorações no PAÍS. Agregado Familiar (AF): É o conjunto de pessoas ligadas ou não por laços consanguíneos, vivendo normalmente sob o mesmo tecto e comendo da mesma panela, em regime de comunhão de vida (TIA, 2006). Exploração agrícola, pecuária ou agro-pecuária: é unidade económica independente na sua existência, baseada na produção de culturas (produção agrícola), criação de animais domésticos ou ambas as formas (TIA, 2006).. Unidade Primaria de Amostragem (UPA): É a unidade geográfica mínima localizável no mapa e que serve para a listagem dos chefes dos agregados familiares e que pode ser uma aldeia/povoado, bairro, célula, zona, quarteirão (TIA, 2006). Tabela 2 - Classificação de explorações agrícolas Exploração Factores Limite 1 Limite 2 Pequena Áreas cultivadas (Ha ) >0 <10 Médio Áreas cultivadas (Ha ) >10 50 < Grande Áreas cultivadas (Ha ) >50 Fonte: TIA, O Moçambique está situado na costa oriental do Sul da África, com uma área de quilômetros quadrados, quilômetros de costa partindo do sul a norte, e tem 10 províncias divididas em três regiões a saber: região Norte, Centrais e Sul (vide o mapa a baixo) Mapa da área de estudo e os 94 distrito abrangidos pelo TIA 7

8 Figura 1 Mapa da divisão administrativa de Moçambique 3.2. Método de análise De acordo com os objetivos estabelecidos para este trabalho, os dados serão tratados por meio de estatística descritiva. Segundo Horst (2008), a estatística descritiva permite descrever fenômenos da realidade quantitativamente, organizando os dados empíricos brutos em tabelas e gráficos, concentrando os dados em distribuições de freqüência, medidas de tendência central ou medidas de dispersão, ou outras medidas. Os dados analisados estão organizados em tabelas e gráficos. Os principais resultados do presente estudo são apresentados e discutidos neste capítulo. Primeiro serão relatados a produção de culturas básicas alimentares e tamanhas das explorações agrícolas. Estes são seguidos pela análise o tamanho da exploração agrícola e participação no mercado; a importância relativa de intermediários do mercado e o acesso aos serviços de crédito agrícola, informação sobre preços do mercado na comercialização de culturas básicas alimentares e a participação numa associação de produtores. No diz respeito a culturas alimentares básicas, é feita uma avaliação quantitativa da informação de (CPA-1999/2000) e TIA 2006, como forma de avaliar o crescimento das explorações e da produção durante o período que separou os inquéritos. A participação na comercialização agrícola é abordada de duas maneiras: em termos de percentagem de explorações produtoras para uma dada cultura que venderam a 8

