FREQUENCIA ALIMENTAR NA FASE DE CRESCIMENTO DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) CRIADAS EM TANQUES REDE AGNALDO DEPARIS
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- Artur Neiva Álvares
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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS PESQUEIROS E ENGENHARIA DE PESCA AGNALDO DEPARIS FREQUENCIA ALIMENTAR NA FASE DE CRESCIMENTO DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) CRIADAS EM TANQUES REDE Toledo 2016
2 AGNALDO DEPARIS FREQUENCIA ALIMENTAR NA FASE DE CRESCIMENTO DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) CRIADAS EM TANQUES REDE Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca Nível de Mestrado, do Centro de Engenharias e Ciências Exatas, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca. Área de concentração: Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca. Orientador: Prof. Dr. José Dilson Silva de Oliveira. Toledo 2016
3 AGRADECIMENTO(S) Aos meus pais, pelo apoio sempre constante. Obrigado, pela dedicação e confiança que há tantos anos vêm me dado. Ao meu Orientador, professor Dr. José Dilson, por seu apoio e amizade, além de sua dedicação, competência, em especial atenção nas revisões e sugestões, fatores principais para a conclusão deste trabalho. Aos professores e amigos Aldi Feiden e Wilson Rogério Boscolo, que me mostraram os primeiros passos da pesquisa científica, e sempre estiveram dispostos para colaborar em meu trabalho. À minha noiva Nalva Alina Fritzen, pelo apoio e paciência nesses anos. À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos para a execução deste trabalho. Ao programa de Mestrado em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, da Unioeste. Enfim, agradeço a todos que, de alguma forma, colaboraram para a execução deste trabalho e tornaram o percurso desta caminhada mais suave.
4 FREQUENCIA ALIMENTAR NA FASE DE CRESCIMENTO DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) CRIADAS EM TANQUES REDE RESUMO Objetivou-se com este estudo avaliar o crescimento de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) associado a diferentes frequências de arraçoamento. Os tratamentos foram distribuídos inteiramente ao acaso, e foram utilizados peixes com peso médio inicial de 180 ± 0,12g, distribuídos em 16 tanques-rede de 6m³ e submetidos a 4 tratamentos, ou seja, frequências de arraçoamento (1, 2, 3, 4 vezes ao dia) constituindo quatro tratamento e quatro repetições, por um período de 60 dias. Para o arraçoamento foram utilizadas rações comerciais contendo 32% de proteína bruta. Foram avaliados os parâmetros de desempenhos zootécnicos, Conversão Alimentar (CA), Ganho de Peso Diário (GPD), Sobrevivência e biomassa final. E, ainda, valores bromatológicos referente aos filés dos peixes nos quatro tratamentos, (Proteína Bruta, Umidade, Extrato Etéreo e Matéria Mineral). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância ANOVA e ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Os resultados encontrados mostram que o tratamento com alimentação quatro vezes ao dia obteve melhores resultados para (CA), (GPD) e biomassa final, e para os demais parâmetros não foi encontrada diferença estatística entre os tratamentos. Diante disso, recomenda-se a utilização da frequência de alimentação de 4 vezes ao dia para tilápia do Nilo, nessa classe de peso. Palavras-chave: Alimentação, Crescimento, Juvenis
5 FREQUENCY FOOD IN PHASE NILE TILAPIA GROWTH (niloticus) CREATED IN CAGES ABSTRACT The objective of this study was to evaluate the growth of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) associated with different frequencies of feeding. The treatments were distributed entirely at random, which were used fish with an average initial weight of 180 ± 0.12g, distributed in 16 cages of 6m³ and subjected to four treatments, with feeding frequencies (1, 2, 3, 4 times a day) creating four treatment and four replications for a period of 60 days. For feeding commercial diets were used, containing 32% crude protein. We evaluated the parameters of zootechnical performances, feed conversion (CA), average daily gain (ADG), Survival and final biomass. And yet bromatologic values regarding the fish fillets in the four treatments (crude protein, humidity, Ethereal Extract and Mineral Matter). The results were submitted to ANOVA and Tukey's test at 5% probability. The results show that treatment fed four times a day for better results (CA), (GPD) and final biomass, the other parameters were not found statistically significant differences between treatments. Therefore, it is recommended to use the frequency of feeding 4 times a day for Nile tilapia in this weight class. Keywords: feeding, growth, youth
6 Dissertação elaborada e formatada conforme as normas da publicação científica Acta Scientiarum Animal Sciences. Disponível em: < ianimsci/about/submissions#onlinesubmissio n>.
