UNIVERSIDADE IBIRAPUERA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM BIOODONTOLOGIA
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- Eduardo Eger Godoi
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1 UNIVERSIDADE IBIRAPUERA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM BIOODONTOLOGIA AVALIAÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO PÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA: ESTUDO TRANSVERSAL COMPARATIVO ENTRE PACIENTES CLASSE II E III RAFAEL MARTINS AFONSO PEREIRA Linha de pesquisa Métodos de Investigação Clínica e Laboratorial voltados para a clínica odontológica São Paulo 2016
2 1. RAFAEL MARTINS AFONSO PEREIRA AVALIAÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO PÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA: ESTUDO TRANSVERSAL COMPARATIVO ENTRE PACIENTES CLASSE II E III Dissertação apresentada à Universidade Ibirapuera como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre no Programa de Mestrado em Odontologia, Área de Concentração: Bioodontologia, sob a orientação da Profª. Drª. Anna Carolina Volpi Mello-Moura. São Paulo 2016
3 P436a Pereira, Rafael Martins Afonso Avaliação do grau de satisfação pós cirurgia ortognática: estudo transversal comparativo entre pacientes classe II e III. / Rafael Martins Afonso Pereira. São Paulo f.: il. Orientação: Profa. Dra. Anna Carolina Volpi Mello - Moura. Dissertação (Mestrado em Biodontologia) - Universidade Ibirapuera, São Paulo, Cirurgia ortognática 2. Satisfação do paciente 3. Deformidade Dentofacial 4. Ortodontia corretiva I. Titulo CDD
4 FOLHA DE APROVAÇÃO [Dissertação para obtenção do Título de Mestre]. São Paulo: UNIB Universidade Ibirapuera; São Paulo, 15/08/16 Banca Examinadora 1) Prof( a ) Dr ( a ) Titulação: Julgamento: Assinatura 2) Prof( a ) Dr( a ) Titulação: Julgamento: Assinatura 3) Prof( a ) Dr( a ) Titulação: Julgamento: Assinatura
5 Autorizo a reprodução parcial e divulgação total deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Autor, Rafael Martins Afonso Pereira
6 EPÍGRAFE Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem o timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino". (Leonardo da Vinci)
7 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho à Deus, à minha esposa e à minha filha por acreditarem em mim e me apoiarem em todos os momentos.
8 AGRADECIMENTOS À Deus, pelo dom da vida e por permitir a concretização dessa conquista. À minha esposa Patrícia, pelo amor, companheirismo, apoio e compreensão em todos os momentos. À minha filha Maria Clara, minha princesa, por entender a minha ausência e me apoiar nessa etapa da minha vida. Aos meus pais Hélio e Regina Márcia, pelos valores transmitidos e ensinamentos nessa trajetória. À minha irmã Ana Flavia, por saber que posso contar a qualquer momento. À Professora Dra. Anna Carolina Volpi Mello-Moura, orientadora do meu trabalho, pelo apoio prestado, pelos ensinamentos e por acreditar no meu potencial. À Professora Dra. Susana Morimoto, coordenadora do Mestrado, pela conduta profissional e ajuda nesse trabalho. Aos professores do Mestrado Acadêmico da Universidade Ibirapuera, pelo conhecimento transmitido. Ao Dr. Gustavo Mascarenhas, grande cirurgião e amigo, pela importantíssima ajuda e parceria, não somente nessa pesquisa, mas em toda vida profissional. À Dra. Vanessa Castro por acreditar nesse trabalho e colaborar para que se tornasse realidade. À todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse sonho.