9 sua produção e a percentagem de produção vendida. Com base nos dois critérios, comparações são feitas entre as culturas. O método de comparação usado é comparação entre duas proporções mutuamente exclusivas da mesma amostra. Segundo Garber (2001), neste método está-se comparando duas proporções estimadas da mesma amostra. 4. Resultados e análise 4.1. Produção de culturas básicas e venda de excedentes As principais culturas comercializadas são identificadas em termos de proporção de explorações que venderam culturas e proporção da produção total comercializada. Este enfoque permite um acesso tanto da provisão de alimentos agropecuários e a obtenção de rendimento monetário das culturas pelas explorações agrícolas. Os resultados são apresentados na tabela 4.1 O milho é o cereal mais importante em Moçambique quando medido pelo número de explorações agrícolas que produzem (79% dos pequenos e médias explorações TIA) e produção total estimada de 1.4 milhões de toneladas métricas. Houve uma diminuição no número de explorações que cultiva o milho, de 85% CAP-99/00 para 79% TIA Apesar a diminuição do número de explorações, a produção teve um aumento de cerca 200 mil toneladas métricas. O milho é seguido por sorghum, arroz e millet respectivamente. Com base nos inquérito, verifica-se que no grupo dos quatro cereais (milho, arroz, sorghum e millet), milho e arroz tem maior representação no mercado em termos de percentagem de explorações produtoras e venderam (22 e 17% respectivamente no TIA 06) do que sorghum e millet que venderam uma percentagem de produção de 2 e 1.7 % respectivamente. Durante o período de separação entre os dois inquéritos constata-se que há diminuição na participação das explorações no mercado, isto é, o que venderam produção em relação a campanha agrícola 1999/2000. O sorghum e millet são produzidas essencialmente para consumo caseiro como é mostrado pela percentagem de explorações que venderam (9 e 5% respectivamente). Entre leguminosas em grão (feijão-nhemba, feijão vulgar, feijão jugo e feijão bôer), feijão-nhemba é a mais importante em termos de percentagem de explorações que produzem (50%) e estima-se como produção ( ton. métricas). Enquanto o feijão vulgar que ocupa a última posição em termos de percentagem de explorações que produzem (9.9%), ela é a segunda leguminosa em grão mais importante em termos quantidade estimada de produção ( ton. métricas). Um a comparação entre os dois inquéritos verifica-se que nas leguminosas de grão há diminuição de explorações que vendem excedentes de feijão vulgar, feijão bôer e nhemba de 40, 24 e 16% para 37, 15 e 9%. Apesar da diminuição, participação no mercado de leguminosas em grão é elevada no caso de feijão vulgar, feijão bôer e feijãonhemba os quais as percentagens estimadas de explorações que vendem são 37, 15 e 9% respectivamente, enquanto a percentagem da produção comercializada é 13, 30 e 38% respectivamente. O feijão jugo é essencialmente produzido para consumo familiar. A mandioca e batata-doce são culturas importantes para a segurança alimentar, particularmente em áreas semi-áridas. A mandioca é muito mais produzida do que a batatadoce, com 73% de explorações que produzem contra 18% de explorações no caso de da batata-doce. A produção estimada da mandioca e batata-doce é de 6.7 mil de ton. métricas 9

10 Culturas alimentares e ton. métricas respectivamente. Enquanto o volume de mandioca produzido é maior, esta é essencialmente usada como cultura de subsistência. Esta é estimada que somente 19% das explorações que produzem a mandioca também vedem parte da sua produção, ande só cerca de 14% do total produzido é comercializado (CAP99/00). A batata-doce tem uma grande expressão no mercado do que a mandioca em termos de percentagem de explorações que vedem (21%) e a percentagem da produção comercializada (24%). O amendoim é a única cultura oleaginosa incluída na lista das culturas básicas de Moçambique. Enquanto a estimativa de explorações que produzem ronda os 27%, a venda é feita somente por 27% das explorações que produzem a cultura e que corresponde a cerca de 32% de total da produção. Uma análise da comercialização nota-se nos dois inquéritos que a maior proporção de culturas alimentares produzidas pelas pequenas e médias explorações é mantida em celeiros (armazéns tradicionais) para o consumo. È importante realçar que a sorghum, millet e o feijão jugo são culturas produzidas essencialmente para consumo da familiar. Tabela 4.1 Explorações agrícolas que produzem culturas básicas alimentares e (%) de explorações que vendem excedentes. Explorações Explorações que Estimativa de produção que cultivam vendem a (toneladas) culturas produção (%) básicas alimentares (%) CAP 99/0 0 TIA 06 CAP 99/00 TIA 06 CAP 99/00 TIA 06 Venda de excedentes de culturas básicas (% da produção) CAP99/ 00 TIA 06 Milho 85,0 79,0 28,0 22, ,2 11,0 Arroz 32,7 22,0 18,7 17, ,0 sorghum 34,6 31,0 8,5 5, ,0 millet 9,7 6,0 5, Feijão nhemba 56,9 50,0 16,0 9, ,0 Feijão vulgar 13,4 9,9 39,7 37, ,0 Feijão bôer 31,9 18,0 23,8 15, ,0 Feijão jugo 39,6 10,8 8,1 4, ,4 Batata doce 44,4 18,3 21, Mandioca 76,6 73,0 19, Amendoim 53,7 27,0 30,6 27, ,0 Fonte: Censo Agro pecuário 1999/00; Trabalho de Inquérito Agrícola Tamanho da exploração agrícola e participação no mercado O tamanho médio de explorações são do grupo de pequenas áreas. A maior parte das culturas básicas comercializadas provém de explorações com área menor que 3,0 ha, tipicamente entre 0,5 e 2,0 ha. Estas explorações, com área menor 3,0 ha, representa cerca de 90% de todas explorações que vendem culturas básicas (veja a tabela 4.2a e figura 1), e cerca de 85% do total de excedentes comercializados (veja a tabela 4.2b e figura 2). Este 10