7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS Desempenho Produtivo Composição Físico-Química RESULTADOS E DISCUSSÃO Desempenho Produtivo Composição Físico-Química CONCLUSÃO REFERÊNCIAS ANEXOS... 20
8 8 INTRODUÇÃO No Brasil, a piscicultura vem se desenvolvendo em todos os Estados, cada um com uma espécie e sistema de cultivo mais adequado, conquistando seu espaço como alternativa econômica para os produtores rurais. (TAVARES-DIAS et al., 2000, MINUCCI et al., 2005 e BARROS et al., 2011). Relativamente aos sistemas de cultivo, Furlaneto e Ayrosa (2006) reportam que a criação de peixes em tanques-rede está em ascensão em nosso país, devido às vantagens que este sistema apresenta diante do convencional, as quais podem ser observadas no menor custo de implantação, menor variação dos parâmetros físico-químicos da água durante a criação, maior facilidade na despesca e observação dos peixes. Além disso, a produção em tanques-rede é beneficiada pelo potencial hídrico brasileiro, uma vez que esse sistema de cultivo torna possível o aproveitamento de ambientes aquáticos já existentes, ocupando pouca terra agricultável e preservando as florestas ( KUBITZA, 2007), bem como permite o uso de águas públicas represadas em reservatórios. Esse potencial hídrico oferece uma série de possibilidades econômicas. Nesse contexto, a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) está entre os peixes que mais apresentam potencial para a produção em tanques-rede, tornando-se, na última década, a espécie mais cultivada no Brasil. Esse ciclídeo vem ocupando lugar de destaque na piscicultura em tanques-rede por ser uma espécie precoce e apresentar um bom desempenho em sistemas intensivos de produção, tratando-se de uma espécie originária dos rios e lagos africanos e que foi introduzida no Brasil em 1971, em açudes do Nordeste, e difundiu-se para todo o País (PROENÇA E BITTENCOURT, 1994).A produção pesqueira mundial em 2012, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), foi de 158 milhões de toneladas, incluindo a produção extrativa e da aquicultura (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 2014). A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) foi responsável no ano de 2013, por uma produção de toneladas, o que corresponde a 43% da produção de peixes de águas doce no Brasil (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013). Essa elevada produção de tilápia e a preferência de grande parte dos produtores pela sua utilização podem ser explicadas pelas suas qualidades zootécnicas de criação, desejáveis para o setor produtivo, além de excelente qualidade de carne.