9 RESUMO As deformidades dentofaciais interferem tanto na saúde e função bucal, quanto no bem-estar psicossocial dos pacientes, resultando em baixa autoestima e consequentemente em menor qualidade de vida. A cirurgia ortognática, associada à ortodontia, é considerada a base do tratamento corretivo dessas deformidades. O objetivo deste estudo foi analisar o grau de satisfação pós operatório, quanto à estética facial e dental, função mastigatória e respiratória e fatores psicossociais, em pacientes que apresentavam deformidade dentofacial classe II comparados com os de classe III. Os pacientes foram divididos em dois grupos sendo 50 pacientes no Grupo 1 (classe II) e 30 pacientes no Grupo 2 (classe III). Estes responderam a um questionário abordando os motivos que os levaram a buscar o tratamento ortocirúrgico e a percepção com o resultado desse tratamento. Avaliando o grau de satisfação pós-operatório, não observou-se diferença significativa entre os grupos quanto a melhoras nos aspectos estéticos e funcionais e ao impacto psicológico do tratamento. Pode-se concluir que independente do tipo de alteração dentofacial, o tratamento bem indicado e conduzido, resulta em efeitos positivos significativos na vida dos pacientes, tanto na estética quanto na função, além de grande benefício psicossocial. PALAVRAS CHAVES: Cirurgia Ortognática, Satisfação do Paciente, Deformidade Dentofacial.
10 ABSTRACT Dentofacial deformities affect both health and oral function, as in the psychosocial well-being of patients, resulting in low self-esteem and consequently a lesser quality of life. The orthognathic surgery associated with orthodontics, is considered the basis for corrective treatment of these deformities. The aim of this study was to analyze the degree of postoperative satisfaction regarding facial and dental esthetics, masticatory and respiratory function and psychosocial factors in patients with dentofacial deformity class II compared to class III. The patients were divided into two groups with 50 patients in Group 1 (class II) and 30 patients in Group 2 (class III). They answered a questionnaire addressing the reasons that led them to seek the ortho-surgical treatment and perception with the result of this treatment. Assessing the degree of postoperative satisfaction, we did not observe a significant difference between the groups in terms of improvements in the aesthetic and functional aspects and the psychological impact of the treatment. It can be concluded that regardless of the type of dentofacial changes, the treatment well indicated and conducted, results in significant positive effects on patients lives, both aesthetically and in the function, and psychosocial great benefit. KEYWORDS: Orthognathic Surgery, Patient Satisfaction, Dentofacial Deformity.
11 SUMÁRIO * 1 INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODO RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÕES CONFLITO DE INTERESSE...28 REFERÊNCIAS...29 ANEXOS...33 * Esta dissertação foi realizada em formato de artigo e por isso o capítulo da revisão da literatura foi excluído. O artigo será enviado para o Journal of Cranio-Maxillofacial Surgery
12 1. INTRODUÇÃO Na Odontologia, pacientes com deformidades dentofaciais apresentam diminuição nos níveis de confiança pessoal, pois tais deformidades interferem tanto na saúde e função bucal, quanto no bem-estar psicossocial, resultando em baixa autoestima, e consequentemente em menor qualidade de vida (Soh e Narayanan, 2013) A associação da cirurgia ortognática com o tratamento ortodôntico é tido como a base do tratamento corretivo das deformidades dentofaciais. Os estudos buscam evidenciar as técnicas cirúrgicas e a evolução das diferentes abordagens objetivando o melhor desempenho funcional (Miguel et al, 2014). Sabe-se no entanto, que há um crescente interesse sobre a percepção do paciente sobre o impacto em sua vida e do benefício social e psicológico. Encontra-se na literatura trabalhos que tem utilizado questionários sobre qualidade de vida e saúde bucal, permitindo análises qualitativas e/ou quantitativas e comparações entre o pré e o pós operatório, para avaliar o impacto da deformidade na vida do indivíduo e dos benefícios da cirurgia ortognática (Ávila et al, 2013; Kavin et al, 2012; Murphy et al, 2011). Com isso, percebe-se cada vez mais, que o tratamento orto-cirúrgico, permite melhorias na função mastigatória, respiratória e fonética, bem como na estética facial e dental, elevando a autoestima pessoal e assim tornando-se uma forma expressiva de melhorar a qualidade de vida de pessoas com tais deformidades (Rustemeyer e Gregersen, 2012; Guhan et al, 2008).
13 No entanto, nos recentes trabalhos na literatura, pouco se encontra sobre os benefícios do tratamento orto-cirúrgico relacionados com o tipo de deformidade prévia, para se saber se existe diferença significativa desses benefícios nos diferentes grupos de pacientes, ou seja, se existe diferença de satisfação entre os pacientes que apresentavam deformidade dentofacial Classe II comparado com os Classe III. Assim, este estudo procurou preencher esta lacuna ainda presente na literatura, analisando o grau de satisfação pós operatório, no que diz respeito à estética facial e dental, função mastigatória e respiratória e fatores psicossociais, em pacientes que apresentavam deformidade dentofacial Classe II comparados com os de Classe III.