11 resultado não é surpresa porque explorações com área menor que 3,0ha correspondem 92% do total da área cultivada por pequenas e médias explorações, e explorações com área menor que 2,0ha correspondem a 83% do total da área cultivada. O tamanho pequeno das explorações o uso de instrumentos na produção de culturas básicas. A estratégia para o aumento da quantidade de excedentes de todas as culturas comercializadas no tempo e espaço, sem aumento da área cultivada, passa pela produção intensiva através do uso de tecnologias tais como fertilizantes, sementes de alto rendimento e resistentes a doenças. Tabela 4.2 a. Número de explorações (%) com excedentes vendidos por tamanho da exploração na campanha agrícola 2005/06. Tamanho da exploração (ha) Milho Amendoim Arroz Feijão Feijão nhemba Percentagem de explorações 0 - < 1 41,6 45,9 47,1 32,4 38,0 1 - < 2 36,6 34,4 34,6 38,6 38,3 2- < 3 12,2 11,0 11,0 15,6 13,2 3 - < 4 4,9 4,9 4,7 6,9 6,2 4- < 100 4,4 3,8 2,6 6,4 4,1 Total Fonte: MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola Figura 4.2 a Percentagem de explorações com excedentes por cultura e tamanho da exploração Fonte: MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola

12 Tabela 4.2b. Volume de excedentes vendidos (%) por tamanho da exploração na campanha agrícola Tamanho da exploração (ha) Milho Amendoim Arroz Feijão Feijão nhemba Percentagem do volume vendido 0 - < 1 24,4 36,6 37,9 22,2 28,7 1 - < 2 33,4 36,3 33,6 36,0 40,8 2- < 3 18,1 13,7 14,0 21,0 15,6 3 - < 4 10,6 6,9 6,3 8,1 8,9 4- < ,9 7,3 9,6 12,9 6,4 Total Fonte: MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola 2006 Figura 4.2b Volume de excedentes comercializados (%) por cultura e tamanho da exploração. Fonte: MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola Importância relativa de intermediários do mercado Um entendimento de onde e quem através das atividades compra, venda e transporte para fora do local de produção, é importante para entender a estrutura do mercado. Poucos intermediários do mercado podem sugerir fraco desenvolvimento de mercados rurais. Os resultados de CAP99/00 indicam que no plano nacional os comerciantes ambulantes e consumidores são os principais intermediários nas culturas básicas. Acima de 40% das explorações, vedem milho e feijão através de comerciantes ambulantes e acima de 50% de explorações vendem arroz diretamente a consumidores (veja a tabela 4.3a). A dominância destes dois grupos de intermediários na comercialização pode ser devido (a) falta de confiança nas balanças usadas por lojas locais, por companhias, por ONGs, (b) elevados custos de comercialização originados pela dispersão dos pequenos agricultores e ao baixo volume de produtos introduzidos no mercado no momento da comercialização. Os comerciantes ambulantes compram freqüentemente em pequenas quantidades (Tschirley, 1998) que não podem rentável para compradores grandes (nenhumas economias de escala). Tabela 4.3a. Importância relativa de intermediários do mercado para algumas culturas básicas em termos de explorações servidas. Percentagem de explorações servidas 12

