OS PRIMEIROS PASSOS PARA PLANEJAR AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: DISGNÓSTICO
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- Ester Santana Dias
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1 OS PRIMEIROS PASSOS PARA PLANEJAR AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: DISGNÓSTICO Resumo GUILHERME SANCHES VALVERDE Universidade Estadual de Londrina 1 ROSANGELA MARQUES BUSTO Universidade Estadual de Londrina 2 Teve como objetivo identificar e promover a avaliação física dos alunos com deficiências físicas e visuais da rede municipal de educação da cidade de Londrina-PR. A Secretaria Municipal de Educação selecionou 10 escolas de forma aleatória entre as escolas que tinham alunos deficientes físicos e visuais. A coleta de dados foi realizada por meio de formulário e ficha de avaliação. Foram avaliados 18 (dezoito) alunos, sendo 15 (quinze) deficientes físicos e 03 (três) deficientes visuais, de ambos os sexos, com idade variando de 5 a 12 anos. Dentre as deficiências físicas a maior incidência se deu com relação à paralisia cerebral. Na deficiência visual prevaleceu à visão subnormal ocasionada por vício de refração e alta miopia. Com estas informações buscamos colaborar com o planejamento da Secretaria Municipal de Educação e da Fundação de Esportes do Município quanto às ações a serem programadas que visam atender a esta parcela da população. Palavras chaves: deficientes físicos, deficientes visuais, avaliação física Introdução A Educação Física após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) passou a fazer parte integrante do projeto de escolarização e precisa estar atenta à atualização das demandas socioculturais. Este novo enfoque exige que o profissional de Educação Física tenha competências e habilidades específicas, entre elas encontramos que ele deve ser capaz de: diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas (crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas portadoras de deficiência, de grupos e comunidades especiais) de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físicoesportivo, do lazer e de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas (CONFEF, 2007). A LDB em seu artigo 59 nos lembra que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicas, para atender às suas necessidades (BRASIL, 1996). Dessa forma as escolas devem construir uma estrutura interna que possa atender os alunos com deficiências adequadamente conforme preconizado pela LBD, o modelo de inclusão preconiza que o atendimento às necessidades pedagógicas de todos os alunos se faça no mesmo contexto, embora adaptadas e que a aprendizagem desses alunos não dependa unicamente de um programa de ensino adequado, mas também da disponibilidade de recursos 1 Mestrando em Educação pela Universidade Estadual de Londrina. Guilherme_valverde@hotmail.com
2 pedagógicos e mobiliários adaptados (MELLO; MANZINI, 2003), completa ainda Busto, Achour Junior e Razente (2007) a identificação e avaliação física dos tipos de deficiências poderão contribuir para que as Secretarias de Educação dos Municípios, Fundação de Esportes e Universidades fomentem cursos de capacitação para os profissionais envolvidos no atendimento de pessoas com necessidades especiais. O objetivo deste estudo foi identificar e promover a avaliação física dos alunos com deficiências físicas e visuais da rede municipal de educação da cidade de Londrina-PR. Materiais e Métodos Este estudo se caracteriza como pesquisa de levantamento. Foram analisadas 10 escolas escolhidas de forma aleatória pela Secretaria de Educação do Município de Londrina. Os dados foram coletados por meio de formulário e ficha de avaliação. As medidas e avaliações seguiram o protocolo estabelecido pelo PROESP Ministério do Esporte (peso, altura, índice de massa corporal, envergadura, flexibilidade, abdominal, força de membro superior, força de membro inferior e corrida de 20 metros). Foi utilizado tratamento estatístico descritivo. O projeto de pesquisa e o termo de consentimento esclarecido foram submetidos à apreciação e aprovação pela Comissão de Bioética do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados e Discussão O município de Londrina possui na região urbana 68 (sessenta e oito) escolas municipais, que ofertam desde a educação infantil, até ensino fundamental primeiro e segundo ciclo, aonde, 19 (dezenoves) dessas escolas atendem alunos com deficiência física e visual (SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE LONDRINA, 2008). Nesta primeira parte apresentaremos os resultados relacionados às 10 escolas pesquisadas. O