Dissertação de Mestrado

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1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica Dissertação de Mestrado Foraminíferos de sedimentos marinhos e seu uso na avaliação da dinâmica e da qualidade ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte Autor: Diogo Santos de Moura Orientadora: Prof a. Dr a. Patrícia Pinheiro Beck Eichler (PPGG/UFRN) Co-orientador: Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes (PPGG/UFRN) Dissertação n.º 170/PPGG Natal, Junho de 2016

2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica Foraminíferos de sedimentos marinhos e seu uso na avaliação da dinâmica e da qualidade ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte Autor: Diogo Santos de Moura Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para obtenção do Título de Mestre em Geodinâmica e Geofísica. Comissão Examinadora: Prof a. Dr a. Patrícia Pinheiro Beck Eichler (PPGG-UFRN) - Presidente/Orientadora Prof a. Dr a. Helenice Vital (PPGG-UFRN) - Examinador Interno Prof a. Dr a. Mary Lucia da Silva Nogueira (UFES) - Examinador Externo Natal, Junho de 2016

3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Centro de Ciências Exatas e da Terra CCET. Moura, Diogo Santos de. Foraminíferos de sedimentos marinhos e seu uso na avaliação da dinâmica e da qualidade ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte / Diogo Santos de Moura. - Natal, f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Pinheiro Beck Eichler. Coorientador: Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica. 1. Plataforma continental Dissertação. 2. Micro-habitat - Dissertação. 3. Sedimentologia Dissertação. 4. Recifes de coral - Dissertação. I. Eichler, Patrícia Pinheiro Beck. II. Gomes, Moab Praxedes. III.Título. RN/UF/BSE-CCET CDU:

4 A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê. Arthur Schopenhauer

5 Sumário Resumo... i Abstract... ii Agradecimentos... iii Capítulo 1 Introdução Localização da Área de Estudo...2 Capítulo 2 - Área de Estudo Bacia Potiguar Caracteristicas sedimentares e geomorfológicas da plataforma Caracteristicas Oceanográficas...10 Capítulo 3 - Materiais e Métodos Levantamento Bibliográfico Coleta dos dados Processamento dos dados Processamento do material biológico Processamento do material sedimentológico Métodos Estatísticos Técnica Estatística Univariada Técnica Estatística Multivariada Índice de Foram (FORAM INDEX FI) Capítulo 4 Resultados Plataforma interna adjacente a área recifal da praia de Pirangi Plataforma externa adjacente a área recifal do vale inciso do Rio Açu.. 40 Capítulo 5 Discussão Capítulo 6 Conclusão... 57

6 Referências Bibliográficas...58 Anexo I - Aplicação de foraminíferos de sedimentos marinhos na avaliação da qualidade ambiental na área dos Recifes de Pirangi (RN, Brasil) (Artigo submetido à Revista Pesquisas em Geociências)

7 Figura 1.1: Mapa de localização da área recifal da Praia de Pirangi com os pontos de coleta das duas campanhas:...3 Figura 1.2: Mapa de localização da área recifal do vale inciso do Rio Açu...4 Figura 2.1: Mapa de localização da bacia potiguar (modificado de Faria et al., 1990)...5 Figura Carta Estratigráfica da Bacia Potiguar (Pessoa Neto et al., 2007)...7 Figura 2.2 (continuação) - Carta Estratigráfica da Bacia Potiguar (Pessoa Neto et al., 2007)...8 Figura Compartimentação da plataformal em interna média e externa (Gomes, 2010)...9 Figura 3.1: Fluxograma das etapas realizadas neste trabalho...13 Figura 3.2: Navio comandante manhães da Marinha do Brasil, utilizada para a coleta de amostras no vale inciso do Rio Açu...14 Figura 3.3: A) Draga pontual do tipo Van Veen presa a uma corda que está ligada a um guincho fixo na embarcação; B) Aparelho de CTD utilizado na aquisição de dados; C) coleta do material para ánalise de foraminíferos...15 Figura 3.4: Peneiramento a seco...18 Figura 3.5: Classificação faciológica de Freire et al. (1997) modificada por Vital et al. (2005). Legenda: L = Lama; Md = Mediana...19 Figura 3.6: Foraminíferos que possuem simbiose com algas encontrados nos recifes da costa do RN. 1) Amphistegina gibbosa, 2) Amphisorus hemprichii, 3) Archaias angulatus, 4) Borelis schlumbergeri, 5) Heterostegina depressa, 6.) Peneroplis carinatus 7) Laevipeneroplis proteus...21 Figura 4.1: Distribuição da fração cascalho...25 Figura 4.2: Distribuição da fração areia...25 Figura 4.3: Distribuição da fração silte...26

8 Figura 4.4: Distribuição da fração argila...26 Figura 4.5: Distribuição da fração carbonato de cálcio...27 Figura 4.6: Distribuição da fração matéria orgânica...27 Figura 4.7: Grupos de estações formados a partir da análise MDS, referente à campanha Pirangi Figura 4.8: Grupos de estações formados a partir da análise MDS, referente à campanha Pirangi Figura 4.9: Gráfico da análise de PCA de acordo com os valores de PC1 e PC Figura 4.10: Análise de cluster mostrando a relação dos agrupamentos com valores de FI referente a Pirangi Figura 4.11: Análise de cluster mostrando a relação dos agrupamentos com valores de FI referente a Pirangi Figura 4.12: Valores de FI para 2013 e Figura 4.13: Mapa da distribuição textural dos sedimentos de acordo com a classificação textural de Freire et al. (1997) modificada por Vital et al. (2005)...44 Figura 4.14: Grupos de estações formados a partir da análise MDS...48 Figura 4.15: Grupos de estações formados à partir da análise cluster...49 Figura 4.16: Gráfico da análise de PCA de acordo com os valores de PC1 e PC2...51

9 Resumo As áreas recifais do litoral do Rio Grande do Norte são feições geomorfológicas extremamente importantes, principalmente para as pessoas que dependem da atividade turística e da pesca além de servir de refúgio para diversas espécies de animais marinhos. O presente estudo pretende analisar a qualidade ambiental de microhabitats de foraminíferos relacionada às condições oceanográficas físicas e sedimentológicas na platafoma interna adjacente à área recifal da praia de Pirangi - RN e da plataforma externa adjacente a Macau RN (Recifes do Açu), visando caracterizar diferentes graus de poluição, contaminação orgânica e potencial de proliferação de organismos construtores dos recifes nesses ambientes recentes. Na região dos recifes de Pirangi foram coletadas em 2013 e 2014, 55 amostras sedimentares, e realizadas medidas na coluna de água de temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido. Os índices ecológicos revelaram que as amostras de Pirangi 2014 são mais diversas e com menor dominância de espécies de foraminíferos oportunistas do que Observou-se também que estas espécies oportunistas foram dominantes principalmente nas estações costeiras e na região onde ocorre o pisoteamento dos recifes pelos turistas. Os dados de foraminíferos correlacionados aos dados físicos da água e granulometria, revelam que a fração grossa é a variável que melhor se correlaciona com a abundância de foraminíferos. A avaliação da saúde ambiental baseada nos dados FI, revelou-se eficaz e seus resultados levaram a conclusão que a qualidade da água do Pirangi não é adequada para o crescimento de recife corais e que a presença de ambientes onde não haverá recuperação da comunidade de corais em caso de um evento estressante, é bem preocupante. Na área recifal do vale inciso do Rio Açu, 29 amostras de sedimento foram coletadas e caracterizadas pela granulometria, teores de carbonato de cálcio e matéria orgânica e foraminíferos. Os resultados revelaram que as espécies oportunistas são dominantes na região do paleocanal do Rio Açu, onde predomina sedimento fino, enquanto nas bordas do canal prevalecem assembleias de foraminíferos simbiontes associado aos recifes. Observou-se diferença marcante em relação ao tamanho dos grãos em cada porção da área, porém o estudo revelou que este não é o fator determinante para a variação das assembleias, e que o fator chave para as diferentes assembleias é a profundidade. A região das bordas do canal onde estão situados os recifes apresentou qualidade ambiental superior ao paleocanal, mostrando-se ambiente saudável que permite o desenvolvimento dos recifes. Palavras chave: plataforma continental, micro-habitat, sedimentologia, recifes de coral. i

10 Abstract The reef areas of Rio Grande do Norte coastal are geomorphological features extremely important, especially for people who depend on tourism and fisheries besides serving as a refuge for many species of marine animals. This study aims to analyze the environmental quality of foraminiferal species microhabitats related to physical and sedimentological oceanographic conditions in the inner shelf of the reef area close to Pirangi beach - RN and the external continental shelf adjacent to Macau - RN (Açu Reefs) in recent environments, to characterize different degrees of pollution, organic contamination and development of reef building organisms. In Pirangi sampling in the reef area in 2013 and 2014 sum up 55 sediment samples, with measurements of temperature, salinity and dissolved oxygen in the water column. The ecological index revealed samples from Pirangi 2014 are more diverse with less dominance of opportunistic foraminiferal species than 2013, and it was also observed that these opportunistic species were dominant in coastal stations and also in the region where occurs the trampling of the reefs by tourists. Foraminiferal data correlated to physical data of water and grain size show that coarse fraction is the variable that best correlates with the abundance of foraminifera. The evaluation of environmental health based on FI data, has proved its effectiveness and the results led to the conclusion that quality of Pirangi water is not suitable for the growth of coral reef and the presence of environments where there will be no recovery of the coral community in case of a stressful event, is very disturbing. In the reef area of incised valley of Açu River, the data collected were obtained by collecting 29 sediment samples characterized by grain size, calcium carbonate content, organic matter, and foraminifera. The results revealed opportunistic species are characteristic in the Açu paleochannel region, dominated by fine sediment, while the edges of the channel prevail symbionts foraminifera assemblage associated with reefs. There was difference relative to the size of the grains in each portion of the area, but the study found that this is not the determining factor for the variation of assemblages, and that the key factor for the different assemblages is depth. The edges of the channel where reefs are located presented better environmental quality than paleochannel, showing healthier environment that does not prevent the development of reefs. Keywords: continental shelf, micro-habitat, sedimentology, coral reefs. ii

11 Agradecimentos Ao Programa de Pós-Graduação em Gedinâmica e Geofísica (PPGG/UFRN) e ao Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GGEMMA/UFRN) por disponibilizar a infraestrutura necessária ao desenvolvimento desta pesquisa. À CAPES pelo suporte financeiro ao projeto Ciências do Mar II / (CAPES), pela concessão da bolsa de mestrado. À minha orientadora, professora Patrícia Pinheiro Beck Eichler, pela enorme paciência, confiança e incentivo durante todo o andamento do curso de mestrado. Ao meu Coorientador Moab Praxedes Gomes por estar sempre disponível a ajudar quando necessário. À Marinha do Brasil por disponibilizar o Navio Comandante Manhãs, bem como ao comandante da tripulação e a todos de sua equipe que contribuíram para a aquisição dos dados. À toda equipe do Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental GGEMMA, em especial à Canindé, Isabelle, Cristiane, Junior, Kaio, Matheus, Pedro e André pelo apoio, companheirismo e amizade. Aos meus pais que, com muito amor e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse nessa etapa de minha vida. iii