13 Local Culturas Comerciantes Ambulantes Consumidores Empresas comercialização Lojas Exportação Outros Total Amendoim 31,1 41,7 0,2 23,8 1,2 1,9 100 Arroz 26,6 56,7 0,2 9,9 5,1 1,5 100 Feijão 38,7 41,1 0,4 7,8 9,5 2,5 100 bôer Feijão 42,9 40,5 0,8 4,8 8,1 2,9 100 vulgar Milho 41,1 38,8 0,6 11,7 6,0 1,9 100 Fonte MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola 2006 Quando os dados são desagregados em províncias, considerando o caso de milho, os resultados indicam algumas diferenças. A venda a comerciantes ambulantes parece ser mais importante no cento de Moçambique (Tete, Sofala, Zambezia e Manica), enquanto a venda direta aos consumidores é mais importante no Sul e Norte de Moçambique (veja tabela 4.3b) exceto em cabo Delgado onde lojas locais são os principais intermediários na comercialização (estes servem cerca de 50% de todas as explorações que vendem milho). Venda direta aos consumidores provavelmente seja uma estratégia para obter o preço mais alto (ou alternativamente, preço mínimo de produtos agropecuários para os consumidores). Porém, isto implica viagem para o mercado e negociação dos contratos de venda (incluindo o preço), e a possibilidade negociação de crédito para futuras compras (vendas) (SCARBOROUGH E KYDD, 1992). Tabela 4.3b. Importância relativa de intermediários do mercado de milho em termos de número de explorações servidas na safra agrícola 2005/06. Local Província Comerciantes Ambulantes Consumidores Empresas comercialização Lojas Exportação Outros Total Cabo Delgado 13,9 40,0 0,2 44,6 0,3 1,1 100 Gaza ,5 0,0 12,5 0,0 2,3 100 Inhambane 26,3 69,7 0,6 1,6 0,0 1,8 100 Manica 48,8 45,4 1,4 1,7 1,1 2,4 100 Maputo 47,4 44,5 0,1 1,9 0,0 6,0 100 Nampula 35,5 46,4 0,5 15,7 0,0 1,9 100 Niassa 24,7 62,4 0,9 5,4 3,9 2,7 100 Sofala 58,1 36,6 0,6 3,5 0,0 1,2 100 Tete 65,5 21,9 1,4 2,0 7,8 1,4 100 Zambézia 47,4 27,4 0,4 7,9 15,0 1,9 100 Total 41,1 38,8 0,6 11,7 6,0 1,9 100 Fonte: MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola

14 É evidente que a semelhança de Cabo Delgado, as lojas locais também são importantes e Nampula (onde estas serviram a 16% de explorações). Atravessar a fronteira dos países vizinhos para venda é importante nas províncias de Tete (8% das explorações) e Zambézia (15% das explorações). Quando a importância dos intermediários é medido em termos de volume transportado por comerciante ambulante, a importância relativa do intermediários ambulantes parece aumentar, sugerindo que a maior parte de excedentes do mercado são consumidos fora da área de produção. A tabela 4.3c mostra a importância de intermediários do mercado em termos do volume de milho transportado. Pode se observar que 49% do volume total de milho comercializado por pequenas e médias explorações foram transportado pelos comerciantes ambulantes, 28% é vendido diretamente a consumidores, 10% é vendido através de lojas locais e 9% são exportado. Os comerciantes ambulantes são particularmente importantes nas províncias de Tetê, Sofala, Manica, Gaza, Nampula e Zambézia, enquanto vendas diretas aos consumidores é significante nas províncias de Inhambane e Niassa. Lojas locais são os principais intermediários na província de Cabo Delgado. Atravessando a fronteira as vendas são contabilizadas em 22 e 13% do milho vendido nas províncias da Zambézia e Tete respectivamente. Tabela 4.3 C- Importância relativa do volume de milho transportado por intermediários do mercado na safra agrícola 2005/06. Local Província Comerciantes Ambulantes Consumidores Empresas comercialização Lojas Exportação Outros Total Cabo Delgado 19,1 33,3 0,8 45,0 0,0 1,7 100 Gaza 54,9 31,5 0,0 12,5 0,0 1,1 100 Inhambane 26,5 69,6 1,7 1,0 0,0 1,3 100 Manica 60,4 32,2 3,5 1,9 0,6 1,4 100 Maputo 50,1 44,5 0,0 2,5 0,0 2,9 100 Nampula 49,9 34,3 1,0 12,4 0,0 2,4 100 Niassa 31,4 53,4 0,7 7,1 5,3 2,1 100 Sofala 63,0 30,6 0,8 3,2 0,0 2,5 100 Tete 65,7 14,7 3,6 0,7 13,4 1,9 100 Zambézia 49,8 16,7 1,3 7,6 22,1 2,6 100 Total 49,0 28,4 1,6 9,7 9,1 2,2 100 Fonte: MINAG, Trabalho de Inquérito Agrícola Acesso aos serviços, mercado, crédito e venda de excedentes A disponibilidade de fonte de crédito e a possibilidade de empréstimos afeta o comportamento dos participantes do mercado. De acordo com os resultados do TIA, somente 3% da explorações agrícolas receberam crédito na campanha agrícola A maior parte do crédito é disponibilizado por organizações não governamentais (ONGs). As ONGs ativas na zona rural inclui AMODER, World Relief, Socremo/GTZ, Halvetas/Suíça e CARE (DNCI, 1999). Tabela Acesso aos serviços e pertença a associação em (%) Acesso aos serviços e pertença a CAP TIA 03 TIA 05 TIA 06 14

