Determinação das áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos em relação ao uso da terra no município de Itatiba/SP/Brasil
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1 Determinação das áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos em relação ao uso da terra no município de Itatiba/SP/Brasil Maria Rejane Lourençoni Siviero a*, Francisco Lombardi Neto b a* Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil. CEP: , rsiviero@hotmail.com b Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Caixa Postal 28, CEP: , Campinas, SP, Brasil. flombardi43@uol.com.br Palavras chave: bacia hidrográfica, poluição difusa e pontual, rio Atibaia. Abstract This paper presents the results of the determination of areas susceptible to contamination of water resources in relation to land use in Itatiba/SP/Brasil county. Itatiba is situated W and S, covering an area of 323 km 2, with an estimated population people (89% urban and 11% rural). Based on LANDSAT and CBERS satellite images, soil occupation data from Environment Secretary São Paulo State (1999), and interviews with rural property owners/residents, using a geographic information system (GIS), the areas susceptible to contamination were classificated in: low, moderate and high. The areas were found in 1999 to be 71.3%, 9.5% and 19.2%, respectively, and in 2004 to be 68.9%, 14.2% and 16.9%, respectively. In areas of high contamination were included the urbanized lands, because there are both non-point (diffused) and point sources of contamination in Itatiba/SP/Brasil. In 1999, the urban areas represented 11.2% and in 2004, 12.3%; according to the IBGE (Statistic and Geography Brazilian Institute) the Itatiba s population increased at the rate of 4% per year. Although urban land use increased, the amount of areas of high contamination decreased in this period, because of a decline of agricultural activities in these areas. The study showed that the general trend in the region of Itatiba is an increased of contamination to water resources as land use transforms from agricultural and rural residential uses to urban uses. Resumo Apresentam-se os resultados da determinação das áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos em relação ao uso da terra no município de Itatiba/SP/Brasil,
2 localizado W e S, com uma área de 323 km 2 e população estimada de habitantes (89% população urbana e 11% rural). Por meio de: imagens satélite LANDSAT e CBERS , dados de ocupação do solo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo (1999) e entrevistas com proprietários rurais, foram determinadas as áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos no município. As classes determinadas foram: baixa, moderada e alta, e os valores encontrados são, respectivamente, para 1999: 71.3%, 9.5% e 19.2% e para 2004: 68.9%, 14.2% e 16.9%. Na classe alta de contaminação estão incluídas as áreas urbanas, devido às mesmas serem fontes de poluição difusa e pontual no município. Em 1999 as áreas urbanas representavam 11.2% e, em 2004, 12.3 %; segundo o IBGE, a população de Itatiba/SP/Brasil cresce a uma taxa de 4% ao ano. O fato da classe alta ter diminuído neste período, deve-se à redução das áreas de atividades agrícolas (cultura anual e perene), onde constatou-se uso intensivo de tecnologias tradicionais como a mecanização e a aplicação de insumos agrícolas. Deste modo, pode-se verificar comparando as áreas determinadas em 1999 e em 2004, que as mesmas estão refletindo uma grande atividade antrópica no município em estudo, principalmente, no que diz respeito à transformação de áreas agrícolas em áreas urbanizadas. Introdução A água, assim como o ar, é indispensável à vida; dentre os recursos naturais, a água apresenta em si características únicas que a tornam insubstituível. De fato, a água é essencial para manutenção de qualquer forma de vida e é imprescindível para as atividades humanas e só, mais recentemente, vem sendo tratada como um recurso finito e vulnerável. De acordo com a ONU, a partir do ano 2010 faltará água no planeta... O estudo afirma que a disponibilidade de água por pessoa no mundo foi reduzida em 50% nos últimos 40 anos e vai reduzir mais 33% em 50 anos (Garcia, 2005). De fato, o consumo mundial de água cresceu mais de seis vezes entre 1900 e 1995 mais que o dobro da taxa de crescimento da população, e continua a crescer rapidamente com a elevação de consumo dos setores agrícola, industrial e residencial (WMO, apud Freitas,1999). Tal situação tem causado sérias limitações para desenvolvimento de várias regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e, por outro lado, degradando os ecossistemas aquáticos.