9 9 Ainda, segundo Hayashi (1995), a tilápia do Nilo destaca-se como peixe de potencial para aquicultura, tendo em vista a sua rusticidade, crescimento rápido e adaptação ao confinamento. A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) é uma espécie bastante versátil na piscicultura, pois se adapta a qualquer tipo de cultivo, seja na piscicultura familiar, ou até sistemas superintensivos. É uma das espécies de peixe cultivada em água doce de maior importância na aquicultura mundial. (SANTOS et al., 2014). Considerando esses sistemas de produção, Carneiro e Mikos (2005) reportam que a frequência de fornecimento do alimento é um fator importante dentro do manejo alimentar por estimular o peixe a procurar pelo alimento em momentos pré-determinados. E salientam que isto contribui para a redução na conversão alimentar, maior ganho de peso, além de possibilitar maior oportunidade de observação do estado de saúde dos peixes, e que o conhecimento do número mais adequado de arraçoamento contribui ainda para a redução do desperdício de alimento, garantindo a qualidade da água e reduzindo os custos de produção. Rodehutscord et al. (2000) reportam que nem sempre rações com alto valor nutricional e adequada taxa de arraçoamento representam garantia de bom desempenho zootécnico e que, quando isto ocorre, o primeiro teste com vistas à obtenção de melhores resultados são os ajustes na frequência alimentar. E mencionam ainda que fracionar a quantidade diária a ser fornecida possui implicações diretas na eficiência alimentar e que, além do mais, as perdas metabólicas de nitrogênio podem ser minimizadas pela redução do intervalo de arraçoamento. Para Furuya (2007), esta técnica pode acarretar um aumento de custos com mão de obra, e tal aumento pode se pagar com a consequente redução da conversão alimentar. Santos et al. (2014) mencionam que um dos fatores mais onerosos na criação de peixes, é a alimentação, portanto, o conhecimento do manejo alimentar de uma referida espécie é de grande importância prática. Estudos relacionados ao arraçoamento, tanto à frequência quanto à percentagem são importantes para o máximo desenvolvimento do peixe, afim de diminuir os custos de produção e o arraçoamento incorreto, e consequentemente, prejudicar o desempenho zootécnico, aumentar a incidência de doenças e mortalidade, além de provocar a eutrofização do ambiente aquático. (MEURER et al., 2005; MEURER et al., 2007; SALARO et al., 2008). A frequência de arraçoamento necessária para o bom desenvolvimento do peixe varia principalmente conforme a espécie, idade dos animais, qualidade e temperatura da água (HAYASHI et al., 2004; SOARES et al., 2007). Ante a complexidade do sistema produtivo e a importância que a piscicultura em tanques-rede vem assumindo, novos métodos de manejo mostram-se necessários para a busca
10 10 de uma maior lucratividade, melhores taxas de sobrevivência, conversão alimentar e rendimento de filé. Desta forma, neste trabalho propôs-se avaliar diferentes frequências alimentares na fase de crescimento da tilápia do Nilo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em 16 tanques rede malha ¾ de arame galvanizado revestidos de PVC, com dimensões de 2,0 x 2,0 x 1,7 metros de comprimento, largura e altura, respectivamente, totalizando uma área de cultivo de 6,0 m³ para cada tanque, cobertos com o mesmo material para evitar a fuga dos peixes e ação de predadores, os tanques-rede estavam ancorados no local de maior profundidade (40,0 m), dispostos em séries, distantes 8,0 m entre si, transversalmente ao fluxo de água do reservatório, localizados em uma piscicultura comercial no município de Três Barras do Paraná, estado do Paraná. Foram utilizados juvenis de tilápia do Nilo (O. niloticus), e provenientes da própria piscicultura, com peso médios iniciais de 180 ± 12 g. O período experimental foi de 60 dias. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos se constituíram na variação da frequência de arraçoamento, sendo: arraçoamento de uma vez ao dia para o tratamento 1 (sempre fornecendo a ração às 8h00), duas vezes ao dia para o tratamento 2 (fornecimento de ração às 08h00 e 17h00), três vezes ao dia para o tratamento 3 (com fornecimento da ração às 8h00, 13h00 e 17h00) e quatro vezes ao dia para o tratamento 4 (com fornecimento da ração as 08h00, 11h00, 14h00 e 17h00), e usando um densidade de 133 peixes por metro cúbico. Esses horários foram préestabelecidos devido à temperatura da água estar acima de 29 C. Inicialmente, os peixes foram estocados nos viveiros experimentais (densidade = 133 peixes m³) e passaram por um período de ambientação (dois dias). Durante o experimento, os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32% de Proteína Bruta, utilizando-se o sistema de alimentação manual, com medidas feitas de cano de PVC. Durante o experimento, os peixes foram submetidos a biometrias a cada 7 dias, e os níveis de rações fornecidas foram corrigidos a cada 14 dias, de acordo com a biomassa média dos tanques. Ao final do experimento os peixes foram despescados, pesados à totalidade dos peixes do tanque-rede, e coletados 5 indivíduos de cada unidade experimental, insensibilizados em