processo de inclusão de alunos com deficiência teve inicio nas escolas selecionadas em média há 10 anos, mas duas escolas iniciaram esse processo há duas décadas atrás. Essas escolas podem ser consideradas de vanguarda já que a Declaração de Salamanca assinada em 1994, marco para a inclusão, reconheceu a necessidade e urgência da educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino (SEESP, 2008). Das escolas pesquisadas, 70% (setenta) não oferecem oficinas esportivas no contra-turno das aulas para os estudantes e 30% (trinta) ofereciam alguma oficina esportiva e desses 30% (trinta) todos aceitam alunos com deficiência, das justificativas dadas para o atendimento aos desses alunos foram respondidas as seguintes: a procura das oficinas por partes dos alunos deficientes e pelas escolas não descriminarem esses alunos. As oficinas oferecidas pelas escolas são de futsal e ginástica. Dos alunos deficientes físicos e visuais pesquisados nas 10(dez) escolas citadas acima, foi analisado a relação da idade dos indivíduos com a série que os mesmos freqüentavam 73% dos deficientes físicos e 6 dos deficientes visuais pesquisados estavam fora das séries adequadas para idade. (Gráficos 1 e 2 )
3 ALUNOS DEFICIENTES FÍSICOS NAS SUAS REPECTIVAS SÉRIES Ed. Infantil 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série Dentro da Série Esperada Fora da Série Esperada Gráfico 1 - Alunos deficientes físicos nas suas respectivas séries ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS NAS SUAS REPECTIVAS SÉRIES Ed. Infantil 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série Dentro da Série Esperada Fora da Série Esperada Gráfico 2 - Alunos deficientes visuais nas suas respectivas séries Dos alunos deficientes físicos pesquisou-se também, se existiam alguns acessórios que auxiliavam na locomoção dos mesmos, foi visto que 32% (trinta e dois) não necessitavam de nenhum auxílio; andador; tala; muleta; prótese 2 cadeira de rodas manual e 13% usavam cadeira de rodas manual e órtese. (Gráficos 3 e 4)
4 FORMA DE LOCOMOÇÃO DOS ALUNOS DEFICIENTES FÍSICOS Andador Cadeira de Rodas Manual 2 Sem Auxílio 32% Cadeira de Rodas Manual e Órtese 13% Prótese Tala Muleta Gráfico 3 - Formas de locomoção dos alunos deficientes físicos RECURSOS AUXLIARES PARA DEFICIÊNCIA VISUAL Muleta para cegos 33% Lentes Corretivas 6 Gráfico 4 - Recursos auxiliares para deficiência visual Apresentaremos os dados obtidos com a avaliação dos 18 (dezoito) alunos deficientes físicos e visuais, matriculados nas dez (10) escolas relacionadas pela Secretaria de Educação do Município. Dos 18 (dezoito) alunos avaliados, quinze (15) eram deficientes físicos, sendo 9 do gênero masculino e 06 (seis) do gênero feminino, a faixa etária onde se concentrou o maior número de alunos foi de 5 a 7 anos. Com relação aos deficientes visuais, foram avaliados três (03) participantes, sendo 01 (um) do gênero masculino e 02 (dois) do gênero feminino, a idade de maior incidência foi de 10 a 12 anos (Tabela 01). Tabela 01-Distribuição dos alunos de acordo com a deficiência e faixa etária. Def Física Def. Visual Variáveis Masc Fem Masc Fem Total 5 a 7 anos e 9 anos
5 10 a 12 anos Total Média de idade: 8,11 anos desvio padrão: 2,14 anos A população brasileira de acordo com o senso demográfico de 2000 possui em números absolutos mais homens que mulheres, porém quando analisamos por faixa etária, principalmente no que se refere a faixa etária de 5 a 14 anos, o número de meninos supera o número de meninas, conforme foi encontrado em nosso estudo. (IBGE, 2007) O gráfico 1 e 2 apresentam as patologias encontradas entre os alunos com deficiência física 52% apresentavam paralisia cerebral, distrofia muscular, encefalopatia e 34% tinham má formação congênita. Na deficiência visual, um aluno era cego, dois tinham baixa visão. Foram identificadas como as patologias que causaram a deficiência visual: alta miopia, vício de refração, nos alunos com baixa visão e relinopatia congênita no aluno que era cego. Etiologia da Deficiência Física Paralisia celebral 52% Distrofia Muscular Degenerativa Encefalopatia Crônica Hidrocefalia Má formação congênita 20% Mielomeningo cele Gráfico 5 etiologia da deficiência física A Paralisia Cerebral (PC) é um grupo de sintomas incapacitantes permanentes da função muscular, surge após uma destruição ou uma ausência congênita dos neurônios motores superiores. É um problema não progressivo que pode ter origem antes, durante ou logo após o nascimento e se manifesta na perda ou no comprometimento do controle sobre a musculatura voluntária (Adams, Daniel, Cubbin e Rullman, 1985; Winnick, 2004).