12 Capítulo 1 Introdução Capítulo 1 Introdução 1.1 Apresentação e Objetivos A zona costeira brasileira definida como patrimônio nacional, de acordo com o artigo 225, parágrafo 4 da Constituição Federal, constitui uma unidade territorial que se estende, na sua porção terrestre, por mais de km, abrangendo 17 estados e mais de quatrocentos municípios, distribuídos do Norte equatorial ao Sul temperado do país. Inclui ainda a faixa marítima formada por mar territorial, com largura de 12 milhas náuticas a partir da linha da costa (Maury, 2002). A Plataforma Continental Brasileira adjacente ao Estado do Rio Grande do Norte (RN) ainda é pouco estudada no Brasil, sendo que os estudos desenvolvidos são pontuais e restritos às áreas de exploração de hidrocarbonetos. Esta escassez de dados, muito provavelmente, está relacionada à sua profundidade rasa e a presença de obstáculos proeminentes (recifes), que dificultam a navegação (Vital et al., 2005). Porém estudos realizados por Costa Neto (1997), Testa & Bosence (1998; 1999), Nogueira (2014), Vital et al. (2008) e Gomes et al. (2014, 2015a) revelaram diversos feições geomorfológicas como dunas submersas, bancos de recifes de corais, rochas praiais (beachrocks), vales incisos, dentre outros. Neste contexto, as áreas recifais do litoral do Rio Grande do Norte se destacam por serem feições geomorfológicas extremamente importantes, principalmente para as pessoas que dependem da atividade turística e da pesca além de servir de refúgio para diversas espécies de animais marinhos. Porém, com o aumento da ocupação humana nas regiões costeiras, o crescimento desordenado de centros urbanos nos litorais e o desenvolvimento da indústria, em especial a petrolífera, nas últimas três décadas resultaram num dramático aumento do suporte de nutrientes, da poluição industrial e de outros materiais nocivos nos mares e oceanos (Mello et al., 2013). Estas atividades antrópicas, podem gerar impactos irreversíveis em ambientes recifais submersos. Contudo, as características oceanográficas físicas e sedimentares inter-relacionadas ao contexto geomorfológico favorecem o desenvolvimento de um sistema complexo, dinâmico e ambientalmente vulnerável (Dos Santos & Lima, 2014). ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte. 1

13 Capítulo 1 Introdução Diversos estudos utilizam os foraminíferos bentônicos como indicadores biológicos, visando caracterizar ecologicamente os diferentes ambientes bem como graus de poluição (Boltovskoy &Wright, 1976; Alve, 1991; Yanko et al., 1994; Alve, 1995; Culver & Buzas, 1995; Le Cadre & Debenay, 2006), o uso desses organismos para tais fins é recomendável por se tratarem de organismos de pouca movimentação, o que os tornam mais sensíveis aos distúrbios locais, recebendo os efeitos dos poluentes ao longo do tempo (Frontalini et al., 2009). Além disso, os foraminíferos como organismos bentônicos que são, adaptam-se às condições locais ao longo do tempo refletindo-as no momento da amostragem (Sen Gupta & Machain-Castillo, 1993; Eichler et. al., 2008). Esses organismos também exibem uma estreita dependência com a composição do sedimento no qual acumulam substâncias contaminantes (Denne & Gupta, 1989; Alve, 2003; Caruso et al., 2011; Eichler et. al., 2012). O objetivo geral deste trabalho é analisar a distribuição de indicadores biológicos na plataforma interna adjacente à área recifal da Praia de Pirangi e da plataforma externa adjacente ao vale inciso do Rio Açu, tendo como objetivo especifíco caracterizar ecologicamente os diferentes ambientes quanto à salinidade, temperatura e características sedimentológicas assim como os diferentes graus de poluição e contaminação orgânica. 1.2 Localização da Área de Estudo Para este estudo, foi selecionada a região da plataforma interna adjacente à área recifal da Praia de Pirangi, situada na porção oriental do litoral do estado do Rio Grande do Norte e pertence ao munícipio de Parnamirim, distante 21 Km de Natal, capital do Rio Grande do Norte (Fig. 1.1) e a plataforma externa adjacente à área recifal do vale inciso do Rio Açu situada na porção setentrional do litoral do estado do Rio Grande do Norte e situa-se nas proximidades da cidade de Macau distante 165 Km da capital do Rio Grande do Norte (Fig. 1.2). ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte. 2

14 Capítulo 1 Introdução Figura 1.1: Mapa de localização da área recifal da Praia de Pirangi com os pontos de coleta das duas campanhas. ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte. 3

15 Capítulo 1 Introdução Figura 1.2: Mapa de localização da área recifal do vale inciso do Rio Açu. ambiental em áreas recifais do Rio Grande do Norte. 4

16 Capítulo 3 Materiais e Métodos Capítulo 2 - Área de Estudo 2.1 Bacia Potiguar A Bacia Potiguar está localizada na porção oriental do nordeste do Brasil, abrangendo em suas porções emersa e submersa, parte dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará (Souza, 1982; Matos, 1987, 1992) e suas respectivas plataformas continentais (Fig. 2.1). Esta bacia compreende uma área de km, inserida em parte dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. Dessa área, km encontrase em porção submersa e km correspondem à porção emersa. Esta bacia mostra uma relação genética com uma série de bacias intracontinentais de idade neocomiana que constituem o sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro (Bertani et al., 1990). Figura 2.1: Mapa de localização da bacia potiguar (modificado de Faria et al., 1990). 5

17 Capítulo 3 Materiais e Métodos A Bacia Potiguar constitui a parte mais setentrional da faixa de coberturas fanerozóicas da Província Costeira e Margem Continental que recobrem as rochas précambrianas da Província Borborema. Esta é constituída por sequências metassedimentares e metavulcânicas de idades meso e neoproterozóicas, com blocos de embasamento de idade paleoproterozóica, com alguns remanescentes do Arqueano, configurando um cinturão orogênico meso-neoproterozóico, envolvendo microplacas e terrenos/domínios mais antigos. Sua evolução brasiliana/pan-africana foi acompanhada de um importante plutonismo granítico. O embasamento da Bacia Potiguar pode ser dividido, de forma simplificada, em três domínios: Domínio Jaguaribeano (localizado à extremo oeste), Domínio Rio Piranhas-Seridó (porção central) e Domínio São José do Campestre (a leste) (Anagelim, 2007). A coluna estratigráfica da Bacia Potiguar elaborada por Pessoa Neto et al. (2007) (Fig. 2.2) define o registro estratigráfico dividido em três supersequências, são elas: Supersequência Rifte, depositada no Cretáceo Inferior; Supersequência PósRifte, depositada durante o Andar Alagoas; e uma Supersequência Drifte, depositada entre o Albiano e o Recente. 6

18 Capítulo 3 Materiais e Métodos Figura 2.2: Carta Estratigráfica da Bacia Potiguar (Pessoa Neto et al., 2007). 7

19 Capítulo 3 Materiais e Métodos Figura 2.2 (continuação): Carta Estratigráfica da Bacia Potiguar (Pessoa Neto et al., 2007). 8

20 Capítulo 3 Materiais e Métodos A Supersequência Rifte é representada pelos depósitos flúvio deltaicos e lacustres das Formações Pendência e Pescada (Berriasiano/Eo-Aptiano). A Supersequência Pós-rifte é caracterizada pela deposição de uma Sequência flúviodeltaica, com os primeiros registros de ingressão marinha (Formação Alagamar). A Supersequência Drifte é caracterizada por uma sequência flúvio-marinha transgressiva (Formações Açu, Ponta do Mel, Quebradas, Jandaíra e Ubarana), recoberta por uma sequência clástica ecarbonática regressiva (Formações Ubarana, Tibau e Guamaré). Rochas vulcânicas associadas à Formação Macau foram depositadas entre o Eoceno e o Oligoceno na Bacia Características sedimentologicas e geomorfológicas da plataforma A Plataforma Continental do Rio Grande do Norte compreende a extensão imersa da Bacia Potiguar e é caracterizada como uma plataforma mista composta por cobertura de sedimentos siliciclásticos, carbonato-siliciclásticos e carbonáticos (Vital et al., 2005) que abriga diversos compartimentos de relevo como dunas submersas, bancos de recifes de corais e rochas praiais (beachrocks), vales incisos, dentre outros que configuram a atual exposição da bacia (Costa Neto, 1997; Testa & Bosence 1998, 1999; Vital et al. 2008; Gomes et al., 2014, 2015a). Este ambiente marinho possui fisiografia de plataforma-talude-bacia. Sua estratigrafia rasa é composta por unidades litoestratigráficas do Neógeno, resultantes de um grande ciclo regressivo, denominadas Formação Tibau (arenitos e conglomerados), Formação Guamaré (calcários) e Formação Ubarana (folhelhos marinhos). Trata-se de uma plataforma com sedimentação mista (siliciclástica-carbonática), implantada a partir do Neocampaniano e que permanece até os dias atuais (Pessoa Neto, 2003, Pessoa Neto et al., 2007). A caracterização geomorfológica e sedimentológica da plataforma continental brasileira adjacente ao litoral do estado do Rio Grande do Norte segundo Vital et al. (2005); (2008) e Gomes & Vital, (2010), é dividida em interna, média e externa (Fig. 2.3). De acordo com estes autores, a plataforma interna é limitada pela isóbata de 15 metros, envolve extensos campos de dunas longitudinais, possui relevo suave e predominam sedimentos siliciclásticos; a plataforma média está limitada pelas isóbata de 15 e 25 metros, é composta por dunas transversais e sedimentos mistos; a plataforma 9

21 Capítulo 3 Materiais e Métodos externa é estreita, com declividade superior à da plataforma média, limita-se pelas isóbatas de 25 e 40 metros e os sedimentos carbonáticos são predominantes. Além dos campos de dunas, esta porção da plataforma apresenta outras feições geomorfológicas marcantes, como recifes de corais e dois expressivos vales incisos, situados perpendicularmente a costa em áreas de baixo gradiente em direção ao mar, denominado vale inciso do Rio Apodi-Mossoró e vale inciso do Rio Piranhas-Açu. Figura Compartimentação da plataformal em interna média e externa (Gomes, 2010). 2.3 Caracteristicas Oceanográficas O setor leste está inserido em uma zona de fluxo de ventos alísios e de alta energia, as correntes nesta área são influenciadas pelos fluxos combinados de ondas e marés. Neste setor ventos fortes prevalecem quase todo o ano e tem direção E-SE. As massas de água são bem misturadas, sem qualquer estratificação característica (Vital et al., 2010). O padrão de ondas é determinado por variações nos ventos alísios, ondas medidas durante o período de verão na plataforma, tem uma altura média de 90 cm com 120 cm altura máxima e altura mínima de 50 cm (Vital et al., 2008; Vital, 2009; Vital et al., 2010). A corrente flui ao longo da plataforma principalmente no sentido norte e oeste, com velocidade máxima de 105 cm/s no setor leste, diminuindo em direção ao 10

22 Capítulo 3 Materiais e Métodos norte (Hazin et. al., 2008; Vital et al., 2010). As correntes de maré, no entanto, mudam o seu sentido de fluxo de acordo com a variação da maré e é, de longe, o contribuinte dominante de sedimentos para o sistema de plataforma. Esta plataforma tem um regime mesotidal, semidiurno com alturas máximas de 2,7 m e 2,0 m para maré de sizígia e de quadratura, respectivamente, no setor leste. O setor norte tem precipitação média anual de 600 mm, tendo uma estação chuvosa nos meses de maio a junho, com temperatura média de 26,8 C. O regime de ventos predominante segue no sentido NE podendo atingir velocidade máxima de 9m/s entre os meses de agosto e outubro. A corrente flui relativamente paralela à costa sobre a plataforma estreita, guiada pelos ventos predominantemente no sentido oeste, com velocidades de cm/s, podendo chegar à velocidade máxima de 97 cm/s, influenciados por componentes de ondas e marés (Knoppers et al., 1999; Hazin et al., 2008; Vital et al., 2010). Contudo, as correntes de maré podem mudar de direção de acordo com a variação da maré, tornando-se determinante na dinâmica sedimentar da plataforma (Vital et. al. 2010). A área é dominada por um regime mesotidal, semidiurno, com maré de sizígia de 3,3 m e maré de quadratura de 2,2 m (Vital, 2009). Nestes dois setores existe a presença de corpos recifais, como recifes do tipo ferricretes (duricrostas), isto é, crostas ferruginosas ligadas à Formação Barreiras, às rochas praiais (arenitos e conglomerados) e aos corais hermatípicos (construtores de recifes) (Suguio, 2003). As rochas praiais são compostas de grãos de areia ou cascalho cimentados naturalmente por CaCO 3 (carbonato de cálcio) fornecido pelas águas do mar, formando rochas muito duras (litificadas) descritas em certo detalhe por Branner (1904), cuja idade é praticamente restrita à época holocênica (em geral inferior a a anos), segundo datações executadas por Flexor & Martin (1979). Os corais são estruturas biogenéticas, construídas por animais invertebrados tipicamente marinhos e coloniais denominados celenterados, que vivem em simbiose com certos tipos de algas. Juntamente com os corais desenvolvem-se também algas secretoras de CaCO3 como Lithothamnium e Halimeda. Esta associação forma os chamados recifes de corais, de composição essencialmente carbonática, incrustados sobre a superfície dura de recifes ferruginosos e/ou de rochas praiais. Na plataforma externa adjacente à área recifal do vale inciso do Rio Açu, os recifes ocorrem em uma grande sequência ao longo das bordas leste e oeste do vale inciso e seguem rumo à quebra da plataforma, em isóbatas de 30 metros. Seu 11