14 2. MATERIAL E MÉTODO 2.1 Aspectos éticos e do delineamento do estudo Esse estudo foi iniciado somente após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (COEPE) da Universidade Ibirapuera - Protocolo número (ANEXO 1). Foi realizado um estudo transversal retrospectivo, seguido de acordo com o Protocolo STROBE (Vandenbroucke et al, 2007) em pacientes submetidos a tratamento orto-cirúrgico (preparo ortodôntico prévio e posterior cirurgia ortognática). 2.2 Obtenção da amostra A amostra foi composta por pacientes provenientes de clínicas particulares de uma mesma equipe especializada em Cirurgia Bucomaxilofacial, na cidade de Salvador/BA, composta por 5 cirurgiões, que concordaram em colaborar com essa pesquisa. Os contatos de 92 pacientes foram disponibilizados pela equipe e os pacientes foram incluídos de acordo com os seguintes critérios de inclusão: todos os pacientes operados pela equipe nos anos de 2013 e 2014, ou seja, terem realizado a cirurgia há no mínimo 1 ano e no máximo 3 anos, cirurgia bi-maxilar com a mesma técnica cirúrgica e filosofia de trabalho, utilizando osteotomia Lefot na maxila e sagital na mandíbula, sem abordagem na ATM, terem realizado o acompanhamento pós-operatório adequadamente orientado pelos cirurgiões e ainda, terem concordado com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
15 Os 92 pacientes foram convidados a participar deste estudo por meio de contato telefônico direto e foram divididos em 2 grupos: Grupo 1 - pacientes que apresentavam deformidade dentofacial Classe II (59 pacientes) e Grupo 2 - pacientes que apresentavam deformidade dentofacial Classe III (33 pacientes). Posteriormente ao contato telefônico, foi enviado por o TCLE e um link para acessar um questionário eletrônico criado no google forms, objeto do estudo. 2.3 Questionário aplicado O questionário eletrônico era composto por 20 questões objetivas (ANEXO 2) com alternativas fixas, adaptado de Espeland et al, 2008, onde foram acrescentadas algumas perguntas e alterada a forma de abordagem de outras. Através deste questionário, foi analisado o grau de satisfação do paciente quanto a estética facial e dental, função mastigatória e respiratória e fatores psicossociais após o tratamento orto-cirúrgico. 2.4 Análise Estatística Por se tratar de um questionário eletrônico, os dados foram coletados e armazenados digitalmente e as planilhas de dados obtidas foram geradas para a realização de análise estatística. Foi aplicado o teste de Qui-quadrado através do software SPSS V16 for Windows (SPSS; Chicago, IL, USA), possibilitando assim comparar os dois grupos com relação aos motivos que levaram esses pacientes a procurar o tratamento orto-cirúrgico, além da avaliação dos resultados e benefícios do tratamento
16 3. RESULTADOS Dos 92 pacientes contatados, foram respondidos 80 questionários, obtendo assim um excelente índice de retorno de 87%. Obtiveram-se respostas de 50 pacientes no Grupo 1 (classe II) e 30 pacientes no Grupo 2 (classe III). De forma geral, a maioria dos pacientes entrevistados eram do gênero feminino (64%) e todos os pacientes possuíam no mínimo ensino médio completo. Entretanto, entre os grupos estudados, não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) para as variáveis gênero e grau de escolaridade (Tabela 1). Tabela 1 Distribuição da amostra de acordo com o gênero e grau de escolaridade. Variável Classe II n(%) Classe III n(%) p valor Gênero Masculino 18 (36) 12 (40) Feminino 32 (64) 18 (60) O,720 Ensino Médio Incompleto 0 (0) 0 (0) Grau de escolaridade Ensino Médio Completo 13 (26) 8 (27) Ensino Superior Completo 12 (24) 14 (46) Pós-graduação 25 (50) 8 (27) 0,065 Com relação aos motivos que levaram os pacientes a procurarem o tratamento orto-cirúrgico, a aparência dentária foi tida como fator extremamente importante por 64% dos pacientes no Grupo 1 e 66,6% no Grupo 2 (p=0,57). Da mesma forma, a aparência facial atingiu o mesmo grau de importância para 48% dos paciente no Grupo 1 e 63,3% no Grupo 2