15 associação 99/00 Serviços de Extensão Informação sobre preços no mercado: Via rádio 32,0 30,0 30,0 Via extensão rural 7,0 6,0 6,0 Via associação 3,0 4,0 3,0 Via publicações 7,0 4,0 4,0 Via outros 12,0 9,0 9,0 Acesso ao mercado e comercialização 21,0 Acesso ao crédito 4 3,0 Pertença a associação agropecuária Fonte: Censo Agro-Pecuário e Trabalho de Inquérito Agrícola 2006 A maior parte das explorações obtém informação sobre preços via rádio (30%), seguido de outras fontes com (9%). O número de explorações com acesso ao mercado na campanha agrícola 2006/7 é de 21%. Os mercados rurais moçambicanos são subdesenvolvidos e caracterizados por uma escala de operação muito pequena e fracas ligações com outras regiões do País. (JICA & GPZ, 2001). Acima de 40% das explorações, vedem milho e feijão através de comerciantes ambulantes e acima de 50% de explorações vendem arroz diretamente a consumidores. O Acesso de serviços de extensão rural é de 12% na Campanha Agrícola (safra) 2006/07 e uma participação na associação de agricultores de 7%. Da campanha Agrícola 1999/00 o número de explorações que fazem parte de uma associação triplicou, tendo saído de 2% para 7%. O pequeno número de explorações agrícolas de associações está relacionado com baixo nível de desenvolvimento de associações agropecuárias direcionadas ao mercado em Moçambique. Nem todas as associações desempenham função na comercialização de produtos agrícola. Somente 3% das associações têm informação sobre preços dos produtos agrícolas e que informam aos seus associados. No momento que a provisão de crédito para a produção agrícola não é condição suficiente para prover a produção de excedentes agrícolas para o mercado e financiamento da comercialização de produtos agrícolas é um dos fatores constrange os mercados agrícolas de Moçambique. Por cima de altos custos de transação e riscos associados a comercialização de produtos agrícolas, fazem com que os bancos comerciais sejam relutantes conceder empréstimos para compra de produtos agrícolas. O crédito alternativo fora dos bancos (AMODER, GAPI etc.) ao mesmo tempo em que jogam um papel importante na comercialização de produtos agrícolas, é considerado insuficiente em relação a demanda (DNCI, 1999). 5. Considerações finais, opções de políticas e recomendações para pesquisas futuras As principais conclusões, políticas alternativas e recomendações para pesquisas futuras são apresentados neste capítulo. O capítulo tente integrar os resultados e uso apropriado de literatura no desenho das conclusões que tenha implicações nas políticas. As perguntas não respondidas são usadas para identificar áreas para próximos estudos Considerações finais 15