23 Capítulo 3 Materiais e Métodos crescimento vertical chega a alcançar 10 metros da lâmina d água na forma de pináculos, estas bioconstruções são classificadas como recifes de coral (Gomes et al 2015; 2016). 12

24 Capítulo 3 Materiais e Métodos Capítulo 3 - Materiais e Métodos A metodologia adotada neste trabalho está dividida em basicamente 5 etapas distintas que incluem o levantamento bibliográfico, coleta e processamento dos dados, métodos estatísticos, integração e interpretação dos resultados, de acordo com o fluxograma abaixo (Fig. 3.1). Figura 3.1: Fluxograma das etapas realizadas neste trabalho Levantamento Bibliográfico A pesquisa bibliográfica esteve presente em todas as etapas da pesquisa, tendo como finalidade aprofundar a fundamentação teórica e acompanhar a produção recente 13

25 Capítulo 3 Materiais e Métodos dos temas abordados. Sendo assim, a pesquisa baseia-se na leitura e compreensão de livros, teses, dissertações e artigos em periódicos nacionais e internacionais Coleta dos dados As amostras de Pirangi foram coletadas a bordo de uma embarcação de pequeno porte, barco catamarã, em duas campanhas sendo uma no ano de 2013 e outra em Na primeira campanha foram coletadas 30 amostras e na segunda campanha foram coletadas 25 amostras de sedimento de fundo, cujas localizações foram obtidas através de GPS. Para a coleta de amostras na região do vale inciso do Rio Açu, utilizou-se uma embarcação de médio porte, navio Comandante Manhães (Fig. 3.2), pertencente à Marinha do Brasil, onde foram coletadas um total de 28 amostras em locais prédeterminados anteriormente. As amostras analisadas nesse trabalho totalizaram 83. Figura 3.2: Navio comandante manhães da Marinha do Brasil, utilizada para a coleta de amostras no vale inciso do Rio Açu. O material sedimentar foi coletado usando-se um amostrador pontual do tipo Van Veen (Fig. 3.3A), o qual coletou os primeiros centímetros da camada superior do fundo, na região da interface sedimento água. Com uma espátula foram retirados os 2 14

26 Capítulo 3 Materiais e Métodos primeiros centímetros de substrato e transferidos para recipientes com Rosa de Bengala diluído em álcool (Fig. 3.3C). O Rosa de Bengala diluído em álcool é utilizado para a coloração dos espécimes vivas e álcool para evitar o ataque bacteriano (Eichler et al., 2007). O restante do material sedimentar foi acondicionado em sacos plásticos, identificados e posteriormente armazenados em um freezer. Os dados hidrográficos (salinidade, condutividade, temperatura e pressão) foram obtidos a partir de um aparelho CTD da marca Castaway (Fig. 3.3B), este aparelho desce pela lâmina d agua até o fundo, onde os valores são registrados e logo após o momento da coleta, os dados são descarregados em computador. Figura 3.3: A) Draga pontual do tipo Van Veen presa a uma corda que está ligada a um guincho fixo na embarcação; B) Aparelho de CTD utilizado na aquisição de dados; C) coleta do material para ánalise de foraminíferos. 15

27 Capítulo 3 Materiais e Métodos Processamento dos dados Processamento do material biológico No laboratório de geoquímica da UFRN, cada amostra com 50cc de sedimento para análise de foraminíferos foi lavada e peneirada em via úmida utilizando-se uma peneira de 0,062mm e a fração retida nesta peneira foi colocado em filtros de papel e levadas para uma estufa para secagem a uma temperatura de 60 C. Em seguida as amostras foram divididas em frações menores (quarteamento), feito isto, os foraminíferos foram retirados do sedimento com um pincel e colocados em uma lâmina especial de fundo preto para identificação das espécies através de uma lupa estereoscópica com zoom de até 8x, acoplado a uma câmera digital para obtenção de fotografias. Os foraminíferos foram identificados, baseando-se principalmente na classificação de Boltovskoy et al. (1980), Cushman (1950), Loeblich & Tapan (1988). Foram consultados também, trabalhos de Zaninetti et al. (1977), Debenay et al. (1987), Brönnimann (1979), Debenay (1990). Com as espécies identificadas foram confeccionadas tabelas de abundância absoluta que se refere ao número de indivíduos em um volume de 50cm³ de sedimento e de abundância relativa expressa por valores em percentagem. Uma vez identificadas às espécies, foi feita a confecção da tabela de abundância total de foraminíferos, em que foi realizada a somatória dos organismos vivos e mortos para as espécies de foraminíferos ocorrentes na área de estudo. Essa somatória resultou na frequência absoluta das espécies, a partir da qual foi calculada a porcentagem relativa das espécies encontradas Processamento do material sedimentológico A análise granulométrica foi realizada no laboratório de sedimentologia da UFRN, onde se utilizou o método descrito por Suguio (1973), procedimento que é amplamente empregado por sedimentólogos em todo o mundo, na qual a granulometria é definida com base nas classes granulométricas de Wentworth (1922). Na área de Pirangi, as análises foram realizadas nas amostras coletadas em

28 Capítulo 3 Materiais e Métodos Inicialmente, cada amostra foi repetidamente lavada com água e colocada para decantar durante dois dias, até que os sais contidos na mesma fossem eliminados para não afetar nos resultados das análises. Em seguida, as amostras foram colocadas em estufas e placas de aquecedoras a uma temperatura de 50 C até a secagem completa. A amostra seca foi quarteada com a finalidade de homogeneizar o material e então foi retirado 10g para a análise de material carbonático, 10 gramas para a análise da matéria orgânica e 100 gramas para o peneiramento a seco e o restante foi arquivado. Para a análise do teor de carbonato, os 10 gramas definido como peso inicial da amostra foi atacado com ácido clorídrico (HCl) diluído a 10%, após o termino da reação química, o material foi lavado com água, secado em chapas térmicas a uma temperatura de 50 C e pesado. O valor obtido da diferença entre o peso inicial e o peso final representa o teor de carbonato da amostra. Para a análise do teor de matéria orgânica, os 10 gramas definido como peso inicial da amostra foi colocado dentro da mufla (estufa para altas temperaturas), onde permaneceram por 5 horas sob temperatura de 600, para que a matéria orgânica fosse eliminada da amostra. O valor obtido da diferença entre o peso inicial e o peso final representa o teor de matéria orgânica da amostra. A análise granulométrica foi realizada através de peneiramento a seco (Fig. 3.4), utilizando o método rot-up, na qual 100 gramas de cada amostra foram peneiradas usando-se um conjunto de 10 peneiras sucessivas, com as seguintes espessuras de malha: 2 mm, 1,4 mm, 1 mm, 0,75 mm, 0,5 mm, 0,355 mm, 0,25 mm, 0,18 mm, 0,12 mm, 0,09 mm e 0,063 mm. Cada amostra é despejada na parte superior da coluna de peneiras e agitadas pelo vibrador automático do aparelho durante 15 minutos. Após este tempo, o material que fica retido entre as peneiras é retirado e em seguida cada uma das frações granulométricas é pesada. 17

29 Capítulo 3 Materiais e Métodos Figura 3.4: Peneiramento a seco. Para os cálculos estatísticos e classificação textural foi utilizado o software Sistemas de Análise Granulométrica - SAG (Dias e Ferraz, 2004), desenvolvido pelo Lagemar/Universidade Federal Fluminense, no qual os parâmetros estatísticos e classificações texturais são baseados no método de Folk (1974), e classificações faciológicas de Shepard (1954), Larsonneur (1977), Folk (1954) e Dias (1996). A classificação aqui utilizada para a caracterização faciológica foi a de Freire et al. (1997) adaptada de Dias (1996) e modificada por Vital et al. (2005) (Fig. 3.5). Para esta classificação são utilizadas as porcentagens de sedimentos finos e grossos associadas às porcentagens do teor de carbonato de cálcio. Trata-se da classificação faciológica mais apropriada para a região de estudo, tendo em vista a constante presença de depósitos carbonáticos, formados por uma mistura biogênica/biodetrítica, constituída por fragmentos de algas calcárias, moluscos, ostracodes, briozoários e foraminíferos que ocorrem apenas nesta região da costa brasileira (Vital et al. 2005). 18

30 Capítulo 3 Materiais e Métodos Figura 3.5: Classificação faciológica de Freire et al. (1997) modificada por Vital et al. (2005). Legenda: L = Lama; Md = Mediana Métodos Estatísticos A análise estatística foi realizada a partir dos resultados da aplicação de técnicas de estatísticas univariadas e multivariadas aplicadas aos dados biológicos, a fim de avaliar a estrutura da comunidade e associado às variáveis ambientais que poderão fornecer dados a serem utilizados na comparação regional de associações de foraminíferos Técnica Estatística Univariada Esta análise gera resultados relativos aos índices ecológicos de dominância, equitatividade e diversidade, e a sua escolha se deve à boa efetividade quando utilizadas em conjunto para avaliar mudanças na estrutura da comunidade. O índice de diversidade de Shannon Wiener na base 10 (Newman, 1995), o índice de dominância de Simpson (Zar, 1984) e o índice de equitatividade de Pielou na base 10 (Zar, 1984) foram 19

31 Capítulo 3 Materiais e Métodos calculados usando-se o programa Primer desenvolvido na Universidade de Plymouth (Clarke e Warwick, 1994) Técnica Estatística Multivariada Esta análise permite considerar as alterações relacionadas à várias propriedades simultaneamente como profundidade, teor de CaCO 3, temperatura, salinidade e distribuição do tamanho de partículas dentro do sedimento. Neste procedimento foram aplicadas análises descritivas de PCA, Cluster, MDS e Best através do programa PRIMER da Universidade de Plymouth, descritos em Clarke & Warwick (1994). Com a análise de PCA (Principal Component Analysis) foi possível agrupar graficamente as estações de acordo com os principais componentes abióticos que as caracterizam. A análise de cluster leva em consideração o grau de similaridade entre as espécies ou entre as estações resultando em dendogramas de similaridade. A análise MDS (Multi Dimensional Scaling), produz um ''mapa'' de amostras em que a posição das amostras reflete a similaridade das suas comunidades biológicas e padrões ambientais, ao invés de sua localização geográfica simples (Eichler et. al., 2012).E o método de análise BEST (Clarke and Ainsworth, 1993) permite combinar um conjunto de dados a fim de encontrar a melhor combinação entre os parâmetros multivariados das assembleias Índice de Foram (FORAM INDEX FI) Hallock et al (2003) desenvolveram o chamado FORAM INDEX (Foraminifera in Reef Assessment and Monitoring) que proporciona uma ferramenta numérica para avaliar se a qualidade de água no ambiente é adequada para suportar a mixotrofia como o modo nutricional dominante no ecossistema. Este índice é baseado em grupos funcionais de foraminíferos: foraminíferos com algas simbióticas (Ps), oportunistas (Po) e outros taxa com foraminíferos pequenos (Ph). Esse índice foi aplicado nas amostras de Pirangi e Açu, tendo-se que FI = (10 x Ps + Po + (2 x Ph), em que resultado maior que 4 é indicativo de ambiente que conduz ao crescimento do recife; valores entre 2 e 4 representam ambiente não muito adequado 20

32 Capítulo 3 Materiais e Métodos para crescimento de recife de coral após evento de stress; valores mais baixos que 2 representam condições estressantes para crescimento de recife de coral. Os foraminíferos que possuem simbiose com algas encontrados nos recifes da costa do estado do Rio Grande do Norte são 7 espécies (Fig. 3,6): Amphisorus hemprichii, Amphistegina gibbosa, Archaias angulatus, Borelis schlumbergeri, Heterostegina antillarum, Laevipeneroplis proteus, Peneroplis carinatus. Figura 3.6: Foraminíferos que possuem simbiose com algas encontrados nos recifes da costa do RN. 1) Amphistegina gibbosa, 2) Amphisorus hemprichii, 3) Archaias angulatus, 4) Borelis schlumbergeri, 5) Heterostegina depressa, 6.) P eneroplis carinatus 7) Laevipeneroplis proteus. 21

