Investigação. arrasa zoos portugueses. europeia. Há jardins zoológicos sem condições e que
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1 Animais Investigação europeia aos jardins zoológicos nacionais mostra que muitos não têm condições e que até há um, o Zoo da Maia, a funcionar sem licenciamento textos Rosa Ramos ilustração Carlos Monteiro
2 Investigação europeia arrasa zoos portugueses Há jardins zoológicos sem condições e que põem os visitantes em risco. Outros, como o Zoo da Maia, nem licença têm. Relatório internacional acusa autoridades portuguesas de não mostrarem "vontade" de fazer cumprir a lei ROSA RAMOS rosa. ramos@ionline.pt Jardins zoológicos sem condições para os animais, visitantes em risco por falhas de segurança, ratazanas a circular livremente pelos recintos e pelo menos um zoo a funcionar sem licenciamento. O relatório "Investigação da União Europeia aos Zoos 2011", elaborado pela Fundação Bom Free - que tem passado a pente fino os parques zoológicos dos estados-membros da União Europeia -, não poupa críticas aos zoos nacionais. "Muitos dos parques zoológicos licenciados em Portugal não cumprem plenamente a lei, enquanto outros funcionam sem licença há muito tempo", começa por denunciar o documento, a que o i teve acesso. Segundo a Bom Free, o Zoo da Maia não tem licença, quando "a lei portuguesa determina que qualquer zoo detectado em inconformidade com os
3 requisitos legais deve ser encerrado", recorda a fundação. Em Fevereiro de 2009, depois de uma denúncia, a Comissão Europeia abriu um processo para investigar questões de licenciamento em parques portugueses. A investigação acabaria por ser encerrada, depois de as autoridades portuguesas - nomeadamente a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), a que compete emitir as licenças e fiscalizar os jardins zoológicos - terem garantido que iam fazer cumprir a lei. "Mas o Zoo da Maia tem confirmadamente operado sem licença", garante o relatório de A Bom Free vai mais longe e diz-se "seriamente preocupada" com a "competência, ou porventura a vontade, das autoridades portuguesas de fazer cumprir as exigências da lei e obrigar os parques zoológicos a cumprir os requisitos ou a enfrentar o encerramento". Contactado pelo i, o director do Zoo da Maia admite que o espaço funciona sem licença, mas ressalva que estão a ser concluídas "várias obras" para que o jardim "possa cumprir os requisitos legais para depois ser licenciado". Carlos Teixeira garante ainda ter chegado a um "acordo verbal" com a DGV e a Câmara da Maia: "A DGV comprometeu-se a não encerrar o zoo até que tivéssemos condições, e estamos a tratar disso. Em Maio as obras estarão concluídas", promete. ratazanas À solta Em geral, diz o relatório, os zoos portugueses "não parecem dar um contributo significativo para a conservação das espécies". No que se refere à segurança, no Zoo da Maia e no Europaradise não havia barreiras exteriores para impedir a fuga de animais. No Zoo de Lisboa foram mesmo observadas ratazanas à solta - uma situação que a instituição confirmou ao i, mas que é atribuída "aos esgotos da Câmara de Lisboa", que já terá sido "alertada" para resolver o problema. A investigação mostra que há animais, em alguns casos selvagens, a "vaguear" pelos zoos e que quase todos os espaços encorajam os visitantes a tocar nos animais. "O que pode pôr em risco a saúde e o bem-estar do público." No Zoo da Lourosa e no Europaradise, por exemplo, é permitido o contacto com casuares - aves de grande porte que podem ser agressivas. "Os parques devem ser obrigados a assumir uma responsabilidade muito maior na segurança do visitante", recomenda a Bom Free, que dá ainda nota negativa à generalidade dos espectáculos com animais apresentados ao público, por não mostrarem o "estado natural" das espécies. O relatório vai mais longe e diz que é necessária "uma investigação profunda", por parte da DGV, "sobre se os delfinários do Zoo de Lisboa e do Zoomarine têm condições para atender aos requisitos da lei". O RELATÓRIO Em Portugal, os investigadores visitaram dez zoos - o Badoca Park (Santo André), o Europaradise Park (Montemor-o-Velho), o Fluviário de Mora, o Monte Selvagem Reserva Animal (Montemor-o-Novo), o Parque Biológico de Gaia, o Lourosa Zoo, o Zoo de Lagos, o Jardim Zoológico de Lisboa, o Zoo da Maia e o Zoomarine (Albufeira). Os dados foram recolhidos através da instalação de câmaras de vídeo panorâmicas em todos eles, sem que os gestores soubessem. Além disso, foram enviados questionários aos vários jardins zoológicos - mas em Portugal nenhum respondeu. No total, segundo a Bom Free, foram observadas 495 espécies animais.
