ANÁLISE ACERCA DAS LESÕES OCASIONADAS PELA PRÁTICA DO HANDEBOL*

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1 ANÁLISE ACERCA DAS LESÕES OCASIONADAS PELA PRÁTICA DO HANDEBOL* Bruna Stefanello Riffel¹ - Luana Mann 2 Julio Francisco Kleinpaul 3 1- Graduada em Educação Física na Faculdade São Francisco de Barreira FASB. 2- Mestre em Educação Física pela UFSC - Docente da Faculdade São Francisco de Barreiras FASB. 3- Mestre em Educação Física pela UFSC - Docente da Faculdade São Francisco de Barreiras FASB. Endereço para Correspondência 1- Faculdade São Francisco de Barreiras, Avenida São Desidério, n 24440, Bairro Ribeirão, CEP , Barreiras BA bruna3196@hotmail.com Bolsa PIBIC RESUMO O Handebol é um esporte que, como todos os outros, requer esforço físico, sendo que sua prática contínua resulta em impactos excessivos em várias partes do corpo, devido às rápidas acelerações e desacelerações, o que caracteriza o corte súbito da jogada, os movimentos laterais, os saltos e giros, entre outros, ocasionando as lesões. Objetivo: investigar a ocorrência e a incidência de lesões em atletas de handebol de nível amador do Município de Luís Eduardo Magalhães/Bahia. Métodos: foram avaliados 23 atletas de ambos os sexos que compunham o quadro de atletas atuantes do referido time no ano de 2016, no qual a metodologia utilizada para a realização deste trabalho constituiu-se em pesquisa com estudo de natureza quantitativa de caráter descritivo, por meio de análise de questionário aplicado junto à equipe investigada. Resultados: todos os atletas sofreram lesões, sendo que 13 foram agudas, 7 crônicas e 3 repetitivas. Os locais mais acometidos foram o joelho com maior número totalizando 6 atletas, seguido por ombro e tornozelos. Quanto ao tipo de lesões observou-se que 14 (56%) atletas tiveram entorses como lesões, sendo essas a maioria, seguida por dor inespecífica aguda com 5 (20%) atletas com queixas. O período em que as lesões mais ocorreram foi em treinos, em 15 dos atletas. O fator mais relevante para as lesões foi à tabela de jogo, na qual a maioria dos atletas relatam a falta de atendimento como principal agravante nas lesões com retornos sintomáticos. Conclusão: o presente estudo representou uma tentativa de despertar a busca por atingir necessidades de novos desafios. Além disso, os resultados deste estudo colaboram para a construção de um conhecimento essencial e na necessidade de sugestão em busca de condições de treinamento e 125

2 profissionais adequados para o melhoramento do esporte amador de forma mais integra e humanística. Palavras-chave: Esporte, Esforço Físico, Lesões. ABSTRACT The Handball is a sport that, like all others, requires physical effort, and its continued practice results in excessive impact in various parts of the body due to rapid accelerations and decelerations, which characterizes the sudden cutting move, the movements sides, heels and whirls, among others, causing injuries. Objective: investigate the occurrence and incidence of injuries in handball athletes amateur level in the municipality of Luis Eduardo Magalhães / Bahia. Methods: was evaluated 23 athletes of both sexes who made up the active athletes in the context of that team in the year 2016, in which the methodology used for this work consisted in research with quantitative study of descriptive, through questionnaire analysis applied by the team investigated. Results: all athletes were injured, and 13 were acute, seven chronic and 3 repetitive. The most affected sites were the knee with the most total 6 athletes, followed by shoulder and ankle. As to the type of lesion it was observed that 14 (56%) had athletes sprains and injuries, these being the most, followed by nonspecific acute pain with 5 (20%) athletes with complaints. The period in which the most injuries occurred was in training with 15 athletes. The most relevant for the injury factor was the game table, in which most athletes report a lack of care as the main aggravating the injury with symptomatic returns. Conclusion: the present study represents an attempt to awaken the search for achieving new challenges needs. Furthermore, the results of this study collaborate to build the knowledge essential and the need to search suggestion training conditions and suitable professionals for the amateur sport improvement in a more integrated and humanistic. Keywords: Sport, Physical Stress, Injuries. Introdução Hoje em dia, está cada vez mais sendo incentivada a prática de atividades esportivas devido aos benefícios que proporcionam a saúde, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos num contexto físico e psicológico. Em relação a esportes de competição a qualidade de vida deixa de ser algo prioritário, em busca de desempenhos cada vez maiores é utilizado altas cargas acarretando assim em um número muito alto de lesões na prática dos esportes 1,2. Segundo Gantus e Assumpção³ os atletas que praticam algum esporte estão sujeitos a sofrerem lesões, tanto no treinamento quanto em competições, pela 126