33 Capítulo 4 Resultados Capítulo 4 Resultados 4.1 Plataforma interna adjacente a área recifal da praia de Pirangi Dados Físicos da Água Os dados de perfilagem de CTD de 2013 foram coletados em profundidade que varia de 0,7 a 13,5 m, apresentando valores de temperatura com pouca variação (28,1 a 28,4 C), salinidade variando de 35 a 36 ups e oxigênio dissolvido variando entre 5,01 a 6,54 mg/l (Tab. 4.1). Os dados coletados em 2014 mostram profundidade de 1 a 4 m, temperatura de 23,3 a 23,9 C, salinidade de 36 ups em todas as estações e valores de oxigênio dissolvido variando 7,31 a 8,70 mg/l (Tab.4.2). Profundidade, temperatura e salinidade mais altas foram encontradas em 2013 enquanto que os valores mais altos de oxigênio foram encontrados em Observa-se suaves diferenças de um ano para outro dos parâmetros abióticos, portanto, observamos similaridade das características hidrográficas entre as estações analisadas indicando um ambiente estável. Estação Profundidade (m) Temperatura ( C) Salinidade (ups) Oxigênio (mg/l) ,1 36 6,32 2 9,5 28,1 35 6, ,2 35 6, ,1 36 5,9 5 1,5 28,2 35 5, ,2 35 5,75 7 5,4 28,1 35 5, ,2 35 6, ,5 28,2 35 6, ,3 35 6, ,3 35 6, ,3 35 6, ,5 28,4 35 6, ,6 28,4 35 5, , , ,2 6, ,2 35 6,25 Tabela 4.1: Dados físicos da água coletados na campanha

34 Capítulo 4 Resultados Estação Profundidade (m) Temperatura ( C) Salinidade (ups) Oxigênio (mg/l) ,7 36 7, ,7 36 7, ,7 36 7, ,7 36 7, ,9 36 7, ,9 36 7, ,9 36 7, ,9 36 7, ,6 36 7, ,6 36 7, ,6 36 7, ,6 36 7, ,6 36 8, ,6 36 8, ,3 36 8, ,3 36 8, ,3 36 8, ,5 36 8, ,6 36 7, ,6 36 8, ,5 36 8, ,6 36 8,7 Tabela 4.2: Dados físicos da água coletados na campanha Dados Sedimentológicos Os resultados da análise das frações granulométricas das amostras de Pirangi 2013 foram representados em relação às proporções de cascalho (>2 mm), areia (2 0,0625 mm), silte (0,0625 0,0039 mm), argila (<0,0039 mm), teor de matéria orgânica (TMO) e carbonato de cálcio (CaCO 3 ) como mostra a Tabela 4.3. Com estes dados, foram gerados mapas de contorno com a distribuição textural dos sedimentos na área de estudo, com isto, observou-se que a fração cascalho está presente, predominantemente, na parte sul do recife, próxima de sua borda e também predomina na amostra 1, localizada na região mais distante da área recifal (Fig. 4.1). A fração areia aparece em uma proporção menor nas amostras da borda do recife enquanto nas regiões mais distantes do recife percebe-se uma considerável variação (Fig. 4.2). A fração silte tem baixa concentração em grande parte das amostras, tendo maior teor de silte nas amostras 7 e 21 (Fig. 4.3). Para a fração argila observam-se as maiores concentrações nas amostras 3, 7 e 29, sendo estas distantes do recife com exceção da amostra 29 localizada 23

35 Capítulo 4 Resultados a sudoeste do recife (Fig. 4.4). O teor de carbonato de cálcio com valores mais elevados (71,3 a 88,1%) ocorrem nas amostras 10, 11, 17, 18, 27 e 28 enquanto que nas demais amostras os teores distribuem-se de maneira mais uniforme. Os teores mais baixos de CaCO 3 são encontradas nas amostras 2 e 8, relativamente distantes do corpo recifal (Fig. 4.5). Com relação à matéria orgânica, observa-se que a amostra 22 se destaca por possuir o teor de matéria orgânica mais elevado (14,6%) enquanto as demais amostras apresentam valores variando de 0,2 a 11,7% (Fig. 4.6). Estação Cascalho (%) Areia (%) Silte (%) Argila (%) TMO (%) Caco3 (%) Tabela 4.3: Porcentagem das frações granulométricas em cada estação. 24

36 Capítulo 4 Resultados Figura 4.1: Distribuição da fração cascalho. Figura 4.2: Distribuição da fração areia. 25

37 Capítulo 4 Resultados Figura 4.3: Distribuição da fração silte. Figura 4.4: Distribuição da fração argila. 26

38 Capítulo 4 Resultados Figura 4.5: Distribuição da fração carbonato de cálcio. Figura 4.6: Distribuição da fração matéria orgânica. 27

39 Capítulo 4 Resultados Dados Foraminíferos Indíces Ecológicos Os dados de índices ecológicos foram baseados na tabela de frequência absoluta de foraminíferos (Tab. 4.4 e Tab. 4.5) Pirangi 2013 e Os índices de diversidade e dominância são eficazes quando utilizados em conjunto para avaliar as mudanças na estrutura da comunidade (Eichler et. al., 2012). O índice de diversidade de Shannon- Wiener e índice de dominância de Simpson (Zar, 1984) foram calculados usando-se o programa Primer desenvolvido na Universidade de Plymouth (Clarke e Warwick, 1994). Estes cálculos estatísticos geraram as tabelas referente às duas campanhas realizadas. Para a campanha de 2013 (Tab. 4.4), o número de espécies (S) de foraminíferos varia de no mínimo 2 espécies (amostra 8) ao máximo de 15 espécies (amostras 15 e 16), e quanto ao número de indivíduos (N), tem-se a amostra 30 com a maior quantidade de indivíduos correspondendo a foraminíferos e a menor quantidade na amostra 28 com 64 foraminíferos. Para a campanha de 2014 (Tab. 4.5), o número de espécies (S) de foraminíferos varia de no mínimo 2 espécies (amostra 14) ao máximo de 14 espécies (amostra 4) e quanto ao número de indivíduos (N), tem-se a amostra 7 com a maior quantidade de indivíduos correspondendo a 7936 foraminíferos e a menor quantidade na amostra 13 com 36 foraminíferos. A partir dos resultados dos cálculos estatísticos foi possível obter valores referentes aos índices de equitatividade, diversidade e dominância para as duas campanhas realizadas (Tab. 4.6 e Tab 4.7). Analisando estes resultados, observa-se baixa variação destes valores e, em geral, as amostras de 2014 apresentam maior diversidade em relação às amostras do ano de E que as espécies dominantes em ambos os períodos de coleta são a Quinqueloculina lamarckiana seguido por Amphistegina gibbosa. 28

40 Capítulo 4 Resultados Pirangi Quarteamento Ammonia tepida Amphisorus hemprichii * Amphistegina gibbosa * Bolivina brevior Cornuspira involvens Cornuspira planorbis Cymbaloporetta sp Discorbinella floridensis Elphidium excavatum Elphidium poeyanum Elphidium sagrum Eponides antillarum Hauerina atlantica Heterostegina antillarum * Homotrema rubra Miliolinella subrotunda Nonionoides grateloupii Patellina corrugata Poroeponides lateralis Pyrgo comata Pyrgo ringens Pyrgo subsphaerica Quiqueloculina crassicarinata Quiqueloculina laevigata Quiqueloculina lamarckiana Quiqueloculina patagonica Quinqueloculina philippinensis Quiqueloculina polygona Siphogenerina raphana Siphonina retiulata Spiroloculina antillarum Triloculina trigonula TOTAL Tabela 4.4: Tabela de frequência absoluta de Pirangi

41 Capítulo 4 Resultados Pirangi Quarteamento Ammonia tepida Amphisorus hemprichii * Amphistegina gibbosa * Archaias angulatus* 1 Bolivina brevior Borelis schlumbergeri * Cornuspira involvens 1 1 Cornuspira planorbis Cymbaloporetta sp. 1 3 Discorbinella floridensis Elphidium excavatum 1 Elphidium poeyanum Elphidium sagrum Fursenkoina pontoni 1 Eponides antillarum 3 Hauerina atlantica Homotrema rubra Heterostegina antillarum* 4 Miliolinella subrotunda Nonionoides grateloupii Patellina corrugata Peneroplis carinatus * Poroeponides lateralis Pyrgo comata Pyrgo ringens 1 Pyrgo subsphaerica Pseudononion atlanticum 1 Quiqueloculina crassicarinata 4 Quiqueloculina laevigata Quiqueloculina lamarckiana Quiqueloculina patagonica Quinqueloculina philippinensis Quiqueloculina polygona Siphogenerina raphana Siphonina retiulata 1 2 Spiroloculina antillarum Triloculina trigonula Uvigerina peregrina TOTAL COUNTED Tabela 4.5: Tabela de frequência absoluta de Pirangi

42 Capítulo 4 Resultados Pirangi 2013 Estação S N J' H'(loge) Lambda Tabela 4.6: Número de espécies (S), número de indivíduos (N), Equitatividade (J), diversidade (H ) Dominância (lambda) para Pirangi 2014 Estação S N J' H'(loge) Lambda Tabela 4.7: Número de espécies (S), número de indivíduos (N), Equitatividade (J), diversidade (H ) Dominância (lambda) para MDS Aplicando-se a análise MDS (Multi Dimensional Scaling), pôde-se agrupar as amostras de forma que a posição reflete a similaridade das suas comunidades biológicas e padrões ambientais, ao invés de sua localização geográfica simples. A partir da aplicação do MDS nas amostras Pirangi 2013, observou-se 4 agrupamentos de estações (Fig. 4.7), sendo o grupo (I) 2, 28; o grupo (II) 11, 8; o grupo (III) 1, 3, 9, 10, 12, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 30 e o grupo (IV) 7, 15, 16, 17, 18, 10,27, 29. E para a campanha de Pirangi 2014 tem-se a formação dos seguintes grupos (Fig. 4.8): grupo (I) 2, 15, 22; 31

43 Capítulo 4 Resultados grupo (II) 2, 6, 7, 11, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 24, 25; grupo (III) 3, 5, 8, 9, 10 e grupo (IV) 13, 14, 23. Figura 4.7: Grupos de estações formados a partir da análise MDS, referente à campanha Pirangi

44 Capítulo 4 Resultados Figura 4.8: Grupos de estações formados a partir da análise MDS, referente à campanha Pirangi PCA A análise de componente principal (PCA) aplicada aos dados abióticos mostrou que os eixos PC1 e PC2 são os mais relevantes para esta análise, onde se observa que 67,7% de correlação (Tab. 4.8) é explicada pelas variáveis utilizadas em Pirangi A análise revela que as estações 17 e 27 tem maior influência da fração cascalho, as estações 17, 27, 28 e 18 têm o maior percentual de CaCO 3, a estação 22 têm maior percentual de areia associado a uma maior profundidade, enquanto as estações 7 e 29 têm o maior percentual de silte, argila e matéria orgânica (Tab. 4.9, Fig.4.9). 33

45 Capítulo 4 Resultados PC Autovalores Variação % Variação Cum. % 1 2,6 37,1 37,1 2 2,14 30,6 67,7 3 1,11 15,8 83,5 4 0,723 10,3 93,8 5 0,41 5,9 99,7 Tabela 4.8: Variação cumulativa das variáveis abióticas que explicam as variáveis abióticas. Variáveis PC1 PC2 PC3 PC4 PC5 Cascalho (%) , Areia (%) 0, ,295 0,108 0,183 Silte (%) ,082 0,136 Argila (%) ,155 0,207 TMO (%) , CaCO 3 (%) ,489 0, ,725 Profundidade (%) 0, ,365 Tabela 4.9: Valores do eixo PCA para as variáveis abióticas. Figura 4.9: Gráfico da análise de PCA de acordo com os valores de PC1 e PC2. 34

46 Capítulo 4 Resultados BEST A partir desta análise revela-se que a fração cascalho é a variável que melhor se correlaciona com a abundância de foraminíferos seguido da fração areia; e que a variável com menor responsabilidade na variabilidade das espécies é a profundidade. Índice Foram (FI) e CLUSTER Os resultados do Foram Index (Tab e 4.11) associados à análise de Cluster na matriz de similaridade aplicada aos dados biológicos, permitiram a formação de dendrogramas com base no grau de similaridade entre as estações (Fig. 4.5), o que levou a condução desta interpretação dos resultados. 35