11 11 gelo, e identificados, pesados e medidos para determinação das médias de comprimento final, ganho de peso, conversão alimentar, sobrevivência, e também para avaliar rendimento de tronco limpo e rendimento de filé. Desempenho Produtivo Ao final do experimento, os peixes permaneceram em jejum de 24 horas. Uma amostra de cinco peixes foi retirada de cada tanque-rede, num total de vinte peixes em cada tratamento, e o restante dos peixes foram pesados por unidade experimental. Estes peixes foram eutanaziados por overdose em solução de benzocaína 250 mg/l de água (GOMES et al., 2001), armazenados em gelo, para mensuração dos valores de rendimento de carcaça (peixe sem as vísceras e arcos branquiais), tronco limpo (sem as vísceras, cabeça, nadadeiras e pele), de filé e percentagem de gordura visceral. Durante todo o processo foram feitos monitoramentos da qualidade de água, com amostras coletadas a um metro abaixo da superfície da água, observando-se o ph, a condutividade elétrica e o O 2 dissolvido da água. Utilizando-se os dados de consumo de ração e ganho de peso, foi possível calcular seguintes parâmetros zootécnicos: - Ganho de peso (GP) = peso médio final (Pf) - peso médio inicial (Pi); - Taxa de crescimento específico (TCE) = [(ln Pf ln Pi)/tempo em dias (t)] x 100; - Ganho de Peso diário (GPD) = GP/tempo em dias (kg); - Conversão alimentar aparente (CAA) = ração fornecida (RF)/GP; - Taxa de sobrevivência (S) = (Nº peixes final/nº peixes inicial) x 100; Os dados zootécnicos foram avaliados com auxílio do programa estatístico STATISTICA 7.1, e as variáveis encontradas foram submetidas à análise de variância (ANOVA), a um nível de significância de 5%, com a checagem dos pressupostos de normalidade dos resíduos pelo teste de Shapiro-Wilkee homocedasticidade de variância pelo teste de Levene. Para identificar as fontes de variação utilizou-se o teste de comparação múltipla de médias de Tukey. Composição Físico-Química As análises de composição físico-química dos filés foram realizadas no Laboratório de Qualidade de Alimentos (LQA) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, conforme as técnicas descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (2008).
12 12 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a Tabela 1, os peixes do tratamento 4 apresentaram a melhor conversão alimentar (1,32), em relação aos outros três tratamentos, maior ganho de peso dia (3,79 g/dia), em relação aos tratamentos um e dois e, consequentemente, uma maior biomassa final, o que acaba diminuindo o custo da produção. Tabela 1. Valores médios de desempenho produtivo da tilápia do Nilo em função da frequência alimentar Variável Tratamentos Conversão alimentar 1,55±0,06 a 1,44±0,04 b 1,38±0,04 b 1,32±0,03 c Biomassa (kg/m³) 24±1,2 a 25,2±0,9 a 27,6±0,8 b 28±1,4 b Ganho de Peso dia (GPD) (g/dia) 3,221 a 3,41 a 3,701 b 3,79 b Sobrevivência (%) Médias na mesma linha, seguidas de letras distintas, diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Segundo Santos et al. (2014 verificaram que, para juvenis de tilápia do Nilo, quanto maior a frequência de arraçoamento, maior o crescimento dos peixes, sendo o tratamento em que os animais foram alimentados quatro vezes ao dia o que apresentou o maior crescimento. As frequências alimentares ideais podem sofrer variações de acordo com a fase de vida do animal, o peso e a espécie dos peixes. Assim, afirmam que a frequência de alimentação influencia diretamente o desempenho final dos peixes. O estudo realizado por Boscolo et al. (2001) com tilápia tailandesa e comum, na fase de crescimento, resultou em uma conversão alimentar de 1,20 e 1,65, respectivamente. No entanto, para alevinos de jundiá, Lazzariet al. (2006) observaram valores entre 1,4 e 1,9. Valores estes semelhantes aos encontrados neste trabalho, em que os peixes apresentaram melhor conversão alimentar devido ao seu metabolismo ser mais acelerado, por estarem em fase de crescimento. Com juvenis de jundiá, Canton et al. (2007) observaram que os peixes alimentados quatro vezes ao dia ganharam praticamente o dobro do peso daqueles que receberam somente uma alimentação diária. Neste estudo, os peixes alimentados 4 vezes ao dia tiveram o crescimento 14% maior que os peixes alimentados 1 vez ao dia. Pode-se destacar neste trabalho que a frequência alimentar de 4 vezes ao dia proporcionou incrementos significativos no crescimento das tilápias, melhorias nos índices zootécnicos como a conversão alimentar, ganho de peso diário e biomassa final.