17 (p=0,59). No entanto não observamos diferença significativa entre os grupos no que diz respeito a estética como escolha para o tratamento. Ao ser abordada a importância da função como motivo de escolha do tratamento, não houve diferença significativa entre os grupos nos aspectos avaliados e 58% dos pacientes no Grupo 1 e 76,6% no Grupo 2 (p=0,15) alegaram que a reabilitação da função mastigatória foi fator extremamente importante. Já para a fala, a importância foi igualmente destacada apenas para 24% dos pacientes no Grupo 1 e 23,3% no Grupo 2 (p=0,99). No que diz respeito a respiração, 62% dos pacientes no Grupo 1 e 60% no Grupo 2 (p=0,87) julgaram que a dificuldade na respiração foi fator extremamente importante na escolha do tratamento (Gráfico 1). Porém, com relação a procura do tratamento com a intenção de prevenir futuros problemas relacionados aos dentes, faz-se necessário destacar que houve diferença significativa entre os grupos sendo essa intenção de prevenção um fator de extrema importância para escolha do tratamento, com 58% no Grupo 1 e 90% no grupo 2 (p=0,02). Gráfico 1 Distribuição da amostra no que se refere ao motivo da escolha do tratamento.
18 Quanto a percepção dos pacientes com relação aos resultados obtidos com o tratamento, percebemos os grandes benefício estéticos relatados. Com relação a aparência dentária, 84% dos paciente no Grupo 1 e 83% no Grupo 2 (p=0,68) descreveram grandes melhoras, bem como no que tange a aparência facial com 84% no Grupo 1 e 73,3% no Grupo 2 (p=0,28). Avaliando função após o tratamento, não houve diferença significativa entre os grupos (p>0,05). 50% dos pacientes no Grupo 1 e 66,6% no Grupo 2 (p=0,52), perceberam grande melhoria na função mastigatória, e essa percepção foi mantida para 64% dos pacientes no Grupo 1 e 56,6% no Grupo 2 (p=0,7) com respeito a melhora na respiração. Porém, com relação a fala, 50% dos pacientes do Grupo 1 e 33,3% no Grupo 2 (p=0,18) relataram não haver melhora após o tratamento. para esses itens avaliados (Gráfico 2). Gráfico 2 Distribuição da amostra no que se refere ao resultado do tratamento.
19 Quando abordado o caráter psicológico no pós operatório dos pacientes, 94% no Grupo 1 e 100% no Grupo 2 (p=018) alegaram que o tratamento, de forma geral, teve grande ou algum impacto psicológico positivo em suas vidas (Tabela 2). Tabela 2 Distribuição da amostra com relação ao impacto psicológico pós tratamento na vida dos pacientes. Impacto do tratamento Classe II n(%) Classe III n(%) p valor Vida Social entre amigos Vida Social entre familiares Na própria vida Sem impacto 6 (12) 5 (16,7) Algum impacto 11 (22) 12 (40) Grande impacto 30 (60) 13 (43,3) Não tenho certeza 3 (6) 0 (0) Sem impacto 11 (22) 6 (20) Algum impacto 11 (22) 10 (33,3) Grande impacto 26 (52) 14 (46,7) Não tenho certeza 2 (4) 0 (0) Sem impacto 3 (6) 0 (0) Algum impacto 16 (32) 5 (16,7) Grande impacto 31 (62) 25 (83,3) Não tenho certeza 0 (0) 0 (0) 0,159 0,520 0,186 Sabe-se que o que mais incomoda o paciente no pós operatório das cirurgias ortognáticas é a perda de sensibilidade. Porém, nesse estudo, no período de tempo pós operatório em que os pacientes responderam os questionários, 86% dos pacientes no Grupo 1 e 76,6% no Grupo 2 (p=0,53) alegaram que a sensibilidade atual está praticamente normal ou apenas um pouco reduzida. Também, em relação a sensibilidade, o estudo mostrou que
20 durante o período pós operatório mais crítico em que essa perda de sensibilidade aconteceu, apenas 12% dos pacientes no Grupo 1 e 20% no Grupo 2 (p=013) relataram que isso prejudicou de maneira acentuada seu diaa-dia, também não apresentando diferença significativa entre os grupos (p>0,05) (Gráfico 3). Gráfico 3 Distribuição da amostra com relação a sensibilidade pós operatória. Por fim os pacientes responderam que ficaram satisfeitos, ou muito satisfeitos com o resultado do tratamento em 92% no Grupo 1 e 93,3% no Grupo 2 (p=0,99) e que, após ter passado por todo o tratamento e com o conhecimento e experiência atual, apenas 6% dos pacientes no Grupo 1 e nenhum paciente do Grupo 2 (p=0,46) não se submeteriam novamente a uma cirurgia ortognática (Gráficos 4 e 5).