47 Capítulo 4 Resultados Pirangi 2013 Espécies simbiontes Oportunistas taxa menores Total Foraminíferos Proporções FI Quantidade Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Valores FI Maior que 4 Indicativo de um ambiente propício ao crescimento do recife Entre 2 e 4 ambiente não muito adequado para crescimento de recife de coral ap Maior que 2 Conditions estressantes para cresciento do recife Tabela 4.10: Dados referentes ao Foram Index para Pirangi As cores róseo, amarelo e azul representam os valores para o FI. 36

48 Capítulo 4 Resultados Pirangi 2013 Espécies simbiontes Oportunistas taxa menores Total Foraminíferos Proporções FI Quantidade Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Foraminíferos Proporções FI Valores FI Maior que 4Indicativo de um ambiente propício ao crescimento do recife Entre 2 e 4 ambiente não muito adequado para crescimento de recife de coral após Maior que 2 Conditions estressantes para cresciento do recife Tabela 4.11: Dados referentes ao Foram Index para Pirangi As cores róseo, amarelo e azul representam os valores para o FI. 37

49 Capítulo 4 Resultados Para a campanha Pirangi 2013, o dendrograma apresentou quatro agrupamentos (Fig. 4.10). O grupo I: (2 e 28) e grupo II (8 e 11) formado por estações com menor número de indivíduos, espécies não simbiônticas, possuem FI inferior a 2, sugerindo ambiente estressante para o crescimento do recife; Grupo III (1, 3, 9, 10, 12, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 30), estas estações possuem diversidade média, possuindo maior proporção de espécies simbiônticas; e o grupo IV (7, 15, 16, 17, 18, 20, 27, 29) que possuem as estações mais profundas e maior número de espécies, neste grupo destaca-se as estações (17 e 18), onde Amphiporus hemprichii tem maiores proporções. Tanto o grupo III quanto o grupo IV possuem valores de FI entre 2 e 4, que pode ser interpretado como um ambiente inadequado para o crescimento saudável do recife e para recuperação após eventos de estresse. Neste contexto, os dados mostraram que Quinqueloculina lamarckiana é dominante nas estações com FI menor que 2 e Amphistegina gibbosa nas estações com FI entre 2 e 4. Figura 4.10: Análise de cluster mostrando a relação dos agrupamentos valores de FI referente a Pirangi com 38

50 Capítulo 4 Resultados No caso de Pirangi 2014, o dendrograma gerou quatro grupos (Fig. 4.11). O Grupo I (12, 15, 22) e Grupo III: (3, 5, 10, 8, 9) com FI maior do que 4 que é indicativo de um ambiente propício ao crescimento do recife. Grupo II: (21, 11, 20, 7, 2, 6, 24, 25, 16, 19, 17, 18) com FI superior a 2 (indicativo de um ambiente propício para o crescimento do recife e meio ambiente marginal para do crescimento recife que não é adequado para a recuperação após eventos de estresse). Grupo IV (13, 14, 23) é composto por uma mistura de FI superior a 4, indicativo de um ambiente propício ao crescimento do recife e inferior a 2, sugerindo condições de tensão para o crescimento do recife. A posição das estações 1 e 4 por si só, não formam nenhum grupo. Foi observado maior FI em 2014 do que 2013 e dominância de Quinqueloculina lamarckiana em locais com FI menor que 2, Homotrema rubra em locais com FI entre 2 e 4, e a presença de Amphistegina gibbosa e Borelis schumberger em locais com FI maior que 4. Podemos observar também que o FI é menor em área turística visitada por barcos e onde as pessoas podem nadar mergulhar e andar sobre os recifes. Figura 4.11: Análise de cluster mostrando a relação dos agrupamentos com valores de FI referente a Pirangi

51 Capítulo 4 Resultados A representação de dados FI na figura 4.7 mostra que amostras foram coletadas ao redor do recife, já que a maioria da área recifal de Pirangi emerge e está mais exposta ao ar. Valores de FI mais elevados foram encontrados em 2014, em sua maioria na parte sul nas áreas backreef menos expostos a energia das ondas (Fig. 4.12). Figura 4.12: Valores de FI para 2013 e Plataforma externa adjacente a área recifal do vale inciso do Rio Açu Dados Físicos da Água Os dados abióticos hidrográficos (Tab. 4.12) foram coletados em uma profundidade de 21,6 a 56,7 metros, a temperatura apresenta valores muito próximos (em média 27 C), sendo os valores mais altos na região mais distal. Quanto à salinidade 40

52 Capítulo 4 Resultados não foram observadas variações significantes dos valores obtidos e também não foi verificado a existência de um padrão de distribuição desses valores na área de estudo. Estação Profundidade (m) Temperatura ( C) Salinidade (ups) AR-01 31,31 27,34 36,18 AR-02 30,30 27,32 36,19 AR-03 28,51 27,30 35,99 AR-04 28,90 27,26 36,21 AR-09 32,22 27,21 36,20 AR-10 33,80 27,32 36,19 AR-11 34,49 27,30 36,18 AR-12 36,27 27,30 36,21 AR-13 38,66 27,34 36,15 AR-14 44,12 27,34 36,19 AR-15 44,23 27,34 36,17 AR-16 40,54 27,32 36,21 AR-17 32,48 27,40 36,18 AR-18 33,40 27,38 36,19 AR-19 56,75 27,40 36,16 AR-28 47,74 27,37 36,17 AR-30 43,61 27,36 36,18 AR-31 37,26 27,34 36,17 AR-34 28,27 27,33 36,15 AR-35 30,61 27,27 36,21 AR-36 27,44 27,26 36,20 AR-39 38,92 27,32 36,05 AR-40 47,04 27,33 36,15 AR-41 37,05 27,34 35,57 AR-43 34,45 27,34 36,17 AR-44 32,63 27,34 35,98 AR-45 21,56 27,31 36,10 AR-47 23,15 27,32 36,14 Tabela 4.12: Dados abióticos hidrográficos das amostras do Açu. Dados Sedimentológicos Os resultados da análise sedimentológica (Tab. 4.13) revelou que o teor de matéria orgânica total (MOT) varia de 4% (amostra 19) a 9% (amostra 36), enquanto o teor de carbonato de cálcio (CaCO 3 ) mostra que 99,66% é o valor mais elevado (amostra 17) e 22,48% o valor mais baixo (amostra 4) encontrado nas amostras. 41

53 Capítulo 4 Resultados Em relação às frações granulométricas, observou-se a ausência de argila, enquanto silte ocorre em pequena proporção para todas as amostras, enquanto cascalho é predominante na maior parte das amostras, seguido de areia fina. Estes dados granulométricos associados aos teores de carbonato de cálcio permitiu a classificação textural das amostras baseadas na classificação de Freire et al. (1997) modificada por Vital et al. (2005), sendo esta considerada a classificação mais apropriada para análise de fácies sedimentares da plataforma continental, utilizando as percentagens de sedimentos finos e grossos associado às percentagens de teor de carbonato de cálcio. Foram identificadas 3 fácies sedimentares, areia bioclástica com grânulos e cascalho corresponde a mais da metade das amostras analisadas (amostras 1, 2, 3, 28, 30, 31, 34, 35, 36, 39, 40, 41, 43, 44, 45 e 47), seguido de areia bioclástica (amostras 4, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 19) e cascalho bioclástico (amostra 17 e 18). Estas feições sedimentares estão representadas no mapa de feições texturais (Fig. 4.13), o qual revela que a bordas oeste e leste do vale inciso, são caracterizadas por areia bioclástica com grânulos e cascalho, enquanto o interior do vale inciso é composto por areia bioclástica em maior parte de sua extensão e por cascalho bioclástico na porção mais distal, próximo ao talude continental. 42

54 Capítulo 4 Resultados Amostras Cascalho (%) Areia muito grossa (%) Areia grossa (%) Areia média (%) Areia fina (%) Areia muito fina (%) Silte (%) Arqila (%) CaCO3 (%) MOT (%) Classificação Textural 1 43,79 23,87 15,45 7,84 4,39 2,57 2,09 0,00 99,39 8 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 2 33,75 29,81 25,66 7,18 2,15 0,68 0,78 0,00 99,50 6 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 3 29,76 32,13 22,81 9,94 3,91 1,01 0,44 0,00 98,30 7 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 4 4,89 1,97 3,59 18,23 62,20 6,90 2,22 0,00 22,48 3 Areia bioclástica 9 0,50 2,08 2,70 2,90 34,11 49,08 8,64 0,00 81,79 6 Areia bioclástica 10 0,07 0,57 1,93 6,67 44,44 40,47 5,86 0,00 82,81 5 Areia bioclástica 11 0,37 2,29 2,94 5,68 41,12 41,43 6,17 0,00 78,85 7 Areia bioclástica 12 0,29 0,86 2,43 4,15 44,43 39,30 8,53 0,00 86,17 8 Areia bioclástica 13 5,14 7,46 20,31 27,34 22,42 13,64 3,68 0,00 91,75 7 Areia bioclástica 14 0,03 0,50 3,41 5,68 36,58 47,20 6,60 0,00 86,25 7 Areia bioclástica 15 0,73 2,85 4,66 7,12 32,31 46,70 5,63 0,00 85,74 6 Areia bioclástica 16 11,98 9,46 9,44 11,85 25,84 23,71 7,72 0,00 88,69 8 Areia bioclástica 17 52,92 26,59 13,50 4,42 1,57 0,54 0,45 0,00 99,66 5 Cascalho bioclástico 18 70,24 8,76 6,93 4,44 4,02 3,71 1,90 0,00 98,25 8 Cascalho bioclástico 19 7,68 12,56 19,19 20,26 27,27 11,47 1,57 0,00 75,93 4 Areia bioclástica 28 16,53 22,05 36,07 14,80 4,55 4,55 1,45 0,00 98,67 6 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 30 24,27 33,94 27,51 9,71 2,57 1,63 0,37 0,00 95,99 7 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 31 36,07 12,34 13,09 22,87 10,18 3,39 2,07 0,00 89,37 5 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 34 43,29 24,95 13,32 10,26 5,75 1,64 0,79 0,00 98,43 7 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 35 28,97 21,21 12,24 9,55 9,08 11,00 7,94 0,00 77,36 6 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 36 54,01 19,17 8,46 4,93 3,31 6,86 3,26 0,00 95,22 9 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 39 31,72 14,31 14,18 8,03 8,27 12,26 11,22 0,00 97,01 7 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 40 36,31 16,58 17,14 8,98 7,53 8,18 5,28 0,00 97,58 8 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 41 25,70 17,21 17,66 9,52 7,45 16,29 6,17 0,00 95,77 7 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 43 21,73 24,47 24,55 12,25 13,67 2,16 1,17 0,00 94,25 6 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 44 23,91 14,00 11,38 14,49 26,67 7,56 1,98 0,00 86,97 6 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 45 18,86 16,17 31,69 23,14 7,38 1,96 0,79 0,00 84,74 6 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos 47 34,34 22,43 28,37 11,09 1,16 2,37 0,24 0,00 96,79 7 Areia bioclástica com grânulos e cascalhos Tabela 4.13: Porcentagem das frações granulométricas, teor de carbonato de cálcio (CaCO3), teor de matéria orgânica (MOT) e sua respectiva classificação textural (Freire et al. (1997) modificada por Vital et al. (2005)). 43

55 Capítulo 4 Resultados Figura 4.13: Mapa da distribuição textural dos sedimentos de acordo com a classificação textural de Freire et al. (1997) modificada por Vital et al. (2005). Índices Ecológicos Aplicando-se cálculos estatísticos aos valores da tabela de frequência absoluta (Tab. 4.14) obteve-se os índices ecológicos em cada porção da área estudada, como apresentado na tabela 4.15, o número de espécies (S) de foraminíferos varia de no mínimo 8 (amostra 4) ao máximo de 23 (amostra 18), enquanto a quantidade de indivíduos (N) é maior na amostra 3 com 272 indivíduos no total e o menor valor 44