16 Os resultados indicam que a maioria das explorações agrícolas produzem para subsistência e a maior parte de excedentes de culturas alimentares que é vendido no mercado provém de explorações com menos de 3 hectares, que representam (90%) de todas as explorações que vendem no mercado, e contribuem com 85% do volume total vendido no mercado. A média da produção e vendas é extremamente baixa. O milho e mandioca são as culturas mais cultivadas e a produção é essencialmente orientada para o auto-consumo e feijão vulgar é cultura com maior percentagem comercializada. Os principais canais de venda da produção das explorações, medido através do número de explorações servidas e volume de compras, são os comerciantes ambulantes e os consumidores. A nível nacional, 41% das explorações vende milho para comerciantes informais ambulantes e 39% vendem milho diretamente aos consumidores. No geral as lojas locais são importantes no Norte de Moçambique, e exportações são mais importantes no centro de Moçambique, particularmente na Zambézia e Tete. No geral somente 21% das explorações tiveram acesso ao mercado. O Acesso ao crédito pelas explorações agrícolas pode facilitar a aquisição e uso de insumos comprados, que por sua vez afeta a produtividade, produção e a proporção da produção vendida no mercado. Os dados do TIA 2006 indicam que apenas 3% das explorações tiveram acesso ao crédito na campanha agrícola 2006/07, principalmente através de fontes de crédito informal. As associações de produtores podem jogar um papel importante na oferta de insumos agrícolas, bem como na recolha, seleção e armazenamento, transporte e negociação de preços. Com gestão adequada as associações podem criar economias de tamanho para as explorações. Com base nos dados do TIA 2006, estima-se que apenas 7% das pequenas e médias explorações têm um membro que pertence a uma associação Implicações para política Com base nos resultados acima apresentados, foram identificados os seguintes constrangimentos de mercado: baixa produção resultante de tecnologias rudimentares condicionada por falta de crédito; e mercados rurais subdesenvolvidos refletidos através de canais de comercialização. Intervenções do Governo que se concentram na promoção de instituições de finanças rurais, facilitação da integração de comerciantes informais ambulantes no comércio formal e esforço continuado de investimento na infra-estrutura rural poderão encorajar o aumento da produção agrícola, renda rural e redução da insegurança alimentar e pobreza. A integração da agricultura de subsistência na cadeia de valor é importante porque as pequenas e médias explorações agrícolas são responsáveis por cerca de (90%) de excedentes de produtos agrícolas comercializados. Ainda, 40% de pequenas e médias explorações vedem culturas básicas, isto sugere de que as explorações estão a pagar o seguro por estar na agricultura de Subsistência. Os produtores de culturas básicas têm acesso limitado ao mercado de insumos o que limita também a produção de excedentes agrícolas. A integração da agricultura de subsistência no mercado é um dos objetivos da Política Agrária e da Estratégia em execução (PAEI) aprovadas em 1995 por MADER. A redução de riscos e de custos de comercialização é imperiosa na medida em que as explorações agrícolas de Moçambique vendem seus excedentes agrícolas por intermédio de comerciantes informais ambulantes e venda direta aos consumidores. O governo de Moçambique e outras instituições de suporte ao mercado (especial financeiras) não 16

17 reconhecem formalmente os comerciantes informais ambulantes, ignorando o papel que eles jogam na comercialização de produtos agrícolas. Facilitando a integração dos comerciantes ambulantes como comerciantes formais através da redução de documentos necessários e taxas necessárias para sua legalização, oferecendo taxas de juros baixas (DNCI, 1999) irá aumentar a participação no mercado, aumentar a comercialização de insumos e produtos agrícolas e obter rendimentos estáveis para explorações rurais. Aumentar o acesso ao crédito agrícola. O Acesso ao crédito é muito limitado em Moçambique. Somente 3% das explorações obtiveram crédito em Sem o crédito, o uso de insumos e tecnologias agrícolas melhoradas será quase impossível e irá continuar o baixo rendimento por unidade de área. Ainda mais, sem crédito para a comercialização de excedentes agrícolas ambos comerciantes e produtores não terão estabilidade financeira para permitir maiores investimentos na agricultura e infra-estruturas de mercado que proporcione aumento de rendimentos. Se agricultura é contribuinte para a segurança alimentar e crescimentos da economia, o crédito para ambos os produtores e comerciantes deverá ser considerado como uma das prioridades da política agrária de Moçambique Recomendações para pesquisas futuras Através de pesquisas de campo e estudos analíticos recomendam-se os seguintes estudos: financiamento de comercialização agrícola; o impacto do mercado e infraestruturas de transporte na utilização de tecnologia de produção, produção e comercialização de culturas básicas alimentares e análise espacial de custos e margens. Bibliografia ARNDT, C., SCHILLER, R AND TARP. F, Grain Transport and Rural Credit in Mozambique: Solving the Space Time. Agricultural Economics, 26 (2001): BARROS, G.S.A.C. Economia da comercialização Agrícola. Universidade de São Paulo. São Paulo-Piracicaba. Fevereiro Disponivel: Acesso em Novembro BENFICA, R.M.S. An analysis of the Contribution of Micro and Small Enterprises to Rural Holding Income in Central and Northern Mozambique. M.S Thesis. Department of Agricultural Economics, Michigan State University, East Lansing, MI, CARRILHO, J., BENFICA, R., TSCHIRLY, D. E BOUGHTON, D. (2003) Qual o papel da agricultura comercial familiar no desenvolvimento rural e redução da pobreza em Moçambique. Relatório de pesquisa no 53P (MADR), Fevereiro de CASALINHO, C e CARVALHO, P. Estudos Economicos e Financeiros de Moçambique. BPI, Novembro Disponível em: Acesso a 05 de Março de DRUCKER, P.F. Marketing and economics Development. Journal of Marketing (1958)