13 13 Com outras espécies, como para a carpa-capim, Marques et al. (2008) observaram a necessidade de alimentações diárias em até quatro vezes, com melhores respostas de crescimento e conversão alimentar. Para juvenis de lambari do rabo amarelo, Hayashi et al.(2004) também constataram que a frequência alimentar ideal para o melhor desempenho destes animais foi a de quatro vezes ao dia. Os peixes apresentaram sobrevivência de 99% (Tabela 2), valores estes bem próximos dos observados por Bittencourt et al. (2010), avaliando diferentes densidades de estocagem de pacu em tanques-rede. Já Sampaio e Braga (2005) obtiveram valores menores, entre 89 e 90%, para diferentes densidades de estocagem da tilápia. No caso desta pesquisa, os diferentes tratamentos não apresentaram influência na sobrevivência dos peixes. Com relação ao desempenho produtivo da tilápia (Tabela 1), os rendimentos de filé não diferiram significativamente entre os tratamentos, apresentando resultados médios de 35,27%, o que se pode considerar como um bom rendimento, considerando-se que os peixes apresentavam um peso médio de 380±19 gramas. Tabela 2. Valores médios de rendimento industrial da tilápia do Nilo em função da frequência alimentar. Tratamentos Variável (%) Eviscerado 88,10±1,53ᵃ 88,23±1,60ᵃ 88,35±1,49ᵃ 88,6±1,44ᵃ Tronco limpo 47,65±1,27 a 48,85±1,75 b 48,96±2,13 b 50,26±1,83b Filé 34,00±1,25ᵃ 34,96±0,82ᵃ 35,34±0,58ᵃ 35,48±0,67ᵃ Gordura visceral 2,69±0,42 a 2,22±0,66ᵃ 2,10±0,33ᵃ 1,70±0,33ᵃ Médias na mesma linha, seguidas de letras distintas, diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Souza e Maranhão (2001) encontraram rendimento de filé de 36,84% para tilápias com peso médio de 500 gramas, próximo aos encontrados no presente experimento. Segundo Rasmussen e Ostenfeld (2000), o rendimento de filé não é afetado pelo crescimento do peixe, mas essa variável sofre alterações de acordo com a espécie, o método de filetagem e a destreza do filetador. No entanto, Ribeiro et al. (1998), avaliando a tilápia vermelha (Oreochromis sp.), observaram um rendimento de 31,49% para classe de g e 33,67% na maior classe, de g, concluindo que o rendimento de filé aumentou em função do peso do peixe, evidenciando que as frequências alimentares utilizadas no experimento não influenciaram no rendimento de filé.