56 Capítulo 4 Resultados encontra-se na amostra 40 que possui 182 indivíduos. Os valores relativos à equitatividade (J), diversidade (H ) e dominância (Lambda) variam pouco entre as estações analisadas. Apesar disto, percebe-se que a amostras do vale inciso possuem menor número de indivíduos, porém com maior variedade de espécies, apresentando alta diversidade e baixa dominância em relação às porções leste e oeste. 45

57 Capítulo 4 Resultados Frequência Absoluta Espécies de Foraminíferos Estação 1 Estação 2 Estação 3 Estação 4 Estação 9 Estação 10 Estação 11 Estação 12 Estação 13 Estação 14 Estação 15 Estação 16 Estação 17 Estação 18 Estação 19 Estação 28 Estação 30 Estação 31 Estação 34 Estação 35 Estação 36 Estação 39 Estação 40 Estação 41 Estação 43 Estação 44 Estação 45 Estação 47 Amphisorus hemprichii Amphistegina gibbosa Archaias angulatus Bolivina striatula Borelis melo Borelis schlumberg Borelis sp Cassidulina subglobosa Cornuspira involvens Discorbis sp Gypsina vesiculares Elphidium sp Fursenkoina pontoni Plânctonico Hanzawaia Hanzawaia boueana Heterostegina depressa Laevipeneroplis proteus Lagena sp Miliolinella subrotunda Oolina universa Patellina corrugata Peneroplis carinatus Peneroplis sp Poroeponides lateralis Pyrgo sp Pyrgo nasuta Pyrgo ringens Pseudononion atlanticum Quiqueloculina angulata Quiqueloculina intricata Quiqueloculina costata Quiqueloculina lamarckiana Quiqueloculina patagonica Quiqueloculina polygona Quiqueloculinna sp Wiesnerella sp Robulus sp Rosalina sp Spiroloculina depressa Textularia earlandi Triloculina trigonula Trocamina ocracea Total Tabela 4.14: Número total de foraminíferos para cada amostra. 46

58 Capítulo 4 Resultados Oeste Estação S N J' H'(loge) Lambda Média Vale inciso Estação S N J' H'(loge) Lambda Média Leste Estação S N J' H'(loge) Lambda Média Tabela 4.15: Quadro com os índices ecológicos na qual estão representados o número de espécies (S), número de estações (N), Equitatividade (J), diversidade (H ) e Dominância (Lambda) das três porções da área. 47

59 Capítulo 4 Resultados O vale inciso, caracterizado por areia bioclástica, tem como especies dominantes em maior parte das estações a Quiqueloculina lamarckiana seguido da Amphistegina gibbosa; na porção leste, caracterizado por areia bioclástica com grânulos e cascalho, as especies dominantes foram a Amphistegina gibbosa, Patellina corrugata e Peneroplis carinatus equanto na porção oeste, caracterizada por areia bioclástica com grânulos e cascalho, Amphistegina gibbosa é dominante em grande parte das estações, seguido da Quiqueloculina Lamarckiana. MDS A aplicação da análise MDS permitiu a formação de 3 grupos (Fig. 4.14), o grupo I (9, 10, 11, 12, 12, 14, 15, 16, 18, 35, 36, 40, 41, 43, 44) formado em sua maioria por amostras do canal, possuem em geral areia bioclástica fina e maior diversidade de foraminíferos; o grupo II inclui as estações 4 e 31 localizada do lado oeste e leste do canal respectivamente, sendo composta por areia bioclástica com grânulos e cascalho; o grupo III (1, 2, 3, 17, 19, 28, 30, 34, 39, 45, 47) possui mais da metade de suas amostras situadas na margem oeste caracterizada por areia bioclástica com grânulos e cascalho e menor diversidade de foraminíferos. Figura 4.14: Grupos de estações formados a partir da análise MDS. 48

60 Capítulo 4 Resultados Cluster Esta análise permitiu a formação de 4 agrupamentos (Fig. 4.15), o grupo I (9, 10, 11, 12, 14, 15, 16, 36) formado pelas mesmas amostras que compõem os grupos I e II da análise MDS (exceto a amostra 34), é composto principalmente pelas amostras coletadas no vale inciso que em geral apresentam maior diversidade de espécies de foraminíferos, o grupo II (13, 18, 19, 34, 35, 40, 41, 43, 44) é composto em parte por amostras do vale inciso e por amostras da porção oeste, sendo apenas uma destas amostras localizadas na porção leste, sendo esta a região onde se identificou baixa diversidade de foraminíferos, o grupo III possui as amostras 4 e 31 nas porções oeste e leste, respectivamente, ambas estão associadas a areia bioclástica com granulos e cascalho; e o grupo IV (1, 2, 3, 17 28, 30, 39, 45, 47) coincide com o grupo 3 da análise MDS e contém a maioria das amostras da porção oeste. Figura 4.15: Grupos de estações formados à partir da análise cluster. 49

61 Capítulo 4 Resultados PCA A análise de componente principal (PCA) aplicada aos dados abióticos revelou que os dados de PC1 e PC2 são os mais relevantes para esta análise, apresentando 59,6% de correlação (Tab. 4.16) baseado nas variáveis utilizadas (Tab. 4.17). O gráfico (Fig. 4.16) mostra que as amostras (9, 10, 11, 12, 14, 15) possuem maior influência de areia muito fina, a amostra 19 sofre maior influência da areia média e da profundidade, a amostra 13 maior influência de silte e matéria orgânica, também se observa que a maioria das amostras (1, 3, 17, 18, 28, 30, 31, 34, 35, 36, 39, 40, 41, 43, 44, 47) sofre influência mais expressiva das variáveis matéria orgânica, carbonato e cascalho. PC Autovalor % Variação % Variação Cumulativa Tabela 4.16: Quadro com gerado pelo PCA, destacando a boa variação cumulativa de PC2 (em vermelho). Variável PC1 PC2 Profundidade (m) Temperatura ( C) Salinidade (psu) Carbonato % Matéria Orgânica % Cascalho Areia muito grossa Areia grossa Areia média Areia fina Areia muito fina Silte Tabela 4.17: Valores de PC1 e PC2 para as variáveis utilizadas. 50

62 Capítulo 4 Resultados Figura 4.16: Gráfico da análise de PCA de acordo com os valores de PC1 e PC2. Best Esta análise revela que a variável que melhor influencia na abundância de foraminíferos é a profundidade, seguido da temperatura enquanto que a variável que menos influencia na variabilidade das espécies é a fração silte (Tab. 4.18). Variavéis 1 Profundidade (m) 2 Temperatura ( C) 3 Salinidade (psu) 4 Carbonato % 5 Matéria Orgânica % 6 Cascalho 7 Areia muito grossa 8 Areia grossa 9 Areia média 10 Areia fina 11 Areia muito fina 12 Silte Tabela 4.18: Resultado da análise Best, na qual mostra as variáveis que mais influenciam na abundância de foraminíferos. 51

63 Capítulo 5 Discussão Capítulo 5 Discussão O ambiente recifal de Pirangi apresenta em geral uma fauna diversa composta por espécies de foraminíferos oportunistas, espécies com algas simbiontes e outros gêneros de tamanhos pequenos, onde a espécie dominante é Quinqueloculina lamarckiana seguida por Amphistegina gibbosa, sendo, portanto, um ambiente propício para aplicação do Índice Foram (FI) formulado por Hallock et al. (2003). As análises univariadas, através dos índices ecológicos (equitatividade, diversidade e dominância) mostraram que, em geral, as amostras de 2014 são mais diversas e mais estáveis, com menor dominância de espécies oportunistas do que Esse fato pode ter sido devido à nossa intenção de coletar em 2014, apenas em locais já conhecidos por terem tido maior diversidade de espécies no ano de As análises multivariadas (PCA, Cluster, MDS e BEST) revelaram que a fração cascalho é a variável que melhor se correlaciona com as espécies de foraminíferos seguidas pela fração areia. Foi observado também que a variável com menor responsabilidade na variabilidade das espécies é a profundidade. Portanto, a distribuição e dispersão das espécies estão fortemente ligadas a hidrodinâmica, como visto por Narayan & Pandolfi (2010) em um ambiente estuarino. O índice FI tem sido usado com sucesso em estudos ambientais de recifes de coral (relacionados com a eutrofização) em diversas regiões, por exemplo, ao largo das costas da Flórida (Hallock et al, 2003; Carnahan et al, 2009), Porto Rico (Hallock et al 2003), Colômbia (Velásquez et al, 2011), Austrália (Schueth e Frank, 2008; Uthicke e Nobes, 2008; Narayan e Pandolphi, 2010; Uthicke et al, 2010), e Kiritimati / Ilha Christmas (Carilli e Walsh, 2012). No entanto, dois estudos da Indonésia (Natsir e Subkhan, 2011) e Fiji (Strotz nd Brock, 2006) não corroboram a relação entre maiores valores FI e crescimento de corais ou menor eutrofização. No primeiro caso, a tendência não é clara; no segundo, a relação é negativa. No Brasil, FI foi calculado em diversos estudos de foraminíferos, os resultados, em geral, não se encaixam no modelo estabelecido por Hallock et al. (2003) no sul do Golfo do México e Mar do norte do Caribe. Em Abrolhos, os valores relativamente baixos de FI são generalizados e sugerem uma deterioração da qualidade da água, embora as comunidades de corais possam ser prósperas em muitos locais de 52

64 Capítulo 5 Discussão amostragem, em contraste, os valores elevados FI foram encontrados em alguns locais de baixa cobertura de coral, mas com alta cobertura de macroalgas (Barbosa et al., 2009). Tais anomalias também foram encontradas em outros estudos de recifes de Abrolhos por Oliveira-Silva et al. (2012) e Barbosa et al. (2012). Eles sugerem que sedimento retrabalhado pode disfarçar FI, de modo que, em alguns casos, a causa esteja relacionada à cobertura de coral (Barbosa et al., 2012). Uma investigação das tendências históricas de FI no norte da Bahia (Kelmo e Hallock, 2013) não foi direcionada para avaliação da saúde dos recifes de coral, mas demonstrou a utilidade do índice em detectar alterações ambientais relacionadas com os eventos El Niño. Como demonstrado por Barbosa et al. (2009), estudando recifes de diferentes regiões da costa Brasileira, nesta porção da plataforma estudada, as variáveis locais como elevada hidrodinâmica e outros processos de retrabalhamento, podem influenciar a ocorrência da fauna de foraminíferos. Então, este índice deve ser usado com cautela, pois a elevada ocorrência de foraminíferos simbiontes poderia levar à interpretação de alta qualidade da água, o que pode não ser verdade. Da mesma forma, baixos valores de FI se correlacionam com o sedimento fino (não é adequado para foraminíferos simbiônticos), e não com baixa qualidade da água para a sobrevivência do coral na área de Abrolhos, esses locais têm alta cobertura de corais (30-32 %) considerados como alguns dos melhores recifes do mundo (Barbosa et al, 2006;. Ferreira & Maida, 2006). Oliveira Silva et al. (2012) em estudo na área de Abrolhos e Corumbau, local onde as comunidades de coral são bem desenvolvidas, mostrou que as assembleias de foraminíferos estão fortemente ligadas a textura do sedimento, as algas e a cobertura de corais, o que influencia a proporção de grupos funcionais, apesar dos resultados de FI revelar que a qualidade da água pode estar em declínio. Na região de Abrolhos, como observado por Araújo & Machado (2008), os baixos índices de diversidade e equitatividade encontrados, explicam a dominância de Quiqueloculina e Amphistegina em estações rasas, baixa energia e aumento do FI. Estes resultados são diferentes dos encontrados por Schueth & Frank (2008) na Austrália em locais semelhantes, sugerindo que no Brasil a energia de deposição, além da profundidade, parece controlar a distribuição de espécies simbiônticas. Os resultados encontrados neste estudo confirmam esta hipótese, na qual se encontrou diversidade de espécies oportunistas e taxas menores, superior ao de espécies simbiônticas, indicando condições inadequadas para estes organismos calcificadores. 53