3 prática esportiva elevar o risco de ocorrências. Entretanto essas lesões são diretamente relacionadas à ausência de programas preventivos, segundo os autores. Na prática esportiva, são necessárias rápidas acelerações e desacelerações, o que caracteriza o corte súbito da jogada, os movimentos laterais, os saltos e giros, entre outros. Isso predispõe a lesões ósseas e ligamentares de diversas articulações 4. O handebol é um esporte que abrange os conceitos relacionados acima, e por tal motivo possui um número elevado de lesões 5. Segundo Cohen e Abdalla 6 são três os fatores que facilitam a causa de lesões no Handebol: fatores pessoais relacionados à agilidade e coordenação; fatores ambientais, como o piso e a temperatura do ambiente; e fatores da mobilidade, que são postos pelos gestos esportivos, oponentes e colegas. O handebol é um esporte que é jogando em uma quadra e que envolve duas equipes com sete jogadores. Este esporte possui movimentos fundamentais, são eles: a corrida, que é o fundamento mais importante por envolver o drible com a batida de bola sucessiva, os saltos e os arremessos 7. Entretanto, o objetivo do jogo é a marcação de gols, isso se deve a combinação de técnicas de recepção, arremesso, finta e do passe de bola 8. Sobretudo, os jogadores têm que evitar que os atacantes da equipe adversária consigam uma situação que seja favorável para a finalização, com isso são utilizados técnicas defensivas, tais como, bloqueio, marcação e deslocamento 9. Baseado no exposto acima, o objetivo do presente estudo foi investigar as lesões dos atletas de handebol da cidade de Luís Eduardo Magalhães/BA. Métodos A presente pesquisa caracteriza-se como sendo de natureza quantitativa de caráter descritivo. Foram avaliados 23 atletas amadores que aceitaram participar voluntariamente do estudo, selecionados por aderência, sendo pesquisados 13 atletas masculinos e 10 atletas femininos, com idades de 18 a 28 anos. A coleta de dados foi realizada nas dependências do ginásio de esporte em Luís Eduardo Magalhães-Ba. Para verificar as lesões acometidas pelos atletas de Handebol de Luís Eduardo Magalhães/BA, foi utilizado como instrumento de pesquisa para a coleta de 127

4 dados um questionário contendo 11 questões semi estruturadas, adaptado de Perroni 10 o qual continha questões específicas em relação ao local de ocorrência das lesões, o mecanismo, se a lesão interferiu na prática e sobre o tratamento; e um quadro complementar retirado de Pastre et al. 11 que verificou o tipo, o mecanismo e a localização anatômica das lesões. Para a realização da mesma foram cumpridos os princípios éticos para realização de pesquisas com seres humanos previstos na Resolução 466/12 do Ministério da Saúde do Brasil, bem como os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki, sendo aprovado com número de CAEE Foram incluídos no presente estudo: Os atletas amadores de ambos os sexos que fazem parte do time de Handebol do município de Luís Eduardo Magalhães/BA no ano de 2015/2016; Com pelo menos 1 ano de prática; e que Assinaram o TCLE. Após a coleta de dados os mesmos foram submetidos à estatística descritiva. Resultados O referente estudo teve como principal objetivo investigar as lesões dos atletas de handebol da cidade de Luís Eduardo Magalhães/BA, sendo pesquisados 13 atletas masculinos e 10 atletas femininos, com idades de 18 a 28 anos. Foram pesquisados um total de 23 atletas, sendo que todos sofreram lesões. Destas, treze foram agudas, sete crônicas e três lesionaram-se mais de uma vez. Como não houve diferença em relação ao tipo de lesão e local de ocorrência quando foram comparados homens e mulheres, por isso os grupos masculino e feminino foram avaliados como um só grupo. Dentre os locais anatômicos relacionados nas lesões ocorridas, apresentouse nove locais distintos, sendo o joelho com maior número totalizando seis (25%) dos atletas, seguida por ombro e tornozelo com quatro (17%). Para demonstração do tipo de lesão (Gráfico 1) observa-se que 14 (56%) atletas tiveram entorses como lesões, sendo essas a maioria, seguida por dor inespecífica aguda com 5 (20%) atletas com queixas. Gráfico 1 - Tipos de lesões mais acometidas pelos atletas. Barreiras,