6 Etiologia da Deficiência Visual Alta Miopia 33% Relinopadia congênita 34% Vício de Refração 33% Gráfico 6 Etiologia da deficiência visual. Em estudo realizado em 2007, Busto, Achour Junior e Razende traçaram o perfil físico dos alunos com deficiência física e visual matriculados na rede pública municipal de Londrina, foram encontrados 51% com Paralisia Cerebral, 10% Distrofia muscular de Douche, Lesão medular, 29% diversas etiologias. Dos alunos com deficiência visual 50% apresentaram cicatriz macular, 25% miopia e 25% nistagmo. Na Tabela 2 podemos observar os resultados obtidos nas avaliações realizadas com os alunos deficientes físicos e deficientes visuais. Tabela 2 - Medidas e testes aplicados nos alunos deficientes físicos e visuais da rede pública de Londrina. Deficiência Física Enver- Peso Altura Flexi- Abdo- Força Força Variáveis Imc gadura kg Cm. bilidade minal MS MI Cm. 20m Seg. média 28, , ,83 27, ,77 desvio 11, , ,59 8, ,10 Deficiência Visual Variáveis Peso Altura Imc Enver- Flexi- Abdo- Força Força gadura bilidade minal MS MI 20m média ,5 17, ,5 78 6,195 desvio 15,09 21,02 2,62 32,60 21,21 15,56 0,28 0,74 2,00 Os resultados antropométricos dos avaliados foram equivalentes e as capacidades físicas apresentaram um escore menor quando comparados aos índices do Manual de Aplicação de Medidas e Testes, Normas e Critérios de Avaliação do PROESP. (PROESP, 2007) Conclusão Em nossa realidade, os programas de educação física são partes integrantes dos currículos nas escolas, desde as primeiras séries até o final do período de escolarização, fazendo com que, possivelmente crianças e adolescentes envolvidos nesta estrutura possam dedicar mais tempo
7 a esses programas do que muitos outros durante toda vida escolar (GUEDES; GUEDES, 2006). A comparação dos resultados dos alunos avaliados com outras populações não pode ser vista como uma discriminação, mas, sim como um dado inicial ou uma base para que se possa melhor planejar a intervenção do profissional de educação física, preocupado e engajado na luta contra a discriminação de pessoas com deficiência. Referências ADAMS, R. C; DANIEL, A. N; CUBBIN, J. A. e RULLMAN, L. Jogo, esporte e exercícios para deficientes. Barueri: Manole, BRASIL. Conselho Federal de Educação Física. Diretrizes Curriculares para Graduação em Educação Física. Disponível em: < Acesso em: 21 jul BUSTO, R.M. ACHOUR JUNIOR, A. RAZENDE, D.M.R. Identificação das Deficiências Físicas e Visuais de alunos da rede municipal de educação da, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. São Paulo: Baliero, GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Crescimento de Saúde e Fatores de Prestação Esportiva em Crianças e Jovens. Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação. Disponível em Acesso em 25 de jul IBGE. Tabela: segundo os grupos de idade. Disponível em: < Acesso em: 21 jul PROESP-BR. Observatório Permanente dos Indicadores cidade de Londrina. Revista da Educação Física/UEM , 188/192. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE LONDRINA. Relação de Escolas. las_urbanas, Acesso em : 02 de agosto de SEESP - Secretaria de Educação Especial. Declaração de Salamanca. Acesso em: 01, agosto de TELLES, M.I. MANZINI, E.J. Condições que propiciariam ou dificultariam a inclusão de alunos com deficiência física na classe comum. In: Marquezine, M. C., Almeida, M. A., Tanaka, E. D. O., Busto, R. M., Souza, S. R., Meletti, S. M. F.; Fujisawa, D. S. Inclusão: Coleção Perspectivas Multidisciplinares em Educação Especial. Londrina: Eduel, p WINNICK, J. P. Educação Física e esporte adaptado. Barueri: Manole, 2004.
Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 ISBN
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