APOSTILA DE PORTUGUÊS (TEXTO) NOME N o 8 o ANO

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1 APOSTILA DE PORTUGUÊS (TEXTO) RECUPERAÇÃO NOME N o 8 o ANO

2 Neste ano, lemos e analisamos várias crônicas. Vamos retomar as características desse gênero textual? A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por esse motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens. Estão presentes em jornais, revistas e livros. Além do mais, é uma leitura que nos envolve, uma vez que, em boa parte dos casos, utiliza a primeira pessoa e aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem em uma conversa informal, o cronista tende a dialogar sobre fatos até mesmo íntimos O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas. Vejamos, de forma esquematizada, as características da crônica: narração curta; descreve fatos da vida cotidiana; pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico; possui personagens comuns; segue um tempo cronológico limitado; uso da oralidade na fala das personagens; linguagem simples. Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são: Fernando Sabino, Rubem Braga, Luis Fernando Verissimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial, Arnaldo Jabor, dentre outros. (VILARINHO, Sabrina. "Crônica "; Brasil Escola. Disponível em < Acesso em 23 de novembro de Adaptado) ENSINO FUNDAMENTAL 2 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

3 Segundo o professor e crítico literário Antonio Candido, em seu artigo A vida ao rés-do-chão (1980): A crônica não é um gênero maior. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor. Graças a Deus, seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas para a literatura (...). (...) Ora, a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e da poesia nas suas formas mais diretas e também nas suas formas mais fantásticas, sobretudo porque quase sempre utiliza o humor. Isto acontece porque não tem pretensões a durar, uma vez que é filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi feita originalmente para o livro, mas para essa publicação efêmera que se compra num dia e no dia seguinte é usada para embrulhar um par de sapatos ou forrar o chão da cozinha. (Disponível em: < Acesso em 21 nov ) ENSINO FUNDAMENTAL 3 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

4 TIPOS DE CRÔNICA Ainda que possua brevidade, a abordagem reflexiva e a visão pessoal do autor como características, a crônica pode ser classificada de acordo com o procedimento textual predominante. 1. CRÔNICA NARRATIVA narrativa cativante de trama leve; ação intensa; poucas personagens; apresenta humor anedótico ou crítica mordaz; desfecho inusitado. 2. CRÔNICA NARRATIVO-DESCRITIVA alterna momentos narrativos com descritivos; revela com palavras a imagem que a sensibilidade do autor registra; ação mais lenta a fim de que o leitor visualize os fatos narrados; a narrativa predomina sobre a descrição. 3. CRÔNICA COMENTÁRIO (ARGUMENTATIVA) impressões críticas do autor; linguagem irônica, sarcástica, humorística; é a interpretação do autor sobre determinado assunto. 4. CRÔNICA REFLEXIVA a interioridade do autor se projeta sobre a realidade externa; são as interpretações, as conjeturas, as inferências e as associações do autor a respeito de um tema. 5. CRÔNICA LÍRICA é a tradução em linguagem poética, dos sentimentos do autor; tem caráter nostálgico, saudoso; o autor revela suas emoções. 6. CRÔNICA METALINGUÍSTICA tematiza o ato de escrever; reflete a respeito do trabalho do cronista; é a crônica que aborda a própria crônica como assunto. ENSINO FUNDAMENTAL 4 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

5 Poucos dias depois do incidente com o homem da jaqueta, uma mulher, ainda jovem, tentou entrar numa agência bancária e também ficou presa na porta. Em princípio, os seguranças tiveram dificuldade em identificar que tipo de objeto havia sido detectado pelo equipamento eletrônico, mas a própria moça encarregou-se de avisá-los: É isto aqui. Tratava-se de um grande broche de metal que ela tinha preso ao casaco. Pois então tire disse o segurança. Para sua surpresa, a resposta foi uma irritada negativa: Não tiro coisa nenhuma. E soltem de uma vez esta porta que eu quero entrar. O gerente foi chamado. A ele a moça explicou, num tom muito mais cortês, que a joia, na realidade uma bijuteria barata, era a última lembrança que tinha de sua falecida mãe: Ela pediu que eu a levasse sempre comigo. Tirar este broche, agora, seria uma afronta à sua memória. Atrapalhado, o gerente não sabia o que fazer. Poderia, claro, endurecer; mas... e se a moça armasse um escândalo? Se a coisa terminasse na TV, nos jornais? Decidiu consultar seus superiores. Enquanto isso, a moça teria de aguardar ali, presa na porta. Não me importo disse ela, desde que eu possa cumprir o último pedido de minha querida mãe, nada é problema para mim. O gerente telefonou para seu superior imediato, que também ficou perplexo com o dilema: nunca se vira diante de uma situação tão inusitada. Teve, pois, de ligar para a direção geral do banco. Uma reunião de emergência foi convocada, contando inclusive com a presença de assessores de imprensa. Enquanto isso, a situação na agência era caótica; as pessoas presas lá dentro tinham sido retiradas por uma porta lateral, mas a fila à frente era enorme. Ao telefone, o gerente implorava por uma solução. Que finalmente veio: a cliente poderia entrar, com broche e tudo. ENSINO FUNDAMENTAL 5 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