5 TIPO DE LESÃO ENTORSE DOR INESPECIFICA AGUDA DISTENSÃO MUSCULAR FRATURA LUXAÇÃO DOR MUSCULAR Fonte: dados da Pesquisa. De acordo com o tratamento aplicado para as lesões ocorridas, dezenove (61%) lesões foram tratadas com automedicação, sendo que cinco (16%) não foram tratadas, e quatro (13%) foram lesões que precisaram de um amparo médico. O Gráfico 2 abaixo apresenta a forma de acometimento da lesão, sendo que a maioria ocorreu durante os treinamentos com quinze (65%) dos atletas com queixas. Gráfico 2 - Ocorrência de lesões nos atletas. Barreiras, OCORRÊNCIA DAS LESÕES TREINAMENTO FORA DA ATIVIDADE COMPETIÇÃO AQUECIMENTO Fonte: dados da Pesquisa. Contudo, temos também como essas lesões ocorreram, caracterizando a finta, o arremesso e a recepção como principais causadores, pelos movimentos serem bruscos e não terem direções específicas, acarretando um número muito alto de lesões. 129

6 No que diz respeito como a lesão ocorreu 99% dos avaliados colocaram que foi imediatamente, sendo que todos sabiam o motivo por terem sofrido as referidas lesões. Em relação ao desempenho nos jogos as respostas ficaram divididas sendo que a maioria identificou a continuação no evento, porém com diminuição do desempenho, acarretando assim a busca por melhoras. Quando olhamos para esportes amadores que não tem tanto amparo, vemos a busca dos atletas competidores na melhoria do desporto praticado. Assim a pesquisa nos mostra que a maioria dos atletas questiona a tabela de jogo como principal agravante das lesões pelo processo de overtraining com nove (41%) atletas, seguido pela condição da quadra com sete (32%) atletas (Gráfico 3). Gráfico 3 - Fatores que os atletas gostariam de verem modificados. Barreiras, FATORES MODIFICADOS TABELA DE JOGO CONDIÇÃO DA QUADRA EQUIPAMENTOS 7 CONDIÇÕES ALIMENTARES OUTROS FATORES Fonte: dados da Pesquisa. Ainda assim, alguns atletas pontuam que a deslealdade do opositor, a má técnica do time, o aquecimento insuficiente e o clima ruim, são agravantes que contribuem com o desenvolvimento de uma lesão. Quando perguntado se o atendimento médico fisioterápico por eles recebido atendeu as necessidades frente à lesão ocorrida, dezessete (74%) foram convictos e afirmaram que não concordam já os outros se dividiram em concordar parcialmente e integralmente. Estes resultados refletem a falta de estrutura das equipes, quanto ao apoio financeiro e de profissionais para prevenir e tratar as lesões. Outro fator que influencia é que as equipes são amadoras, sendo que todos os praticantes 130

7 exercem outras funções, tendo o handebol como válvula de escape nas horas de divertimento. Com relação ao retorno dos atletas as atividades esportivas vinte (67%) dos casos tiveram retorno sintomático, e dez (33%) assintomáticos. Segundo o estudo de Markunas 13 o retorno sintomático nas competições condiz com a necessidade da equipe amadora em contar com o atleta (Gráfico 4). Além disso, a incoerência de informações ou até mesmo a impaciência em prosseguir com o tratamento faz com que o atleta retorne as atividades sem terminar o tratamento, fazendo com que a lesão se agrave futuramente. Gráfico 4 - Retorno às atividades de cada atleta. Barreiras, RETORNO AS ATIVIDADES SINTOMÁTICO ASSINTOMÁTICO Fonte: dados da Pesquisa. Discussão Quando se avaliou a forma de acometimento da lesão, sendo que a maioria ocorreu durante os treinamentos com quinze (65%) dos atletas com queixas (Gráfico 3), percebe-se que os mesmos vão ao encontro dos resultados do estudo de Sanche e Borin 5 que avaliaram 35 atletas de handebol durante uma temporada, sendo que 40% sofreram lesões e 60% não, além do que 47,36% das lesões foram ocasionadas durante os jogos e 52,63% nos treinos. Quanto ao mecanismo, pode-se verificar que cada atleta teve a lesão de forma diferente, fazendo com que resultados ficassem um tanto quanto amplos. A 131