21 Gráfico 4 Distribuição da amostra quando perguntados se após ter passado por todo o tratamento e com o conhecimento e experiência atual, se submeteriam a uma Cirurgia Ortognática. Gráfico 5 Distribuição da amostra quando perguntados se estão satisfeitos com o resultado do tratamento.
22 4. DISCUSSÃO Entender as características psicológicas e os motivos que levaram os pacientes a buscarem o tratamento cirúrgico é fundamental para a satisfação do paciente, assim como para aperfeiçoar a abordagem ao mesmo a respeito desse tipo de tratamento. Devemos ainda, dar atenção especial aos fatores étnicos, econômicos, culturais e aspectos sociais, pois isso pode nos ajudar a entender as motivações dos pacientes (Yu et al, 2012). Pacientes que recebem explicações inadequadas do tratamento, estão mais susceptíveis a ficarem emocionalmente despreparados e ansiosos (Türker et al, 2008). Dessa forma, esse estudo foi motivado com a justificativa de entender quais são as necessidades e percepções de pacientes com diferentes alterações dentofaciais, submetidos a cirurgia ortognática. O objetivo do tratamento orto-cirúrgico não é apenas estético e funcional, pois além disso, deve-se considerar também o fator psicológico dos pacientes (Miguel et al, 2010), sendo incompleto o tratamento se for apenas para corrigir a deformidade física sozinha, sem considerar o aspecto emocional (Guhan et al, 2008). Por isso é extremamente importante avaliar a condição psicológica dos pacientes com deformidade dentofacial, tanto antes do tratamento, quanto no período pós-operatório (Hunt et al, 2001). Essa questão está ainda mais embasada, de acordo com os estudos avaliados em uma revisão sistemática (Soh e Narayanan, 2013), onde a cirurgia ortognática resultou na melhora da qualidade de vida dos pacientes, e apenas uma pequena porcentagem, alegaram insatisfação com os resultados.
23 Em termos gerais, temos um bom nível de evidência científica que mostra que a maioria dos pacientes que se submeteram a cirurgia ortognática ficaram satisfeitos (Pachêco-Pereira et al, 2015). Nosso estudo também demonstra esse alto grau de satisfação, comparando diferentes tipos de deformidades, mas sem diferença significativa entre pacientes que possuíam deformidade dentofacial classe II e III. Como foi descrito na metodologia, esse estudo procurou seguir as diretrizes do Protocolo Strobe (Vandenbroucke et al, 2007) que tem por objetivo melhorar a descrição dos estudos observacionais facilitando a avaliação crítica e avaliação dos resultados por parte dos editores de revistas e leitores. Pontos como a descrição dos métodos de analise estatística, além do embasamento científico para o estudo e os objetivos a serem alcançados foram devidamente explicados e respondidos, assim como medidas foram tomadas para se tentar evitar viés na amostra, tornando os resultados mais claros e precisos. A amostra inicial utilizada nesse estudo compreendeu todos os pacientes operados pela equipe descrita, que se enquadravam nos fatores de inclusão, no intervalo compreendido entre de 1 e 3 anos de pós operatório, para se evitar o viés de memória nas respostas. Os fatores de inclusão foram adotados para padronizar a amostra e tornar os resultados mais consistentes e com a menor chance possível de erro. O questionário, conforme descrito na metodologia, foi adaptado de um modelo já existente (Espeland et al, 2008) onde foram acrescentadas algumas perguntas e alterada a forma de abordagem de outras, para tornar as perguntas mais claras e mais fáceis de serem compreendidas pela população dirigida. O índice de retorno foi bastante