6 Uma vez lá dentro, o assalto foi rápido. Sacando um pequeno revólver da bolsa, ela mandou todo mundo deitar no chão, a rotina de sempre. Coletou o dinheiro dos caixas e saiu sem problema. Na pressa, o broche desprendeu-se do casaco e caiu no chão, mas ela não se deu ao trabalho de apanhá-lo. O gerente disse depois que nunca tinha visto tamanha falta de consideração com o último desejo de uma mãe moribunda. (SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002, pp ) 1. No título dessa crônica, está presente o substantivo dilema, o qual significa: Tomando como sentido o que se encontra na segunda acepção apresentada acima, quais seriam as duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias a que o gerente o banco foi exposto? ENSINO FUNDAMENTAL 6 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

7 2. Considere o que foi exposto a respeito da crônica: O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas. Identifique, na crônica lida, as características indicadas: a) sátira - b) ironia - c) uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens - d) exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa - 3. A crônica sempre tem como ponto de partida um fato do cotidiano. Em O dilema da porta giratória, o fato foi indicado logo após o título: De que forma esse fato noticiado em setembro de 2000 foi apresentado no texto produzido por Moacyr Scliar? Que reflexão acerca dessa notícia foi apresentada na crônica? ENSINO FUNDAMENTAL 7 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

8 4. Como toda crônica (e por ser uma narrativa curta), o texto lido apresenta poucos personagens. Quais são os personagens e como eles são apresentados? Por que não se sabe o nome de nenhum deles? 5. Em quanto tempo acontece a ação narrada nessa crônica? Justifique sua resposta. 6. Vamos analisar a estrutura dessa crônica. a) Considerando a tipologia estudada na página 4 desta apostila, classifique a crônica O dilema da porta giratória : b) Como toda narrativa, a crônica lida possui situação inicial, conflito, clímax, resolução do conflito e desfecho. Indique os parágrafos em que essas partes foram desenvolvidas: ENSINO FUNDAMENTAL 8 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

9 Estrutura na narrativa Situação inicial Conflito Clímax Resolução do conflito Desfecho Parágrafo(s) 7. Por que a moça utilizou um tom muito mais cortês para se dirigir ao gerente? O que essa maneira de falar com ele revela a respeito dela? 8. Leia o texto a seguir. domingo, 22 de abril de 2012 Saudades da porta giratória Você já tentou entrar no banco e ficou travado pela porta giratória? Já ouviu aquele pi-pi-pi chato quando você passou por ela? Já ficou morrendo de vergonha porque todo mundo olhava pra sua cara? Isso não vai mais acontecer e você ainda vai sentir falta. A porta giratória é uma ferramenta muito importante para garantir a segurança de funcionários e clientes dentro da agência bancária. Ao contrário do que muita gente diz, não é o vigilante sádico quem aperta um botão para travar propositalmente determinadas pessoas. Alguns equipamentos em mau estado de conservação travam até porque você tem uma moeda no bolso, mas isso é caso raro. Por conta de inúmeros processos judiciais - absurdos, diga-se de passagem -, a porta giratória deixará de existir. Já está sendo retirada em algumas agências. Outro dia entrei num banco sem ela e me senti um pouco desconfortável, já que estava na fila do caixa. Fiquei imaginando um assaltante entrando ali e me rendendo na maior facilidade. E se eu for assaltada numa agência sem a porta, será que terei direito a indenizações tal como o pessoal que se diz humilhado quando a famigerada ENSINO FUNDAMENTAL 9 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

10 porta trava? Acho que a briga vai ser feia. Quando viajei pela Europa, não vi nenhum banco com porta giratória. Mas temos que parar e pensar: nosso povo infelizmente não é tão civilizado quanto o de lá. Estamos vivendo um período de crescimento econômico no Brasil, mas a educação ainda deixa a desejar. Ainda não conseguimos nem parar o carro diante da faixa de pedestres, enfrentamos fila no banco só pra retirar o saldo da conta, mas tem algum iluminado acreditando que somos capazes de bom comportamento, que acredita que os assaltos a banco são coisa do passado. Talvez porque a moda do momento seja explodir caixas eletrônicos, os bandidos não se aventurem pelas agências durante o horário de expediente. Se precisar escolher o que é melhor, prefiro as explosões - pelo menos não matam e não traumatizam ninguém. (Disponível em:< Acesso em 23 nov ) O autor desse texto apresenta a mesma opinião de Moacyr Scliar a respeito da porta giratória? Justifique sua resposta. 9. Identifique a figura de linguagem existente nestes trechos retirados do texto lido: a) Já ouviu aquele pi-pi-pi chato quando você passou por ela? ENSINO FUNDAMENTAL 10 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017

11 b) Já ficou morrendo de vergonha porque todo mundo olhava pra sua cara? c) Ao contrário do que muita gente diz, não é o vigilante sádico quem aperta um botão para travar propositalmente determinadas pessoas. 10. Observe o texto a seguir. Indique uma semelhança e uma diferença existente em relação à personagem principal do quadrinho acima e da crônica O dilema da porta giratória. ENSINO FUNDAMENTAL 11 Apostila de Texto Recuperação 8 o ANO / 2017