65 Capítulo 5 Discussão A aplicação do FI revelou que a qualidade da água dá suporte às comunidades bentônicas de simbiontes calcificadas na grande maioria dos ambientes estudados de Pirangi. Entretanto, observou-se um ambiente inadequado para crescimento dos recifes e difícil recuperação após eventos de estresse, de acordo com a interpretação do índice proposto por Hallock et al (2003). Então, nossos resultados concordam com Hallock, especialmente em locais de atividades turísticas, onde ocorre pisoteamento dos recifes. Ainda tentando investigar a plataforma continental do Rio Grande do Norte, o setor norte desta plataforma foi caracterizado por Vital (2010) e Gomes (2015b), onde se definiu as principais feições geomorfológicas e sedimentológicas, revelando novos micro-habitats até então desconhecidos, a partir daí novos estudos se mostraram necessários. Neste estudo, investiga-se a plataforma externa adjacente ao vale inciso do Rio Açu, para isso, definiu-se três pontos importantes para o estudo, porção leste, porção oeste e o interior do vale inciso. Estes três pontos estudados representam microhabitats singulares que apresentam feições sedimentologicas e biológicas distintas, onde pode-se observar a predominância de espécies simbiontes como Amphistegina gibbosa predominantemente nas bordas do canal e Quinqueloculina lamarckiana no interior do canal. Estudos anteriores no Caribe (Drooger e Kaasschieter, 1958; Wantland 1967, 1975; Brasier, 1975; Manning, 1985) mostram A. gibbosa (que tem maiores indivíduos), associados a sedimentação de partículas grossas, talvez como resultado de separação e tamanho por condições de turbulência característica de recifes (Brasier, 1975). De Araujo & Machado (2008) analisou amostras de fundo da região de abrolhos e observaram que um dos principais fatores para a distribuição das assembleias de foraminíferos bentônicos foi também o tamanho dos grãos, onde as espécies Amphistegina lessonii e Peneroloplis carinatus (espécies simbiônticas), mostram-se abundantes em sedimentos arenosos carbonáticos enquanto Ammonia beccarii e Quinqueloculina lamarckiana são mais abundantes em sedimentos com porcentagens misturadas de areia e lama composta de carbonato e material siliciclástico. Nossos resultados concordam com o exposto por De Araujo & Machado (2008), uma vez que pode-se obervar que a área do vale inciso é composto predominantemente por sedimentos finos (areia bioclástica) na qual apresenta dominância de espécies como a Quinqueloculina lamarckiana, espécie oportunista caracteristica de ambientes heterotróficos. Nas bordas do canal, observa-se predomínio de sedimentos mais grossos 54

66 Capítulo 5 Discussão (areia bioclástica com grânulos e cascalho) onde observa-se a dominância de espécies simbiônticas como Amphistegina gibbosa, caracterizando o local como ecologicamente saúdavel. Os estudos realizados por Araujo & Machado (2008) mostram que a distribuição das assembléias de foraminíferos, em geral, está fortemente correlacionada com tamanho dos grãos, porém alguns estudos como o realizado por Havach & Collins (1997) em diferentes habitats do Caribe, mostraram que as espécies que compõem as assembleias de foraminíferos, podem ter distribuição controlada por outros fatores (por exemplo, profundidade, temperatura). As análises multivariadas (PCA, Cluster, MDS e BEST) do presente estudo, como no estudo de Havach & Collins (1997), revelaram que o tamanho dos grãos não é o principal fator de distribuição das assembleias de foraminíferos, mostrando que a profundidade é a variável que melhor se correlaciona com as espécies de foraminíferos, seguida pela temperatura. Observou-se também que a variável com menor responsabilidade na variabilidade das espécies é a fração silte. Segundo De Araujo & Machado (2008), a hidrodinâmica, também é um componente importante, a qual remove a matéria orgânica e testas pequenas, sendo bastante relevante na diversidade e riqueza de espécies. Em áreas mais protegidas, entretanto, as condições hidrodinâmicas permitem o acumulo de sedimentos finos, matéria orgânica e diversas formas de foraminíferos. Estudos realizados por Ferreira (1980) em zonas intermarés no litoral de Salvador verificaram a relação entre os sedimentos finos e a diversidade observada na associação de foraminíferos e a consequente diminuição da diversidade em ambientes com grãos grossos onde há menor retenção de matéria orgânica. Araújo (2008) ratifica esta informação, afirmando que em sedimentos finos há alta diversidade em assembleia de foraminíferos e em sedimentos mais grossos com menor diversidade dominados por macroforaminíferos. Então, de acordo com o que foi exposto por De Araujo & Machado (2008), Ferreira (1980) e Araújo (2008), neste estudo, sugere-se que a diferença entre as assembleias do canal e das bordas possa estar relacionada ao fato de que o canal possui maior profundidade e está mais protegido, fazendo com que a entrada de luz e oxigênio seja limitada, assim dificultando a proliferação de espécies maiores, aliado a isto também se pode considerar que a matéria orgânica presente no canal, é melhor absorvida pelos grãos mais finos. Enquanto nas bordas do canal, região com 55

67 Capítulo 5 Discussão profundidade mais baixa, predominam macroforaminíferos, espécies características de ambientes recifais. 56

68 Capítulo 6 Conclusão Capítulo 6 Conclusão Em Pirangi, observou-se que as espécies de foraminíferos oportunistas foram dominantes principalmente nas estações costeiras e também na região onde ocorre o pisoteamento dos recifes pelos turistas. Estações mais profundas, em geral, apresentam apenas A. gibbosa, e a parte sul da área recifal apresenta A. gibbosa além de outras espécies de foraminíferos simbiontes. Amphisorus hemprichii são dominantes nas áreas mais internas dos recifes. De acordo com os resultados de FI, a avaliação da saúde ambiental mostra que a qualidade da água de Pirangi não é adequada para o crescimento dos recifes de corais. Observa-se também que a fauna de foraminíferos se correlaciona bem com frações grossas e areia, sendo a profundidade a variável que menos influencia, é também claro que a energia de deposição desempenha um papel importante no transporte e deposição de sedimentos e foraminíferos. A dominância de Quinqueloculina (heterotróficos) mostra mudanças que ainda precisam ser identificadas, devem estar ocorrendo na área e devem ser levadas em consideração em estudos futuros. Na plataforma externa adjacente ao valor inciso do Rio Açu, pode-se observar que as espécies oportunistas são dominantes na região do paleocanal do Rio Açu, onde há predominância de sedimento fino. Enquanto nas bordas do canal prevalecem assembléias de foraminíferos simbiônticos associado aos recifes. Estes resultados levaram a conclusão que as bordas do canal onde estão situados os recifes, têm uma qualidade ambiental maior mostrando-se um ambiente saudável que permite o desenvolvimento dos recifes. Existe uma diferença marcante em relação ao tamanho dos grãos, porém o estudo revelou que este não se mostrou como o fator determinante nesta mudança de assembleias, e que o fator chave para as diferentes assembleias é a profundidade. O estudo revela que avaliações de longo prazo são necessárias, a fim de melhorar o nosso conhecimento sobre a distribuição e importância ecológica dos foraminíferos em ambientes recifais brasileiros, bem como ampliar a aplicação do FI para monitoramento em larga escala deste e de outros ecossistemas recifais do Atlântico sudoeste. 57

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74 ANEXO I Artigo submetido à Revista Pesquisas em Geociências Título: Aplicação de foraminíferos de sedimentos marinhos na avaliação da qualidade ambiental na área dos Recifes de Pirangi (RN, Brasil)

75 1 Aplicação de foraminíferos de sedimentos marinhos na avaliação da qualidade ambiental na área dos Recifes de Pirangi (RN, Brasil) Application foraminifera from marine sediments in environmental quality assessment in the area of Pirangi Reefs (RN, Brazil) Diogo Santos de MOURA 1, Patricia Pinheiro Beck EICHLER 1,2, Moab Praxedes GOMES 1 & Helenice VITAL 1 (1) Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Campus Universitário, Caixa Postal 1596, CEP , Natal, RN, Brasil. diogo_geologia@hotmail.com. ( ² ) Universidade do Sul de Santa Catarina. Av. Pedra Branca, 25, Cidade Universitária, Palhoça, SC, CEP , Brasil. patriciaeichler@gmail.com.

76 2 Resumo O presente estudo pretende analisar a qualidade ambiental de microhabitats relacionada às condições oceanográficas físicas e sedimentológicas na plataforma interna adjacente a área recifal da praia de Pirangi (RN) em 2013 e 2014, visando caracterizar diferentes graus de poluição e contaminação orgânica, e o potencial de proliferação de organismos construtores dos recifes. Esta análise baseou-se principalmente na distribuição da comunidade de foraminíferos, em especial as espécies simbiônticas, relevantes, pois permitem a aplicação do Foram Index (FI). Esse índice (FI) baseado na proporção de foraminíferos com algas simbiônticas, espécies oportunistas e outras taxas com organismos pequenos. Foram coletas 55 amostras sedimentares e medidos temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido na coluna de água na região dos recifes,. Os índices ecológicos revelaram que as amostras de Pirangi 2014 são mais diversas e com menos espécies oportunistas que Estas espécies oportunistas foram dominantes principalmente nas estações costeiras onde ocorre o pisoteamento dos recifes pelos turistas. Os dados de foraminíferos correlacionados aos dados físicos da água e granulometria, revelam que a fração grossa é a variável que melhor se correlaciona com a abundância de foraminíferos. A avaliação da saúde ambiental baseada nos dados FI, revelou-se eficaz e seus resultados levaram a conclusão que a qualidade da água do Pirangi não é adequada para o crescimento de recife corais e que a presença de ambientes onde não haverá recuperação da comunidade de corais em caso de um evento estressante, é bem preocupante. Palavras chave: micro-habitat, sedimentologia. Abstract This study aims to analyze the environmental quality of microhabitats related to physical and sedimentological oceanographic conditions in the inner shelf adjacent to reef area of Pirangi beach (RN) in 2013 and 2014 to characterize different degrees of pollution and organic contamination, and the potential proliferation of building organisms of the reefs. This analysis was based mainly on the distribution of foraminifera community, especially the symbiotic species, relevant, as they allow the application of Foran Index (FI), which uses the ratio of foraminifera with symbiotic algae, opportunistic species and other taxa with small organisms. We have collected 55 sediment samples, and temperature, salinity and dissolved oxygen on the water column were recorded. The results of the ecological index revealed that samples from Pirangi 2014 are more diverse with less opportunistic species than These opportunistic species were dominant in coastal stations where the trampling of the reefs by tourists occurs. Foraminiferal data correlated to physical data of water and grain size show that coarse fraction is the variable that better correlates with the abundance of foraminifera. The evaluation of environmental health based on FI data, has proved its effectiveness and the results led to the conclusion that quality of Pirangi water is not suitable for the growth of coral reef and the presence of environments where there will be no recovery of the coral community in case of a stressful event, is very disturbing. Keywords: foraminifera, micro-habitat, sedimentology, reefs.