4 MÁS CONDIÇÕES Dos 300 espaços visitados destinados aos animais, 81% não cumpriam "os padrões mínimos exigíveis", diz o estudo. No Zoo da Maia, os leões apresentavam excesso de peso por não.terem espaço para andar. Em vários parques, os animais não tinham material de cama ou sombras para se abrigarem do calor. Foram ainda detectados animais mutilados - como aves com asas partidas para que não pudessem voar. Além disso, contrariando a lei, mais de um quarto das espécies não tinham sinalização explicativa ao lado. Nos casos em que havia placas, 19% estavam em mau estado e 9% tinham os nomes científicos dos animais mal escritos. O Ministério da Agricultura, que tutela a DGV, garantiu ao i que todos os zoos têm "placas com os requisitos exigíveis" e que "todos os alojamentos de animais estão protegidos", acrescentando não ter conhecimento de nenhuma avaliação de zoos na União Europeia. "Conhecemos sim relatórios de ONG que se pronunciam sobre condições dos parques com base em parâmetros da sua autoria", diz a tutela Já o Instituto da Conservação da Natureza (ICNB) diz que soube do relatório e que o comentou, "apontando erros e omissões, incluindo a metodologia do trabalho, bem como informações subjectivas e/ou erróneas". O ICNB garante ainda que o documento foi feito "com base em visitas já com alguns anos". 01 No Jardim Zoológico de Lisboa há ratazanas à solta. A instituição culpa os "esgotos da câmara" ESTELA SILVA/LUSA 02 Os dados foram recolhidos através da instalação de câmaras de vídeo panorâmicas, sem conhecimento dos gestores 03 Em geral, diz o relatório, os zoos portugueses "não parecem dar um contributo significativo para a conservação das espécies" ANTÓNIO PEDRO SANTOS Relatório 495 espécies em 10 zoos A investigação foi feita por uma ONG, a Bom Free, que passou a pente fino os parques zoológicos dos estados-membros da União Europeia. Foram instaladas câmaras panorâmicas nos parques, sem que os gestores soubessem, e enviados inquéritos. Nenhum zoo português respondeu. em alguns parques, a contactar com animais perigosos ou selvagens - o que pode ser perigoso para a saúde dos visitantes. Os espectáculos com animais não cumprem os requisitos legais e a maioria das actuações "deveriam ser banidas à primeira oportunidade". As "casas" dos animais Condições Dos 300 alojamentos visitados, 81 % não cumprem os padrões mínimos exigíveis. Zoo da Maia MAIA Funciona sem licença. Os leões apresentavam excesso de peso, à data da visita, por terem pouco espaço para se mexerem. Não tem barreiras de protecção exteriores para evitar a fuga de animais. Zoomarine ALBUFEIRA É o parque mais caro do país. Uma das experiências com golfinhos custa 1 30 euros e pode "sujeitar o público e os animais a um risco de lesões ou de transmissão doenças". de AS FALHAS O Zoo da Maia funciona sem licença e, segundo o relatório, "deveria ser encerrado e os animais realojados". Em geral, os zoos portugueses não protegem activamente as espécies ameaçadas. Foram detectadas ratazanas à solta no Jardim Zoológico de Lisboa. O público é encorajado, Espaço No Zoo da Maia, os leões africanos apresentavam excesso de peso, por não terem espaço para se mexerem. Camas. Em vários parques zoológicos, os animais não tinham sombras para se abrigar do calor nem material de cama para poderem dormir. Zoos Zoo de Lisboa LISBOA Detectadas ratazanas à solta. O contacto com animais selvagens é "encorajado" e os espectáculos no delfinário dão uma visão "distorcida do comportamento dos animais". natural Europaradise MONTEMOR-O- VELHO Park Foi encontrado pelo menos um animal doente, provavelmente por má nutrição, e várias espécies a vaguearem pelo parque. Não há barreiras exteriores para impedir a fuga de animais.
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