INFLUÊNCIA DA RETIRADA DA VEGETAÇÃO NAS VAZÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS DO RIO MADEIRA, PORTO VELHO, RO
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- Ruth Azenha
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1 INFLUÊNCIA DA RETIRADA DA VEGETAÇÃO NAS VAZÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS DO RIO MADEIRA, PORTO VELHO, RO Bárbara Antonucci ¹*; & Danilo Átila da S. Santos ²; & Naara Ferreira C. Souza ³; & Patrícia S. Guimarães 4 ;& Nara Luísa Reis de Andrade 5 Resumo - A urbanização e as mudanças no uso e ocupação do solo que vem ocorrendo nas últimas décadas no país de forma acelerada e sem planejamento, tem gerado mudanças na situação dos recursos hídricos. A modificação da paisagem afeta diretamente os mananciais, fazendo com que haja alteração no escoamento da bacia. Diante disto, o presente estudo objetivou analisar por meio de métodos estatísticos as vazões máximas e mínimas do rio Madeira e relacioná-las à retirada da vegetação. Para a análise dos dados das séries históricas obtidas foi aplicado o teste não paramétrico Wilcoxon-Mann-Whitney para amostras independentes com nível de confiança de 95%. Foi observado que as vazões máximas e mínimas, bem como a retirada da vegetação, vêm aumentando ao longo dos anos. Palavras-chave: Eventos extremos, redução da vegetação, uso e ocupação. INFLUENCE OF VEGETATION RECESSION IN FLOW MAXIMUM AND MINIMUM WOOD RIVER, PORTO VELHO, RO Abstract - The urbanization and changes in land use and occupation that has occurred in recent decades in the country at an accelerated rate and unplanned, has generated changes in the status of water resources. The landscape modification directly affects the springs, so that there is change in the flow of the basin. Given this, the present study aimed to analyze using statistical methods the maximum and minimum flows of the Madeira River and relate them to the removal of vegetation. For the analysis of the time series data obtained from the non-parametric Wilcoxon-Mann-Whitney test for independent samples with a 95% confidence level was applied. It was observed that the maximum and minimum flows and the removal of vegetation, have been increasing over the years. Keywords - Extreme events, reduced vegetation, use and occupation. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o Brasil apresentou um crescimento urbano significativo, sendo que 80% de sua população é urbana. A urbanização ocorreu de forma acelerada e sem planejamento e com isso os ambientes urbanos sofreram com a falta de infraestrutura, o que afeta diretamente os recursos hídricos (TUCCI, 2007; 2008). ¹* Fundação Universidade Federal de Rondônia UNIR, Departamento de Engenharia Ambiental - DEA. babiantoni9@gmail.com ² UNIR/DEA. danilo.unir@gmail.com 3 UNIR/DEA. naaraferreira94@gmail.com 4 UNIR/DEA. patrícia_sguimaraes@ymail.com 5 UNIR/DEA. naraluisar@gmail.com 1
2 Neste contexto de evolução econômica e tecnológica, no Brasil, entre os anos de 1970 e 1980 foram impostas políticas de colonização na Região Norte do país, o cenário antes de florestas se converte em pouco tempo para pastagens, tendo como principal intuito o desenvolvimento da agropecuária. Diante disto, sabe-se que a água é um recurso natural essencial à vida e apresenta os mais variados usos. Dentre estes, pode-se citar práticas agrícolas, abastecimento público, recreação e dessedentação de animais. Desta forma, segundo Santos et al (2010), a manutenção deste recurso finito em padrões de quantidade e qualidade com o objetivo de atendimento aos seus múltiplos usos representa um desafio para as sociedades. Sendo assim, a modificação da paisagem afeta diretamente os mananciais, seja pela aceleração dos processos erosivos, alteração das disponibilidades hídricas ou pela contaminação e lançamento de efluentes. Por isso, Vieira (2000) apud Almeida et al. (2009) afirma que os maiores agentes modificadores da cobertura da terra são a retirada da vegetação e a conversão do uso da terra pelo homem, o que provoca diversas mudanças no meio físico e no ciclo da água.portanto, modificações no uso do solo praticadas na bacia hidrográfica tendem a promover modificações em seu escoamento (OLIVEIRA, 2010). Diante disto, o presente estudo objetivou analisar por meio de métodos estatísticos as vazões máxima e mínima do rio Madeira e relacioná-las com a retirada da vegetação. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O estudo foi realizado num trecho da bacia hidrográfica do rio Madeira onde está localizada a estação de medição fluviométrica de Porto Velho, de código , pertencente à Agência Nacional das Águas (ANA) e operada pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). A referida estação localiza-se no município de Porto Velho, estado de Rondônia, tendo altitude de 42,5 metros, área de drenagem de m 2 e coordenadas S e W (Figura 1). Porto Velho localiza-se na Amazônia Ocidental, na margem direita do rio Madeira, e de acordo com o IBGE (2014) tem população de cerca de habitantes. O município é coberto por floresta tropical e formado por planícies, com serras relativamente baixas. Descrição de instrumentos e métodos Os dados referentes à estação fluviométrica de Porto Velho foram adquiridos no sítio HidroWeb, no link < sendo selecionados os dados de vazões máximas e mínimas em duas séries de 10 anos, referentes aos períodos de 1968 a 1977 e de 2003 a 2012, foram utilizados esses anos devido a maior disponibilidade dos dados. Como se objetivava a análise de eventos extremos de vazões máximas e mínimas optou-se por selecionar as vazões máximas 2