77 3 1 Introdução As áreas recifais do litoral do Rio Grande do Norte (RN) são refúgios para diversas espécies de animais marinhos e destacam-se por seu potencial para a atividade turística e da pesca. Porém, com o aumento da urbanização nas regiões costeiras, a presença da indústria e do turismo nas últimas três décadas, resultou num dramático aumento do suporte de nutrientes, da poluição industrial e de outros materiais nocivos no litoral do RN. Ambientes recifais submersos são extremamente sensíveis a estas atividades antrópicas, podendo sofrer impactos irreversíveis. Adicionalmente, as características oceanográficas físicas e sedimentares inter-relacionadas ao contexto recifal favorecem o desenvolvimento de um sistema com maior fragilidade ambiental. Diversos estudos utilizam os foraminíferos bentônicos como indicadores biológicos, visando caracterizar ecologicamente os diferentes ambientes bem como graus de poluição (Boltovskoy & Wright, 1976; Alve, 1991, 1995; Yanko et al., 1994; Culver & Buzas, 1995; Le Cadre & Debenay, 2006). O uso desses organismos para tais fins é recomendável por se tratarem de organismos de pouca movimentação, o que os tornam mais sensíveis aos distúrbios locais, recebendo os efeitos dos poluentes ao longo do tempo (Frontalini et al., 2009). Além disso, os foraminíferos bentônicos adaptam-se às condições locais ao longo do tempo refletindo-as no momento da amostragem (Sen Gupta & Machain-Castillo, 1993; Eichler et. al., 2008). Esses organismos também exibem uma estreita dependência com a composição do sedimento no qual acumulam substâncias contaminantes (Denne & Sen Gupta, 1989; Alve, 2003; Caruso et al., 2011; Eichler et. al., 2012). O objetivo deste trabalho é analisar a qualidade ambiental de microhabitats relacionada às condições oceanográficas físicas e sedimentológicas na plataforma interna adjacente a área recifal da praia de Pirangi (RN). Foram analisados dados sedimentológicos (textura, CaCO 3, MO), salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e diversas espécies de foraminíferos visando caracterizar diferentes graus de poluição e contaminação orgânica, além do potencial de proliferação de organismos construtores dos recifes e constituintes dos sedimentos carbonáticos. 2 Área de estudo, materiais e métodos A Plataforma Continental Brasileira adjacente ao Estado do Rio Grande do Norte (RN) compreende a extensão imersa da Bacia Potiguar e é caracterizada como plataforma mista composta por uma cobertura de sedimentos siliciclásticos e carbonáticos (Vital et. al., 2008; Gomes et al., 2014, 2015a) que abriga diversos compartimentos de relevo como dunas

78 4 submersas, bancos de recifes de corais e rochas praiais (beachrocks), vales incisos, dentre outros que configuram a atual exposição da bacia (Testa & Bosence, 1998, 1999; Vital et al,. 2008; Gomes et al., 2014, 2015b). O clima varia de tropical seco e semiárido na costa norte de tropical e úmido na costa leste. Os recifes de Pirangi estão situados na porção oriental do litoral do estado do Rio Grande do Norte e pertencem ao munícipio de Parnamirim, distante 21 Km de Natal, capital do Rio Grande do Norte (Fig. 1). Os complexos recifais se dispõem ao longo de uma linha de corpo descontínuo, medindo em média 4 km de comprimento e largura variando entre 100 e 400 m, está orientado no sentido norte-sul, localizando-se à uma distância média de 800 m da linha de costa. Esse ecossistema sofre influência das marés na qual algumas porções ficam totalmente submersas atingindo profundidade aproximada de dois metros durante a maré alta e outras porções que ficam emersas durante a maré baixa, formando poças de marés nessas áreas. Figura 1: Mapa de localização da área de Pirangi com a posição das estações de coleta. A plataforma continental do nordeste brasileiro está inserida em uma zona de fluxo de ventos alísios e de alta energia, as correntes nesta área são influenciadas pelos fluxos combinados de ondas e marés. Neste setor ventos fortes prevalecem quase todo o ano e tem direção E-SE. As massas de água são bem misturadas, sem qualquer estratificação característica (Vital et al., 2010). O padrão de ondas é determinado por variações nos ventos

79 5 alísios, ondas medidas durante o período de verão na plataforma tem uma altura média de 90 cm, sendo 120 cm de altura máxima e 50 cm de altura mínima (Vital et al., 2008, 2010; Vital, 2009). A corrente flui ao longo da plataforma principalmente no sentido norte e oeste, com velocidade máxima de 105 cm/s no setor leste, diminuindo em direção ao norte (Hazin et. al., 2008; Vital et al., 2010). As correntes de maré, no entanto, mudam o seu sentido de fluxo de acordo com a variação da maré e é, de longe, o contribuinte dominante de sedimentos para o sistema de plataforma. A plataforma tropical nordeste tem um regime de mesomaré semidiurna com alturas máximas de 2,7 m e 2,0 m para maré de sizígia e de quadratura, respectivamente, no setor leste. 2.1 Coleta dos dados As amostras foram coletadas em duas campanhas sendo uma em 2013 e outra em 2014, na primeira campanha foram coletadas 30 amostras e na segunda campanha foram coletadas 25 amostras de sedimento de fundo, sendo que em alguns pontos foram coletados mais de uma amostra, cujas localizações foram obtidas através de GPS. O material sedimentar foi coletado usando-se um amostrador pontual do tipo Van Veen. Com uma espátula foram retirados os dois primeiros centímetros de substrato e transferidos para recipientes com Rosa de Bengala diluído em álcool. O Rosa de Bengala é utilizado para a coloração dos espécimes vivas e o álcool para evitar o ataque bacteriano (Eichler et al., 2007). Outra parte do material sedimentar foi separada e acondicionada em sacos plásticos para análise granulométrica. Os dados hidrográficos (salinidade e temperatura) foram obtidos a partir de um aparelho CTD modelo Castaway da marca Sontek que realiza perfilagem da coluna d agua enquanto o índice de oxigênio dissolvido foi aferido usando-se o medidor de oxigênio da marca Hanna, modelo HI O processamento dos resultados foi realizado usando-se os dados coletados na região do fundo marinho. 2.2 Processamento do material biológico Cada amostra com 50 cm³ de sedimento para análise de foraminíferos foi lavada e peneirada em via úmida utilizando-se uma peneira de 0,062 mm e a fração retida nesta peneira foi colocada em filtros de papel e levadas a estufa para secagem em temperatura de 60 C. Em seguida as amostras foram divididas em frações menores (quarteamento). Os foraminíferos foram retirados do sedimento com um pincel e colocados em uma lâmina

80 6 especial de fundo preto para identificação das espécies através de uma lupa estereoscópica com zoom de 8x, acoplado a uma câmera digital para obtenção de fotografias. Os foraminíferos foram identificados, baseando-se principalmente na classificação de Boltovskoy et al. (1980), Cushman (1950) e Loeblich & Tapan (1988), além destes, também foram consultados trabalhos de Zaninetti et al. (1977), Brönnimann (1979), Debenay et al. (1987) e Debenay (1990). Com as espécies identificadas foram confeccionadas tabelas de abundância absoluta no que se refere ao número de indivíduos em um volume de 50 cm³ de sedimento e de abundância relativa expressa por valores em percentagem. 2.3 Processamento do material sedimentológico A análise granulométrica foi realizada utilizando-se os dados coletados na campanha 2013 e para esta análise baseou-se no método descrito por Suguio (1973), na qual a granulometria é definida com base nas classes granulométricas de Wentworth (1922). O teor de carbonato de cálcio e o teor de matéria orgânica é o valor que resulta da diferença entre o peso inicial e o peso final da amostra. 2.4 Índice Foram (FORAM INDEX FI) Hallock et al. (2003) desenvolveram o FORAM INDEX (Foraminifera in Reef Assessment and Monitoring) que proporciona uma ferramenta numérica para avaliar se a qualidade da água no ambiente é adequada para suportar a mixotrofia como o modo nutricional dominante no ecossistema. Este índice é baseado em grupos funcionais de foraminíferos: foraminíferos com algas simbióticas (Ps), oportunistas (Po) e outros táxons com organismos pequenos (Ph). Se as proporções desses grupos funcionais são Ps, Po e Ph, então FI é dado por (10 x Ps) + Po + (2 x Ph), em que o resultado de FI maior que 4 é indicativo de ambiente que conduz ao crescimento do recife; valores entre 2 e 4 representam ambiente não muito adequado para crescimento de recife de coral após evento de stress; valores menores que 2 representam condições estressantes para crescimento de recife de coral. 2.5 Métodos Estatísticos As análises estatísticas dos dados obtidos foram feitas a partir dos resultados de técnicas estatísticas univariadas e multivariadas aplicadas aos dados biológicos, a fim de avaliar a estrutura da comunidade associada às variáveis ambientais que poderão fornecer dados a serem utilizados na comparação regional de associações de foraminíferos.

81 7 A estatística univariada gerou resultados de índices de dominância, equitatividade e diversidade que são efetivos quando utilizados em conjunto para avaliar mudanças na estrutura da comunidade. O índice de diversidade de Shannon Wiener na base 10 (Newman, 1995), o índice de dominância de Simpson (Zar, 1984) e o índice de equitatividade de Pielou na base 10 (Zar, 1984) foram calculados usando-se o programa Primer desenvolvido na Universidade de Plymouth (Clarke & Warwick, 1994). A técnica estatística multivariada permite considerar as alterações relacionadas a várias propriedades simultaneamente como profundidade, pressão, teor de CaCO 3, temperatura, salinidade e distribuição do tamanho de particulas dentro do sedimento. Neste procedimento foram aplicadas análises descritivas de PCA, Cluster, MDS e BEST através do programa PRIMER da Universidade de Plymouth, descritos em Clarke & Warwick (1994). Com a análise de PCA (Principal Component Analysis) foi possível agrupar graficamente as estações de acordo com os principais componentes abióticos que as caracterizam. A análise de cluster leva em consideração o grau de similaridade entre as espécies ou entre as estações resultando em dendogramas de similaridade. A análise MDS (Multi Dimensional Scaling), produz um ''mapa'' de amostras em que a posição das amostras reflete a similaridade das suas comunidades biológicas e padrões ambientais, ao invés de sua localização geográfica simples (Eichler et. al., 2012). O método de análise BEST (Clarke & Ainsworth, 1993) foi implementado usando o programa Primer v6, o procedimento permite combinar um conjunto de dados a fim de encontrar a melhor combinação entre os parâmetros multivariados das assembleias. 3 Resultados 3.1 Dados Físicos da Água Os dados de perfilagem de CTD de 2013 foram coletados em profundidades entre 0,7 e 13,5 m, apresentando valores de temperatura com pouca variação (28,1 a 28,4 C), a salinidade variando de 35 a 36 PSU e oxigênio dissolvido variando entre 5,01 a 6,54 mg/l (Tab. 1). Na campanha de 2014, os dados de CTD foram coletados em profundidade de 1 a 4 m, temperatura variando de 23,3 a 23,9 C, sendo os valores de salinidade de 36 PSU em todas as estações e os valores de oxigênio dissolvido variaram entre 7,31 a 8,70 mg/l (Tab.2). A pequena diferença dessas características físicas do ambiente entre os dois anos analisados representa que o ambiente é constante nessas condições. Tabela 1. Dados físicos da água coletados na campanha 2013.

82 8 Table 1. Physical data of the bottom water collected in the 2013 sampling. Estação Profundidade (m) Temperatura ( C) Salinidade (psu) Oxigênio (mg/l) Tabela 2. Dados físicos da água coletados na campanha Table 2. Physical data of the water collected in the 2014 sampling. Estação Profundidade (m) Temperatura ( C) Salinidade (psu) Oxigênio (mg/l)

83 9 3.2 Dados Sedimentológicos Os resultados da análise das frações granulométricas das amostras foram representados em relação às proporções de cascalho (>2 mm), areia (2 0,0625 mm), silte (0,0625 0,0039 mm), argila (<0,0039 mm), teor de matéria orgânica (TMO) e de carbonato de cálcio (CaCO 3 ) como mostra a tabela 3. A figura 2 apresenta mapas de contorno com a distribuição textural dos sedimentos na área de estudo, e com isto, observou-se que a fração cascalho está presente, predominantemente, na parte sul do recife, próximo de sua borda e também predomina na amostra 1, localizada na região mais distante da área recifal (Fig. 2A). A fração areia concentra-se em uma proporção menor nas amostras da borda do recife enquanto nas regiões mais distantes do recife percebe-se uma considerável variação (Fig. 2B). A fração silte tem baixa concentração em grande parte das amostras, tendo maior teor de silte nas amostras 7 e 21 (Fig. 2C). Para a fração argila observam-se as maiores concentrações nas amostras 3, 7 e 29, sendo estas distantes do recife com exceção da amostra 29 localizada na borda sudoeste do recife (Fig.2 D). O teor de carbonato de cálcio com valores mais elevados (71,3 a 88,1%) ocorrem nas amostras 10, 11, 17, 18, 27 e 28 enquanto nas demais amostras os teores distribuem-se de maneira mais uniforme tendo os teores mais baixos nas amostras 2 e 8 que estão relativamente distantes do corpo recifal (Fig. 2E). Com relação à matéria orgânica, observa-se que a amostra 22 se destaca por possuir o teor de matéria orgânica mais elevado (14,6%) enquanto que, as demais amostras apresentam valores variando de 0,2 a 11,7% (Fig. 2F).

84 10 Tabela 3. Porcentagem das frações granulométricas em cada estação. Table 3. Percentage of grain-size at each station. Estação Cascalho (%) Areia (%) Silte (%) Argila (%) TMO (%) Caco3 (%)

85 11 Figura 2. Distribuição das frações. A) Cascalho, B) Areia, C) Silte, D) Argila, E) Carbonato de cálcio e F) Matéria orgânica. Figure 2. Distribution of fractions. A) Gravel, E) Sand, C) Silt, D) Clay, E) calcium carbonate and F) organic matter.

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