3 O Brasil possui quantidade privilegiada de reservas de água doce, correspondendo a 12% do total mundial, porém sofre com a má distribuição. Pois cerca de 89% da potencialidade das águas superficiais estão concentradas nas regiões Norte e Centro- Oeste e os 11% restantes concentram-se nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, onde estão localizados 85,5% da população e 90,8% da demanda de água no país (Christofidis, 1999). Assim, diante deste cenário, para preservar e garantir o acesso á suas reservas e corpos hídricos, o Brasil precisa promover uma gestão eficiente, que busque o conhecimento das necessidades de seus diversos usuários (população, agricultura e indústria), da capacidade real de oferta e renovação/proteção das fontes naturais. Sendo a água um bem escasso, torna-se indispensável gerí-la de forma que seu uso seja adequado, proporcionando qualidade de vida das populações e, também ambientais. A gestão da água não pode estar limitada a um conjunto de processos de decisão casuísticos para solução de problemas de falta de água, poluição, degradação, entre outros. Pelo contrário, a gestão para ser eficaz, terá que ser baseada em soluções integradas, coerentes e eficazes em face aos diferentes objetivos que se pretende atingir (Magalhães, 1999). Os corpos de água constituem o destino final da maior parte dos resíduos que resultam de toda atividade humana localizada nos solos das bacias hidrográficas. Por isso, a preservação da qualidade de água de um rio deve ser feita, preventivamente, por meio do disciplinamento e da regularização do uso do solo de cada bacia hidrográfica (Porto, 1991; Branco, 2003). A Sub-Bacia do Atibaia - Bacia do Piracicaba, a exemplo do que ocorre em outras regiões do país, devido à ocupação intensa e desordenada, vem sofrendo em seus recursos hídricos perda da qualidade (por processos erosivos e fontes poluidoras) e da quantidade (por degradação/destruição das áreas de mananciais), sendo que esta mesma bacia faz compartilhamento de água com o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo. Deste modo, dada a importância do rio Atibaia para a Bacia do Piracicaba/SP, decidiuse por realizar um estudo para determinação das áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos em relação ao uso da terra no município de Itatiba/SP/Brasil, devido ser o responsável pelo abastecimento desta população, além de outras comunidades como Atibaia, Valinhos, Campinas, entre outras.
4 Metodologia Área e localização do município de Itatiba/SP A área do município é cerca de 323 km 2, possui 34,2 km do rio Atibaia, sua população é estimada em habitantes, sendo que 89% é urbana e 11% é rural, está localizado no meridiano W e paralelo S. Trata-se de uma área bastante heterogênea, devido ser um cenário de acelerado crescimento econômico, com significativas transformações e alterações ambientais. A Figura 1 ilustra o mapa com a localização do município de Itatiba no Estado de São Paulo. Itatiba Figura 1. Localização do município de Itatiba no Estado de São Paulo Obtenção das áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos Foram obtidas a partir de dados da ocupação do solo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (1999), de imagens satélite LANDSAT 5 de 1999 e CBERS 2 de 2004 e, também, de entrevistas com proprietários rurais indicados pela Casa da Agricultura Municipal (Silva, 2003). O processamento digital dos dados foi realizado por meio de sistema de informação geo-referenciado (SIG). Resultados e discussão Os resultados obtidos para as áreas de uso da terra consta na Tabela 1 e das áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos no município de Itatiba constam da Tabela 2 e as Figuras 2 e 3 ilustram as mesmas para 1999 e 2004.