24 satisfatório pois, como dito anteriormente, obtivemos resposta de 87% dos pacientes, alcançando assim uma amostra de 80 pacientes, que quando comparada aos estudos avaliados nessa pesquisa, torna nossa amostra bastante satisfatória (Alves e Silva et al, 2013; Cadogan e Bennun, 2011; Hunt et al, 2001). De forma geral, a aparência facial atrativa é considerada importante para o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis e para o sucesso profissional (Gava et al, 2008), sendo que no caso de indivíduos com deformidades dentofaciais, o tratamento cirúrgico, quando bem indicado, contribuirá para reestabelecer a função, aparência, saúde e relações interpessoais (Kavin et al, 2012; Lazaridou-Terzoudi et al, 2013). Nesse estudo também observou-se o benefício de diferentes tipos de cirurgia ortognática na vida dos pacientes, tanto na questão estética, quanto na questão funcional e psicossocial, sendo que independente do tipo de deformidade dentofacial a satisfação dos pacientes foi positiva e favorável. A aparência dental tem sido um motivo frequente para escolha do tratamento com cirurgia ortognática, assim como a busca por melhora na aparência facial, função mastigatória e benefícios em relação a auto-estima (Ávila et al, 2012; Espeland et al, 2008). Esse estudo também corrobora que tanto as questões estéticas quanto as funcionais, de maneira equilibrada, foram fatores decisivos que levaram os pacientes a buscarem o tratamento com cirurgia ortognática, o que vai de encontro ao estudo de Rustemeyer e Gregersen, 2012, que disseram que a busca por melhoras na aparência dentária e facial ficaram mais em evidência do que a questão funcional. Já
25 Murphy et al, 2011, alegaram que o impacto da cirurgia ortognática nas questões funcionais e sociais são importantes, porém mais moderado que o impacto na percepção da aparência. Além disso, afirmaram ainda em seu estudo, assim como no presente estudo, que a cirurgia ortognática tem um impacto limitado na fala, provavelmente pelo fato de se observar atualmente nesse tipo de tratamento, pouca influência ou alteração na fala, sendo cada vez menos necessária a intervenção de fonoaudiólogo no pós-operatório. Contrariamente ao presente estudo, que mostra uma busca tanto estética quanto funcional pelo tratamento por parte dos pacientes, um outro estudo mostrou que problemas mastigatórios foram os fatores que mais frequentemente levaram os pacientes a optarem pelo tratamento orto-cirúrgico (Alves e Silva et al, 2013), sendo que, assim como nos resultados dessa pesquisa, a maioria dos pacientes se submeteriam novamente ao tratamento se fosse necessário. Observamos que o tratamento orto-cirúrgico teve um grande impacto psicológico na vida dos pacientes, tanto entre amigos quanto entre seus familiares, indo ao encontro do estudo de Yao et al, 2013, que afirmaram que a deformidade dentofacial afeta não só os pacientes, mas também seus familiares, e que este apoio é fundamental para a saúde mental dos pacientes. Rustemeyer et al, 2010, concluíram que o tratamento cirúrgico gerou grande efeito nos familiares e nos amigos dos pacientes e que isso contribuiu significativamente para a satisfação dos próprios pacientes. Os pacientes, que ficaram menos satisfeitos com o tratamento, foram os que tiveram maiores expectativas prévias com a cirurgia ortgnática (Cadogan e Bennun, 2011).