14 14 Já o desempenho de tronco limpo é de grande valia para a indústria de pescados, pois é a parte utilizada para consumo humano (SIGNOR et al., 2010). Ao avaliar duas linhagens de tilápia, Boscolo et al. (2001) observaram o rendimento de tronco limpo de 49,46% na tilápia tailandesa e 51,39% na tilápia comum. Para carcaça, os autores encontraram 86,88% e 88,29%, respectivamente. Espécies nativas, em geral, apresentam maior rendimento de filé em comparação à tilápia (REIDEL et al., 2010). Esta observação é corroborada por Boscolo et al. (2006), que verificaram para o pacu (Piaractus mesopotamicus)valores de rendimento de filé variando de 45,12 a 51,60%. No entanto, Souza e Maranhão (2001) observaram rendimento inferior de carcaça de 78,18% para a tilápia. Como a carcaça considerada pelos autores foi sem cabeça, pode se explicar essa diferença, uma vez que, segundo Contreras-Guzmán (1994), a percentagem de cabeça de espécies como o pacú e a tilápia representam aproximadamente 15%, o que foi confirmado por Faria et al. (2003). Já de acordo com Reidel et al. (2010), para o jundiá, quanto maior o indivíduo, menor a percentagem de cabeça. Quanto à percentagem de gordura visceral, esta diminuiu significativamente no tratamento 4, mostrando a eficiência de alimentar os peixes mais vezes ao dia, nessa classe de peso. Uma ração desbalanceada em nutrientes pode ter resultado neste acúmulo de gordura nas vísceras, uma vez que, segundo Pimenta et al. (2011), o desempenho dos animais depende da digestibilidade dos nutrientes e da extensão com que estes nutrientes podem ser absorvidos e utilizados. Ao avaliar a tilápia do Nilo, alimentada com rações contendo teores crescentes de lisina, Furuya et al. (2004) observaram uma variação de 0,59% a 0,76% de gordura visceral em peixes com peso médio de 120g. Os peixes deste estudo apresentaram valores consideravelmente maiores, por estarem confinados. Apresentaram-se com peso médio de 380g, e os peixes alimentados 4 vezes ao dia apresentaram resultados significativamente melhores em ralação aos peixes alimentados 1 vez ao dia. Composição Físico-Química Os resultados obtidos para a composição centesimal do filé (Tabela 3) foram bem próximos dos obtidos por Simões et al. (2007) para filé de tilápia tailandesa, com 77,13% de umidade, 19,36% de proteína, 2,60% de lipídeo (extrato etéreo) e 1,09% de cinza.
15 15 Tabela 3. Composição físico-química de filés de tilápias do Nilo (base na matéria natural). Tratamentos Variável (%) Umidade 77,27ᵃ 77,53ᵃ 77,38ᵃ 78,01ᵃ Proteína Bruta 20,44ᵃ 20,32ᵃ 20,8ᵃ 20,53ᵃ Extrato Etéreo 1,76 a 1,85ᵃ 1,85ᵃ 1,81ᵃ Matéria Mineral 0,79ᵃ 0,82ᵃ 0,86ᵃ 0,83ᵃ Médias na mesma linha seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Neu et al. (2012) encontraram valores próximos deste limite (16,69%) de proteína bruta na carcaça de juvenis de tilápia do Nilo, alimentadas com níveis crescentes de substituição do milho pelo glicerol nas dietas. Todos os valores observados são semelhantes com o resultado desta pesquisa. Segundo Pigott e Tucker (1990), peixes gordos são classificados de acordo com a percentagem de lipídeos: menor que 2% para peixe magro, de 2 a 5% para peixe com conteúdo moderado de gordura, e acima de 5% para peixe gordo. Seguindo esta classificação, as tilápias estudadas podem ser consideradas peixes magros (1,76 a 1,85% lipídeos). Os teores de cinzas nos músculos de peixes de água doce ficam entre 0,98 e 3,29% (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994). Os valores observados encontram-se nesta faixa de variação, não apresentado diferença significativa entre os tratamentos. Melo et al. (2003) avaliaram o efeito da alimentação na composição química da carcaça de jundiás e observaram 70,1 a 73,16% de umidade, 12,38 a 15,09% de proteína bruta, 2,76 a 10,39% de lipídios e 2,13 a 2,24% de matéria mineral. Já para o filé de traíra, Santos et al., (2001) observaram 77,71% de umidade, 20,27% de proteína bruta, 0,84% de lipídeos e 1,39% de matéria mineral. As variáveis limnológicas se mantiveram relativamente estáveis durante o período experimental, dentro da faixa de conforto e máxima produtividade da espécie, conforme El- Sayed (2006). O valor médio de temperatura foi de 29,0 ± 1,00 ºC, oxigênio dissolvido de 6,70 ± 0,55 mg.l-1, e ph 6,6 ± 0,20.