5 Classes de Uso Área (%) 1999 Área (%) 2004 Pasto Mata Reflorestamento Solo exposto/cultura anual Cultura Perene Represa Estrada Área Urbana Tabela 1. Classes de Uso da Terra 1999 e 2004 (Siviero, 2006) As Áreas Urbanas em 1999 representavam na área 11.2% e, em 2004, 12.3%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população do município de Itatiba cresce a uma taxa de 4% ao ano. Nas classes de uso da terra, pode-se observar que o solo exposto/cultura anual e cultura perene diminuíram em 3,3%, em contrapartida a área urbana, reflorestamento e as estradas exprimiram significativo aumento neste período. Tomaz (2006) observa que: os problemas da qualidade da água dos rios começam a partir de área urbana impermeabilizada maior que 10%. De 10% a 25% há um declínio severo dos indicadores de qualidade dos rios. A partir da impermeabilização maior que 25% há uma degradação total do ambiente aquático. Classes de Contaminação Área (%) 1999 Área (%) 2004 Baixo 71,3 68,9 Moderado 9,5 14,2 Alto 19,2 16,9 Tabela 2. Classes de contaminação dos recursos hídricos no município de Itatiba A captação de água para abastecimento da população é do próprio rio Atibaia, localizada no Bairro da Ponte próximo à Rodovia D. Pedro I (SP-065), realizada pela SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Foram incluídas, na classe alta de contaminação dos recursos hídricos, as áreas urbanas nos dois períodos para comparação, devido serem as mesmas grandes fontes de cargas difusas e pontuais no município. A classe alta de contaminação dos recursos hídricos diminuiu de 1999 para 2004, devido à diminuição significativa das culturas anuais e perenes no mesmo período, foi apurado por Silva (2003), responsável pela Casa da Agricultura e pelo Plano da Microbacia Córrego Morro Azul, que nas atividades agrícolas há aplicação de insumos e uso de tecnologias tradicionais como a mecanização, ocorrendo com essas práticas à contaminação/degradação dos recursos naturais: água e solo.
6 Figura 2. Áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos 1999 Figura 3. Áreas passíveis de contaminação dos recursos hídricos 2004
7 Conclusão O município de Itatiba não possui solo com vocação agrícola em quantidade apreciável, e o crescente processo de urbanização leva a população apoderar-se de áreas, às quais precisam de vegetação permanente, principalmente aquelas situadas nas encostas dos morros. Esforços devem ser feitos por autoridades públicas e população no sentido de minimizar a classe alta de contaminação dos recursos hídricos, que na média está em 18% para esse período estudado. Deste modo, pode-se verificar comparando as classes determinadas em 1999 e em 2004, que as mesmas estão refletindo uma grande atividade antrópica no município em estudo, principalmente, no que diz respeito à transformação de áreas agrícolas em áreas urbanizadas. Referências bibliográficas Branco, SM Conservação da água e de sua qualidade. In: Água: origem, uso e preservação. Editora Moderna Ltda. 2 ed. São Paulo, Brasil, 8: Christofidis, D Situação das águas irrigadas Métodos e equipamentos de irrigação Brasil. In: Anais do Ciclo de Palestras da Secretaria. Ministério do Meio Ambiente Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília, Brasil: Freitas, MAV de O Estado das Águas no Brasil Perspectivas de gestão e informação de recursos hídricos. Brasília, Brasil: Garcia, AR A água nossa de cada dia. Direito e Legislação. Revista DBO Rural. DBO Editores Associados Ltda. São Paulo, Brasil, 24: 200. Magalhães, R Planejamento de Recursos Hídricos para uma Melhor Gestão da Água. In: Anais do Ciclo de Palestras da Secretaria. Ministério do Meio Ambiente Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília, Brasil: Porto, MFA Estabelecimento de parâmetros de controle de poluição. In: Porto, RLL et al. Hidrologia Ambiental. Edusp Associação Brasileira de Recursos Hídricos. São Paulo, Brasil: 3-19.
8 São Paulo (Estado). Secretaria do Meio Ambiente Perfil Ambiental do Estado de São Paulo. (Cd Rom: Versão 1999 SMA/CPLA Coordenadoria de Planejamento Ambiental). Silva, JEP da Plano da Microbacia Hidrográfica Córrego Morro Azul. Casa da Agricultura. Secretaria da Agricultura e Abastecimento (CATI-Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), Itatiba, São Paulo, Brasil: Siviero, MRL Avaliação do risco de degradação dos recursos hídricos num segmento do rio Atibaia. Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI/UNICAMP). Relatório Científico. Campinas, São Paulo, Brasil: Tomaz, P Poluição difusa. Navegar Editora. São Paulo, Brasil, 2: 3-21.
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