3 referentes aos meses chuvosos: janeiro, fevereiro e março. Quanto às vazões mínimas, foram selecionados os meses de seca: julho, agosto e setembro. Figura 1 Localização da Estação Fluviométrica , Porto Velho, RO. Diante disto, para a escolha do método estatístico mais adequado, os dados foram analisados quanto à normalidade e homocedasticidade, com nível de significância (α) de 0,05. Como não foram atendidos os pressupostos de normalidade e homocedasticidade, adotou-se o teste não paramétrico Wilcoxon-Mann-Whitney, para amostras independentes com nível de confiança de 95%. Para análises das mudanças no uso e ocupação da bacia hidrográfica, foram utilizadas as bandas 4, 5, 6 dos anos de 1976 e 2011, baixadas do satélite LANDSAT 1 com sensor MSS, e do satélite LANDSAT 5 com sensor TM, respectivamente. Tais imagens foram georreferenciadas com o programa Spring, e posteriormente empregado o programa Arcgis para a construção dos mapas temáticos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na análise não paramétrica de amostras independentes foram definidas as hipóteses nula, na qual as médias das amostras são iguais, e alternativa, em que as médias das amostras são diferentes, para as vazões máximas e mínimas. De acordo com as hipóteses definidas anteriormente e dado o α para as vazões máximas e mínimas, respectivamente de 1,79x10-6 e 0,002, foi possível concluir que existem evidências estatísticas para se rejeitar a hipótese nula. Desta forma, as médias das vazões máximas e mínimas de 1968 a 1977 são diferentes dos anos de 2003 a Diante disto observa-se que as vazões máximas têm aumentado, sendo que as médias de 1968 a 1977, que eram de 7979,05 m 3 /s, passaram a ser de 22706,67 m 3 /s no período de 2003 a Já 3
4 as vazões mínimas evidenciaram um aumento do período de 1968 a 1977 para o período de 2003 a 2012, sendo, respectivamente,6122,22m 3 /s e 15186,43 m 3 /s. Com relação ao uso e ocupação da bacia, a sua variação no intervalo de 35 anos é demonstrada nas Figuras 2, 3, 4 e 5. Observa-se que ao longo do período estudado houve um aumento significativo da área urbanizada devido ao aumento populacional do estado. De acordo com Santos (2013), a cidade de Porto Velho teve um aumento populacional de 37 % nos últimos 10 anos. Houve também um crescimento do desflorestamento ao longo de uma área no entorno da estação da Bacia do Rio Madeira. Figura 2 e 3 Uso e Ocupação do Solo no Entorno do Rio Madeira, em 1976 e 2011, respectivamente. Figura 4 e 5 Porcentagem dos fatores que influenciam no uso e ocupação do solo em Porto Velho, em 1976 e 2011, respectivamente. De acordo com as Figuras 4 e 5, houve um decréscimo de 28,8% na vegetação Arbórea, e consequentemente um aumento de 15,85 % de áreas com solo exposto, como também, pelo desenvolvimento urbano que avançou 14,28 % neste determinado período de tempo. 4
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises das vazões máximas e mínimas do rio Madeira dos anos de 1968 a 1977 e de 2003 a 2012 evidenciam que houve alterações no comportamento das mesmas, da mesma maneira, houve retirada de vegetação significativa no entorno da área, o que pode ter influencia direta no comportamento hidrológico da bacia. A urbanização e o aumento de solo exposto diminuem a capacidade de infiltração e fazem com que, em eventos de precipitação, haja maior escoamento superficial, que acaba encontrando o curso d água, aumentando seu volume e, consequentemente, a velocidade do seu escoamento. Com estudos mais aprofundados será possível verificar quais são as consequências que o aumento das vazões trouxe e ainda traz para toda a bacia hidrográfica, possibilitando a adoção de possíveis medidas para diminuir os impactos causados. REFERÊNCIAS a) Artigo em revista SANTOS, E. H. M.; GRIEBELER, N. P.; OLIVEIRA, L. F. C. (2010). Relação entre uso do solo e comportamento hidrológico na Bacia Hidrográfica do Ribeirão João Leite. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, v. 14, n. 8. TUCCI, C. E. M. (2008). Águas urbanas. Estudos Avançados, v. 22, n. 63. TUCCI, C. E. M. (2007). Inundações Urbanas. 1. Ed. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos. b) Artigo em anais de congresso ALMEIDA, A. Q; RIBEIRO, A; PAIVA, Y. G; SOUZA, C. A. M. (2009). Relação entre cobertura florestal e resposta hidrológica de uma bacia hidrográfica. In: Anais de Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, 2009, INPE, p c) Sites Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Cidades. Disponível em < Acesso em 29 de Agosto SOUZA, B. 25 cidades que tiveram um boom populacional no Brasil. Disponível em:< Acesso em: 29 de Agosto de Séries Históricas; Sistema de Informações Hidrológicas (HidroWeb). Disponível em: < Acesso em 18 de Agosto de
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