26 Com relação ao pós-operatório do tratamento com cirurgia ortognática, o desconforto inicial, como por exemplo a perda de sensibilidade em regiões da face, é observado nos pacientes e, muitas vezes, caracterizado como uma complicação e como um fator de exclusão dessa opção de tratamento pelo próprio paciente. É evidente que além da questão da alteração física na face, os pacientes possuem suas angústias com relação a como será a recuperação após a cirurgia e quais são os desconfortos que serão experimentados. No presente estudo, os questionários foram aplicados a pacientes operados a no mínimo 1 ano, assim como no trabalho de Baherimoghaddam et al, 2014, para podermos minimizar a impressão das complicações pós operatórias nas respostas. Com isso, percebemos que igualmente ao estudo de Espeland et al, 2008, mesmo com problemas sensoriais pós operatórios observados frequentemente, a maioria dos pacientes afirmaram que isso não os prejudicou de maneira acentuada e que a sensibilidade atual é praticamente normal. Esses resultados provavelmente se deram pelo fato de todos os pacientes terem sido operados por uma mesma equipe e terem realizado o acompanhamento pós-operatório adequadamente orientado pelos cirurgiões. Quando comparamos, mais especificamente, os resultados entre os dois grupos estudados, percebemos que na avaliação dos motivos que levaram os pacientes a buscarem o tratamento orto-cirúrgico, tanto os aspectos estéticos quanto os funcionais, foram fatores decisivos para os pacientes, porém sem diferença significativa entre os dois grupos, o que vai ao encontro do estudo de Gerzanic et al, Com relação a percepção dos pacientes a respeito dos resultados pós-operatórios, não observamos diferença significativa entre os
27 grupos, mas obtivemos melhor avaliação dos pacientes quanto a esses resultados no que diz respeito a estética facial e dentária, do que nas questões funcionais, isto é, mastigatória, fala e respiração. Além desses fatores, ficou claro em nessa pesquisa, o grande impacto psicológico e social do tratamento na vida dos pacientes, porém não foi observada diferença significativa entre os grupos. Nesse ponto, esse estudo não coincide com o estudo de Gerzanic et al, 2002, pois eles alegaram que tanto os aspectos psicológicos no préoperatório, quanto as mudanças no pós-operatório, são significativamente diferentes entre os pacientes com deformidade facial inicial classe II e classe III, tendo efeitos mais benéficos nos pacientes classe III. A ausência de diferença significativa entre os grupos do nosso estudo provavelmente deve-se ao fato de todos os pacientes terem tido suas cirurgias corretamente indicada pela equipe de cirurgiões, com a mesma conduta técnico-científica e com alto grau de satisfação após o tratamento entre os pacientes de ambos os grupos.
28 5. CONCLUSÕES Concluímos que tanto os aspectos estéticos quanto os funcionais, foram muito relevantes na escolha do tratamento e que após a cirurgia ortognática, os pacientes tiveram grande percepção de melhora tanto com relação aos resultados estéticos e funcionais, quanto com relação ao impacto psicológico e social desse tratamento em suas vidas. Porém, esses resultados não apresentaram diferença estatisticamente significantes quando comparamos os pacientes com deformidade dentofacial classe II e III.
29 CONFLITO DE INTERSSE Todos os autores afirmam não haver quaisquer relações financeiras e pessoais com outras pessoas ou organizações que poderiam influenciar inapropriadamente (viés) seu trabalho.
30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alves e Silva AC, Carvalho RAS, Santos TS, Rocha NS, Gomes ACA, Oliveira e Silva ED. Evaluation of life quality of patients submitted to orthognathic surgery. Dental Press J Orthod Sept-Oct;18(5):107-14, Ávila ED, Molon RS, Loffredo LCM, Sgavioli EM. Health-related quality of life and depression in patients with dentofacial deformity. Oral Maxillofac Surg 17: , Baherimoghaddam T, Oshagh M, Naseri N, Nasrbadi NI, Torkan S. Changes in cephalometric variables after Orthognathic surgery and their relationship to patients quality of life and satisfaction. J Oral Maxillofac Res 5(4):e6, Cadogan J, Bennun I. Face value: an exploration of the psychological impact of orthognathic surgery. British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery 49:376 80, Cunningham SJ, Hunt NP, Feinmann C. Perceptions of outcome following orthognathic surgery. British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery 34:210-13, Espeland L, Høgevold HE, Stenvik A. A 3-year patient-centred follow-up of 516 consecutively treated orthognathic surgery patients. European Journal of Orthodontics 30:24 30, Gava ECB, Miguel JAM, Araújo AM, Oliveira BH. Psychometric properties of the brazilian version of the orthognathic quality of life
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34 ANEXOS
35 ANEXO 1 Protocolo de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
36 ANEXO 2 Questionário aplicado Adaptado de Espeland et al, 2008
37 ANEXO 3 Normas da revista Journal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery
38 ANEXO 4 Processo de submissão
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