Racionalidade limitada e informação privada
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- Aline Teves Igrejas
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1 Racionalidade limitada e informação privada Aula 4 Referências: Milgrom e Roberts, cap.5 Salanié, Seção. Shy, seção.5
2 Incentivos/motivação Até o presente momento, estivemos interessados na uestão dos mecanismos de coordenação. A partir de agora vamos abordar a uestão da motivação
3 Coordenação e motivação
4 Motivação e contratos
5 Contratos completos
6 No entanto, na prática muitas vezes revela-se difícil especificar contratos completos. Esta dificuldade tem por base dois grupos de fatores Racionalidade limitada Informação assimétrica
7 Racionalidade limitada No entanto, as pessoas possuem racionalidade limitada. Neste caso, os contratos não podem ser completos. Causas da racionalidade limitada Circunstâncias inesperadas: pessoas são incapazes de preverem todas as contingências possíveis de ocorrerem durante a relação contratual. Dificuldade de descriminar ações valores em casos de circunstâncias inesperadas. Linguagem dos contratos imprecisa
8 Racionalidade limitada e contratos Naturalmente, pessoas sabem ue não conseguiriam prever todas as circunstâncias futuras. Elas estruturam seus contratos levando em conta a racionalidade limitada. Contratos relacionais: partes contratadas não discriminam as ações em cada contingência, mas apenas descrevem os processos e procedimentos. Exemplo: joint venture em inovação Empresas consorciadas não detalham cada contingência do projeto, mas se comprometem a dividir custos e benefícios, comunicar as descobertas realizadas para as consorciadas, não vazar informações a terceiros, etc. Contratos implícitos: contratos não escritos ou sem validade legal, mas ue refletem expectativas comuns dos contratantes e portanto são aceitos por todos
9 Assimetria de informação Informação simétrica: dois lados da transação posssuem o mesmo nível de informação Contratos simples: Mercado de bens: preço unitário constante Mercado de trabalho: salário/hora constante Informação assimétrica: uma das partes contratantes está melhor informada do ue outra
10 Informação assimétrica Exemplos Mercado de seguro saúde Estado de saúde é melhor conhecido pelo segurado ue pela operadora do plano de saúde Mercado de trabalho Nível de esforço do empregado não é observado pelo empregador Mercado de carros usados Qualidade do carro não observada pelo comprador
11 Informação assimétrica Conseuências da informação assimétrica Contratos complexos Remuneração de executivos: participação nos lucros, bônus, opções de compra de ações, etc. Seguro saúde: carência, não cobertura de doenças pré-existentes, etc. Falhas de mercado/ineficiência
12 Informação assimétrica: arcabouço analítico Modelos agente-principal Principal: é a parte ue propõe o contrato Agente: é a parte ue decide se aceita ou não o contrato e executa as ações. Geralmente possui informação privada (ou seja, é a parte mais informada) Exemplos Mercado de trabalho: Principal: empregador; Agente: empregado» Informação privada do agente: nível de esforço Mercado de seguro saúde Principal: seguradora; Agente: segurado» Informação privada do agente: estado de saúde
13 Informação assimétrica: arcabouço analítico Dois modelos básicos Seleção adversa: tipo (característica) do agente não observada Oportunismo pré-contratual: característica inata do agente não pode ser observada pelo principal antes da assinatura do contrato/transação Exemplo:» Seguro de automóveis: perícia do condutor» Mercado de carros usados market for lemons Risco moral (moral hazard): ações não observadas Oportunismo pós-contratual:as ações tomadas pelo agente afetam o principal (proponente do contrato), mas o principal não observa esta ação Exemplo:» mercado de trabalho: nível do esforço do empregado
14 Seleção adversa Aplicação : discriminação de preço Analisaremos agora o problema de um vendedor de vinhos de ualidades (e preços) distintos ue pretende segmentar o mercado de acordo com o perfil dos consumidores de vinho Diferenciação vertical Escolha de ualidade Discriminação de preços de segunda ordem Precificação de acordo com grupo de consumidores
15 Agente: hipóteses Agente do modelo é o comprador ue pretende comprar no máximo uma garrafa de vinho Utilidade do agente (comprador): U = θ t : ualidade do vinho θ: parâmetro relativo ao seu gosto por ualidade t: preço do vinho Observe ue, para todo θ` > θ, U(, θ`) - U(, θ) aumenta com => Para ualuer nível de ualidade, consumidores de gosto mais sofisticado estão dispostos a pagar mais ue consumidores frugais por um mesmo aumento de ualidade (ou seja, utilidade marginal da ualidade maior para consumidores sofisticados)
16 Agente: hipóteses Dois tipos de compradores: Sofisticados (tipo ): θ Frugais (tipo ): θ θ < θ Probabilidade do consumidor ser do tipo : π
17 Principal: hipóteses Principal do modelo é o vendedor, monopolista local de vinhos Vendedor pode produzir vinho de ualuer nível de ualidade є (0, ) Custo de produção do vinho de ualidade : C() Hipóteses: C ()>0, C ()>0 C (0)=0, C ( )= Utilidade do principal: t C()
18 First-best: informação perfeita Suponha ue principal pode observar o tipo (i.e., padrão de gosto) do agente Problema do principal (vendedor) Max, t i i t i tal ue C( i i i ) t 0 Restrição de participação: U(comprar) U(não comprar)