18 HOFFMANN, R., ENGLER, J. J. C., SERRANO, O., THAME, A. C. M e NEVES, E. M. Administração da Empresa Agrícola. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, GABER, R (2001). Inteligência Competitiva de Mercado. Madras Editora LTDA. São Paula. Governo de Moçambique. Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA): versão final Aprovada pelo Conselho de Ministros. Available at Acesso em: 7 Abril Governo de Moçambique. Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional. Ministério de Agricultura e Pescas. Maputo, Governo de Moçambique. PROAGRI Ministério da Agricultura e Pescas. Maputo, Governo de Moçambique. Resultados preliminares Trabalho de inquérito Agrícola (TIA, 2002, 2003, 2005 e 2006). Maputo. Ministério da Agricultura. Não publicado. INE, (Instituto Nacional de Estatística). Anuário Estatístico. Maputo: INE, INE, (Instituto Nacional de Estatística). Censo Agro-pecuário Resultados Temáticos Maputo: INE, Setembro, JICA & GPZ. The Study on the Integrated Development Master Plan of the Angónia Region in the Republic of Mozambique, Final report, economic sector, October JEJE, J.J, C. MACHUNGO. C., HOWARD, J. STRASBERG, P., CRAWFORD, E., AND WEBER, M. What Makes Agricultural Intensification Profitable for Mozambique Smallholders? An Appraisal of the inputs sub-sector and the 1996/1997 DNER/SG2000 program. Main report. Ministry of Agriculture and Fishers, Directorate of Economics, Research Report No MENDES, J. T. G e JÚNIOR, J. B. P. Agronegócio uma abordagem econômica. São Paulo: Person Prentice Hall, MPF (Ministério do Plano e Finança), IFPI (International Food Policy Institute and Purdue University Poverty and Well Bring in Mozambique: The second National Assessment. Maputo: Ministério do Plano e Finança, Mozambique, Ministério da Agricultura e Pesca. Política Agrária e Estratégia de Implementação, série documento base No &, Ministério da Agricultura - Direcção de Economia, Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA) - Resultados preliminares do TIA 2006, Maputo, Março

19 SCARBOROUGH, V. and KYDD, J. Economic analysis of Agricultural Markets, A Manuel. Natural Resource Institute, UK, TSCHIRLEY, D Planning for drought in Mozambique. Balancing the roles of food aid and food markets. Ministry of Agriculture and Fishers, Directorate of Economics, Research report, No 29. Tostão, E. And Milay, G. I Agricultural Marketing in Mozambique. In. INE. Censo Agropecuário Resultados temáticos.maputo, Setembro WALKER, T, PITORO, R., TOMO, A., SITOE, I. SALÊNCIA, C., MAHANZULE, R., DONOVAN, C. E MAZUZE, F. Estabelecimento de Prioridades para a Investigação Agrária no Sector Público em Moçambique Baseado nos Dados do Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA). Relatório de Pesquisa No. 3P Agosto de acesso em Fevereiro

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