8 lesão pode ser caracterizada através da intensidade ou quantidade de arremessos a qual um atleta é submetido, ou até por má técnica ao executar o movimento 12. As preocupações do atleta lesionado podem variar também em que momento o time se encontra no campeonato. Quanto mais decisivo tiver, mais intensas serão as respostas cognitivas e emocionais. Se o período da lesão for perto da competição o atleta pode se frustrar, não ter um bom desempenho, e não conseguir ajudar o time na busca pela vitória 14. Sugere-se que os resultados apresentados sejam utilizados para elaboração de programas preventivos, ou no alerta para a redução do número de lesões no Handebol, buscando evitar o aumento de pessoas não praticantes de esportes, e incentivar o ingresso de novos praticantes. O presente estudo representou uma tentativa de despertar a busca por atingir necessidades de novos desafios, construindo conhecimentos para embasar a discussão e elaboração de um programa preventivo, de caráter coletivo, para a redução do número de lesões no handebol. Além disso, os resultados deste estudo colaboram para a construção de um conhecimento essencial e na necessidade de sugestão em busca de condições de treinamento e profissionais adequados para o melhoramento do esporte amador de forma mais integra e humanística. Sugerindo assim, novos estudos com uma população maior, e que investigue detalhadamente as lesões em atletas praticantes de Handebol. Conclusão Conclui-se através dos resultados que todos os atletas investigados tiveram pelo menos uma lesão, sendo que em sua maioria as lesões ocorreram no período de treinamento. Em sua totalidade as lesões ocorreram nos treinamentos com bola, e em competições de curto prazo. Em relação ao tratamento frente a essas lesões, a maioria dos atletas foram convictos e afirmaram que não concordam que receberam o tratamento adequado fazendo com que muitas lesões piorassem ou tirassem o atleta integralmente dos treinamentos e competições. Contudo, o retorno as atividades esportivas foi sintomático na grande maioria dos casos. Detectou-se que os tipos de lesão com maior frequência foram às entorses ou torções seguidas pelas dores inespecíficas agudas, nas regiões do joelho, ombro e 132

9 tornozelo, durante os movimentos de finta, arremesso e recepção, caracterizando como principal motivo das lesões a tabela de jogo pelo processo de overtraining, seguido pelas condições das quadras que não oferecem segurança suficiente para o atleta amador. Referências 1. Briner JR et al. Volleyball Injuries Managing Acuteand Overuse Disorders. The PhysicianandSportsmedicine.1999; 27(3): Cardoso JR. Influência da utilização da órtese de tornozelo durante atividades do voleibol: avaliação eletromiográfica. Rev. Bras. Med. Esporte. 2005; 11(5): Gantus MC, Assumpção J. Epidemiologia das lesões do sistema locomotor em atletas de basquetebol. Acta Fisiátrica. 2002; 9(2): Mellion MB. Segredos em medicina esportiva. 1. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, Sanches FG, Borin SH. Lesões mais comuns no handebol. Anuário da produção Academia Docente. 2008; 2(3). 6. Cohem M, Abdalla RJ.Lesões nos esportes Diagnóstico, prevenção e tratamento. São Paulo: Revinter, Facca FB, Borsari JR, Neves Filho FP. Manual de Educação Física. São Paulo: EPU, Reis, HHB. O ensino do handebol utilizando-se do método parcial. Efdeportes, 2016; 10(2): Zamberlan, E. Handebol:escolar e de iniciação. São Paulo: Treinamento Desportivo, Pastre, CM. et al. Lesões desportivas no atletismo: comparação entre informações obtidas em prontuários e inquéritos de morbidade referida. Rev Bras Med Esp. 2004, 10(1): Perroni, M.G. Estudos de casos: Lesões musculoesqueléticas em atletas de voleibol em alto rendimento: Porto Alegre, Cohen M et al. Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, Markunas M. Periodização da preparação e do treinamento psicológico. In K. Rubio (Org). Psicologia do Esporte: teoria e prática. (pp ). São Paulo: Casa do Psicólogo, Weinberg, RS, Gould, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2a ed. São Paulo: Artmed Editora,