19 First-best: informação perfeita Solução: i = i * tal ue C ( i* )= θ i t i * = θ i i * Principal extrai todo o excedente do consumidor, ue fica com utilidade zero Como θ < θ e C ()>0 => * > * Consumidor sofisticado compra vinho de melhor ualidade ue consumidor frugal
20 First-best: interpretação gráfica t Isolucro: t = C() + K t=θ Isolucro: t = C() + K t=θ * *
21 Second best: informação imperfeita Informação assimétrica: produtor não observa o tipo do comprador, apenas conhece a proporção de consumidores π Caso produtor proponha os contratos de informação perfeita * * * *, t,, t Consumidor tipo escolhe contrato proposto ao tipo U (aceitar contrato proposto para )> U (aceitar contrato proposto para )
22 Second best: informação imperfeita Dois tipos não podem ser tratados separadamente, então ambos escolhem o contrato de baixa ualidade Mas produtor pode desenhar contratos ue lhe dão maior lucro * * * * * 0 ) ( t t
23 Second best: informação imperfeita Problema do vendedor RC: restrição de compatibilidade RP: restrição de participação ) ( 0 ) ( 0 ) ( ) ( ) ( ) ( ) (,,, RP t RP t RC t t RC t t ue tal C t C t Max t t
24 Second best: informação imperfeita Incentivo de compatibilidade: garante ue cada comprador irá aceitar o contrato designado a ele Incentivo de participação: garante ue o comprador não irá recusar o contrato
25 Proposição No ótimo, temos. RP ativa, tal ue t = θ. RC ativa, tal ue t t = θ ( - ) RC e RP podem ser negligenciadas 5. Os consumidores sofisticados compram a ualidade eficiente = *
26 Solucionando o problema do principal Como RP e RC são ativas t = θ θ t = θ t => t t = θ ( ) Além disso, como = *, temos * * * ) ( ) ( t t t
27 Solucionando o problema do principal Substituindo na função objetivo do principal tal ue < * => ualidade oferecida ao tipo fica abaixo da solução de informação perfeita ) ( : ) ( ) ( C CPO C Max C Max
28 Solução adversa com dois tipos: características do contrato Tipo melhor (no caso, tipo ) recebe a alocação eficiente = * Tipo melhor (tipo ) é indiferente entre seu contrato e o contrato para o tipo pior. Tipo tem um excedente positivo (utilidade positiva). Este excedente é denominado renda informacional. Tipo recebe uma alocação ineficiente. Tipo tem excedente zero.
29 Second-best: interpretação gráfica t Isolucro: t = C() + K t=θ + K t=θ *
30 Renda informacional Tipo ganha renda informacional pois poderia se passar por tipo, uma vez ue θ t > θ t =0 Já tipo não tem incentivos a se fazer passar por tipo, já ue θ t = θ θ < 0 Logo não é preciso dar renda informacional para tipo.
31 Seleção adversa e fechamento de mercados Em situações em ue ocorrem seleção adversa, pode não existir preço no ual os produtores de boa ualidade ueiram vender seus produtos Tipo ruim expulsa o tipo bom do mercado : Market for lemons
32 Seleção adversa: market for lemons Qualidade do produto é dada, decisão consiste em colocar ou não no mercado Caso compradores não possam observar ualidade do produto antes da compra, mercado é totalmente dominado por produtos de baixa ualidade Akerlof (970): market for lemons Mercado de automóveis limões = carroças
33 Seleção adversa: mercado de carroças 4 tipos de carro Carros novos de boa ualidade Carroças novas Carros usados de boa ualidade Carroças usadas Considere: N G : valor de um carro novo bom N L : valor de uma carroça nova U G : valor de um carro usado bom U L : valor de uma carroça usada
34 Seleção adversa: mercado de carroças Hipóteses:. O valor de carroças novas ou velhas é nulo (N L = U L = 0). Metade dos carros (novos e velhos) são carroças, metade são de bons 3. Carros bons novos são preferidos à carros bons velhos (N G > U G > 0)
35 Seleção adversa: mercado de carroças Valor esperado dos carros novos e usados: E(N) = 0,5N G + 0,5N L = 0,5N G E(U) = 0,5U G + 0,5U L = 0,5U G E(N) > E(U)
36 Seleção adversa: mercado de carroças Três tipos de agentes na economia. Compradores. Vendedores de carros usados de boa ualidade 3. Vendedores de carroças p U : preço de carros usados, idêntico para carroças e carros bons p N : preço de carros novos, idêntico para carroças e carros bons Qualidade não observável
37 Seleção adversa: mercado de carroças Utilidade do comprador V b = E(N) p N se compra carro novo = E(U) p U se compra carro usado Utilidade vendedor carro usado bom V s,g = E(N) p N + p U se vende velho bom e compra novo V s,g = U G Utilidade vendedor carroça usada se mantém carro usado bom V s,l = E(N) p N + p U se vende carroça velha e compra novo V s,l = UL se mantém carroça usada
38 Seleção adversa: mercado de carroças Problema dos agentes Comprador: compra carro usado se E(U) p U E(N) p N p U E(U) E(N) + p N = (U G N G )/ + p N Vendedor da carroça usada: vende e compra um novo se 0 E(N) p N + p U p U p N E(N) = p N 0,5N G Vendedor do carro usado bom: vende e compra um novo se U G E(N) p N + p U p U p N + U G E(N) = p N + U G 0,5N G
39 Seleção adversa: mercado de carroças As combinações de preços (p N, p U ) ue satisfazem a condição de ue bons carros usados sejam vendidos não atendem à condição para ue os compradores demandem carros usados Na figura Região I: vendedores de carros velhos bons entram no mercado (p U p N + U G 0,5N G ) Região II: vendedores de carroças usadas entram no mercado (p U p N 0,5N G ) Região III: compradores demandam carros usados (p U (U G N G )/ + p N
40 Figura: mercado de carroças p U p U p N U G N G p U p N U G N G (I) p U p N N G (II) (II) (II) (III) (III) p N
41 Proposição Carros usados de boa ualidade nunca serão encontrados no mercado. As carroças expulsam os bons carros usados do mercado.
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