16 16 REFERÊNCIAS BITTENCOURT, F.; FEIDEN, A.; SIGNOR, A. A.; BOSCOLO, W. R.; LORENZ, E. K.; MALUF, M. L. F. Densidade de estocagem e parâmetros eritrocitários de pacus criados em tanques-rede. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n. 11, p , BOSCOLO, W.R.; REIDEL, A.; FEIDEN, A. et. al. Rendimento corporal do pacu (Piaractus mesopotamicus) cultivados em tanques-rede no reservatório de Itaipu, alimentados com diferentes níveis de proteína bruta In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 1, 2006, Toledo. Anais...Toledo, (CD-ROM). BOSCOLO, W. R.; HAYASHI, C.; SOARES, C. M.; FURUYA, W. M.; MEURER, F. Desempenho e Características de Carcaça de Machos Revertidos de Tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus), Linhagens Tailandesa e Comum, nas Fases Inicial e de Crescimento. Revista Brasileira de Zootecnia, n. 30(5), p , CONTRERAS-GUZMÁN, E. Bioquímicos de pescados e derivados. Jaboticabal: FUNEP, p. CANTON, R.; WEINGARTNER, M.; FRACALOSSI, D. M.; ZANIBONI FILHO, E. Influência de a frequência alimentar no desempenho de juvenis de jundiá. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 4, p , CARNEIRO, P. C. F.; MIKOS, J. D. Frequência alimentar e crescimento de alevinos de jundiá, Rhamdia quelen. Ciência Rural, v. 35, n. 1, p , El-Sayed, A. F. M. Tilapia Culture. Massachusetts - EUA: CABI publishing, FARIA, R. H. S.; SOUZA, M. L. R.; WAGNER, P. M.; POVH, J. A.; RIBEIRO, R. P. Rendimento do processamento da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus Linnaeus, 1757) e do pacu (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887). Acta Scientiarum. Animal Sciences., v. 25, n. 1, p , FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura. Departamento de Pesca de La FAO Organizácion de Las Naciones Unidas para La Agricultura y La Alimentation. Roma, FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. The state of world fisheries and aquaculture Rome: FAO, p. FURLANETO, F. P. B.; AYROZA, D. M. M. R.; AYROZA, L. M. S. Custo e Rentabilidade da Produção de tilápia (Oreochromis spp.) em tanque-rede no médio Paranapanema, estado de São Paulo, safra 2004/051. Informações Econômicas, v. 36, n. 3, mar FURUYA, W. M., BOTARO, D. B.; NEVES, P. R. N.; SILVA, L. C. R.; HAYASHI, C. Exigência de lisina pela Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), na fase de terminação. Ciência Rural, v. 34, n. 5, p , set./out
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19 TAVARES-DIAS, M.; SCHALCH, S. H. C.; MARTINS, M. L.; MORAES, F. R. Características hematológicas de Oreochromis niloticus (Osteichthyes: Cichlidae) cultivadas intensivamente em Pesque-Pague do Município de Franca, São Paulo, Brasil. Ars Veterinária, v.16, n. 2, p ,
20 20 ANEXOS Anexo I. Localização da propriedade no reservatório da Usina Hidrelétrica Governador José Richa (Salto Caxias) no município de Três Barras do Paraná.
21 21
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